quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O cérebro auto-metamórfico...


Não sei precisar qual o nome do documentário que me deu esta ideia, ou que abordou o tema. Já foi à alguns meses, infelizmente.

Todo o cérebro é auto-metamórfico. Ou seja, e esta é a minha teoria:
Todo o cérebro se transforma, se modifica, consoante as hormonas que possui no corpo, o cheiro que emana. O cérebro reconhece o corpo onde se encontra, e trabalha em conjunto com ele. É um órgão que mede a altura em que se encontra, a distância dos objectos, reconhece cheiros e distâncias do som, através dos vários mecanismos que o corpo, onde o cérebro se desenvolve, possui.

Trocar de cérebros para fazer tal experiência, ao fim de uns anos será completamente inútil, no meu entender, visto que o cérebro se habituou a todo o conjunto de químicos e mensagens que o seu corpo "verdadeiro" enviava e recebia. No entanto, tal como existem pessoas que ao perderem um braço, uma mão, ou uma perna, aprendem e re-ensinam o cérebro a perceber que o que antes existia já não existe, ensinam o cérebro a criar e manipular outro tipo de mensagens.
Caso o cérebro de um paralítico ou de um amputado fosse re-colocado num corpo saudável, talvez seja possível que o este se re-ensine a caminhar, a falar, a escrever, a agarrar objectos ou a focá-los.

O nosso cérebro é auto-metamórfico. Não necessito de o trocar de corpo para perceber isso. Como referi acima, os amputados, aprendem e ensinam o seu cérebro a lidar com a inexistência de um membro que antes podiam usar abundantemente.
Como já li em alguns livros e artigos sobre crianças, o nosso cérebro está constantemente a aprender e a arquivar informação, ainda que com o tempo seja cada vez mais difícil aceder.
Da mesma maneira que o cérebro aprende a lidar com um transplante de mão, fígado, rim, e segundo uma noticia, dois braços, então ao ser transplantado para outro corpo, como já vários cientistas tentaram, e acredito que ainda tentem, é algo que pode ajudar e salvar vários pacientes  E ao invés de se fazer transplantes de mãos, porque não o corpo todo? Na América existem hospitais que aproveitam toda a pele de alguém que morreu. Basicamente  desmembram toda uma pessoa para salvar várias. De uma perspectiva parece desumano e macabro, mas é uma necessidade. Um "mal" necessário.

Soldado americano recebeu transplantes dos dois braços
Chrysalis

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Moralmente incorrecto...


No facebook official do site "Lifes Little Mysteries" anunciaram uma noticia publicada pelo site "Live Science" sobre se seria possível clonar ou recriar um Neanderthal através do seu ADN encontrado.

Como seria de esperar, 99% das pessoas estava contra a clonagem. Pois estavam preocupadas com as experiências malucas que os cientistas o iriam sujeitar. Estavam preocupadas com a vida social que não lhe seria possível de dar por causa dos média. Da vida normal que nunca teria.
Estavam contra experiências em ser humanos, estavam e estão contra cientistas, contra o uso "abusivo" e "imoral" da ciência em seres humanos.
Para piorar os seus fracos argumentos "contra" a clonagem de pessoas, afirmavam sem saber, que por alguma razão os Neanderthal já não existiam.

Por alguma razão se tinham extinguido.
Deus tinha-lhes dado um propósito de existirem, e esse propósito acabou quando os matou ou os deixou morrer.

Que são criaturas estúpidas, sem qualquer tipo de inteligência, caras feias e muito gorilas.
Não podiam estar mais erradas!

Voltamos um pouco ao que eu tanto critico. Para as pessoas, tudo é um dado adquirido. TUDO. Não lhes escapa nada. Lembram-se com certeza de alguém vos dizer ou alguém vos ensinar ou ouvirem nalgum lado, de que os Neanderthal eram criaturas estúpidas, feias, sem destreza e muito, muito atabalhoados.
É algo que se pensava na altura, é verdade. Era uma certeza que se tinha, um "dado adquirido". Como acontecia muito na idade média, em que as pessoas afirmavam que o Diabo existia, que a terra era o centro do universo e que o mundo era plano.
Na realidade, os Neanderthal eram seres tecnologicamente muito mais avançados do que os Cro-Magnons.
Eram mais fortes, eram mais inteligentes, conseguiam criar e aperfeiçoar ferramentas.
Comparando ambas as espécies, os Neanderthal eram, na nossa árvore genealógica, os "humanos" mais perfeitos que existiam. Eram a elite guerreira. E é devido a eles que hoje existem cabelos encaracolados, loiros e ruivos.
O livro "O Clã do Urso das Cavernas", é talvez um dos livros mais conhecidos sobre a temática do cruzamento entre os Cro-Magnons e os Neanderthal.

Usando uma analogia aos descobrimentos portugueses: "Se comparássemos a Caravela Portuguesa enquanto tecnologia da idade média, com tecnologia de ponta do século XXI. Ela seria uma nave espacial, e todos os outros barcos no planeta, seriam barcos a remos."

No documentário "O Mundo do Neandertal", se não estou em erro, os realizadores através de pesquisas cientificas, explicam e mostram como o Neanderthal evoluiu, como era a sua cultura e que impacto tinha a sua aparência física na mente dos Cro-Magnons.
Também foi "descoberto" e "teorizado", de que estas duas espécies coexistiram, dando origem ao Homo-Spiens que hoje conhecemos.
Como é óbvio, não podemos acreditar em tudo o que vemos. E as coisas que aqui estou a afirmar, são fundamentadas, não só com um único documentário ou artigo, mas com vários, de perspectivas diferentes.


Depois de uma breve introdução, a desmistificar as "teorias" que tantos acham estarem correctas e que são tão importantes que entram para a "cultura geral" da sociedade colectiva. Estando estas pessoas mais erradas do que pensam, prossigo para o motivo que me fez escrever. De salientar que acesso a informação, não é o mesmo que ser inteligente.

