quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Uma sombra...



Caminhava devagar, como uma sombra moribunda de uma árvore sem vida, ao vento da noite. Num corredor iluminado pelo luar, sujo, sem vida, deserto... O silêncio sentado a um canto, ouvia com atenção o assobio entre o vento e as folhas, o chiar dos troncos e os sons ocos da inclinação das árvores velhas. Cansadas e sem vontade de brincar.
Uma sombra escura e invisível que não tinha a companhia do seu dono. Que não podia espelhar, copiar e envolver-se narcisicamente com os seus movimentos mecanizados. Perdida no tempo, sem consciência do que era, sem corpo ou cor, sem ouvidos e dedos. Impossível de tocar e comunicar com o reino destruído por si, na sua mente, através do seu pensamento derrotista, controverso, critico, injectados na mente do seu próprio ego, pelo seu próprio Eu. Envenenado, atraiçoado...

Aprisionada numa caixa descontrolada, desprovida de palavras ou gestos carinhosos. Uma luta infinita, esperneada desde o inicio da vida, agarrada e atirada ao fúnebre poço da tortura distorcida irrealista, sacudida com a violência gratuita do ódio que se impregna em cada beijo falso, cada olhar sem vida, cada carinho sem desejo de amar e fazer feliz. Uma faca que rasga a pele, invocando a dor de um fio enferrujado pelo tempo da solidão. Que lhe degola o fôlego rápido e transpirado da mesma maneira que as memórias enrugadas se rasgam, desfiam e desafiam os olhos lince da ditadura que viu crescer, morder e beliscar o seu sensível coração de emoções.

Um fôlego de passe acelerado, sem correrias ou pressa de chegar, mas de ganhar no que não acredita. Medo das mãos cruéis, carrascas e espinhosas, da amada que sonha e deseja em quadros e paisagens imaginadas de tirar o fôlego, que o acordam da epifania platónica de um beijo ardente e um olhar que o prende, que o faz sonhar dentro de um sonho. Uma sinfonia de cheiros que não pode cheirar, de uma vida que não é real, num sonho mágico, desejoso de morrer nele e nela se embalar.
Aninhado num recanto escondido da luz, invisível no campo de visão, onde todos lhe mijam descansados e escondidos, descomprimindo sem saberem, os difíceis tabus que lhe caminham pela mente controlada, mas não por eles.

Uma gota de água salgada escorreu-lhe pelo rosto, caiu na face da mão e ficou imóvel, como um globo de vidro. Não era uma lágrima, pois o sentimento profundo que lhe apertava os ossos, ficava dentro de si, num fumo espesso entupindo de quando em vez, os olhos, os ouvidos e o nariz, da realidade cruel e injusta que emergia do mundo social, construído para ver o ser humano cavar a sua própria cova e enterrar-se com toda a sua glória animal e instinto proibido, na profunda fenda de manipulações subliminares.

Vergada do terror medonho, perfurado e enroscado na parede como arte contemporânea, que todos gostam de olhar sem saber e precisar de entender. Uma sombra escondida por trás de um quadro abstracto, onde o diferente é proibido, e a imitação permitida...

Chora mas não voes, pois o dia desta curta vida, ainda agora saiu da praia. Não desesperes, a tempestade não tarda a chegar, e com ela, como uma doença, serás engolido na morte e para sempre escondida na escuridão da tristeza daquilo que não fizeste. Uma sombra infeliz sem poder para escrever, aprisionada na própria mente de um deficiente indesejado e repugno. O ar que respiras, não é teu, e a vida que te persegue, não é por ti, é dos outros.

Não passas de uma sombra... porque as sombras não devem ter opinião... e se tiveres, serás como a brisa numa floresta sem vida.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Eugenia "gramatical"...


O nome que damos aos nossos filhos, é escolhido até ao mais ínfimo pormenor emocional e social que nós queremos e cremos que ele virá a ter se tiver um nome X, Y ou Z.

São nomes que nos fazem lembrar pessoas e tipos de pessoas, namorados/namoradas, rancores, inveja, ciúmes, tristeza, poder, riqueza.
Só prova que as pessoas são "preocupadas" e acreditam, acima de tudo, com o futuro e no futuro "social", monetário e emocional "inter-pessoal" do seu filho. Pois cada nome representa um estatuto social e não querem que o seu filho seja o maior merdas. É um novo tipo de "riquismo". "O meu filho tem de ser melhor do que o teu!".
É um acto de eugenia, controlado pelos próprios pais, que fazem sem saber que o acto de escolha tão selectivo que estão a fazer, se denomina Eugenia e foi "banido" do sistema social Americano, apesar de ter sido amplamente estudado em França e Inglaterra.


