sábado, 27 de junho de 2015

Adoro a maneira como me amas...


Adoro a maneira como olhas para mim, com os teus olhos de azul cristalino a brilharem-me no rosto, e o sorriso largo entre lábios vermelhos namorarem-me um beijo. Não desvias o olhar; parece que te desejas perder no horizonte corado de narcisismo à tua imagem. Bela. Os dedos afagam-me as bochechas, onde desenhas uma forma de arte abstracta mas deliciosamente hipnotizante e carinhosa. Conquistas-me com o teu olhar, a tua língua sobre os lábios e um sorriso sincero, afogado em amor e dedicação. Na tua beleza de geometria matemática, vejo a face de um anjo com pele de bebé e corpo de mulher garota, de curvas com prenuncia e entre cobertas numa pose de desejo que me chama para a cama, onde te deitas a dormir com um sorriso entre dentes.
Sonharás comigo? Pergunto-me, enquanto te viras para mim, num sono "profundo". O teu olfacto descobre-me o corpo, as tuas mãos encontram as minhas costas e abraças-te confortavelmente no ninho que se vai construindo à tua volta.
Um aperto cresce-me no coração, para cada toque na pele exposta à tua essência que me acende a chama do desejo e do prazer.
Olha de novo para mim, caprichosa, transbordando saudades, e presta atenção às minhas mãos, às minhas palavras e aos meus lábios que secam num desejo que não tenho de te pedir.
A tua espontaneidade sempre me derreteu o nervosismo. As tuas mãos sempre me acalmaram o pensamento divergente.

Adoro a maneira como olhas para mim, como me agarras e me beijas.
Nunca amar e ser amado soube tão bem!

Obrigado.


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Porquê o "obrigado" e não um "amo-te" no fim?

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [36]


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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [35]

Lançou-me um olhar matreiro e encostou a sua anca à minha, empurrando-o contra si enquanto me ajeitava a camisa. Não estava desengonçado, nem mal abotoado, mas a sua dança de sexo, os preliminares tinham de me conquistar e deixar completamente doido para que eu lhe cede um daqueles beijos que ela tanto adorava. Aquele tipo de beijos que a deixavam de lábios e peito a fervilhar de prazer. Um beijo que a fodia pela língua...
Beijei-a. Deliciei-me de novo nas suas curvas e parei. Se ela queria derreter-se e babar-se sobre mim, como todas as vezes que fazia cada vez que me telefonava e me falava no seu tom de voz provocador, sexy e ansioso, teria de sofrer. E esperar para poder satisfazer um desejo quase incapaz de se conter é um orgasmo por si só.
Fingi um beijo, numa aproximação sedutora dos meus lábios aos dela e declarei ao ouvido:
-- Mais logo vou levar-te a um lugar especial... -- beijei-lhe a face. De olhos bem abertos à espera do desfecho daquela frase com um final misterioso, tentou impedir-me de levantar, de caminhar, utilizando as suas mãos nas minhas, à espera da resposta que continha um segredo que a começava a devorar por dentro. As mulheres não aguentam mistérios, nem surpresas. Adoram antecipar a sua vida, mesmo sem terem qualquer tipo de controlo sobre elas.
Com um beijo rápido distraí-a, afastando o meu corpo do dela, que suava pelas mãos e lhe aquecia o rosto. Saí do escritório com um ultimo olhar e um leve sorriso, passando pela porta de vidro que me deixara entrar neste escritório agora em completo silêncio. Era quase paranóico! Sentia os olhares cravarem-se nas minhas costas.
Ao passar pela ultima secretária junto à porta, uma rapariga, de cabelos lisos e compridos, chamou-me à atenção. Com que então eras estudante... Que tarde inesquecível! Ainda sonho com a tua boca...
Pisquei-te o olho, sobre o olhar atento da tua patroa e de Madalena, e ofereci-te um ligeiro acenar de mão. Nervosa, completamente vermelha que nem um tomate, sorriste também, baixando a cabeça.

Ainda te lembras "boca de criança"?

A visão derreteu-se num sopro... [2]

Para lá das nuvens pintadas de vermelho, acima do inferno que começava uma caminhada confiante na terra, surgiram os anjos. Pele branca, despida, sem sexo, sem face, emitindo uma luz que iluminava a sua assombrada natureza humana, coberta do sangue corrosivo jorrando do chão, tocando o seu reino nos céus. As labaredas trocavam as nuvens, iluminando a obscura sentença desta alegria devorada. A terra parecia ter descido às suas entranhas.
Um lamento preencheu-lhes os pulmões, tentando conquistar o ar. Pompeia explodiu, arremessando sobre eles, detritos e um rio de lava que cortava o algodão suave debaixo dos seus pés. A cascata de forte corrente levava consigo os anjos aterrorizados, envoltos em gritos arrepiantes. Deus não os podia salvar. Perderam a sua inocência e o seu paraíso. Perderam-se; Para sempre.
As escadas douradas para o paraíso, pintavam-se de preto, degrau-a-degrau, casco-ante-casco, numa subida que Satanás fazia vagarosamente, deliciando-se, maravilhando-se, sobre um campo de batalha de buracos ruidosos, de onde fugiam almas torturadas de formas infinitas; Cada uma arrastando consigo uma corrente cujo o peso as prendia aos fogos do covil do seu verdugo.

O cântico surgiu de novo no ar, confrontando por fim, a meio da caminhada, o rei da escuridão. Sem nada para dizer às concubinas do grande Senhor, sorriu. No peito do guardião da luz, que ousava pairar à sua frente, um circulo de escuridão cresceu, envenenando todo o seu corpo, que santificado se transformava em mármore, aparentemente rijo, mas inevitavelmente fraco, tal como a mente do seu amo, acabando por se espalhar no ar como pó com a simples brisa dos gritos rasgados a biliões de quilómetros de distância.

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Ideia: 20-05-2015
Inicio: 01-06-2015