Quantas pessoas morreram nas primeiras cirurgias ao coração nos primórdios da medicina moderna?
Quantas pessoas morreram até que a técnica utilizada hoje em dia, fosse aperfeiçoada até que mais nenhuma pessoa morresse?
Quantos milhares de anos passaram até que se inventaram as vacinas?
Quantas milhares de pessoas morreram por não terem sido vacinadas?
Quantas pessoas morreram com intoxicação alimentar até que saí-se uma lei que proibisse a venda de produtos com certas substâncias ou quantidades X acima do exigido?
Quantas crianças morreram asfixias com sacos de plástico, até que se escreve-se que os sacos não devem ser colocados na cabeça?
Quantas pessoas "precisaram" de morrer em acidentes de automóveis, de cães, de avião, para que a tecnologia torna-se mais seguro algo que era dado como seguro, porque era na verdade um "dado adquirido". Sempre foi assim, nunca ninguém morreu, então está bem feito.
Não sei se se lembram do acidente que aconteceu com a nave espacial Columbia. A nave ao reentrar na atmosfera explode e todos os astronautas morreram como consequência. As causas do acidentes foram simples. No dia em que a nave descolou da terra rumo à estação espacial internacional, uma telha de uma das asas, caiu. Devido a este acidente, a NASA tomou medidas drásticas  Exigiu em missões posteriores, que a segurança fosse redobrada, falhas que ao principio não se viam, fossem corrigidas e medidas de segurança extra fossem implementadas. Agora, toda a vez que uma nave espacial pretende descer à terra, é obrigada a fazer uma volta de 360º, mostrando, obrigatoriamente, toda a sua fuselagem de cima a baixo.

Foi constituída uma comissão independente de inquérito ao acidente, a Columbia Accident Investigation Board (CAIB), que produziu um relatório oficial de 400 páginas após quase sete meses de investigação, no qual foram apontadas as causas técnicas e organizacionais que estiveram directa ou indirectamente envolvidas na origem da destruição do Columbia. Foram ainda perspectivadas hipotéticas soluções de resgate da tripulação e elaboradas 29 recomendações a implementar, 15 das quais de cumprimento obrigatório, sem o qual não poderia haver um regresso aos voos. -- Wikipedia

E estou a falar disto porquê?
Segundo um série televisiva, a "Built From Disaster", os especialista abordam o tema - desastres - da seguinte maneira.
Mostram a construção de um edifício ou de uma ponte, que para a altura em que foi construída  era das estruturas mais seguras do mundo. Peguem como exemplo o Titanic. Ao longo do documentário, mostram os vários progressos e fracassos que se fizeram até àquele ícone, na altura, se tornar o mais seguro do planeta. Uma estrutura segura, praticamente "indestrutível", é-o até encontrarem uma falha. E é precisamente o que mostram. A falha e as falhas que transformaram o mais seguro das construções em apenas um amontoado de cacos e pó. De seguida, averiguam quais os problemas e métodos que podem ser utilizados para os prevenir ou melhorar...
Resumindo muito simplificada-mente o que a série apresenta:
Uma estrutura é construída com a mais alta tecnologia de segurança. Essa segurança torna-se um dado adquirido até que se dá uma catástrofe, que obriga os construtores a reinventar e redesenhar todo o edifício ou estrutura. Implementam-se novas medidas de segurança, novos mecanismos de aviso, novos sistemas de combate a incêndios, supressão de gazes tóxicos, etc etc.
Todos os desastres são "maus" no ponto de vista social, porque se morrem pessoas. Mas do ponto de vista da tecnologia e dos sistemas de segurança, são uma bênção, porque se pode corrigir as falhas, e criar uma estrutura ainda mais segura.
Aprendemos através dos erros. Somos seres que estão constantemente a melhorar o que já existe, e é por isso acontecer que a ciência e a tecnologia avança.
É preciso aprender, descobrir, experimentar para evoluir. É preciso arriscar como fizeram Galileu Galilei, Copérnico, Charles DarwinIsaac Newton. Arriscaram e como consequência libertaram-nos da ignorância.
Vi também num outro documentário, de que nada é realmente único, no sentido de ser novo no mundo. No sentido de ser uma descoberta sem influências. Afirmam e explicam, que todas as descobertas feitos pelas grandes mentes, eram e são, descobertas com influências em descobertas anteriores, que tiveram também elas influencias de outras mais antigas.
Um exemplo simples, é a criação de um design web. A criação de um interface. Todo e qualquer interface, é  de facto único e criado de raiz  e ninguém pode duvidar disso, mas todos eles foram influenciados por algo anterior. Numa citação muito conhecida de um programador ou designer, ele diz que nenhum design é realmente original. Que tem influencias quer-se queira quer não.
"It's really hard to design products by focus groups. A lot of times, people don't know what they want until you show it to them." — Steve Jobs, 1998
Resumindo então a minha ideia principal, que acho ainda não a ter explicado, acredito que a clonagem de seres humanos, algo imoral e tabu num sociedade de mente fechada, acho correcto. Acho ainda mais correcto, darem poder para que os cientistas possam fazer experiências em humanos, com humanos e criar humanos. Fazem-nos em ratos. Clonam aos ponta-pés, ratos de laboratório, onde experimentam químicos  produtos que vocês mulheres tanto adoram colocar na cara, no corpo e na cabeça.
E estas experiências não são feitas apenas em ratos, mas também em coelhos, macacos, cães. São torturados, é verdade, mas é um "mal necessário". Eu não digo que é um "mal necessário", é sim, importante. Sim, sou CONTRA qualquer tipo de crueldade animal, mas não posso deixar de valorizar as experiências cientificas "horrorosas" que os cientistas de Hitler fizeram aos judeus. Pois foram eles, os cientistas alemães, na segunda guerra mundial, que permitiram aperfeiçoar a medicina e psicologia moderna. Grande parte daquilo que temos hoje em dia na nossa sociedade, foi desenvolvido pelos Alemães durante a segunda guerra mundial, nos campos de concentração, em laboratórios secretos, onde usaram e abusaram de cobaias humanas. Foi importante e relevante.
Por isso sim, aceito que se façam clones partir de ADN do Neandertal.
Uma criança a quem é proibida a re-montagem de um conjunto de peças de lego de maneira diferente da que vem no manual, é uma criança cuja criatividade será reprimida. Proibirmos uma criança de desmontar uma cassete VHS, um carro a pilhas ou montar uma estrutura em lego de maneira diferente, é fechar numa caixa a capacidade de aprender e compreender como funcionam as coisas, o mundo. Dar à criança a total liberdade de explorar e construir algo sem seguir o manual, permite-lhes aprender o que pode ser melhorado, o que pode ser desenvolvido de maneira diferente ou como pode ser implementado. Permite-lhes ver o mundo de uma maneira mais abrangente e não tão fechada.
Não é hoje, mais do que nunca, do interesse dos pais, que os seus filhos tenham nos primeiros 6 anos de vida, o maior número de experiências?
Brinquem, mas não estraguem nada! Vejam, mas não consciencializem!
É preciso dar liberdade. É preciso dar liberdade aos cientistas de explorar técnicas que "desafiam" a mente retrógrada da sociedade.
Como é abordado no documentário "Surviving Progress" (Site Oficial), nem todo o progresso é bom, é verdade, e não posso dizer que apoio cientistas malucos que matam pessoas por puro prazer, como se vê muita vez nos filmes de terror.
O que eu defendo, é permitir que se possa criar algo, neste caso, recriar algo e aprender com isso.
É necessário haver diversidade de talentos e não singularidade social, em que todos são iguais. Todos são médicos, advogados, psicólogos, e no entanto continuamos-nos a queixar desses mesmos médicos, advogados e psicólogos que são maus, agressivos, brutos e sem respeito, sem educação.

