segunda-feira, 28 de maio de 2018

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [51]

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Um raio rasgou o céu, de uma ponta da casa à outra, iluminando a violência do vento e da chuva para lá das amplas janelas. O chão tremeu. O som entrou pelos ouvidos como uma locomotiva em descarrigalamento.
De entre a fúria da natureza, surgiu o tom azul e logo de seguida um tom vermelho. Piscavam cores lá fora. Abri a porta de madeira, inchada e pesada, as dobradiças deram sinal de horrores e a miúda tentou desprender-me os dedos da sua pequena mão. Era escusado ter medo do que desconhecia se nunca lhe desse uma oportunidade... espreitei com a garota à frente e vi uma figura feminina, fardada, sair do carro de pistola em punho. Escondia-se por trás da porta, sob a chuva gelada, com os relâmpagos a cair atrás de si.
Conseguia sentir a difícil respiração daquela agente, sobre as toneladas de água, os barulhos rasgados e as vibrações sonoras que se acompanhavam de um espetáculo de luzes.
-- Se queres viver volta para trás! -- gritei-lhe com a arma apontada à criança chorosa, com a mãe a arrastar-se ensanguentada em plano de fundo.
A agente aproximou-se, cuidadosamente.
-- Larga a arma e solta a criança! -- gritou-me, com um paço firme.
-- Jéssica... querida! -- descobri-lhe no rosto.
-- O que fazes aqui!? -- parou, surpreendida, com o dedo ainda no gatilho.
-- A acabar um serviço, e tu? -- sorri-lhe, olhando Joana.
-- Fui chamada devido a assalto e tentativa de homicídio.
-- Vieste à casa certa!
-- Hã? Porquê? -- perguntou de arma apontada para o chão, lançando o olhar entre mim e a garato, e a mãe que tentava pedir ajuda numa voz já sem força.
-- Vais-me ajudar a arrumar esta desgraça toda ou...?
-- Que valente merda que tu fizeste!!! -- gritou-me. Num só movimento, empurrou-me para trás, quase como um soco no peito.

Entrou, furiosa, arrumou a arma, e olhou em volta. No momento em que seguiu o rasto de sangue da mãe galinha, parou a marcha. Digeriu o rasto de destruição por toda a sala. Pintado no chão, nos tapetes, nos móveis virados, no sofá ensaguentado, nas mulheres de corpo e alma destruidas. Enraivecida, voltou a atenção para mim, de mãos nas ancas.
-- OLHA-ME SÓ PARA ESTA MERDA!!! VÊ O QUE FIZESTE!!! Não sei se te consigo safar desta... Pedi-te para não voltares a fazer mais nada do género, e nem um ano passou e voltas ao mesmo!? Eu devia-te ter prendido logo na primeira vez! Mas és meu irmão... ODEIO-TE TANTO!!!


Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [52]
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