Perde-se muito tempo a guerrear o nome, enfiando no mesmo saco as duas famílias  numa luta gladiadora exaustiva para que o filho/filha tenham o melhor nome do mundo! Fazem do nome próprio tal alarido, como se o futuro do próprio filho dependesse disso. Uma coisa é não atribuir nomes cómicos aos filhos para não serem alvo de chacota e risadas dos professores, colegas e amigos, outra coisa é esmiuçar toda a lista de nomes do Wikipédia à procura do nome que soe a "dinheiro", "poder", "beleza", "respeito", "inteligência". O que estas pessoas não sabem, e que desconhecem de todo, é que nenhuma qualidade é atribuída automaticamente ao seu filho, só por ter um nome mais sonante. Pois uma criança só desenvolve se tiver bons pais e um ambiente sensitivo suficientemente "bom" para isso.

Mas... é assim tão importante!? É só um nome, o resto é de família, em principio, a não ser que sejam estrangeiros.

Programa da Tyra Show, sobre nomes estranhos (sem link)
Names by Vsauce Vsauce (Youtube) [editado: 8/11/2013]


Porquê a preocupação? Bem, para quem não sabe, este riquismo e eugenia gramatical para com o nome, é algo bastante recente. Segundo o meu irmão conseguiu perceber, enquanto faz a nossa árvore genealógica, é a de que os nomes que eram dados aos filhos, se tornavam quase tão repetitivos como o José e a Maria. Não ligavam muito e qualquer coisa servia. Uma das razões, era pelo facto de os nomes de família importarem mais do que o próprio primeiro nome. Esta vontade mórbida de o nome dos filhos ser cuidadosamente escolhido começou à pouco mais de 50 anos, quase juntamente com a tão célebre frase:
"-- Vais ser Doutor! Advogado!" "-- Ele é rico, casa-te com ele!" "-- Ela tem muitos terrenos, aproveita! Atura-a só por uns anos e depois tens tudo." A cobiça das pessoas é algo feio, mais ainda, num país tão pobre como portugal. Pobre de cultura. Sim, sei que portugal tem muita cultura, enquanto país, mas como indivíduos  não tem nada.

Por tanto, as pessoas com a mania de me criticarem, por eu abordar temas como a luxuria portuguesa, e afirmar de que todos os portugueses, têm a mania da grandiosidade, de superioridade sobre os outros, a escolha dos nomes, é mais uma das provas irrefutáveis de que os portugueses, neste caso, são eugénicos, e são-no da forma mais mesquinha e exigente. Porque se sentem ofendidas quando se fala em "racismo", em preconceito, que não toleram ou não aceitam, e no fim, ou no "inicio" de cada nascimento, se transformam em hipócritas. Mas no fim, são eles quem odeiam os nomes que se vão escolhendo, porque não combina ou porque não fica bem com o "status social" que querem ver no seu filho.
Acusando-me de julgar sem saber, sem conhecer, sem compreender ou sequer ter vivido tal experiência  Não preciso de viver tudo, para compreender o mundo social que me rodeia. Não preciso de ouvir tudo, para saber como deveria ou como funciona. Preciso apenas de ver e saber usar o que tanto aprendo. Porque fazer sudoku ou palavras cruzadas, não significa inteligência, tal como o acesso à informação, não significa ser-se inteligente. Não sendo eu o mais em tudo, tenho o prazer, pessoal, em usar o meu cérebro e as minhas memórias para escrever e descrever.
Sentem-se incomodados por falar a verdade que não vêm, mas basta entrarem num centro comercial ou comprar uma roupa, que o seu ego trepa os degraus da luxuria e narcisismo em tempo recorde.
Porque é "moralmente incorrecto", falar em eugenia, e em selecção anti-natural. Hitler é conhecido por ter criado a Raça Ariana, e todos o julgam sem saber que ele era, já no seu tempo, nada mais do que um homem, seguindo os passos grandiosos mas invisíveis  dos visionários Spartanos, em que cada criança deficiente era sacrificada por não ser puramente talhada para a guerra. 300 (Filme)

