segunda-feira, 30 de julho de 2012

Boa noite amor...


O cheiro da chuva na noite, entra com uma certa aragem pelo vidro entre-aberto do nosso carro. Com as luzes no sentido contrário a focarem-se nos meus olhos cansados, tento-me manter acordado, atento às linhas da estrada que me irão guiar, por alguns minutos, à nossa casa.
Estou sozinho, acompanhado apenas pela música que toca no leitor de CDs, Johann Sebastian Bach Violin Concertos, e penso em ti, zangada por chegar tarde a casa. Zangada por não ter chegado à hora do jantar e ter deitado as miúdas. Aquela casa sem ti... seria um autêntico campo de guerra. Não por culpa minha!
A noite pinta-se de pequenas bolas vermelhas e amarelas, que parecem voar por mim. Os limpa-vidros trabalham devagar, e por aquela visão, o meu cérebro transporta-me para o dia de chuva, um dia belo por sinal, em que me dirigia para a maternidade para te ir ver dar à luz as nossas duas pequeninas. Gémeas, quem diria?! Ainda trago na carteira e na memória aquele momento tão especial de nós os quatro. Foi tão difícil para ti, como para mim, que em quase nada podia ajudar nessa tua luta tão incessante para trazer ao mundo duas meninas lindas e perfeitamente saudáveis, de olhos azuis e cabelos loiros como os teus. Podia ver o brilho dos teus olhos intensificar-se à medida que as vias nos teus braços. Depois de tanto tempo a imaginar e a sonhar como seria, realizas-te o teu e o meu desejo. O desejo de trazer ao mundo um filho. O nosso.

Estaciono o carro à porta, desligo o rádio e verifico se não me esqueço de nada. Agarro com força o molho de chaves para que não faça barulho e seguro a que me abre a porta. Apanho uma pequena molha naqueles poucos metros que me separam da porta de casa, e devagarinho abro-a. Reinava o silêncio. Não se via vivalma por perto, nem mesmo aquelas duas! Olhei para o relógio e passava um pouco das 23:00h. Estava tudo a dormir e eu ainda sem jantar.
Dirigi-me ao quarto da Inês e da Matilde, e muito devagar espreitei pela porta. A Matilde já quase dormia sem lençóis e a Inês tinha voltado a dormir com uma catrefada de bonecos. Tapei a Matilde e dei-lhe um beijo, ao qual gemeu de preguiça. Já a Inês... não largava o urso de peluche por nada!, e antes que começa-se uma guerra que acaba-se mal para o meu lado, tirei tudo o que estava a mais, ajeitei-lhe o cobertor e deixei-lhe também um beijo na testa. Ao vir embora, deslumbrei aquelas duas princesas, tão pequenas mas tão irrequietas. Tu sabes... sempre a perguntar "Porquê?", e nós sempre a tentar responder de maneira a que elas percebam. "Não percebi papá...". Encostei a porta e com pés de pantufa me pus rapidamente à porta do nosso quarto, onde te podia ver dormir sobre o meu lado da cama, agarrada à minha almofada.
Despi a camisa devagar, as calças e aproximei-me da cama. Inclinei-me sobre a tua cara e beijei-te a bochecha. Meia dorminhoca acordas-te, passas-te a mão pela cara e olhas-te-me.
-- Boa noite amor... -- sussurei com um ligeiro sorriso.
-- Anda, deita-te, estou com frio! -- respondes-te, sem qualquer ralhete ou cara de zangada à mistura. Agarraste-me pela mão, viraste-te de costas para mim e puxaste-me. Devagar entrei na cama, tapei-nos e abracei-te por trás. Senti o teu aroma, as curvas do teu corpo, os caracóis do teu cabelo passaram dançando sobre o meu rosto e perfumaram-me a mente de emoções e desejos. Entrelaças-te as pernas nas minhas e até a minha alma se enregelou de tão frios que estavam os teus pés. Beijei-te as costas, fiz-lhe uma pequena massagem e abracei-me, embrulhando-me em ti e no teu corpo. Senti os teus peitos, passeia a mão pela barriga e ai a deixei ficar. Breves segundos depois, puxas-te-a mais para cima, depositando-a sobre o teu peito.
O som dos cobertores cessou, e ao fim de alguns minutos, nada, a não ser a tua respiração, podia ser ouvido. Fosse eu louco e até podia ouvir o tic-tac do despertador digital.
-- Adoro-te. -- disseste antes de adormecer.

Fiquei de olhos abertos explorando a escuridão do nosso quarto, até que o sono caiu sobre mim. Já não sabia se tinha os olhos abertos ou fechados, mas abraçado a ti, perfumado pelo teu cheiro e hipnotizado pelas tuas curvas, deixei-me desligar lentamente, presenteado por pensamentos e sentimentos que ainda hoje me fazem um homem feliz. Contigo ao meu lado, o meu coração volta a aquecer da tristeza que é afastar-me de ti e dos teus lábios, das tuas mãos e dos teus abraços que me seguram e me acarinham quando mais preciso de ti.
-- Boa noite amor...

domingo, 29 de julho de 2012

A diversidade humana...


Bem, em primeiro lugar o titulo não era suposto ser "A diversidade humana" mas sim "A diversidade animal", mas percebi que com este ultimo nome ninguém se iria interessar em ler. Se é que na verdade alguém se interessa. Tal como já referi noutros textos, isto não é para vocês, é para mim e quem quiser aprender ou reflectir sobre as coisas que eu aqui exponho de outra maneira e perspectiva diferente.

Todos sabem, ou já ouviram falar, da diversidade animal. Não só numa diversidade de vida, répteis, mamíferos, insectos, vertebrados (peixes), mas também a função que cada existe dentro de cada espécie. Se falarmos em Abelhas ou Formigas, conhecem-se funções tais como: soldados, rainhas, operárias, entre outras.
Nos mamíferos, acontece +/- o mesmo mas de maneira diferente, todos ajudam. Os machos desempenham o papel deles e as fêmeas a mesma coisa, mas quando se trata de vigiar, caçar, cuidar, ensinar e educar, quase todos têm assumem esse papel. Se pensarmos nas Suricatas, em que o nosso sistema social evoluiu do deles, reparamos que todos podem assumir tarefas diferentes ao longo do dia. Tanto podem estar de vigia naquele momento, como podem ir caçar, guardar as crianças ou escavar uma toca.
O mesmo acontece com os humanos.

Todos assumimos uma tarefa, uma "especialização", uma profissão. Trabalhamos e estudamos para assumir essa tarefa. Especializámo-nos em criar algo que ajude um conjunto de outras pessoas e como recompensa receber dinheiro por isso.
Porém, acontece algo ainda mais interessante que nem todos se apercebem. A própria mentalidade humana tem a tendência em se juntar a outro tipo de mentalidade. O que quero dizer com isto? Bem, vou tentar explicar. De uma amiga ouvi dizer que as raparigas novas procuram um macho, um homem dominante, alguém forte. E que os homens procuram uma rapariga nova que podem proteger. Pessoalmente não gosto, não apoio nem é a minha ideia ou vontade como "macho". "A selecção sexual..."
A única estatística que conheço que me ajuda a comprovar de que certas especialidades se juntam com outras especialidades, é um post que vi num site de humor brasileiro, "Casamento perfeito", em que os Engenheiros Informáticos se juntavam a Psicólogas, ou Psicólogos se juntam com Engenheiras Informáticas.  Estatisticamente, no site, isso está comprovado, o que me leva a afirmar que acontece com outras "profissões", neste caso, especialidades.

Mesmo não falando desta estatística, todos sabemos que o ser humano é o único animal do mundo, obviamente devido à sua grande capacidade cerebral, que possui o maior numero de tarefas. As chamadas profissões como falei atrás, explica que ao longo dos tempos fomos criando soluções aos problemas que encontramos na nossa sociedade. Se juntarmos um conjunto enorme de animais num único local, o mais provável é não "evoluírem" de forma ordeira ou se quer evoluir. Falei atrás da nossa capacidade única e extraordinária de olhar para um objecto ou até mesmo de o criar e durante o seu período de utilização aperfeiçoamo-lo. "O que faz dos humanos, humanos?"
É essa a razão de termos uma vasta diversidade de tarefas; Porém, com a sociedade que existe hoje em dia, essa diversidade começa-se a centrar em especialidades mais "atraentes" psicologicamente.
Segundo Ken Robinson, que já participou em TEDTalk, a nossa sociedade tem-se concentrado nas linguas, matemática, enquanto arte e musica estão no fundo da pirâmide. "Ken Robinson says schools kill creativity"
Diz ainda que daqui por uns anos, teremos mais formados do que em toda a história da humanidade, e a única função que as universidades têm, é criar pessoas para darem aulas. Não criam profissionais, criam repetidores. A meu ver. Por isso, a diversidade humana é cada vez menos valorizada. Algo incrivelmente valorizado hoje em dia, é estudar algo numa universidade que tenha saída no mercado. Não é estudar algo que se goste, é estudar algo que tenha saída. É por isso que existem médicos tão frios nos nossos hospitais. Especialistas que não sabem ser parte de uma sociedade. De pessoas infelizes com o curso que tiraram ou com a profissão que seguiram só porque lhes garantia dinheiro. É por isso que grande parte da população portuguesa espera pelo fim-de-semana, para escapar ao inferno que é o seu trabalho, um trabalho que não escolheram por vontade mas por dinheiro. Sei que hoje em dia todos tentam arranjar qualquer coisa, mas  falo dos "profissionais" no activo há já vários anos.
Pensem nos professores. Quantos professores interessantes, motivadores e que explicava bem a matéria conheceram? Um? Dois? Mas nós não temos só um ou dois professores, temos 8 ou 9! Professores que nos tratam mal, que não incentivam, que nos obrigam a decorar e a fazer trabalhos que só queremos deitar pela janela. Esses, não são professores, são pessoas que se especializaram numa área à procura única e exclusivamente numa coisa, dinheiro! E existe esse tipo de gente em todo o lado. Por muito difícil que pareça.

É importante haver diversidade de talentos, é fundamental abrir-lhes os horizontes. Se todos fossemos para médicos, não haveria casas, se todos fossemos para economia, informática, gestão empresarial, psicologia, contabilistas ou advocacia, não haveria músicos, dançarinos, escritores, não haveria filmes, realizadores, editores de imagem, de som, fotógrafos, cientistas, físicos, biólogos, e os edifícios antigos não ficariam de pé, se não houvessem , não compreenderíamos a nossa história sem os historiadores. Não haveria pratos onde comer ou fazer o comer, se não existissem escultores, não haveria colheres, facas, nem revistas... não haveria roupa diferente sem designers de roupa.

"Hoje em dia, não haveria fraldas descartáveis se não tivéssemos ido ao espaço. Não haveria telefones sem satélites.

É importante haver diversidade. É importante dar às nossas crianças a melhor educação e também prepará-las para a o "mundo lá fora". Mostrares-lhes de que podem seguir o sonho delas sem se sentirem pressionas por barreiras ou medos."
Fonte: "Crianças sem sonhos..."