Steam Locomotive Valve Gear - 5 tipos de engrenagens, desenvolvidas para criar um motor a vapor.
5 tipos diferentes de inveções, que permitiram abordar e conhecer 5 maneiras de se gerar energia/propulsão a vapor.
Eu não errei 10.000 vezes só descobri 10.000 mil maneiras de não se fazer uma lâmpada.
-- Thomas Edison
É importante perceber que sem riscos, a "sociedade" tecnológica, cientifica e medica, não avança, não evolui, não progride. Sou a favor das descobertas! A favor das teorias sem provas plausíveis. Sou a favor, por elas têm valor psicológico. Têm valor no sentido de serem mais uma maneira diferente de vermos o mesmo problema. Utilizando parte da frase de Thomas Edison:
"Temos apenas 1000 respostas diferentes de como surgiu a vida na terra".
Freud, o "pai" da psicologia moderna, é visto como um génio. Uma pessoa que nos permitiu compreender e estudar o cérebro humano. No entanto, novamente um dado adquirido, as pessoas acreditam no que ouvem. Freud é estudado no curso de Psicologia, permitindo perceber que contribuiu para a psicologia. Não vou dizer que não, ele deu tanto na sua área, como Albert Einstein. Porém, existe algo que as pessoas não sabem. As teorias de Albert Einstein, grande parte delas, foram, anos mais tarde, refutadas. Os cientistas, matemáticos e físicos, perceberam que Albert Einstein estava errado em muita das teorias que desenvolvera. Foi importante que ele tenha tido a coragem de as criar e as colocar em cima da mesa como uma possível hipótese/solução, sem as conseguir provar, pois permitiu que a nossa percepção do mundo, principalmente da física e da ciência, se alargasse.
Einstein criou o pensamento mais positivo que pode existir: "Tudo é possível  até prova em contrário". Com este homem, a nossa sociedade evoluiu a olhos vistos, pois "tudo" podia ser possível  "tudo" podia ser explicado através de uma teoria que não possuía, ainda, bases sólidas que a pudessem provar.
"Anti-Freud" de Michel Onfrayd - Editora: Objectiva


Não querendo engonhar muito no assunto, finalizo com um pensamento geral do texto.
Se não nos autorizarmos a nós próprios a evoluir, a nossa sociedade destina-se para um colapso de cultura e inteligência.
É preciso, como referi acima, que seja possível experimentar e estudar o que é "moralmente incorrecto". Nós somos seres com inteligência, temos de a usar. A tecnologia militar está 4 anos à frente da tecnologia existente na sociedade. É verdade que a guerra é uma coisa má, mas é necessária! Neste caso sim, é um "mal" necessário. É importante que exista evolução.
Nada é pior para uma sociedade, do que o elitismo psicológico. Nada é pior para o ser humano, do que a comercialização de ideias e opiniões.
Ken Robinson, debate e defende a diversificação de talento e não a singularidade de uma única função exercida por todos os indivíduos da sociedade.

Sir Ken Robinson: Do schools kill creativity?
RSA Animate - Changing Education Paradigms


Este texto parece fugir ao tema inicial que foi debatido no inicio, mas não é o que acontece na minha mente. Na realidade, todo este texto é a minha opinião, a minha critica, a minha visão, debatida, explicada, exemplificada e argumentada. É debatível e questionável. Uma maneira diferente de argumentar.
Para que uns sejam salvos (ex: medicina), outros tiveram de morrer, 99% em condições "in-humanas".

Há milhares de anos não existiam vacinas e isso não nos impediu de chegar ao que somos hoje. Não existia higiene e isso não nos fez desaparecer da face da terra.
Porque as pessoas preocupam-se com o que não precisam, e desleixam-se para o que é realmente importante e necessário.

O divórcio em Portugal...
Eu quero, posso e Compro!
É algo que imita, ou algo que é?

Se nos privarmos das experiências e do auto-conhecimento, o que nos resta? No que nos tornamos?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Eu vi um anjo...

Eu vi um anjo à minha janela. Era misteriosa e vestia-se de branco como o luar. Os seus olhos atravessaram o vidro enevoado fitando os meus olhos fracos. Aproximou a sua cara e a condensação desapareceu com o calor do seu rosto. Num momento efêmero, senti a sua preocupação estampar-se no rosto e um enorme fervor de me aquecer no abrir dos seus grandes olhos.