Life in Classical Sparta - Birth and death 
"Sparta was above all a militarist state, and emphasis on military fitness began virtually at birth. Shortly after birth, a mother would bathe her child in wine to see whether the child was strong. If the child survived it was brought before the Gerousia by the child's father. The Gerousia then decided whether it was to be reared or not. If they considered it "puny and deformed", the baby was thrown into a chasm on Mount Taygetos known euphemistically as the Apothetae (Gr., ἀποθέται, "Deposits").[67][68] This was, in effect, a primitive form of eugenics.[67] Sparta is often portrayed as being unique in this matter, however there is considerable evidence that the killing of unwanted children was practiced in other Greek regions, including Athens.[69]
When Spartans died, marked headstones would only be granted to soldiers who died." - Sparta

Quociente de Inteligência - Um Engano (2010) (Odisseia)

Um nome, hoje em dia, tem de ser mais do que letras, tem de ser uma auto-entidade, uma auto-consciência, uma auto-riqueza, que transforme sem esforços, os bebézinhos em criaturas com qualidades mágicas e intelectualmente superiores a todas as outras crianças.
Podia falar da teoria de que ouvir Mozart, "música clássica" durante a gravidez, que faz bem ao bebé. Que falar com eles e dar-lhes a conhecer uma panóplia de cores e palavras os ajuda a desenvolverem a sua memória, a sua fala, que tocarem um instrumento melhora a capacidade motora da coordenação cerebral. Nada disto é verdadeiro, se não se souber ensinar. Nesses casos, a eugenia falha com toda a força. Mas a questão é sobre o nome e não sobre a "inteligência" hereditária. Pois segundo a tese da Professora Júlia  Gomes, sobre o suicídio; Este não é transmitido de pais para filhos geneticamente, mas emocionalmente, através do ambiente em que coexistem.
Tese de Mestrado "O processo suicida numa perspectiva sistémico-familiar" de Júlia Maria Correia Laiginhas de Almeida Gomes do ano de 1996.

Estudo Confirma Relação entre Obesidade e Depressão

O meu filho tem que ser melhor do que os outros! "-- Tens de ser! Ouvis-te!? Ai de ti que tires más notas e não tenhas sucesso na vida!! Não te pari para seres um parasita".
E assim esperam, os pais, que os filhos milagrosamente se transformem...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Se não és parte da solução, fazes parte do problema...

"Fala grátis com todos os portugueses, excepto com o Salvador." - Youtube
Estas publicidades, que 90% da população portuguesa considera ser muito bom e com piada, tem como intenção, impingir e manipular a mente dos próprios. Porque se um corre, os outros correm também independentemente de saber o porquê.
"Um português sem telemóvel estraga tudo" - cmjornal.xl.pt
Sim, estraga tudo, porque hoje em dia, os velhotes que não usam telemóvel, internet e não sabem usar um rato, são anti-sociais, do contra, contra o sistema. São a razão do disfuncionamento correcto, orgânico e fluído da sociedade. Sim, porque uma pessoa sem telemóvel estraga todos os planos que o governo tem para controlar o país.
Tentaram à força toda impingir uma pessoa a entrar no "grande" grupo que é a Optimus. Tentaram vezes sem conta, com todas as manhas e artimanhas que sabiam e conheciam para poderem comprá-lo. Se por um lado, todos temos livre arbítrio, e poder de escolha, o que as grandes empresas nos submetem psicologicamente, é a sentirmo-nos mal por não pertencermos ao grupo. Fazem-nos pensar no assunto e como consequência, os mais fracos, ficam à mercê da sua auto-critica, que os destrói como indivíduos, transformando-os em objectos cerebralmente mortos, sem puder de decisão  "O que a operadora oferecer, é o que é melhor para mim..." Porque um cidadão sem opinião, é como um cidadão sem privacidade. Tudo o que vier à rede é peixe, e está tudo bem para ele.

De facto temos liberdade de escolher ou não entrar na "onda" da Optimus, mas a juventude de hoje, está mais programada e mais facilmente manipulada para entrar no grupo. Não desconfiam tanto e acreditam em tudo o que lêem, em tudo o que ouvem e vêm. Ligam a televisão, e desinformam-se em segundos da realidade falsa que é o mundo. Não têm opinião, pois como referi em textos anteriores, não precisam, porque não sabem o que é ter uma opinião. É-lhes vendido e oferecido em promoções. É-lhes enfiado pelos ouvidos como música de fundo num centro comercial. Sem se aperceberem, as suas mentes transformam-se em vegetal. Aceitam tudo, sem grandes esforços, sem muitas perguntas.