Algo fundamental que devemos ensinar aos nossos filhos, é a de que podem ser o que quiserem, ganhem muito ou pouco, haverá sempre algo que podem fazer. Tal como disse Miguel Gonçalves em "TEDxO'Porto 2012 - Miguel Gonçalves":

"Da próxima vez que os vosso filhos chegarem a casa a dizer que querem criar o Twitter 3.0, não se riam deles! Perguntem-lhes o que é que eles precisam!"
"Da próxima vez que o miúdo chegar a casa a dizer que quer ser o melhor aluno da turma, não se riam dele! Porque é a pior coisa que podem fazer! Empurrem-nos para a frente! Porque querer ser o melhor do mundo, é bom! E as pessoas que querem ser as melhores, não deviam ter a mania, deviam ser aplaudidas. Porque é preferivel querer ser o melhor e não conseguir, do que ser morno a vida toda!"

Com a mentalidade que existe em portugal, uma mentalidade de velhos num país que quer evoluir tecnologicamente. Num país de velhos num país que quer evoluir social e culturalmente, para além de querer poder ter outras visões e partilhá-las. Sim, realmente é difícil seguir uma funcionalidade, tarefa de sonho num país como este, onde a primeira coisa que se pensa é o dinheiro. Quando é para casar, os papás e os avós começam logo a pensar no carro que o namorado ou a namorara tem, nas casas que os pais dela tem, se têm dinheiro, se têm terreno, se têm quintas, casas de férias, cavalos, empresas. Deixamos de viver de uma forma natural, de uma forma instintiva, para viver de uma forma destrutiva para a humanidade. Pessoas são a pior evolução que o humano tomou. Para além dos grupos "sociais" que existem, dos burros e dos inteligentes, são o esgoto, são o esterco. Poluem o mundo cientifico e inteligente, da mesma maneira que os religiosos o fazem. A diversidade humana, tem realmente coisas muito boas, mas a sociedade só se interessa pelo que é modelável, no que podem tornar em moda, de controlar, de vender. E é triste ver um planeta com incríveis seres humanos, ser destruído e poluído como tem acontecido.
A diversidade humana perde o valor nas tarefas que realmente importam. Se algo não tem saída, cortamos o cordão umbilical e atiramos os formados e especializados para o rio, de perna atada a uma pedra pesada para que morram sufocados pela impossibilidade de não arranjar emprego. Mas o mais interessante é que as universidades que fornecem cursos já sem saída, continuam de portas e vagas abertas! Obviamente porquê? Porque sabem que pode sair de 80 alunos um aluno muito bom, que irá conseguir emprego. Mas todos são bons! O que um não tem, o outro pode ter às carradas! E o ser humano não trabalha melhor sozinho, trabalha em conjunto! É por isso que precisamos de pessoas qualificadas noutras áreas para manter uma pequena loja ou um escritório a funcionar. Mesmo um laboratório. Nada se vai limpar sozinho! Os canos rotos não se trocam sozinhos. As cadeiras não se montam sozinhas, nem as prateleiras, ou uma casa.
É mau ir para pedreiro? É, é um trabalho que requer muita força física, mas não significa que seja um trabalho mau, porque até é mais bem pago que um professor. E quem limpa sanitas ou varre o lixo na rua, devia ser desvalorizado pelo que faz. Sem essas pessoas, estaríamos rodeados de ratos, doenças, lixo, infecções e de ar venenoso.

A diversidade humana é importante para manter o mundo a funcionar correctamente e de forma saudável. Pois da mesma maneira que existem várias espécies no mundo que têm uma função diferente, instintiva e naturalmente enraizada no seu corpo e mente, são importantes para todo o eco-sistema que vive e respira de parasitas, presas e predadores. Mesmo as plantas têm funcionalidades diferentes, mesmo nós não nos apercebendo-nos disso.
Não é uma evolução que surge pura e unicamente para satisfazer as nossas necessidades. E quando falo em evolução falo em adaptação, que foi essa a razão principal da evolução em primeiro lugar.
Existe um diversidade de funcionalidades entre animais, pois todos agem sobre um único solo, e diversidade de tarefas. Tanto existem abutres que são necessários ao meio-ambiente, pois sem eles no mapa das espécies, e uma pequena área poderia tornar-se mortal. Não têm mais nenhuma funcionalidade, mesmo socialmente, para além dessa. Só fazem isso e nada mais. Mas depois temos as Suricatas que podem assumir vários papeis na sua "comunidade", no grupo ao qual pertencem.
Algo que nos diferencia destes pequenos mamíferos, é a nossa capacidade de criar "profissões", tarefas que nos ajudam a evoluir psicologicamente. Como é o caso de estudar as estrelas e o universo com a ajuda da matemática e filosofia. Criámos áreas que nos ajudaram intelectualmente a crescer, a ver o mundo e tudo o que nos rodeia de uma forma muita mais detalhada e pormenorizada. Não nos cingimos só às tarefas básicas do ser-se professor, curandeiro, agricultor, guerreiro e rei.

Quanto mais evoluímos, mais especialidades tenderemos em criar. Mas serão valorizadas com tempo?
Pensem um pouco... de que precisam os leões de se preocupar com o lixo que fazem, se não usam plástico nem outro tipo de materiais? Tudo o que usam, falando agora do macacos, são paus e pedras, e isso já existia na natureza.
Deixem uma criança crescer, vejam-na crescer, e verão que irá tentar arranjar soluções para os mais variados problemas. Irá perceber com o tempo de que se não tem um terreno para fazer crescer alface, terá de ir ao supermercado ou à vizinha comprar ou pedir. Que se não tiver ovelhas, terá de ir às lojas comprar lã. Se não souber cozer, terá de pedir a uma costureira (penso que é este o nome), ou ir a uma loja de roupa comprar uma camisola já feita. Mas o ser humano não é o único com a capacidade de tentar resolver problemas, os macacos também o são, ou os polvos, e até os golfinhos, ou as baleias. Mesmo as técnicas de caça dos leões são soluções a problemas que encontraram durante a sua evolução.
à milhares de anos corríamos com pedras e paus na mão, hoje já nos basta uma espingarda e uma boa pontaria para ter o comer no prato sem grandes correrias.

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http://www.ted.com/talks/elizabeth_gilbert_on_genius.html http://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html http://www.ted.com/talks/janet_echelman.html http://www.ted.com/talks/sir_ken_robinson_bring_on_the_revolution.html

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O que não me sai por vergonha...


Pousei os livros no tapete rolante e desfolhei o primeiro. Imagens de aves captaram-me a atenção, mais abaixo vi um conjunto de bicos e a sua funcionalidade.
Era a minha vez de ser atendido. Olhara para ela muito pouco, mas os cabelos eram escuros ondulados e compridos, alta, magra e com um relógio laranja na mão esquerda. Não tinha anéis.

Numa introspecção rápida, mais tarde, percebi que a cor do relógio demonstrava ser uma rapariga com uma mente jovem, muito simples, menina, não significando que não era psicologicamente madura.

Olhei-a nos olhos e fiquei envergonhado. Ela não podia ver, mas acredito que talvez sentisse. Deslumbrei-me com a sua cara. A sua beleza, simples, de rapariga, com aqueles cabelos compridos e uma altura invejável. Apaixonei-me um pouco, como um tolo. Queria dizer qualquer coisa mas não sabia, nunca soube, agir. E o que iria dizer? Como?

Quando me devolveu o cartão de crédito, o qual viu e reviu à procura de um nome, eu sei que sim, segurei-lhe na mão e disse:
-- Não tenhas medo em ficares vergonha, corada ou sem saber o que dizer, mas eu acho que és uma rapariga incrivelmente bonita!
Ela olhou para mim muito pasmada e a sua cara ficou vermelha. Segurou o cartão enquanto tentava manter a compostura.
-- Obrigada. -- responde ela, olhando para mim durante uns segundos, desviou olhar rapidamente para as teclas à sua frente e preparou-se, tentou, para atender o próximo cliente.
Atendeu o meu irmão, e eu fiquei ali, enquanto ele se apercebia interiormente que ela estava nervosa.

Eu sabia que ela tinha sentido qualquer coisa. Revejo o sorriso dela, vezes e vezes sem conta, pensando para mim a figura de totó que tinha feito, só lhe fui capaz de dizer "Obrigado"? E ainda por cima com o cabelo "todo" à frente da cara? Que figura... mal me deve ter visto os olhos, ou sequer a cara... muito menos o sorriso, suponho.

Será que perdi a oportunidade?
E se ela já tivesse namorado?
E se não tiver, mas não quiser nada comigo? Ter-me achado simplesmente "interessante"?
Talvez ela tenha sentido que sou demasiado velho ou que queira coisas que ela não pode dar.
-- Só saberás se perguntares. -- sim, frases feitas também eu as sei.
O intuito aqui, é partilhar, não para vocês, mas para mim. Para um futuro. É difícil pedir um nº de telemóvel sem se ser demasiado exibicionista. É difícil pedir de forma simples, bonita e meiga. De maneira que não assuste nem afugente. Para mim é, porque sou naturalmente envergonhado, principalmente quando me sinto atraído por uma rapariga como aquela.
Não sou de namorar com tudo, de me atirar a todas, as feridas custam e demoram a passar. E como já referi noutros textos, quando me agarro, é para sempre ou até que ela me deixe. Não se namoros fáceis, rápidos. Sou de dar a mão e permanecer ao lado, mesmo que me chateie ou me magoe. Não sou um cão abandonado, sei ser. Oh... agora sei ser. Pensar em tudo 3 ou 4 vezes, e não em apenas 2 ou 3 sem ver realmente o quadro todo.

O que não me sai por vergonha... são acontecimentos que não me fazem crescer mais, que não me ensinam, que eu não mudou. São momentos em que eu não tenho qualquer impacto, não altero nem intrigo. Torna-se passageiro e ao fim de um dia ou dois, esquecem-se de mim e da minha cara. Que é possivelmente o que vai acontecer com ela quando chegar a casa e procurar pelo meu nome, caso o faça. Apercebe-se então que se esqueceu do nome, pior ainda não sabe de onde sou... houvesse uma maneira de nos encontrarmos ou de comunicarmos, e talvez, talvez, pudesse surgir uma amizade.
Porque... só pelo simples facto de eu ter comprado 7 livros de uma colecção de animais, que ela fez o prazer de passar pelo código de barras um a um, talvez se tenha interessado um pouco em mim, naquilo que eu gosto, naquilo que vejo ou leio. Na pessoa que sou por trás dos cabelos compridos que me cobrem a vergonha estampada no rosto. Sim, talvez tenha causado um impacto, por muito pequenino e efémero que tenha sido. Talvez um dia mais tarde nos encontremos, eu me lembre da sua cara e ela da minha, e... se houver tempo, conversarmos.
Mas que digo eu? Estou a sonhar, mas às vezes sonhar é bom. Ás vezes? SEMPRE!
Sonhar mantém-me criativo, as emoções psicológicas, físicas e a sensibilidade mais apurada. Se eu não souber chorar pelo que me faz feliz, não mereço ter alguém do meu lado.
Tenho epifanias, momentos de deslumbro quando vejo um documentário e junto os pontos de algo que já tinha visto antes. Fico pasmado a olhar para o ecrã, a sentir as lágrimas escorreram-me pelo rosto, de tão incrível que é sentir essas epifanias, momentos de heureca! É como olhar para o universo na noite mais calma, com o céu limpo no topo de uma montanha, deitado e rodeado pelos nossos pequenos filhos. E contar-lhes as histórias dos navegadores portugueses que descobriram o mundo através delas. Mostrar-lhes as maravilhas do universo, da natureza num momento único da nossa mais profunda paixão de curiosidade.