A janela abriu sem ruídos ou lamurias, estava encantada pelos rios vermelhos, que pareciam encaracolar-se, com a fúria dos sete ventos. Algodão nos seus ombros pálidos, uma extensão do seu corpo capaz de dar as melhores massagens.
O perfume bateu as assas pelo quarto, como uma borboleta sem direcção. Domou o ar com um aroma gentil como uma bailarina. Sereno ao toque e deliciosamente serpenteante para a mente do mortal despido, carregado de medos e culpas.
Desceu flutuante até junto do corpo, inerte, pintado de sangue. Olhos sem brilho mas com vida.
Algo brilhou diante de si, mas não era a lua. Um pequeno sorriso abraçou-o no seu mais puro sofrimento, embrulhando-o no amor e carinho que jamais tivera. Esticou o seu braço, deixando o seu singelo vestido deslizar por ele abaixo. Os dedos compridos chamaram-o a si, num gesto que libertou das correntes do medo, uma criança que já não sabia o que era ser livre.

Ouvi de ti o amor que transpiras, que te faz a alma arder e os lábios suar de desejo, como uma semente que te escorre pela espinha torneada e pintada de um branco que se confunde com o vestido. Os cabelos transformam-se em leves adornos, que completam algo já tão perfeito. A tua face, foi desenhada por um proteccionista. Decorada por um poeta e concluída por um pintor. Uma imagem inspirada das paisagens que nos tiram o folgo, saboreada pelo mais guloso doce, perfumada pelo melhor néctar.

Dolorosamente, levantei a cabeça e a luz reflectida no teu vestido, parecia esfumar-te de uma existência que o meu cérebro se debatia em acreditar.
Uma leve melodia, composta pelo chilrear dos pássaros, do vento e dos cheiros que balançavam no ar, no grande salão de bailes do mundo, fez vénia aos meus ouvidos e preencheu o meu peito com o ar da alegria, da vida, da poeira cósmica que me deslumbra em sonhos. Uma epifania, um choque que me percorreu a espinha, as mãos. Um choque que me trouxe de volta da escuridão do poço. Tinha descido ao inferno mas puxaste-me da foice.

por finalizar...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Os Segredos do Quarto 39 [3]


Abri a porta e diante de mim uma luz dourada brilhou, trespassando-me os olhos. Os raios de sol cegaram-me e depressa ergui a mão para criar uma sombra. A pequena janela fizera a sua primeira vitima. "Com caraças!" pensei eu. Mas antes de me recompor daquele "violento" ataque, fui "agredida" de novo.
-- Ola! Eu sou a Cláudia. -- disse a rapariga com um sorriso metálico.


-- Ola. -- não dizer-lhe o meu nome, não era uma questão de ter medo, mas uma questão de escolha. Não me perguntou, nem me obrigou a dizê-lo.
Cláudia sorriu procurando por uma expressão e continuo com o grande entusiasmo que trazia pelo corpo:
-- Não sei se já conheces a cidade mas... Logo à noite, eu e umas amigas vamos ao café e caminhar um pouco. Como és nova cá, pensámos em te convidar, para te dar a conhecer esta grande cidade. -- fez uma pausa enquanto me olhava bem disposta -- Queres... vir connosco? Não és obrigada.
Fiquei encantada com o seu sorriso bonito e prateado, protegendo dentes quase tão brancos como... Virou ligeiramente a cabeça e caí em mim.
-- Sim. Obrigada pelo convite. -- aceitei.
-- Passo por cá às 21h.
-- Ok.
Ela sorriu e ficou por momentos a admirar-me, de olhos vidrados na minha roupa e talvez até no meu peito. Acredito que me tenha embelezado e até mesmo fantasiado, naquele pequeno momento em que não sabia se fechava a porta ou se esperava que ela disse-se alguma coisa.
-- Até logo. -- finalizou acenando-me com a mão.
Fechei a porta devagar enquanto o barulho de conversas e gritos se atiravam pelas folgas como Jeovás que não nos deixam sossegadas por um minuto! À custa disso, já perdia 4 finais de filmes.
Gostava de estar num local, por um momento que fosse, sem a guerra sonora que espartilha o mundo. De ver, sentir e ouvir, a natureza calma, rica de viva, de energia, de beleza. Emoções, que se impregnam na roupa se não tivermos medo de nós próprios. Cantigas que ecoam nos ossos e permanecem na mente criança, se não tivermos medo do que seremos.
Desejava um mundo em silêncio, vazio de um tudo que não dá nada. Um mundo cheio de tudo o que não tem voz mas que se faz ouvir todas as manhãs. Que se faz ver e sentir em cada desabrochar de flor, e nos faz pensar, em cada preguiça milenar que cocega as raízes dos troncos que já ouviram o mundo chorar... chorar de dor, de tristeza, e sorrir de grande alegria, quando soube não estar mais sozinho neste mar infinitamente negro, gelado e profundo.

Arrumei a roupa nos armários. Por ordem de chegada e não por cores ou tamanhos, talvez por tipo. Meias e cuecas misturadas num vulcão colorido, fofo ao toque e rechonchudo ao olhar. Era incrível como um pequeno amontoado de linha, de cores e fibras me aconchegavam. Um tão pouco que me era agora tanto. Definitivamente, a minha gaveta preferida!
Não havia fotografias para pendurar ou poisar nos velhos móveis. Não havia memórias onde quisesse perder o meu olhar, nem feitiços emoldurados pelo tempo, que me fariam chorar de saudades.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Dói já não te reconhecer...