Este reclame é mais uma das provas da existência de manipulação social que existe no nosso país e no mundo. E as pessoas, não percebendo nada do que digo e sentido-se criticadas e acusadas de ignorância e atacadas por mim, pela realidade nua e crua que não vêm e não sabem compreender, desculpam-se com: "É só um reclame! Deves ter mesmo a mania da conspiração... Credo!". Sim, é isso tudo, eu sou o teórico, e vocês são os manipulados.
Porque é tão fácil para as grandes empresas, para a sociedade que vive das massas, dos grupos sociais, das modas psicológicas, de conjuntos de pessoas transformados em estatística, fazer uma simples limpeza ao cérebro e colocar toda a gente a deixar de usar o cérebro, de raciocinar, de reflectir, a consciencializar, colocando-as antes a pensar; Porque é mais fácil vender, injectar, descontextualizar e infectar.
"It's really hard to design products by focus groups. A lot of times, people don't know what they want until you show it to them." — Steve Jobs, 1998
Porque é fácil criticar sem contextualizar. Sem argumentos. Pessoas que não têm opinião porque não sabem o que querem. Pessoas que aderem e sem ler nas entrelinhas. Que aceitam e se atiram de cabeça sem perguntar primeiro: "É seguro!?" 


Se as pessoas não sabem o que querem, as opiniões são vendidas e comercializadas em todo o tipo de meio de publicidade e de comunicação, não precisam de todo de pensar, pois alguém irá pensar, fazer e descobrir por elas. E essa é uma das razões para a ciência, astrofísica  medicina e matemática ser um grande bicho papão que de cada vez que surge algo extraordinário para os comuns dos mortais, é de facto algo "corriqueiro" no mundo cientifico, do qual faz parte da sua cultura geral.
Em portugal, quer-se Eugenia, mas para o desenvolvimento de pessoas mais burras e mais incompetentes.


Estamos mais estúpidos, mais ignorantes, mais fáceis e mais deficientes. Porque até a incapacidade de saber ser e saber aprender, é uma deficiência.
Se não és parte da solução, és o problema... e acredita, não queres ser do contra e anti-social. Ou queres?
E quem te disse que tinhas opinião própria? Os teus pais!?...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Aos teus olhos...


Aos teus olhos... posso não ter valor, não ser um modelo, um pai, um bom amigo, não saber falar ou dar amor. Posso não ter  jeito, para ti ou para os outros. Posso não saber tanto, não ter estudos ou não saber estudar. Posso não ter dinheiro, boas roupas ou amigos. Posso ser duro, difícil, teimoso e insensível. Posso não ser nada, e sem saberes... ser tudo o que desejas.

A função dos filhos é duvidar, a dos pais, é fazer acreditar que "tudo" é possível.

Não nasci como mais um, para ser mais um, mas simplesmente para ser. Crescer um. Não um objecto e muito menos ovelha de rebanho. Não cresci nem fiz as coisas da melhor maneira. Não errei apenas porque era e sou "criança", que não conhece a "escola" da vida. Errei porque me foi dado espaço para tal, para sofrer, repisar e aprender. Olhando para trás, sendo eu um garotito ao lado de gente mais nova do que eu, tinha talvez... visão, sentimentos. Um dicionário, uma enciclopédia de argumentos que se tornaram em colecções gigantescas que eu próprio desconheço e esqueci. Mas sendo eu apenas um rapazito, aos teus olhos, bastou-me uma conversa de 3 horas com alguém 40 anos mais velho, para perceber que grande parte  daquilo que tanto debatia e ensinava, já me ocorria na mente desde que era vivo e tinha consciência de mim próprio. Porque eu pensava ser um grande bardamerdas que não sabia nada, e afinal, sou só um bardamerdas. Um bardamerdas que é melhor do que acredita ser.

Nada do que faço, para mim mesmo, é em vão. Nem livros nem colecções, nem textos nem filmes o serão. Têm um propósito, futuro e não a curto prazo.

Aos teus olhos serei apenas mais uma cara na multidão, uma personagem desfocada que nunca entrou na tua vida. Um objecto inanimado que não te faz reviver momentos, relembrar memórias, ou chorar sentimentos.
E tu, sem saberes, sou muito mais do que aquilo que vês, daquilo que achas e que ainda acreditas...
Não precisas de ainda acreditar naquilo que achas, tu, que me vês apenas com olhos e algumas memórias daquilo que achas que eu fui e que tu própria sempre acreditas-te que foste, que és e virás a ser.