Paula Brito e Costa da empresa Raríssimas disse uma vez numa reportagem da sic algo parecido com isto quando lhe perguntaram se pensava mal dos pais que não conseguiam ou não tinham forças suficientes para ajudar os seus filhos "deficientes", enquanto que outros conseguiam:
Há pais que conseguem, há outros que não.
E a que é que isto vem a propósito? Não somos todos iguais. Bem, estatisticamente existe muita gente igual a muita gente, caso contrário não havia modas. O que eu quero dizer com isto é que existem pessoas que são boas numa coisa, e "más" noutras. Mas não significa que não tenham valor. Deixámos de dar valor ao que nos torna humanos para passar a dar valor a pessoas?

A selecção sexual...


Num excelente documentário, que disponibilizo aqui "GALÃS DO REINO ANIMAL (Odisseia)", ouvi algo extraordinário e que nunca me tinha entrado na cabeça:

Selecção natural é engenharia.
Selecção sexual é arte.

Selecção sexual não é apenas arte, é erotismo, glamour.
As pessoas começaram-se a interessar mais pelo dinheiro uma das outras, terras, carros, bens, ouro, quintas, animais... tudo o que não envolve qualquer "dança". Preferem tudo aquilo que garante riqueza e paz para elas, e não bons genes.
Deixou-se, ou tem-se deixado, o verdadeiro amor de parte. Se alguém não muda, se alguém não cresce, deixamos a(o) namorada(o) e escolhemos outro. Sinceramente, se alguém não quer sequer perder tempo com outro alguém, e nem diria perder tempo, mas é para os burros perceberem, talvez as pessoas crescessem mais umas com as outras.
O que quero dizer é que, se ninguém me ensinar, eu não aprendo. Não é por eu ser burro, é porque por vezes precisamos de um certo toque no nosso ombro de alguém que nos guie por um bocadinho. Os pais fazem isto todos os dias desde que os seus filhos nascem, porque não as pessoas? Chegámos ao ponto da nossa vida em que ajudar o outro, num simples gesto de o guiar ou de lhe dizer o que precisa de ouvir, é algo que requer muito esforço? Muito trabalho? Muito de nós?
Eu pessoalmente ainda não consegui guiar ninguém, porque ninguém quer ser guiado. Ninguém quer ser ajudado. Não é por quererem fazer as coisas por eles, mas é por serem mente fechada.
Eu também fui mente fechada, também quis e quero fazer as coisas por mim, mas percebi um dia que se visse as coisas de maneira diferente, se as ouvisse e lesse de uma maneira mais consciente, aprenderia muita coisa. Compreender-me-ia a mim e aos outros. Mas não só os outros, os meus filhos.

Sim, eu sei que não tenho filhos, que sou muito novo de maturidade mental, que não sei muito, mas... pelo menos tenho gosto em aprender, tenho gosto em me conhecer, em me sentar com o filho dos outros e" aturá-los". Se eu tento ser perfeito? Tento, esforço-me, mas não a 100%, porque sei que mais tarde ou mais cedo irei descair-me. Preocupo-me em saber ver e sentir as coisas da maneira que eu sinto, para um dia mostrar e fazer sentir aos meus filhos e à mulher que eu amo. Nessa altura então, os meus filhos serão prioridade. A lei do mais forte e do mais inteligente. Tudo e qualquer coisa que lhes poder ensinar e mostrar será valorizada. Mas não basta mostrar tudo, falar de tudo, ouvir de tudo, ler de tudo, se não se souber como o fazer, quando o fazer, onde o fazer.

Voltando ao que estava a falar, se duas pessoas não são capazes de se ensinar e aprender uma com a outra, então não estão bem. Não é um problema entre elas, mas nelas! Se alguém não sabe lidar de uma forma racional com, digamos por exemplo, uma rapariga que não está para aturar a imaturidade ou o desleixo de um namorado, podem acontecer duas coisas. A rapariga deixa o rapaz porque sente que ele nunca lhe vai oferecer nada e procura encontrar outro melhor, ou é infeliz para o resto da vida.
Eu tenho outra solução. É preciso saber falar com a pessoa, não só com a pessoa, mas também com uma criança, com um filho. É preciso saber mostrar à outra onde está a errar, no que pode ser melhor e como o ser. Gostamos muito de nos sentir e criticar a pessoa que amamos. De inventar macaquinhos na cabeça e de o desenhar para as outras pessoas como um monstro, a pior pessoa que já conheceu! O problema é que nem a outra é capaz de aprender, para além de não ser capaz de aprender e ver as coisas de outra perspectiva de uma relação inter-pessoal, nunca será capaz de ensinar. Essas pessoas são boas para ensinar a cópia, o decorar. São incapazes de tornar a aprendizagem numa coisa divertida, educativa, cognitiva, física, intelectual. Querem dar tudo mas não sabem como o fazer. Não recordam a infância, e muito menos conversam com a sua criança interior. Infelizmente a sua criança interior está acorrentada pela sociedade em que vivem e se deixam infectar. Conheci pessoas que se achavam anti-social e deixavam-se preocupar com o seu peso, se o homem olhava para as outras ou se a achava gorda. E também vi pessoas fechadas tornarem-se aos poucos e poucos +/- interactivas, que em nada ligavam à sociedade.
Vi pessoas passarem do anti-social "repugno toda agente", ao "amo tudo e todos".
Conheci um rapazito acanhado, muito sorridente e cheio de piadas secas para contar, virar um poço negro, indesejável, fechado, anti-social, sociopata, e com uma mente auto-destrutiva. Sim, sou eu.
E não tenho vergonha de o ser. De tempos em tempos deixar cair no mesmo poço que nunca desisto de tentar voltar a subir.

Uma pessoa, uma rapariga para mim, terá de ser instintivamente atraente, obviamente, mas mais do que isso. Humana! E quando digo humana, refiro-me ao ser consciente, madura, que saiba crescer, que ame com o coração e a cabeça. Que saiba ver as coisas de várias perspectivas sem antes acusar de tudo e qualquer coisa. Eu não me importo com ciumes, não sou ciumento mas também o sei ser. Faz bem à cara metade e eu sei disso porque eu também gosto de saber que sentem ciumes. É uma selecção sexual de uma perspectiva maioritariamente cognitiva e intelectual. Se alguém não sabe lidar ou falar com alguém depressivo, tendências suicidas ou anti-social, sejam crianças ou adultos, então essa pessoa não tem nada para oferecer ao mundo, e porquê? Porque não sabe guiar, ajudar, ensinar e fazer ver as coisas de uma maneira que não incomode. As coisas que me incomodam não entram, incomodam-me! Corroo, desfaço em pedaços, atiro-os para o canto do meu cérebro e apago-os da minha memória. É preciso saber incentivar, saber falar, saber mostrar... é difícil, muito difícil.

A selecção sexual tem-se perdido ao longo destas centenas de anos. Já não se ama verdadeiramente, apenas se convive com segundas intenções. Eu não quero isso na minha vida. Quero ao meu lado alguém que me ame realmente, que tenha gosto em me ensinar e em aprender. Em me ouvir e ser ouvida. Em crescer e envelhecer ao meu lado. Não, não sou um mau namorado, não sou um monstro, nem um punheteiro, nem putanheiro, exibicionista, malandro, mania que é mais que os outros, irresponsável, burro, incapaz de aprender ou de fazer alguma coisa bem. Não... eu sou um excelente namorado com as minhas falhas. Dedico-me à minha mulher, namorada, filhos muito mais do que dedicaria com outra pessoa. Porquê? Porque são as pessoas com quem eu quero passar o resto da minha vida. Se eu não me dedicar o suficiente a uma coisa, tal como a uma pessoa, essa coisa tem mais probabilidades em desiludir porque não a conheço de todo. Não sei como é, como funciona, o que faz, o que pode fazer, como evolui.
Os erros que eu fizer com a minha namorada, mulher, e os meus filhos, não são por ser um fraco, um imbecil ignorante e desconfortavelmente estúpido, mas por eu ser humano e saber o que é aprender. Se eu nunca errar, nunca crescerei. Se eu nunca falhar, se eu nunca magoar, se eu nunca estiver calado, se eu nunca falar, se eu nunca arriscar, nunca crescerei como individuo que sou. Cognitivamente, aí sim, serei um falhado.
Todos "aprendem" com os erros, mas grande maioria é incapaz de olhar para o problema de várias maneiras e perceber o que fez de errado, o que está a fazer de errado, o que pode fazer para melhorar, como fazer, com quem falar e como falar. Eu fui assim! Fui daqueles que não via um barrote à frente dos olhos nem o siso nos olhos dos outros. Felizmente, li, pensei, chorei, repensei, maltratei-me, conversei, fiz-me ouvir e ouvi. Percebi então os erros que tinha feito, que os podia evitar e como os evitar.
Pensar fora do quadrado pode ser utilizado em todo o lado, mas quando se trata de relações pessoais e inter-pessoais, aquilo que podemos ganhar intelectualmente não tem fim!

Não sou mau namorado, sou extraordinário, e não tenho medo em o afirmar, porque é isso que eu sinto que sou! E se eu sinto, mais tarde ou mais cedo acabarei por ser aquilo que vendo com toda a força! Com toda a garra! Eu sei que o sou. Não preciso de me esforçar.


Eu tenho muita coisa para dar, passando as pessoas por mim na rua e acharem que não. Tenho muito para dizer. Tenho muito amor para dar, e não, não é pindérico, é bom uma pessoa ter consciência de que tem algo bom e positivo para dar.
A minha mulher não viverá para mim, mas comigo. Não estará do meu lado mas ao meu lado.
Um namoro, uma relação, uma vida a dois, é para mim um trabalho em progresso, não acaba! Estou e sempre estarei a aprender, a melhorar, a tornar-me melhor. Não sou eu quem perde, é ela.

A minha selecção natural e sexual, é comandada pelo meu cérebro, pela minha consciência. Eu sei usar, e consciencializo que podia fazer muito mais. Não é por saber, é por agir de forma global. Ai sim, saber usar o que sou em tudo, dá trabalho. Preciso de estar concentrado em tudo.
A minha selecção é intelectual, é cognitiva. Não vejo as coisas apenas e só pelo lado instintivo mas pela perspectiva de ser intelectual que sou.
Não tenho medo de errar, enquanto pai, namorado, marido ou amigo. Não tenho de criticar mal, de dizer parvoíces ou magoar. Tenho medo sim, em não aprender com os erros. Em não crescer, em não ver, em não sentir e perceber onde errei, em que posso melhorar e no que devo tornar-me melhor. Não vão ser as notas na escola ou o trabalho que fizer na minha empresa que me vai dizer a pessoa que eu sou. Eu não sou as notas na escola nem o trabalho na empresa. Eu sou humano, sou consciente, eu amo e preocupo. Eu aprendo, eu ensino, eu comunico, eu esforço-me para ser um humano diferente! Um humano melhor! Um ser capaz de educar e ensinar. O dinheiro traz muita coisa, mas de que me serve tê-lo se não souber ser quem sou? Se não souber ser. Se não aprender os 70% fora do quadrado. Se não souber educar bem, amar bem, não ser bom.
Não tenho medo daquilo que sou. Não tenho medo das negativas que tiro, e dos anos que chumbo na universidade. Não é por chumbar que isso é sinónimo de que não aprendi. Demoro mais tempo é verdade, mas nas aulas, algumas que me cativam, nessas aprendo à primeira ou à segunda, e faço na hora os exercícios que mais nenhum mortal seria capaz de fazer.
Disse uma vez aos meus pais que, eu não sou malandro! Estou é no curso errado. Percebi que o que realmente queria, ou aquilo em que realmente podia ser bom, era em Psicologia. Eu não fui para engenharia informática para ter Engenheiro no nome, ou fazer um mestrado ou uma especialização, e é isso que me diferencia! EU fui para lá para aprender mais! Não foi por dinheiro, não foi por ganância, não foi para mostrar que podia ser mais e melhor ou que podia chegar longe, NÃO! Eu fui para lá para aprender mais! Eu ando lá para aprender coisas extraordinariamente incríveis e difíceis!
O meu grande sonho é abrir uma empresa minha ou participar em experiências ultra-secretas onde fecham pessoas numa caixa e as testam fisica e psicológicamente, como acontece em "The Kiling Room", "Exam", "Unthinkable", "The Experiment", "Mind Hunters", "Breathing Room", "El Metodo", "Brake", "The Divide".
Eu amo esses filmes, porque é isso que eu sou!! Eu sou assim!! Eu respiro isso! Eu penso, eu sinto!