Sabes que vais morrer, e a comida já não sabe ao mesmo... o teu estômago fica mal disposto, vazio, cola-se às costas e entorse-se de fome.
Olhas-a nos olhos e a língua não se move. Não dança como antigamente. Não tens nada para lhe dizer e isso deixa-a a chorar. Deixa-a desesperada porque não percebe, não compreende, não sente.
Com uma lágrima guardada no seu olho, e um rio na palma da sua mão, a sua cara transforma-se em sangue, tentando torturar-se a si própria por uma resposta. Uma tortura que te espelha no corpo, te arrepia a espinha e sacode-te de tristeza. As suas mãos frias fecham-se como uma flor que morre sem saber, como um gira-sol se fecha ao ver o seu Sol desaparecer no horizonte enublado.
Olhas para ela e vês uma fotografia emoldurada de emoções e histórias que parecem não ter sido as vossas, que não recordas. A sua cara molhada pelas águas do desespero, de peito arranhado e cabelos docemente encaracolados à volta da sua beleza e ombros de mãe perfeita, de mulher completa, serpente-a na tua mente masculina, pelas narinas a dentro, bailando até ao teu cérebro morto e apertado. Sabes que estás a morrer, e os teus olhos já não brilham da mesma maneira mágica que a faziam correr até ti de braços abertos. Perdes o olhar nas suas pernas, nos seu pés descalços, nas mãos que teimam em não parar de tremer e numa carpete exageradamente colorida para o ambiente sufocado de silêncio.
Alimentava ela um pequeno passarinho, o seu coração, de socos e sopros, depenando-se em cacos que ajudavas a partir, a espalhar. A tua cara ardeu e a mão dela vibrou. Trocaram olhares como à muito não trocavam presentes, sorrisos, caricias, beijos, a cama...

Dói já não te reconhecer. Dói já não te saber ler e tu... saberes ouvir.

Nem sempre concordo mas entendo o teu lado...

[CM]

Se sobreviver ao tormento das tuas mãos, seca-me as lágrimas com os teus lábios...
Com a voz que sempre me deixou pequenino, adormece-me e faz sonhar...
Cais-te sobre mim com a tua graça e nunca mais deixei de pensar em ti...
Com um sussurro delicado... te declaro minha para sempre!

Colaste pedaço a pedaço, a alma frágil que te surgiu num dia de Primavera. Cauteloso fui-me aproximando. Eras bonita nas palavras. Eras mais, um humano que nunca fui, uma amiga que nunca tive, uma irmã, preocupada e dedicada.
Fizeste-me sentar ao teu lado, e lentamente desabafei os meus medos, os meus sonhos, as minhas preocupações. Partilhámos um mundo diferente. Fui teu aprendiz, e continuo a crescer contigo. Sorris-te e explodis-te. Deste-me a ver um mundo maduro e com consciência que julguei não existir.
Tens o medo, tens o receio. Tens uma máscara que te cobre emoções e opiniões. Belas e delicadas. Desconheço por vezes como falar contigo. Desconheço a tua vida.
Mostras-te-me a maturidade e ensinaste-me a olhar os erros de outra forma. A dar valor e a acreditar em mim mesmo.
Porque às vezes chateias-me com o que dizes, mas percebo mais tarde que a culpa e os problemas são meus e nunca me arrependo de te pedir desculpa.

Se caíres 7 vezes, levanta-te 8
Lutar não é bom,  mas se precisar lutar... vença!  - Miyagi (The Next Karate Kid)

Eu sabia...


A vaca e o burro foram "proibidos" no presépio.
Então o que se tirou, foi a vaca da Maria e o burro do José.

Eu sabia que a Maria era uma granda vaca, mas daí a igreja assumir... fiquei perplexo!

domingo, 6 de janeiro de 2013

O verdadeiro amor existe?


Ao ver "Shakespear in Love" (A Paixão de Shakespeare), uma cena em que o casal estava na cama a ler algumas folhas da peça, pensei no que é os fez juntarem-se, amarem-se, apaixonarem-se um pelo outro. Não foi terras, não foi dinheiro, não foi conhecimento, inteligência, documentários, música, filmes, gostos... bem, talvez tenha sido a inteligência e o gosto mútuo pela Poesia e Teatro. Mas fora isso, o que unia então outros casais na altura? Dinheiro? Amor interesseiro. Hoje podemos partilhar muito mais e ainda assim continuarmos a ser esquisitos com quem temos ao nosso lado. Mesquinhos e sonhadores, que ambicionam alterar o seu "amado" por algo mais "acessível" e fácil de lidar, de compreender, de ensinar, de educar...
Preocupamos-nos com as diferenças dos nossos gostos, como abordo em "O divórcio em Portugal...". O que nos faz odiar tanto algo que é diferente? O que nos faz defender tão ferozmente aquilo que é do nosso agrado, e odiar o que nos incomoda? Porque não faz parte de nós... será um mecanismo de defesa da nossa personalidade?
O que aconteceu para que nos tornássemos tão... incomodados? Se antigamente não tínhamos tanto para partilhar? Será que o amor era na altura, mais verdadeiro que o de hoje? Acredito, acho que sim, porque focavam-se muito mais no amor que sentiam, no que as coisas que os dividiam.
O que fez D. Pedro amar tanto Inês? Mesmo depois da sua morte fez dela rainha e mandou perseguir todos os homens envolvidos no assassinato da sua amada. O que era e como era o amor naquele tempo?
O que fazia homens e mulheres dedicarem-se uma vida, curta, aos seus amados? Nos tempos em que a poesia era uma prova de amor delicada e o enfrentar dos perigos, a prova eterna da sua dedicação e paixão. O que aconteceu para que tudo isso mudasse? Para onde foram? O que existe ainda desses tempos?

Fernando pessoa num dos seus poemas, se não estou enganado, diz ter saudades do amor que havia e existia no tempo de Camões. Em que era verdadeiro, que era sincero e epifânico, platónico.
Hoje em dia com a sociedade militista, onde as modas imperam e o amor falso é vendido em todos os cantos e recantos como prostitutas belas, charmosas, modelos de corpos "definidos" e bonitos. Numa sociedade em que os gostos entram em guerras religiosas, tudo e todos tentam vender histórias de amor, amor de príncipes e princesas, de reis e rainhas, de pobres, de tribos não que se entendem, de países que se odeiam.
É por isso que se continuam a criar histórias de amor perfeitas, bonitas, fantasiosas, emocionalmente envolventes e até negras de um choro que arrepia as próprias almas, sobre a morte, a perda e a solidão. É por isso que se continua a dizer que a vida não é como um conto de fadas, mas isso não significa que nunca tenham sido. Foram-no! E é por isso que se escreve sobre isso. É por terem sido em tempos algo bonito e "perfeito" que hoje podemos criar e ambicionar.
A vida não é como nos filmes e as histórias de amor são só histórias. Pois tudo o que é bom, acaba depressa. Não é por serem momentos, é por serem decisões.