Sendo eu, para ti, uma simples ave, desconheces as minhas capacidades...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O teu quarto gélido...



Ao cair no rio, transbordo-o, saceio-te a sede e escorro nos teus momentos mais tristes. Navego por ti, nas ondas do teu cabelo, enfrentando as tuas duas sereias e uma grande princesa, escondida, enfeitiçada e acanhada.

As mãos frias tocaram-lhe o peito, sem resposta. Separou ligeiramente os lábios, à espera que as palavras deslizassem sobre a língua, com algum carinho.
Ele adorava a sua doce voz, muito feminina, com agudos e graves que lembravam a primavera e os jasmins. O ambiente silencioso tornou-se num simples momento. Não havia incómodo pela ausência de palavras trocadas ou dos barulhos quotidianos. Ela fechou de novo a boca, e olhou-o nos olhos, deambulando pela cara que a fazia uma certa cocega brincalhona no seu pescoço, atravessando os contornos da orelha, acabando por explodir como confetis de memórias no seu cérebro. Desceu o olhar acastanhado, presenteado de ouro, pelas veias do pescoço, ele virou a cara para olhar pela janela, e derreteu-se de desejos com o encher do peito, de ar e de um grande suspiro inaudível.
Sentia-se observado. Olhando pelo canto esquerdo do olho, localizou sem dificuldade, a cara branca e os cabelos escuros, num quarto pintado pelas cores de uma rapariga embonecada. Estava a vários passos de distância, encostada à baixa armação de madeira na cama, iluminada, por pouco tempo, pelo sol que caminhava em direcção a casa.
Fitando o corpo dele, uma nuvem voo em frente ao sol e rapidamente se sentiu viva de novo. Com um olho meio fechado, virou a cara para a estrela, deixando que afasta-se da sua cara fria o gélido inverno que se sentia dentro do seu quarto.

--------------------
Seguimento de: Dói já não te reconhecer...

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A tua mente num frasco...