Tenho muito para dar, muito para dizer, muito para discutir, muito para ensinar, para aprender, conhecer, amar, odiar, torcer o nariz e atirar-me de cabeça. Se as notas influencia a pessoa que sou? Deixam-me triste, mas de maneira alguma é a minha imagem! Eu não sou menos por tirar notas! Eu não me torno incapaz só por não conseguir tirar positivas. Não me torno num badinas e num badamerdas que não sabe nada e não tem nada para oferecer a uma rapariga só porque não consegue completar 12 cadeiras por ano.
EU sou! Eu tenho muito para dar! Vêm-me criticar por criticar os outros? A sério? Criticarem por criticar os outros? Eu pelo menos sei generalizar, sei que existem excepções, mas é por haver uma generalização de mentalidades ou do que quer que seja, que existe moda!! Ou são assim tão atanhados?
Eu não sou o rapaz rico, com 1 mansão, 1 empresa e um carro desportivo que as mulheres querem. Sou o rapaz que as raparigas inteligentes e maduras sonham dia e noite. Não sou uma caixa fechada, tenho muito para cá pôr dentro e muito mais para tirar.

Alguma vez se perguntaram porque é que  os meus textos são tão longos?
Porque eu tenho muita coisa para dizer! Porque eu sei e conheço muita coisa! Mas não me basta saber e conhecer, ter cultura "geral", tenho necessidade em saber juntar os pontos e pensar fora do quadrado! Perguntar porquê a tudo e mais alguma coisa, e consequentemente, tentar dar uma resposta instintiva e psicológica. É por isso que os meus texto estão cheios de referências. De textos que escrevi, que outros escreverem, que revistas, filmes, séries, documentários. Porque eu conheço isto tudo e sei usar!!
Há pessoas que gostam de se dedicar a 20% de tudo o que têm para aprender do mundo e do seu curso, eu gosto de me atirar para os 80%!! Não me cinjo a um par de coisas para o resto da vida! Não me chega! Eu não me interesso só por informática, eu interesso-me por um monte de coisas! E faço questão que o meu cérebro una os pontos, que compreenda, que assimila! É difícil entrar à primeira, é verdade, mas não significa que seja uma burro, que sou só mais um rapaz que não tem nada para dar ao mundo, aos meus filhos e à minha mulher. Eu tenho MUITO para dar!! Preciso de encontrar um rumo, um caminho, de ser guiado por um bocadinho e conscientemente cresço mais um pedaço.
Não sou estático, não me fanatizo. Interesso-me.
A pedagogia não é o meu único interesse, nem a informática ou o reino animal. Interesso-me e informo-me sobre TUDO! Bem... quase tudo. Podia explorar muito mais as minhas competências, a única coisa que iria precisar era de uns NZT's.

Lembram-se daquele texto "A minhoca no berço da vida..."? A verdade é que hoje em dias já não sabem olhar. Não sabem ver. Se não tiver apresentável, a vestir algo que indique riqueza, inteligência e estatuto, não merece a nossa atenção. É o que acontece com a minhoca. Lá por nos parecer insignificante e sem nada para nos ensinar ou dar, tem um impacto extraordinário e único no eco-sistema.
Posso não parecer um gajo maduro, intelectual, rico, decidido, inteligente, consciente... mas sou tudo isso! Não sou eu que perco, são vocês. És tu!
E eu não sou um gajo, sou um humano, sou um rapaz!

Se calhar o problema não é exclusivamente meu. Talvez seja das raparigas que não sabem ser raparigas, que não sabem ser humanas, mas apenas pessoas. Que não sabem lidar com um rapaz como eu. Que não se querem dar ao trabalho de conhecer, porque... dá trabalho. Querem tudo feito, tudo oferecido, tudo explicado e esmiuçado. Não querem nada confuso, nada estranho! Eu... bem, eu gosto de conhecer a pessoa, desde a sua infância à sua fase adulta. Não me esqueço da minha, porque foi com ela que eu cresci, aprendi e me tornei naquilo que sou hoje. Gosto de me envolver, crescer, errar, aprender...
Eu sou capaz de dar tempo, de navegar nele. E será um dar de... saber esperar que a pessoa se abra.

Sou um animal que vive consciente do que é, do que foi e do que será.
A minha selecção é mais do que sexual e natural, é consciente.

sábado, 21 de julho de 2012

Globalização de consciência e mentalidade


Hoje acordei com algo a caminhar pela minha mão. Meio a dormir joguei a outra num estalo e espalmei a mosca que me incomodava. Esfreguei a mão nas costas da outra para ter a certeza de que a matava. Acendi a luz e deparei-me com uma centopeia esmigalhada. Fiquei acordado por uns minutos e deitei-me numa posição confortável. E o sono? Carago! Qualquer comichão fazia-me pensar que era outra centopeia. Não dormi mais nada, mas fechei os olhos e apercebi-me de algo...
O meu cérebro acordou-me por se sentir ameaçado. Reagiu a um "estimulo" exterior, perpetrado na minha mão. O instinto mais básico de sobrevivência existente em qualquer animal.
Algo está a vaguear pelo meu corpo? Pode ser uma aranha, uma cobra, um insecto, um predador, algo terrível contra a minha integridade física.

Nunca se aperceberam que acordamos a meio da noite para ir fazer chichi ou cocó? É o nosso cérebro que recolhe e monitoriza toda e qualquer acção no nosso sistema.
A bexiga está cheia? Vamos lá à casa de banho.
O corpo precisa de água? Vamos pô-lo a beber.
Este é a capacidade que o nosso cérebro tem enquanto gestor do nosso corpo.
Ora, se o instinto animal, é algo comum a qualquer ser vivo e herbívoro, no caso de plantas carnívoras, significa que descendemos todos do conjunto de células mais básicas. A auto-sobrevivência de um individuo é comum a tudo e todos. O próprio corpo está preparado para perder um braço e sarar depressa, seja bem ou mal. Nós mamíferos tivemos de nos adaptar depressa. Perder um membro e reconstruir-lo de inicio consumiria muitas forças e energias o que não era nada bom se nos queríamos manter vivos.


Abordo precisamente este assunto sobre o instinto de sobrevivência em "Qual é o nosso propósito?".
E segundo o raciocínio que tive durante a noite, ao perceber que um animal com a mesma capacidade que os humanos não seria muito diferente de nós, como abordo em "Animais espelhados como humanos..." e "O que faz dos humanos, humanos?".
Li também na revista New Scientist - 21 July 2012 um artigo com o nome "The Consciousness Connection" (online) "Are these the brain cells that give us consciousness?". (outro artigo online) "New Scientist's selection on consciousness".

[Illustration by Jonathan Burton]

O que me fez pensar que, se existem outros seres inteligentes no universo, porque existem, poderiam ser mais ou menos evoluídos. E para virem ao nosso planeta ou entrarem em contacto connosco, teriam de ser superiores ou igualmente avançados tecnologicamente. Tendemos em pensar que os ET's são seres de olhos grandes e corpos pequenos ou que são desfigurados comparativamente aos humanos, mas num documentário que vi recente, os estudos anatómicos e biológicos que se têm feito ao longo dos últimos anos, mostra que é mais provável terem uma aparência e semelhança física relativamente ao nosso corpo do que a qualquer outro animal que exista no nosso planeta. Significando que se eles fossem capazes de construir naves espaciais, teriam de ter evoluído da mesma maneira social que nós humanos temos vindo a fazer ao longo destes milhares de anos. Teriam de ter guerras, corrupção, jogos, informáticos, filósofos, designers, jornalistas, biólogos, cientistas, matemáticos, também tiveram ou têm religião, assassínios, greves, filmes, actores, revistas, sanitas, roupas, internet, computadores, carros. Passaram por tudo o que passámos. Vá... praticamente tudo. Tiveram um Nikola Tesla, um Albert Einstein, Copérnico, Leonardo Da Vinci, Isaac Newton, Carl Sagan entre muitos outros cientistas e mentes inteligentes.
Significa então, que os seres de outro mundo, não são assim tão diferentes como pensávamos ou como não imaginávamos ou éramos capazes de ver. São animais como nós, mas com uma grande cultura e conhecimento muito semelhante à nossa no que toca às matemáticas, física, astrologia, crenças, medicina, educação e psicologia. Podem ser ligeiramente de nós? Podem, obviamente que podem e provavelmente até o serão mesmo, mas o básico que nos constrói, somos vírus que lutam pela sobrevivência, como abordo em "Qual é o nosso propósito?".


Vi num documentário sobre a vida no universo, e um dos cientistas afirmou que por o tamanho do universo ser tão vasto, tão "infinito", a probabilidade de existir alguém semelhante a nós, quase uma cópia, é bastante elevada, pois existe espaço para tudo surgir mais do que uma vez com aspecto semelhante. Pensem nos Sósias. Pessoas que se parecem com outras pessoas e que moram no outro lado do mundo. Uma probabilidade infinita...

E o facto de estes seres extraterrestres serem mais prováveis de se parecerem connosco em termos culturais, de tecnologia e evolução, leva-me a pensar num documentário que vi à dias no canal história da série Ancient Aliens. No episódio "Angels and Aliens" S02E07.
Segundo o documentário, as teorias que apontam para o facto de anjos desceram à terra, aparecerem diante dos humanos e ajudá-los a tomar decisões, não foram realmente anjos mas extraterrestres que tentaram encaminhar o melhor possível a nossa evolução. Dar-nos uma ajuda, oferecer-nos um corta-mato, um impulso cultural, filosófico e moral.
Como é que é possível então explicar que na Mesopotâmia os Sumérios tinham consciência do que era um universo, do que eram planetas, de calcularem uma estimativa para o próprio universo e planeta terra sem qualquer tecnologia como a que se descobriu algumas centenas de anos antes de cristo? Devemos ter em atenção que a própria bíblia é uma cópia do livro escrito pelos sumérios. Os próprios sumérios como abordo em "A razão da inexistência de deus..." "acreditavam" na existência de um inferno. Portanto tudo o que vem depois dos sumérios, como a bíblia e as religiões que a usam, são meras cópias rascas de uma história com mais de 5000 anos.
O que significa este conhecimento? Esta estimativa de idade para o universo? Isto só querer dizer uma coisa, que extraterrestres realmente desceram à terra. Os famosos Anunnaki. Anjos que vieram do céu.
Fomos visitados e ajudados de alguma forma por extraterrestres. É algo dificil de ouvir? Para mim nem por isso. Anjos bons e maus, são a prova de que realmente aconteceu algo físico. Existe violência e existe amor. Nós humanos somos a prova disso, mas não somos os únicos animais a praticar a violência e a amizade. Muitos animais fazem o mesmo. Juntam-se em grupos, matam e lutam pela liderança de um grupo ou por comer. Tal assunto abordo em "Animais espelhados como humanos...", "Qual é o nosso propósito?".