Nos dias de hoje, toda e qualquer mulher ambiciona uma relação de princesa, de rainha, de luxuria e riqueza. A sociedade vende emoções, desejos, opiniões, manipula e comercializa todo e qualquer dia ou história que pode. Dia dos namorados, dia da mulher, filmes de princesas e de amores proibidos.
Todas ambicionam a fotografia perfeita dos dois. Criam uma história bastante complexa sobre a relação, sobre o futuro, sobre os filhos, sobre a sua carreira profissional, e ainda mais, sobre as boas acções do seu amado. Sonham para voar alto. E voam, até ao dia em que percebem que o seu "amado" tem mais "defeitos", porque não combina nem é semelhante ao que tanto tinha desejado e sonhado com tanto afinco, com tanta força. Dizem então, quando as coisas não correm como esperavam, quando o controlo sobre o outro não existe, ou a sua vida mágica parece mais uma tragédia repleta de jogos psicológicos e infelicidade do que um momento ao pôr do sol, que os homens ou as mulheres são todas iguais.
E têm razão. As mulheres são umas Cabras! E os homens são uns Porcos Nojentos!
Todos sonham, ambicionam, planeiam e tentam tornar real. Porém, existe uma grande diferença entre amar e saber amar. Entre respeitar e saber respeitar. Entre morrer de amores e paixão. E até mesmo a paixão é diferente de ligação.
Sim, é verdade que existem excepções, mas é necessário, ou existem mesmo excepções em relações amorosas?
Hoje em dia diz-se que o melhor na velhice, é que se tem tempo, se pode passar horas a descansar  a ler o jornal, ficar sentado no banco ou conversar. Que se pode passear e comprar. Mostram velhotes, ou descrevem velhotes, que ficam o dia a ler, a ouvir rádio, entretidos com a maquinização de uma sociedade sem valores amorosos. Isso é algo produtivo? E como faziam as pessoas em 1100, 1500? Quando não havia mais nada para fazer do que lavrar os campos e pastar os animais? Como "morriam"? Como viviam os seus últimos anos de vida?
Saber estar numa relação inter-pessoal, é algo que 90% da população chama de "namoro"/"namorar". Para elas, isso é uma relação inter-pessoal, e nada há a acrescentar. Tudo o resto se perde um pouco com a paixão louca e sem sentido, sem consciência que não entendem e desconhecem.
O que fazia então os casais apaixonarem-se e amarem-se para "todo o sempre" na idade média? Como referi acima, não havia dinheiro, havia gado e muito trabalho. Havia terrenos para cultivar. Não havia cultura, não haviam empresas a não ser o mercado. Resumindo e esmiuçando bem o mundo na idade média, ou mesmo no ano 100, 800, 1200, não havia nada de sustentável nem de valioso que fizesse unir duas pessoas sem ser pelo amor. É verdade que existiam as filhas ou filhos de donos de grandes terras ou de muitos animais, que eram vistos sempre como pessoas mais ricas, mas tinham de trabalhar como todos os outros porque o dinheiro não caía nem cai do céu.
No filme Braveheart (O Desafio do Guerreiro), o protagonista mostra o seu amor "cego", o limite da sua paixão, a sua dor perante a perda da sua amada. Por uma rapariga declarou guerra a um país. Por uma fêmea, que sempre cuidou e tentou agradar, revoltou-se, vingou-se por lha terem roubado.
A história antiga está repleta destas histórias, de amor e vingança. Até os contos para as crianças, "fábulas", como é o exemplo da Bela Adormecida, Gata Borralheira, A Bela e o Monstro. "Todos" são príncipes ou princesas, demonstrando que o amor na antiguidade, era em grande parte comprado e acariciado pela riqueza da "alma gémea". Deitando assim por terra qualquer imagem bonita do amor verdadeiro e sincero que surgia do "coração" e não da ganância ou da luxuria.

No entanto, há quem goste de dizer que está bem, que a relação é muito boa e amorosa, que é feliz. E eu tenho dificuldade em acreditar em 90% das afirmações. De gente nova principalmente, até aos 30. Porque acham que conhecem, que sabem como funciona, que são conscientes e têm "experiência", mas na realidade .. não passam de mais umas relações corriqueiras, sem valor e sem sentido. Sim, ser feliz é bom, e não é preciso "muito" para o ser, mas enquanto acham que tudo está bem e é perfeito, enganam-se.
Costuma-se dizer que quem tem beleza, desdenha de inteligência. É verdade. Quem é bonito, facilmente se casa por interceirices, por dinheiro e poder social. Não precisa de ser inteligente porque já tem beleza. Não precisa de abrir a boca, apenas as pernas ou colocá-lo em pé. E não, não existem excepções. No reino animal não existe, e por isso também não irão existir na nossa "sociedade".
Não existem amores perfeitos, nem relações perfeitas. Da mesma maneira que não existem pessoas perfeitas. Existe sim, respeito e partilha com vários pontos em comum. Existe sim, maneiras idênticas de ver e sentir o mundo, de saborear e de se emocionar. As almas gémeas não existem, e aquela célebre frase "os opostos atraem-se" é completamente errónea, incorrecta e errada! Absurda. A maneira, de como nós mamíferos, nos apaixonamos e amamos hoje em dia, principalmente nós Homo-sapiens, tem vindo a sofrer alterações profundas a nível psicológica.