Algo também interessante é a consciência colectiva de indivíduos.
Vi à uns anos um mapa que descrevia cada país como uma pessoa. Se cada um fosse uma, qual seria e como seria? Um adolescente? Um idoso? Despreocupado? Conflituoso? Romântico? Cavalheiro?
(link para imagem do mapa)
De uma certa prespectiva, pode-se dizer de que irão existir vários tipos de extraterrestres. Uns mais espirituais que outros. Outros muito mais ciêntificos e outros mais religiosos. Tal como existem grupos de indivíduos. Os que acreditam na ciência e os que acreditam em histórias. Uns que são mais inteligentes do que outros. Uns que estão mais aptos para o exercício físico e outros para as artes. E se juntarmos universo paralelos à mistura? E a teoria de que é possível comunicar entre eles? Os momentos de "eureka" ou as "epifanias" não serão uma sobre-capacidade de outros indivíduos que migram para as nossas mentes durante uma fracção de nano-segundos?
Haverá todo um conjunto de seres que evoluíram de uma determinada maneira com uma determinada consciência e perspectiva do mundo. Uns seres simplesmente evoluíram pelo lado negativo que conquistam e dominam planeta a planeta, e outros podem ter evoluído pelo lado positivo onde ajudam outras civilizações e outros seres a coexistirem entre si e entre outros. Mas não é por serem seres angelicais e "perfeitos" que não tenham defeitos. Todos os animais são cruéis, e se não o são, são capazes de tais actos. Não é por o fazerem de forma psicologicamente consciente, mas por milhares de milhões de anos de evolução dos tais vírus que nos constroem. Os animais canibalizam-se, criam guerras entre sub-espécies como é o exemplo das abelhas e cobras, mas não os condenamos. Porquê? Não se andam também a matar? Não são seres perigosos que também eles podem matar por diversão? Caçar por desporto não é só por diversão, matar um animal implica que o comamos mais tarde, ou que o vendamos a alguém que o queira comer. É cruel a forma como se mata? Sim. E também é cobarde o uso de pistolas, mas é a evolução que desenvolvemos em volta das primeiras pedras, lanças e flechas. Acreditem! Antigamente para caçar um animal corríamos atrás dele com pedras! Matava-mo-los à pedrada! Comparativamente com um único tiro, a dor é menor. Não?

A violência é comum a qualquer ser. Até as plantas competem entre si, e lutam por terreno, como é o caso das silvas que destrói e mata outras plantas. Ou o caso de trepadeiras que crescem como parasitas.
Se estudarmos as plantas de uma forma tão analítica e dissecada como acabei de fazer e teremos uma outra visão e perspectiva. Iremos perceber que as plantas também têm semelhanças com os animais. Como é então possível? Deus não criou as plantas para que fossem inteligentes ou o admirassem, como podem elas agir sem cérebro de uma forma tão primitiva e semelhante aos vírus e outros tipos de organismos que conhecemos? Parasitas? Como os peixes que se deslocam junto ao tubarão para lhe comerem os piolhos?
Ou as famosas lombrigas, que se alimentam no nosso intestino. Significa que é algo comum mesmo em seres sem cérebro ou consciência?
Segundos testes feitos em plantas, também elas sentem de forma física a música, como falo em "O que faz dos humanos, humanos?".
A pintura é algo importante para a mente, mas a música influencia todo o meio envolvente. Existe um filme "The Last Mimzy (Mimzy - A Chave do Universo)", que aborda um pouco este tema da música. Em que o rapaz através de vibrações consegue coordenar um ninho de aranhas a criar uma ponte de teia. Em MythBusters - Talking to plants demonstram o mesmo. O crescimento das plantas é condicionado pela música que ouvem e não propriamente pelo sol ou pelos adubos. Até se usa para hipnotizar cobras. 
Resumindo, todos agimos de forma inconsciente e instintiva a vários estímulos, quer sejam pelo aspecto positivo ou negativo. Amor e violência. Todo e qualquer célula viva, vive para sobreviver, luta para deixar neste universo a próxima célula mais capaz e resistente de sobreviver. Existe uma guerra a acontecer desde que o universo foi criado. Não somos especiais, não fomos criados nem somos únicos. Aquilo que somos, pode ser visto em toda a parte na natureza. Desde as entranhas da terra até às nuvens.

Para compreender o que estamos cá a fazer, precisamos antes de tudo, compreender como vivem e interagem outros organismos neste eco-sistema que não desiste de explodir de vida.

"Por isso... da próxima vez que olharem para algum animal e pensarem:
-- Olha! Parece mesmo uma pessoa.
Tenham consciência de que não são eles que parecem pessoas, pois antes de nós existirmos, já eles caminhavam neste planeta à milhares de anos.
Não são eles que são parecidos connosco, somos nós que para além de descendermos deles, somos semelhantes a eles."
Fonte: O que faz dos humanos, humanos?

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O que faz dos humanos, humanos?
Animais espelhados como humanos...
Qual é o nosso propósito?
A razão da inexistência de deus...
O que é o "mal"?
A genética do Eu...
A genética do Eu... [2]

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Prendas com preço...


Normalmente, e geralmente, é por hábito as pessoas oferecerem prendas sem a etiqueta do preço. É uma regra, uma lei que não deve ser quebrada. E caso se nos esqueçamos da etiqueta do preço colada na prenda em si, todos tentam esconder e fazem um 31 só para tentar que a pessoa não veja o seu preço.

Eu não sou assim.

Quando ofereço uma coisa, o que quer que seja, ofereço-a com o preço.
Hoje fui à FNAC comprar um livro para uma amiga e a rapariga que me atendeu perguntou se era para oferecer e eu respondi que sim.
-- É talão sem preço, de oferta?
-- Não, com preço. -- respondi.
-- Com preço? -- perguntou ela um pouco perplexa.
-- Sim.

Dirigi-me depois à zona onde faziam os embrulhos. Retirei a etiqueta do preço, colei na parte de dentro da capa do livro, dobrei o talão e coloquei-o também dentro do mesmo. A menina ficou admirada. Com um pequeno sorriso pegou no livro, e pude-lhe ler na cara o que ela pensava: "Bem... cada um com a sua "mania".

Não me incomodou fazer o que fiz da maneira que fiz.
Deixar o preço e fazer questão que o preço esteja nas coisas que ofereço, não é para mostrar a quem recebe as minhas... "prendas" aquilo que gastei com elas. Não tenho medo de gastar dinheiro, e muito menos tenho vergonha de mostrar o valor daquilo que comprei. Fui EU que comprei, foi do meu dinheiro, fui eu quem decidiu gastar mais naquela prenda no que noutra qualquer. A prenda deve ser vista pelo seu lado de utilidade e não pela quantidade de dinheiro que foi gasta.
Eu gasto dinheiro nas prendas, porque quero, porque posso e porque tenho prazer em oferecer. Porque sei que aquilo que ofereço tem realmente alguma utilidade e não mais uma simples merdisse para colocar numa estante a apanhar pó. Se não tem utilidade, não compro. Foi algo que o meu pai me ensinou.

O preço nas prendas que ofereço, que não são muitas, servem também para que a pessoa um dia mais tarde possa sentar-se e olhar para aquele objecto e fazer a comparação do seu valor na altura e no seu valor agora.
Isso era algo que eu fiz e vi em casa das minhas "tias". Livros antigos com o preço escrito a lápis na parte de  dentro. Livros que na altura custavam poucos escudos. Da mesma maneira que eu comparo livros, comparo CDs de música, filmes em DVD, entre outro tipo de objectos. Eu gosto de saber o preço das coisas, não é para saber o quanto a outra pessoa gastou comigo, mas quanto custa o objecto. Pois caso eu o queira comprar para oferecer a outra pessoa, ou deseje comprar outro, sei o preço e o local.
Falei nuns textos mais antigos, de que o meu Pai e o irmão dele quando têm de oferecer uma prenda um ao outro, saem os dois, juntos, e perguntam um ao outro o que precisam ou o que lhes dava jeito. O meu pai compra a prenda para o irmão à frente dele. Não escondem nada, nem mesmo o preço. E o irmão dele faz o mesmo. Quando abrem os presentes no Natal lá dizem como era realmente aquilo que queriam. Óbvio que era, escolheram em antemão aquilo que realmente queriam.
De uma certa maneira, poupa-se tempo, dinheiro e alguma tristeza. Cada um recebe aquilo que quer, e abre a prenda que tanto queria.

É mau agir desta forma? Escolher a prenda? Deixar o preço nas coisas?
Da minha perspectiva não o é. Para além de que não acho mal nenhum. Como disse mais acima, não tenho vergonha da prenda que vou oferecer. Tenho consciência e sei dar valor ao que compro. Retirar o preço das prendas é apenas e sim simplesmente uma maneira de as pessoas que as recebem se sentirem seguras e confortáveis, para quando abrirem o seu presente não se sentirem mal por não gostarem de um presente que custou várias dezenas de contos. Neste caso, várias dezenas de euros.
Resumindo: Se eu não gostar de uma prenda de 100€, não me sentir mal por me terem oferecido algo tão caro que eu nem sequer gosto.

Saber o valor das coisas que me oferecem ou que eu ofereço é uma maneira de um dia mais tarde recordar os valor das coisas. De comparar, como já escrevi. Não é para saber o quanto as outras pessoas gastaram, porque foram elas e não eu. Se eu não gosto de uma coisa, não sou obrigado a não engelhar o nariz ou a dizer que não gostei. Simplesmente digo, com o devido cuidado e atenção.

Prendas com preço, não deviam ser vistas como algo "contra" o natal ou a oferta de prendas. Devia ser vista como o cuidado da outra pessoa, para que quem a receber saiba onde foi comprado quanto custou e mais tarde recordar o seu valor. Quem é que não se lembra que o pão à coisa de 10 anos custava apenas 7 cêntimos? Quem não se lembra que à mais de 20, 5 tostões dava para comprar ovos, farinha e azeite?
Quem não se sabe que à mais de 40 anos, 40 contos davam para comprar uma casa com terreno?
É interessante, recordar o valor das coisas, comparar o seu preço, perceber o que mudou ao longo dos anos, para que 500 escudos dessem para comprar tanta coisa e agora 2.50€ não dão para quase nada.
Ainda me lembro de que 1000 escudos era muito para mim. De que 6000 escudos, 6 contos, era algo que só poderia obter com muitos anos de mesada poupada, e muito bem poupada!!

Não tenho vergonha de oferecer o que quer que seja com o preço. Não tenho medo de pensarem mal de mim por pedir que os talões venham com o preço e as etiquetas permaneçam coladas.
Não tenho vergonha, porque sei que aquilo que ofereço tem valor, tem uso, é didáctico, o que não significa que seja para garotos mas sim que educa, que tem algo para ensinar.

Oferecer algo com utilidade é difícil, mas não é impossível. E acreditem que se pode oferecer coisas que realmente interessantes e até mesmo imprescindíveis!

Quando alguém vos diz que umas sapatilhas custaram X, ou um vestido custou Y, um preço abaixo daquele que vocês criaram na mente, vocês babam-se logo para ter umas iguais. Não é pela moda, mas porque realmente gostaram daquilo. É como ir comprar roupa aos chineses! Nunca fui mas sei que foi. Compram a metade do preço e trazem algo que mais ninguém tem. Pensem assim: Se eu souber quanto custam 10 tábuas de madeira, um dia mais tarde sei que tipo de madeira comprar e quanto vou gastar. Se eu souber quanto custa 1kg de pregos, porcas e parafusos, quando um dia precisar, sei +/- quanto vou gastar. De uma certa maneira, prevejo e faço uma estimativa dos meus gastos. Calculo melhor o material que devo comprar, onde sei que vou gastar mais, onde vou gastar menos e onde posso poupar. Se comprar 3m quadrados de tecido para fazer uma camisola ou um vestido para a namorada, sei se vou gastar mais ao comprar o tecido e as linhas para cozer do que a comprar um vestido numa loja normal do shopping.

Uma prenda é um produto final, acabado e pronto a utilizar. Pode ser devolvido, mas para quê esconder o preço? O preço não faz parte das nossas vidas? Saber quanto custou o pão, o queijo e o fiambre. Saber que posso comprar pão mais barato na loja X do que na Y. Que posso comprar um fiambre mais caro na loja Y mas que em contra partida é muito melhor e mais saboroso.
É assim que nós evoluímos! É assim que crescemos! Que aprendemos a utilizar e a comprar melhor as coisas que nos fazem falta. São dicas!
Por exemplo, existe uma mercearia aqui na mealhada que vende o croissant a 0.65€, mas sei que no Intermarché é a 0.39€. Ora... ainda que na mercearia sejam croissants muito bons, são mais pequenos que os do Intermarché. Uma pessoa que saiba e compare os preços de uma loja para a outra, consegue perceber onde deve comprar se quiser poupar.

O preço tem dois lados. Um lado negativo e um lado positivo. Pode ser motivo de vergonha ou pode ser motivo de orgulho.
Sei de que as laranjas que são vendidas nos super-mercados, são de portugal, vendidas à espanha e vendidas de novo a portugal já embaladas.
O leite Mimosa é recolhido por Portugal fora e é vendido a um preço acessível.
Mas o texto não é sobre isto, mas sim sobre o preço nas prendas. Se por um lado incomoda quem não gostou da prenda, por outro, faz com que as pessoas que oferecem pensem melhor nas coisas que querem oferecer e no que realmente faz falta ou dá jeito.
É que comprar penduricalhos só para enfeitar uma estante e apanhar pó, não vale a pena o dinheiro e o tempo que se gasta a procurar e a gastar...

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Por não ter dinheiro..
Destingir o valor das coisas...

Hoje vi...


Hoje, no forum de Coimbra, vi uma menina com pouco mais de 2 anos, de volta daqueles carros e cavalos que os pais usam para os sentar e entreter ao mesmo tempo, enquanto passeiam pelo shopping.
A rapariga sentou-se no carro, e ali ficou por uns 5 ou 6 minutos, pareciam uma eternidade, mudou de carro e permaneceu mais uns minutos.
Os pais... esses olhavam para ela de braços cruzados e nenhuma palavra saía da boca deles. Não havia diálogo e pareciam chateados um com o outro. Não havia amor.

Foi então que a menina saiu do carro e se dirigiu a um cavalo. Subiu com alguma dificuldade, e para meu espanto, os pais simplesmente ficaram a observar. Não a ajudaram, não se baixaram ao nível dela, não a incentivaram, não se predispuseram para a segurar para lhe dar confiança em dar o primeiro passo sozinha e quem sabe até, subir tudo sem a ajuda dos pais. Uma simples salvaguarda por traz não faz mal a nenhuma criança...
Nesse momento apercebi-me, de que aquela criança, aquela rapariga, se quisesse alguma coisa, no futuro, teria de fazer por ela. Mas ela teria de se atirar às coisas de que realmente queria fazer. Não só por iniciativa própria mas porque dos pais não teria nenhum incentivo. Seria/será uma pessoa fria no futuro, capaz de passar por cima de tudo e todos só para conseguir o que quer. Não é por culpa dela, e isto será só uma "estatística" generalizada, mas por culpa dos pais que nunca o souberam ser nem agir nos momentos certos.
A começar na falta de comunicação verbal entre os pais, à falta de ajuda ou incentivo e/ou preocupação para a fazerem sentir que os pais estão do lado dela, e não como meros espectadores.

É triste ver este tipo de casais, que pensam ser tanto e mais que os outros, mas quando se trata de comunicar e entrar no mundo da criança, são incapazes sequer de fisicamente demonstrar amor. E não falo de abraços, beijinhos, sorrisos ou uma palavra de confiança, mas sim de fisicamente, tal como se lê as emoções de uma pessoa pela sua postura.
Como li no livro "Mulheres Inteligentes Relações Saudáveis", de "Os erros capitais de uma relação doente" (pág. 61 à pág. 67), de uma mulher, mãe, que fazia reuniões, tinha milhares de clientes para atender, funcionários para supervisionar, metas para cumprir. Era excepcionalmente boa e trabalhadora naquilo que fazia, mas faltava-lhe uma coisa... dialogar e comunicar com os filhos e o marido. Era incapaz.
Isto para dizer que ela era uma mulher de sucesso, que subiu na vida, que tinha um negócio, estudos e era decidida, mas não tinha o mais importante. Comunicação com o seu Eu e com a sua família mais intima. Era incapaz de "amar" os rebentos que tinha trazido ao mundo. Uma pessoa pode ter tudo na vida, subir tudo o que tiver para subir, os cursos todos que tiver, o dinheiro, as casas, e a saúde, viajar para todo o lado e realizar todos os seus sonhos e caprichos, mas se não tiver a capacidade de se sentar com os seus filhos durante algumas horas a desenhar e a pintar, a correr e a partilhar os bonecos, para mim e na minha perspectiva não é nada nem é ninguém.
Se eu tenho capacidades e conhecimentos para cuidar de um bebé? alguns, muito poucos talvez, mas pelo menos preocupo-me e tenho o cuidado em aprender, em ver, em ler, em ajoelhar-me diante deles e tentar compreender de que maneira posso ensinar utilizando simples brincadeiras.
É difícil? É! Dá trabalho? Possa... nem imaginam! Mete medo ter consciência de que ainda não estou preparado? Até tremo acreditem quer não. Mas tenho meio caminho desbravado. E sinceramente... acredito que estou 2 anos à frente do que qualquer outro rapaz/rapariga da minha idade. Com a excepção de uma ou outra pessoa, como é óbvio.
Não, não sou melhor, não sou mais, mas teoricamente sei mais. Se isso é algo bom? Depende da perspectiva. Saber teórica é bom, não ter prática é mau, mas eu não tenho medo de errar, de falhar, de me descuidar. Toda e qualquer interacção com uma criança, desde bebé até à sua fase mais adolescente, ajuda-me, ensina-me e mostra-me como ser e não ser. Ajuda-me a ser e a agir, para além do falar.

Se ter um filho é algo que me preocupa de momento? Não, o que me ocupa a mente de momento é encontrar uma namorada, que para além de saber crescer, ser madura, simpática, atinada da cabeça e que não tenha medo de ser, que também ela tenha a consciência e o desejo de aprender com os seus filhos.
Porque até eu com 22 anos, mesmo que veja o BabyFirstTV, que aparentemente não me tem nada para dar, já me ensinou coisas e me mostrou coisas que nunca pensei puder aprender com um canal tão simples, básico e infantil como este.
Não é por ler muito, ver muito e saber muito ou o conhecer muito que me faz feliz, é o saber olhar para as coisas e juntar os pontos. Saber usar aquilo que sei e aquilo que não sei para compreender as situações que acontecem a cada momento à minha volta. Nisso sim, sou "superior", mas não gosto de me pôr num pedestal, pois numa universidade de pessoas e rapazes, eu não serei ninguém, a não ser apenas e só mais um número. Vão olhar para mim como um rapaz de cabelo comprido que mete medo sem precisar de fazer mais nada. Um rapaz que aparentemente não tem nada para dizer nem de nada sabe falar.
Mas basta haver a oportunidade de me abrir, de me expressar, de comunicar com as pessoas, e a mente delas fica em branco. Um espanto que lhes pinta a alma de branco.
Mas eu gosto de ser assim. Calado. Fosse um gajo falador, divertido, sempre sorridente, amigo de tudo e todos e perderia a graça, o encanto, o misticismo e aquela intriga que despleto na cabeça de muita gente.
Não sou só mais um rapaz que se parece com "jesus cristo", tenho algo mais que as intriga e eu sei disso.

Não serei "cristo" para os meus filhos, seria antes e acima de tudo, um Pai e um Humano, consciente, com amor e vontade de ensinar, de brincar e fazer crescer. De mostrar o mundo através de um som ou pelo simples atirar de uma pedra para um lago. Não basta estimular, é preciso saber fazê-lo, como fazê-lo e quando fazê-lo.


Aquilo que não vejo, não me faz crescer...
Hoje vi...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Como cobrir um país em caos e violência...


Ponham os camionistas a fazer greve durante +/- 3 a 4 semanas.
Juntem os camiões de recolha de lixo pelo mesmo tempo.
Médicos por um período igual e intermitente, sem nunca fecharem as maternidades e as urgências.
Da mesma forma, intermitente, juntem os transportes públicos, Autocarros e Comboios.
Fechem bancos, centros comerciais, caixas de multibanco,
Fechem a Internet e as telecomunicações por períodos intermitentes de manhã à noite.
Tal coisa, acontece em Die Hard 4.0, um "fire sale", um autêntico colapso de tudo o que rege a nossa sociedade. Gás, água, electricidade, bolsa, desvalorização de moeda, internet, telecomunicações, serviços de urgência, transportes públicos, etc.

Verão o caos que criam num país! As pessoas ficam pior que num filme pós-apocalíptico. Até à pedrada irão entrar no parlamento, irão matar por comida, por dinheiro, e por um país melhor.
O interessante é que estas greves nunca são ao mesmo tempo, e são por curtos períodos.
Ainda se lembram da greve dos camionistas que durou 2 semanas? Começou a faltar a comida nos super-mercados, a gasolina nos postos de abastecimento, roturas de stock...
Imaginem agora um país imerso num caos, com promoções do Pingo Doce. Parece o fim do mundo! Até crianças atropelam...

Sim, este país só vai ao sitio quando se der uma revolução. Não estamos em crise, ainda não. Só quando os "ricos" se sentirem apertados é que isto vai entrar em parafuso. Quando os políticos forem alvo de atentados, de tentativas de homicídio, quando todos os grandes centros comerciais tiverem actos de violência e vandalismo, fogo posto, caixas de multi-banco rebentadas, ourivesarias assaltadas, casas despidas de quais quer ouros, colares e diamantes. Ricos roubados na rua, carros roubados e casas assaltadas. Não preciso de me alongar muito, é fácil semear a desordem e o caos, se pensarem por uns minutos no assunto.

Mas perguntam vocês se é isto que eu quero ver acontecer. Não, não é! Mas vai ter de ser. Na Inglaterra aconteceu algo muito semelhante. Quem não trabalhava ficou sem ver os seus "subsídios de reinserção social", e desataram a partir tudo. Até que as pessoas trabalhadoras tiveram que sair à rua para proteger o que era delas por direito.
Já que a justiça não faz nada, e a policia não pode fazer o seu trabalho sem ir presa, fazem os cidadãos.
É fácil...