Tudo é psicológico e instintivo. Tudo no amor pode ser explicado pela ciência e através das memórias. Os olhos da rapariga, o queixo do rapaz, as mãos grandes ou pequenas, o cheiro ou o perfume, a maneira de andar e de falar, não nos atraem porque realmente a pessoa é "atraente" fisicamente, também mas não só. É-nos atraente, porque nos lembra alguém, ou nos recordam momentos na infância.
Gostar de uma determinada cor, é algo que tem explicação. Não é, como muita gente acha e age, que não tem nem precisa de ter explicação. Não quero tornar tudo preto e branco. Não quero controlar tudo, ou dar uma razão ou uma explicação. Mas a verdade é que tudo é explicável através da ciência e da psicologia.

O verdadeiro amor existe?
Não! Não existe, de todo! É apenas e só uma fantasia do nosso cérebro emocional. O que existe é um desejo absolutamente normal, instintivo, de procriar e perpetuar uma geração com bons genes.
A parte psicológica, do desejo ardente, do amor cego e da paixão, apenas fornece e tem como papel, antever o estado físico das nossas crias (bebés). Manter um parceiro sem ter filhos, é como um Macaco ser para sempre amigo de uma banana. É anti-natura! Coisa que muita pessoa estúpida ADORA fazer porque odeia profundamente o instinto animal.
Somos um dos animais que prevê e tenta prever tudo o que o rodeia, como é abordado em "Inteligência Animal", em que os cientistas explicam que todos os animais têm uma memória a longo prazo, que serve para os lembrar e ajudar a destingir dos alimentos maus, dos saudáveis. E, como afirmam também, também os animais tentam antever uma acção. Inteligência Animal (Texto Blog)
É verdade que uma relação entre duas pessoas, para além da partilha de amor, partilhem também sabedoria, que é O grande objectivo de uma relação; porque os bebés não nascem ensinados. Partilhamos experiências e convivemos em conjunto, na paz e harmonia, porque as nossas emoções psicológicas assim o exigem. Gostamos de ser acarinhados e cuidados. Somos viciados no prazer. Em vários tipos de prazeres na verdade.
Mas comparados com certos animais, o que separa esta nossa maneira de "amar" alguém, com a maneira de  os outros animais "amarem" os seus companheiros? Peguemos como exemplo o animal com quem somos mais parecidos sociológicamente. Suricatas.
Nas suricatas, não existe homossexualidade, para dizer a verdade, acredito que seja mais uma deficiência a nível de hormonas do que a nível cerebral. O cérebro apenas gere as funções e necessidades do corpo em que habita. Explicando então, que cada cérebro funcionará grande parte através do seu instinto animal, através dos cheiros, e da visão. O que quero dizer, é que as Suricatas vivem relações duradouras, com o mesmo parceiro, e não partilham flores nem chocolates. Protegem-se uns aos outros e não um único individuo. Protegem uma ninhada e não apenas o seu amado, ou a sua amada. Todos lutam, todos fogem, todos caçam e todos vigiam. O amor deles não é menos que o nosso por não sentirem da mesma maneira que os seres humanos, e não tenho a certeza absoluta se é totalmente verdade.
São seres que choram e reconhecem uma morte. São seres que amam, cuidam e protegem. Quais são os seus interesses "pessoais"? A nível pessoal talvez não tenham grande coisa, dirão vocês, porque são como as ovelhas, são todas iguais e não se conseguem destingir  Na nossa perspectiva, isso é verdade, mas na perspectiva deles, também eles nos dirão que somos todos muito parecidos. Significa então que a sua "não diferença" física ou facial, deixa de parte uma possível atracção física  mas uma atracção animal, instintiva, hormonal. De certa forma, também é verdade. Mas eles reconhecem-se entre eles, não só através do cheiro, mas também das riscas ou da sua cara. Vi num documentário, um estudo que fizeram com ovelhas. Colocaram numa caixa fechada, uma ovelha, e num monitor, 2 imagens de caras de ovelhas. De um lado estava uma ovelha que o sujeito de teste conhecida, e do outro, uma ovelha que nunca tinha visto e novo. Cada vez que a ovelha reconhecia um rosto, enfiava a cabeça nos buracos que a guiavam até à fotografia.

As suricatas, são talvez o animal que mais amor e respeito têm para com os seus parceiros. Que mais ligação têm com os restantes elementos do grupo. Têm filhos como nós e todos os outros animais, mostrando que não é preciso amor para uma espécie sobreviver ao longo dos tempos. Há milhares de milhões de anos que nascem bebés, crias, e ninguém faz uma festa. Há milhares de milhões de anos que nos reproduzimos sem amor, desejo e paixão, e temos feito um bom trabalho. O que nos diferencia então das outras espécies, são a partilha de experiências, de emoções, de nos recordarmos e sentirmos. De criar objectivos e sonhar com o que nos é irreal. "A nova lista de objectivos...".

Não, o amor verdadeiro e infinito não existe. É apenas uma fantasia emocional que o nosso cérebro tende em criar, porque ele é viciado em carinho e preguiça. Nesse aspecto, somos como os macacos. Não conseguem trabalhar em conjunto porque são gananciosos, e também nós os somos. Controlamos-nos, é verdade. Re-inventamos e priorizamos os nossos desejos, sexuais ou emocionais.
Continuamos a exigir dos outros, todo o seu corpo e cérebro, que nos saciem os nossos apetites e desejos. Que nos dêem só a nós e nunca aos outros. Somos interesseiros e isso será sempre uma realidade e uma verdade. Não é um problema grave, a ganância de afecto e de atenção. De exigência de carinho ao nosso ego. Isso existe e acontece por todo o reino animal. Emocionalmente sabemos e sentimos que se formos todos assim, não irá existir amor. As fêmeas tornaram-se num dos animais mais emocionais, pois são as que mais sofrem de problemas hormonais para poderem estar aptas a procriar.
Existe também ainda, pessoas que julgam não fazer nem descender dos animais "irracionais". Julgam cegamente que por usarem telemóveis, calçarem meias, verem televisão e conversarem, que terem aulas e participarem em várias actividades "intelectualmente" bem aceites, que deixaram de pertencer à árvore genealógica dos antepassados roedores, como se na revista "Enciclopédia - Vida na Terra - Primatas".