Quando esta merda toda rebentar!! O "25 de Abril" vai parecer um menino do couro ao lado disso.

Vai bastar apenas uma pessoa atirar a primeira pedra, para o país cair como dominó.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O que faz dos humanos, humanos?


A capacidade de engenho, de criar algo, de utilizar algo para um determinado fim que não o esperado, não é única. Pois tal como os macacos, eles usam longos paus finos para retirar formigas e térmitas. Ou pedras de determinado diâmetro e peso para quebrar nozes.
Mas o que mais nenhum cérebro é capaz de fazer, é o de se preocupar ou de se dedicar inteiramente a um objecto. É a arte de o actualizar, melhorar, aperfeiçoar e por vezes reinventá-lo.

O próprio cérebro tem facilidade em aprender e crescer, porque é mais elástico e mais flexível. A razão? Um aperfeiçoamento genético, físico, cognitivo, psicológico e complexidade dos meios de comunicação. É a razão de termos uma das linguagens mais complexas do reino animal. Tanto verbal como física.

Há pouco tempo, uma amiga tinha-me dito que o que nos diferenciava dos outros animais, era a capacidade de criar arte. Bem, não concordo plenamente nessa afirmação dada por um professor, mas acredito que não terão tanta capacidade para "sentir" uma pintura. Mas ai vem a parte interessante, uma pessoa pode olhar para um quadro e não gostar nada e achar que é feio. Outra pessoa pode ter uma epifania. Da mesma maneira que uma pessoa quando olha para uma paisagem, vê mais do que uma paisagem, e outra pessoa é capaz de ver apenas um monte e algumas árvores espetadas desordenadamente.
Se conseguimos influenciar a escolha de peixes e entre outros animais apenas e simplesmente através de uma ou várias cores, podemos chegar a uma altura em que poderemos criar uma pintura dedicada aos seus cérebros. Um quadro pintado segundo a perspectiva de um peixe ou de um cão e não de um humano. Como referi em "Animais espelhados como humanos...".

Talvez aquilo que nos torna humanos, aquilo que nos torna diferente dos outros animais, é a capacidade de aperfeiçoar objectos e técnicas ao longo da nossa vida. Para além de que somos animais com explosões cerebrais. Ideias!
E esta capacidade de fazer surgir ideias do nada, dá-nos uma vantagem sobre qualquer outro animal. Pois as nossas ideias vêm quer estejamos calmos ou em perigo, e tal não acontece tão frequentemente quando outros animais estão em sossego. Só quando correm perigo de vida, é que a sua adrenalina é absorvida pelo cérebro e é então nessas alturas que tem de tomar as decisões mais importantes... "-- O que vou fazer para me manter vivo?". A vontade de querer viver é inerente a qualquer animal, tal como já referi em "Qual é o nosso propósito?".
A capacidade de ver "beleza" numa pintura, numa música não será mais importante que a nossa capacidade de nos adaptarmos e de fazer adaptar os objectos que nos rodeiam às nossas necessidades.
Se existem elefantes capazes de "sentir" a pintura, porque não outros animais? Já lhes deram a oportunidade de explorar a sua mente, as suas capacidades, os seus gostos, a sua felicidade?

A pintura é algo importante para a mente, mas a música influencia todo o meio envolvente. Existe um filme "The Last Mimzy (Mimzy - A Chave do Universo)", que aborda um pouco este tema da música. Em que o rapaz através de vibrações consegue coordenar um ninho de aranhas a criar uma ponte de teia. Em MythBusters - Talking to plants demonstram o mesmo. O crescimento das plantas é condicionado pela música que ouvem e não propriamente pelo sol ou pelos adubos. Até se usa para hipnotizar cobras.

No fim de tudo isto, de quais quer comparações sobre arte, música, escultura, criação e experiência, todos somos iguais. Não é entre humanos, mas entre mamíferos. Porque possuímos um instinto animal que perdura à milhares de milhões de anos, quase inalterado. E não devemos colocarmo-nos num pedestal só porque somos mais capazes que as suricatas. Não fossem o antepassado comum, e continuaríamos a roer raízes e a comer insectos como rodeadores que fomos nos tempos dos dinossauros. Dêem as mesmas ferramentas e habilidades a um lobo, e ele não se tornará diferente de um "humano". Coloquem-lhe os 4 dedos e um polegar. Façam-no caminhar e ter a capacidade de inovar, evoluir e passar o conhecimento de geração em geração. Verão que aquilo que nos irá diferenciar é "quase" nada.
Albert Einstein tem uma frase interessante que retrata precisamente aquilo que aqui estou a dizer.

"Everybody is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its whole life believing that it is stupid." ― Albert Einstein

Não é por um peixe não conseguir subir árvores, que deixa de ter valor para o meio ambiente. Tudo e qualquer coisa é importante para que o eco-sistema não entre em colapso. Refiro isso em "A minhoca no berço da vida...", de que elas são importantes para a fertilização e mineralização de solos. Adicionam valor ao um metro quadrado em que vivem, e não nojo ou repugnância. Da mesma maneira que as pessoas têm nojo dos Abutrez por comerem carne em putrefacção. Houve um esforço enorme por parte dos biólogos de vida selvagem e cientistas para que as pessoas dessem valor a estes animais que muito fazem no meio ambiente.

Nós não devemos viver contra a natureza, quer física quer psicologicamente, devemos sobreviver com ela. Afinal de contas... este planeta pode desaparecer num ápice, basta um asteróide ou umas poucas erupções vulcânicas e cobrir a atmosfera de gazes e nuvens, que em três tempos vamos todos desta para melhor. Nada que ter medo, pois a ciência mostra-nos que isto já aconteceu antes e que os próximos animais a pisar a terra serão sempre melhores que os anteriores. Tal como demonstra o documentário "Terra Formação De Um Planeta".
-- E em relação ao 6º sentido?
Não se preocupem, porque os elefantes também o têm. Choram pela morte de um filho, reconhecem ossadas, e quando sabem que vão morrer, dirigem-se ao "cemitério de elefantes". Cemitério de elefantes!?
Pintam e criam música simples. Não é um 6º sentido nem um dom, apenas um aperfeiçoamento.

O que faz dos humanos, humanos? A capacidade para ver o mundo de várias maneiras pelos mesmos olhos.

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Rã - Espécie ameaçada

domingo, 8 de julho de 2012

O cabelo consciente...

[_ by ~AnitaAnti]

O cabelo, pelo menos o meu, acredito, que tenha e ou sirva como uma extensão da minha personalidade.
Não é absurdo, porque é algo meu, que eu penso e "sinto". Cada um terá a sua teoria e esta é a minha.
A ultima vez que cortei o cabelo, foi em Junho de 2009, para além de o corte ter ficado pequeno e até "interessante", fiquei triste, um pouco vazio. Decidi então nunca mais cortar. E se corta-se, deixaria crescer bastante para que quando se corta-se o tal um ou dois centímetros das pontas, não acaba-se com o couro cabeludo rapado.
O meu pai leu algures, que pelo menos uma ou duas vezes na vida, todos devem rapar o cabelo, para que o couro cabeludo "renasça" e respire. Que apanhe ar e até mesmo algum pouco de sol que tanto faz bem à pele desde que não seja em excesso.

Vi uma vez um episódio do "Extreme Makeover", (que agora não consigo encontrar) em que várias mulheres se submetiam a uma mudança de visual, tanto física como estilo corte de cabelo. E haviam várias mulheres com um cabelo extremamente grande. Em 90% dos casos, foi-lhes mostrado um video, uma compilação de outras mulheres que tinham cabelo comprido, que também não queriam cortar, decidiram arriscar e cortar. No fim adoraram. Mas não foi a imagem das que adoraram que me ficou na cabeça, mas uma simples imagem que passou num cagagésimo de segundo, que me ficou cravado na memória. Uma mulher que se olhou ao espelho no fim, e chorou de tristeza, de solidão. Tinha perdido algo.
De uma perspectiva, é normal ficarmos "incomodados" ou com bichos no estômago quando estamos habituados a uma rotina, a algo que nos é natural, e temos de lidar com mudanças rápidas. É o que acontece quando mudamos de carro, de casa, de cores de camisola, de amigos, de escola.

O cabelo, é também um peso, noto isso quando tomo banho. Se fico muito tempo com a cabeça para baixo, rapidamente apanho uma dor de pescoço.
Estive a ver Girl shaves her head bald - 2011, e veio-me à cabeça, de como será para as mulheres, que rapam o cabelo, usarem a maquilhagem. Usam mais? Usam menos? Compreendem melhor as curvas da sua cara? Usam-nas melhor? Não usam de todo.
Será que uma vez rapado, irão continuar com ele assim, rapado/curto, durante mais tempo que o normal?
Outra coisa que reparei, foi o de que, se não se penteasse o cabelo, pelo menos aquelas pessoas que têm cabelo comprido e ondulado/encaracolado, acabariam, ao fim de alguns meses por criar rastas. Não é pelo não tomar banho, mas porque é o que acontece se não escovar-mos ou desentrelaçarmos os nós que vão dando ao longo do tempo, quer quando caminhamos, corremos, dormimos, quando o vento sopra ou viramos a cabeça.

Quando durmo mal, quando tenho pesadelos, ou fico a pensar muito durante o sono, noto que de manhã o meu cabelo está mais oleoso. Quase como se exterioriza-se aquilo que se passa dentro do meu cérebro. Os problemas, a felicidade ou a tristeza. Não é só por causa do calor mas pelo que me vai na mente. É algo "absurdo"? Para mim não o é de todo. Não me aconteceu várias vezes, e ainda que tenha consciência de que o meu cabelo é mais oleoso do que seco, percebo também que ele fica assim mais facilmente quando algo me perturba. Normalmente é quando penso mais, durante a noite. Pois não sei se sabem, mas é à noite que o cérebro mais aquece, e mais trabalha.
Antigamente não tinha muitos cuidados com o cabelo, mas desde que comecei a aprender algumas técnicas, uma das melhores coisas que aprendi, foi a apanhar o cabelo durante a noite. Não entrelaça os cabelos e é mais fácil de escovar/pentear depois de manhã. Que é o que costumo fazer quando acordo. Penteio com o pente e não com uma escova.

Gosto de sentir o cabelo na minha cara, nos meus ombros. Gosto de o usar quando faço massagens, e de sentir o cabelo da minha namorada na minha boca, na minha cara, nas minhas mãos.
Prefiro o cabelo ondulado/encaracolado, ao liso. Pois o encaracolado, para mim pelo menos, tem mais vida, tem força! Tem vontade, é selvagem, tem uma identidade. Enquanto que o cabelo liso... é algo simplório. Muito simples, muito banal, muito "pita rica" e singela. Não tem vida, não tem força. É pura e simplesmente... trivial.
O que também vi num programa televisivo, foi de que o cabelo que fica solto, espetado no topo da cabeça, que cria... algo "não bonito" do ponto de vista da moda e dos modelos com os seus produtos, é sinónimo de saúde do couro cabeludo.

No que toca a cabelo, também existe o seu extremo.
De um lado, do lado mais negativo, estão as rastas, sinónimo de sujidade e desleixo. O que é verdade.
Na outra ponta, temos os cabelos de modelos e princesinhas que usam e abusam de produtos para que os cabelos fiquem sempre bonitos e brilhantes.
Mas no meio ainda existe duas diferenças. Aqueles que lavam, escovam e está a andar. E aqueles que lavam, escovam e aplicam um ou outro produto para as pontas.

Há coisa de um mês, quando vinha no comboio para casa, enquanto olhava para o cabelo de uma rapariga, encaracolado/ondulado louro, os gestos que ela fazia para atirar o cabelo para trás e o manter fora da cara e das bochechas, olhei em redor e apercebi-me de algo. Questionei-me.
Para que serve o cabelo hoje em dia? É só para proteger?
Tornámos um dos meios principais para nos proteger do calor, o cabelo, o pêlo se pensarmos como mamíferos que somos, para manter fresco os nossos cérebros, em... moda.
Preocupamo-nos com o aspecto do nosso cabelo, ou com o cabelo dos outros. Os penteados tornam-se moda, tal como aconteceu com aquela mania dos Emos, de andar com uma franja sobre um olho.
Se alguém não tem o cabelo minimamente bem tratado e arranjado, e não falo de rastas, pensamos logo que a pessoa não se cuida, não toma muitas vezes banho, que se não souber cuidar do seu cabelo, não sabe cuidar do seu corpo e de si. De uma perspectiva, isso é inteiramente verdade!
Se fôrmos desleixados com a nossa maneira de vestir, se não formos acertivos com o que realmente queremos para nós, tornam-mo-nos aos olhos das outras pessoas em figuras desleixadas. Nem sequer é preciso pensar muito sobre isso, porque é a realidade.
Mas porque razão é que pessoas que parecem desleixadas, normalmente são-o?

Ou nos preocupamos em exagero com a nossa aparência, neste caso com o cabelo, ou não nos preocupamos devidamente.
O cabelo, como referi acima, deixou de ser algo útil, para ser algo estético. É só cabelo! É só pêlo! Não os precisamos de encher de produtos, cremes, máscaras e sprais para sermos o centro das atenções. Nós não nos atraímos uns aos outros única e exclusivamente pelo cabelo. Sei que os tempos mudaram um pouco desde que éramos símios, mas cabelo é só cabelo. Nós atraímo-nos através das ferómonas, de substancias quimicas que libertamos. Cheiramos as hormonas uns dos outros, o suor, os genes. Sentimos atracção pela parte física, pelas curvas do nosso corpo às curvas da nossa cara.
As raparigas costumam estar sujeitas a vários estereótipos de moda, que as leva a cuidarem melhor do seu cabelo. Mas não significa que por cuidarem bem ou muito bem do seu cabelo, seja quem for que o faz, que será um bom amigo, uma boa pessoa, um bom humano, que seja inteligente, que saiba crescer, que seja madura e consciente. Pois quem se preocupa exageradamente com a sua aparência, desde as roupas que veste, as marcas que compra, perfumes, bijutaria, colares e fios, e tratamentos para o cabelo e cara... é alguém, que tem problemas emocionais. Que não acredita em si mesma e que precisa da opinião dos outros, que vive dos sorrisos e bons comentários das outras pessoas. Que necessita de se sentir vista bonita fora do seu quarto, para se sentir "completa" e "realizada". Têm uma baixa auto-estima.

Não devemos deixar de pentear o cabelo e de o lavar, mas não sejamos de extremos.
O que é o cabelo hoje em dia? Uma forma de marca? Uma moda? Uma esponja capaz de atrair ou afastar pessoas? Um campo de relva alta onde os cabeleireiros e não só, podem fazer as suas experiências?
Da minha perspectiva, para além de o cabelo ser só cabelo, e ser necessário cuidar e tratar da forma mais simples possível, sem gastar muito dinheiro, acho que o grande problema de não vermos o cabelo de outra forma, é devido às revistas, publicidade a produtos, estrelas que aparecem de cabelo "perfeito". Interiorizamos essa... "verdade" como sendo uma realidade. O que é um problema grave! Pois ficamos com uma ideia completamente errada e perigosa de como o cabelo humano deve "ser".

Costumo ver muito rapaz com o cabelo curto, e fico a pensar qual é a razão de eles o usarem assim. Certamente não será apenas por ser mais fácil de lavar, por não pesar, ou por não gostarem de cabelo comprido, mas sim também porque, para além de ser uma moda muito bem conseguida, para além de ser um estereótipo, de ser uma "marca", uma "personalidade", é algo que ajuda com as raparigas. É algo que está tão enraizado na nossa cultura, que o cabelo comprido no homem deixou de ser sinal de virilidade, maturidade, força, para passar a ser algo como incómodo, calorento, uma competição indesejada.
O cabelo curto, passou a ser a chama para grande parte de todas as mulheres, desde que a tropa foi introduzida na sociedade humana. O acto de rapar o cabelo, era algo duro de fazer para os homens até àquele momento, mas com os anos, tornou-se uma imagem de marca, um sinal de respeito e superioridade. Daí existirem os Skinheads, homens e mulheres com a cabeça completamente rapada, que tentam mostrar superioridade por um acto tão simples. Portanto, o cabelo curta, nos dias que correm é algo que atrai as mulheres, porque sentem que o homem fica mais limpo, mais visível, que não compete com o cabelo dela, é mais fácil de passar a mão, de o controlar.
O que não acontece com os rapazes de cabelo comprido, que hoje em dia assusta muita rapariga. E assusta porque é comprido. Porque não é um hábito. Associou-se ao HeavyMetal, à violência, ao estranho e ao confuso. Ao obscuro, ao negro e à música satânica. E as raparigas de hoje sentem-se ameaçadas por rapazes assim. Sentem-se desconfortáveis. Obviamente que existem excepções. Mas até as raparigas que gostam de rapazes com cabelo comprido, têm opiniões quando ao tamanho que o cabelo de um rapaz ou do seu namorado deve ter. O interessante, é que na idade média, era completamente normal um homem possuir cabelo comprido. Tal como nos mostra o filme Braveheart.
A necessidade de andar com o cabelo cortado, iniciou-se sobre-tudo através na necessidade de tomar banho. Era escusado andar a gastar água no campo de batalha ou até mesmo em casa para lavar tanto cabelo. As pessoas começaram a cortar mais vezes para pouparem água. Não só devido à guerra, mas também devido à falta de água potável para beber.

Um cabelo longo-curto, que toca nos ombros, é algo que as mulheres consideram viril. Principalmente se o homem possuir uma pêra e um bigode simples bonito. A tal barba por fazer de 2 ou 3 dias que 99% da mulheres parece adorar e derreter-se. O que é interessante porque já ouvi e conheço raparigas que odeiam homens de barba, seja de que maneira for. Da mesma maneira acontece com os pêlos no corpo. Lá está, é a moda, uma mudança negra por parte dos nossos instintos animais.
Bem, realmente é mais bonito ver a vagina de uma mulher com pouco ou nenhum pêlo à volta. Dá realmente um ar mais limpo. Mas eu não estou a dizer que devem arrancar tudo. Sei que de uma forma evitam infecções urinárias, sujidade entre outro tipo de problemas. Fica mais fácil de lavar e limpar. Mas aparar também é uma boa solução.
Ainda que uma mulher com pêlos nos braços, hoje em dia comece a parecer cada vez mais nojento e "tabu",  os pêlos debaixo dos braços são importantes para ajudar a soar.

De onde veio esta mania das mulheres para fazerem depilação ao corpo tudo, incluindo aos braços, às sobrancelhas, às mãos? Onde veio esta mania para arranjar as unhas? Esta mania com a maquilhagem?
Desde quando se tornou o cabelo, um quadro de exposição para uma obra de arte, e não pura e simplesmente como um quadro onde mostrar ao mundo daquilo que realmente somos feitos. De como é realmente a nossa beleza natural. Transportamos na cabeça, uma imagem do que os nossos genes podem oferecer à mulher ou ao homem.
O cabelo curto, não é uma consciência de século XX, uma visão actualizada da mentalidade social, mas sim um estado que evoluiu para se tornar hoje, em algo... simples absurdo. E o que quero dizer é que, quando ainda estávamos na idade da pedra e do bronze, e todos usávamos cabelos compridos. Nenhuma mulher se preocupava com o cabelo do homem. Havia sexo na mesma. Havia amor na mesma. Havia caça, casas, armas, bebés, roupas. Os homens não deixavam de ser homens por ter o cabelo comprido. Algo mudou e hoje os homens de cabelo comprido são vistos como "difíceis" e/ou maus, e não como "pessoas" normais.
Um caso interessante é do vocalista dos Cannibal Corpse que tem 2 filhas, uma esposa e é vocalista de uma das bandas de Death Metal mais conhecida em todo o mundo. Não é mau pai por ter cabelo comprido. Diria até que é pior que as filhas! Ama a mulher, faz festas de anos, tem amor e sente amor. É responsável, é maduro, não fuma, não bebe, nem consome drogas. O cabelo comprido faz dele um homem que impõe respeito? Sim, faz, porque ele também não nenhum franganote. Mas não se torna má pessoa por usar o cabelo daquela forma.

Hoje em dia tendemos em ver o cabelo, não como uma extensão da nossa personalidade, ainda que por vezes, ao cortar o cabelo e mudar de estilo soframos alterações, quase como acontece quando mudamos de roupa. Lá está, volto um pouco ao inicio, quando digo que é quase como mudar de casa, de carro. Demora tempo a habituarmo-nos. E é por demorar e criar um espaço temporal para novas oportunidades, que criamos inconscientemente novos caminhos para "novas" experiências. Tendemos em vê-lo como algo que define o estatuto daquela pessoa, no meio social.
Pode-se dizer então que o cabelo de uma pessoa faz mais do que simplesmente proteger a sua cabeça. É um cartão de visitas. É uma fonte de atracção, de cobiça, espanto, inveja. Pode ser ainda usado como ferramenta de sedução e charme. Ou como algo completamente obscuro e depressivo, como o caso da personagem Samara no filme The Ring.
Deixou portanto de ser só pêlo, para passar a ser algo mais. E até os pêlos púbicos das mulheres já merecem "penteados". É incrível observar o aparecimento de industrias que se dediquem a este tipo de coisas.

Não sei como é que as mulheres se vêm umas às outras da perspectiva dos seus cabelos. Numa sociedade cada vez mais "americanizada", as mulheres, na minha maneira de ver as coisas, são muito mais frias e ríspidas umas com as outras. Se tem as pontas espigadas é porque é desleixada, não se preocupa nem trata e por consequente, não arranjar um homem que goste dela.

Não sou contra estilos de penteado, acho apenas, da minha perspectiva, que as pessoas se preocupam de mais. É verdade que hoje podemos usar o cabelo para muita coisa, em várias situações e momentos. Podemos bater recordes mundiais, até mesmo com a barba, mas perdemos aquela visão de ver o cabelo como sendo só pêlo. Um pêlo que herdámos com uma certa "gafe" já repararam?
Existem animais que têm pelo, mas dali não cresce mais. Tal como as unhas. Mas a nós não. Está sempre a crescer e a regenerar. Houve então uma altura na nossa evolução em que perdemos os pêlos no corpo e passámos a ter apenas cabelo, que cresce sem parar.


Podemos ter ferramentas, mas não saber usá-las...
Podemos saber usar as ferramentas, mas não saber aproveitá-las... explorar as nossas capacidades e melhorar os nossos conhecimentos.

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Os tipos de cabelo e a "personalidade" das pessoas.
Reciclagem de cabelo humano?
First Haircut! Ankle Length Long Hair
Sei que o humorista português João Seabra tem um sketch sobre cabelos, mas não consigo encontrar o video.