Para não me alongar muito mais, pois ainda tenho mais para dizer sobre o assunto, deixo apenas com um pensamento.
Tudo é confuso e complexo. Será realmente assim tão confuso e complexo, ou somos apenas nós que exigimos, fantasiamos e desejamos demais?

"Tinha aquilo que sempre quis, mas não o que realmente precisava." - Leap Year

De facto as músicas são bonitas, mas não significa que uma relação também o seja de todo e quais quer maneiras, só porque ambas são felizes. Existe muito mais de animal numa interacção, do que de amor e paixão.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A nova lista de objectivos...


A lista de objectivos que traçamos para um novo ano, uma nova "época", um novo "ar", deve começar antes, durante e depois do que quer que seja "especial".
Porque criar uma lista de objectivos, uma lista de metas a ser realizada, atingida e concretizada para o próximo ano, o próximo momento "especial", é como desejar algo sem ter a completa consciência de que é absurdo.
Deve começar antes, não por ser um esforço antecipado, mas porque tem mais valor psicológico para quem o faz. Não tem nada haver com o ego, mas com a educação que a pessoa dá a si mesma. As experiências e o tempo que passa consigo mesma, enquanto faz aquela tarefa, para atingir um objectivo.
Os objectivos são algo recente. Servem para manter-nos entretidos, ocupados. Podem ajudar a melhorar quem somos, mas grande parte dos objectivos de uma mentalidade social, são projectos, são atrofios psicológicos ou técnicos que não sabem controlar, ensinar, educar e re-escrever. Os objectivos, são uma luta constante para controlarem "desesperadamente" a pessoa que são, que deixaram de ser ou que ambicionam.

Não tenho objectivos, e muitas pessoas não sabem nem conseguem viver sem eles, porque é a maneira que têm de dar um sentido à sua vida. Um sentido físico à sua vida. Não lhes chamo objectivos, chamo necessidade. Uma necessidade de aprender ou compreender melhor, de ouvir, falar, dialogar, escrever e consciencializar. Não vejo como um objectivo, mas como um método, uma resposta, ao que me preocupa ou ao que me faz "feliz".
Não são desejos, são soluções a curto, médio e longo prazo. São uma peça do puzzle, uma ponte que me permita atravessar os rios. Mas também é verdade, que muitas vezes precisamos de atravessar o rio sozinhos, ou passar por cima da árvore tombada.
Mas não quero dar dicas a ninguém. Façam-no sozinhos. Estar a dar diamantes a porcos, só piora uma geração que já está estragada da cabeça.

A nova lista de objectivos... é o novo a fazer de qualquer pessoa. São a lista de compras que levam para todo o lado durante as primeiras semanas, e que de tanto uso que não lhe dão, ela gasta-se e esquecem-se. Voltando de novo ao fim do ano, para repetir os objectivos, grande parte deles, que não realizaram porque ficaram demasiado ocupados com outras coisas sem interesse intelectual, educacional ou cívico. Não crescem, porque não sabem como crescer. Não aprendem, porque não consciencializam. Não pensam, não questionam não experimentam. São listas de hipocrisia e cinismo, de falsidades. Desejos que ambicionam com todo o dinheiro e beleza do mundo, que, felizmente, não os levará a lado nenhum, mas que manipulará e ajudará a manipular uma geração já deformada.
E então desejam "tudo de bom", "muita saúde", "muito dinheiro", "muito amor e carinho". Desejam... como se milagrosamente as coisas aparecessem e se concretizassem por meios de magia. Ainda acreditam em milagres?! Desejam sem perceber, sem dar valor, sem entender e sentir o que estão a dizer. Porque nada se faz através de um simples "desejar". A paz no mundo não acaba por o desejarmos. Não funciona como os "likes" no facebook, que as pessoas tanto adoram fazer nas páginas de angariação de fundos, que por cada "like" a empresa vai doar 1€. Costuma-se dizer que é mais fácil dizer do que fazer. Não, não é mais fácil de dizer, é absurdo! E ainda há quem faça e não aprenda nada com isso. Existe gente, que quando algo corre mal, quando não corre como esperavam, preferem atirar tudo para trás das costas, calcar, apagar e "recomeçar" de novo, com uma nova atitude, uma nova postura. Tudo para alimentar o seu ego socialmente manipulado e comercializado. Um Eu interior que não tem opinião própria, apesar de acreditar e "sentir" que o tem. Uma pessoa que é melhor a ouvir opiniões, do que a seguir "dicas". Que é melhor a falar, do que a desenvolver-se e empenhar-se nos erros que sabe que tem mas que tende em atirar para trás das costas.
Para quê pensar no que é mau em nós? Não é? Se não podemos fazer nada, mais vale sorrir e esquecer. NÃO! Não é esquecer, não é espezinhar e esconder. Não é fingir ou não fazer nada, não é tomar uma atitude ou postura que os faça esquecer que eles (problemas) existam, é precisamente enfrentá-los.
"É um grande privilégio ter vivido uma vida difícil." -- Indira Gandhi
Porque existe muita gente que vive muita experiência  que socializa e tem centenas de amigos e conhecidos, mas não compreende quem é. Não se conhece, não acorda, não grita de si nem para si, não chora, não teme. Sente medo, mas um medo emocional que rapidamente se transforma numa anemia psicológica destrutiva, que nada lhe ensina, nada lhe mostra, nada lhe traz de positivo. Apenas mais do mesmo...
Sei que não vejo muito, que não sei muito, mas, como já o disse muita vez por aqui, aprendo com o negativo. Com os extremos que conheço e reconheço. Aprendo. Tento consciencializar, absorver e ser.

Não tenho objectivos na vida, apenas respostas às minhas preocupações. Respostas que conheço, respostas que aprendo. Sendo ou não respostas boas, para mim têm um valor, porque não são nem foram em vão.