Nós que somos incapazes de ter limites, podemos desejá-los até mesmo suplicar que aconteçam, para que os políticos ganhem finalmente asas?
Escolher e já não submeter-se.
Ser finalmente livres. 
Há que recordar que a sociedade também é uma obra nossa e que temos de começar pelo indispensável revolução do espírito, das mentalidades.
Cada um de nós deve encarnar, acompanhar e até mesmo exigir a mudança que quer ver nascer, contribuir com uma música íntima para fazer dançar o mundo. 
O síndrome Titanic
"Mudar" o mundo, é algo que "todos" gostavam de poder fazer. Mudar para melhor, obviamente, implementar sucesso, vacinas e paz pelo mundo, acabar com "todas as doenças" e a "fome". É bonito dizer-se. Porém, é necessário perceber que a estrutura que governa e faz o mundo mover-se, é inalterável e não pode, de maneira alguma, ser alterada, melhorada, para bem, para o bom senso, para o respeito, para a amizade e cooperação. Não somos animais "calmos", somos animais territoriais. Não somos animais pacíficos, somos interesseiras e invejosos. As nossas hormonas guerreiam com as do vizinho do lado numa batalha que já dura à mais de 300 000 mil anos.
Será por tanto, impossível, instintivamente, travar algo que nos é natural.
Existe outra parte, que engloba a psicologia do individuo. A maneira como comunica, como vive, como ouve e compreende. Aquilo que é capaz de discernir de "importante", "urgente" dos bens de "primeira necessidade". Os bens de primeira necessidade, têm-se vindo a alterar, para pior. É verdade que uma pequena parte da população ainda possui um cérebro e coloca-o a funcionar sempre que pode, para não apanhar pó, mas os restantes 99%, esperam que lhes seja dito o que pretendem, o que devem comprar, de quem devem gostar, o que devem fazer, com quem podem dialogar, o que devem odiar, que tabus ter, que grau de sabedoria académica é preciosa para o seu futuro. Já que toda a sua vida se resuma especial e unicamente à entrada da universidade, às notas e à sua média, poder-se-á dizer que a sua vida é patética e insignificante. E posso afirmá-lo, pois 80% dos alunos, são cerebralmente afectados única e exclusivamente para se dedicaram ou não aos estudos, mas não a mais do que isso. E como um amigo meu me disse recentemente: "Eles poderão de lá sair com notas altas, com mestrados, licenciaturas, diplomas disto e daquilo, mas muitos desses, irão saber muito menos do que tu ou eu.". Não foi pelo facto de ter tirado melhores notas, foi e é pelo facto de não fazer dele, o barro imoldável, imutável, criado pela sociedade, uma ferramenta. Uma auto-ferramenta. Não fazer de si algo. E ele tem razão no que diz, e já eu dizia o mesmo. Não digo que não haja gente boa, porque há, mas se as à, o que fazem de si? Que projectos têm? O que podem vender quando saírem de um curso? Ao fim de 3 ou 4 meses esquecem "toda" a matéria que assimilaram. É um facto, a não ser obviamente que goste muito daquilo que faça e que tenha aprendido. Mas até o meu professor de programação era e é um dos melhores programadores, que sabe programar em várias linguagens diferentes, e por vezes, na altura em que me dava aulas, esquecia-se de como fazer certas coisas. Tinha de ir para casa e estudar, ou pesquisar na internet. Dizia-nos ainda, nos testes, que podíamos usar apoio, usar o caderno, mas não o telemóvel. Óbvio.
Escolher e já não submeter-se. -- O síndrome Titanic
Porque ninguém, mesmo ninguém, hoje em dia tem o poder de escolher e de decidir por si. Ninguém é capaz de usar os seus próprios sentimentos, criados de raiz e envoltos em memórias. Ao contrário disso, usam o que lhes foi incutido. Emoções e opiniões manipuladas. Ideias implantadas, cerebralmente agrafadas como o Abecedário. É o que se denomina de "Mensagem Subliminar".
Da Vinci tornou-se conhecido por contar mensagens escondidas nos seus quadros, no publico em geral, quando o livro "O Código Da Vinci" saiu em formato de livro e mais tarde como filme.
Stanley Kubrick é um dos, se não mesmo o primeiro, realizador a transformar todos os frames do seus filme com algum tipo de mensagem escondida. O filme mais conhecido será o The Shining, escrito pelo famoso escritor de contos de terror, Stephen King.
No filme-documentário "Room 237", afirmam que Stanley Kubrick estudou e leu, para além de ter contactado várias agências de publicidade que usavam mensagens subliminares nos seus anúncios. Estudo de fio a pavio toda a história do subliminar, para poder incorporar nos seus filmes, tudo o que pudesse sem que ninguém se apercebe-se à primeira. Pelo que dizem, ainda no mesmo filme, foi necessário quase 7 ou mais de 7 anos para que as pessoas pudessem ver o filme com outros olhos, unindo os pontos. Eyes Wide Shut é um desses casos, que usa uma história "normal" e que no entanto, cada imagem, cada frame contém informações que se descontextualizam da história em si. Objectos, palavras, quadros de parede, carpetes, padrões, música, fotografias, sombras, figurantes, cores, formas...

"Nós que somos incapazes de ter limites, podemos desejá-los até mesmo suplicar que aconteçam[...]" -- O síndrome Titanic

O filme Branded, como já falei aqui, aborda precisamente este tema. Todos os nossos desejos são fabricados e manipulados pelas empresas de publicidade, que tentam vender, que nos manipulam a opinião para comprarmos. Para terem uma pequena ideia, coisa de uma semana, entrei numa loja de sapatos para mulher, com o cantito de 2 metros quadrados para homem. Nada de anormal e a que eu já não tivesse habituado. Mas qual não foi o meu espanto, quando comecei a ver o mesmo tipo de sapato em todo o lado.
Eram TODOS iguais, e só se distinguiam pela cor, pelos efeitos e brilhantes, pelos adornos e tipo de salto. Olhei à volta e 90% da loja estava repleta dos mesmos tipos de sapatos. Pensei logo: "Querem criar um nova moda". E foi o que aconteceu. É de facto moda. Já o são. Outra coisa muito interessante, é que eram todos feios! Pelo menos para mim. Eram sapatos de salto alto, grosso, alguns com uma inclinação enjoativa! Comentei tal facto com o meu irmão, que me disse ter lido algures que ter o pé apoiado durante tanto tempo sobre os dedos, causa problemas de coluna, problema a nível dos ossos do pé, e deforma a própria planta. É um "hábito" que as mulheres querem ver implementado nelas próprias, só para poderem mostrar o riquismo e a segurança que sentem. Querem ter aquele caminhar distinto sobre saltos altos finos e "poderosos". Querem mostrar força. E no entanto, acabam por deixar de ser mulheres para serem modelos pré-fabricadas pelas industrias de moda.

O riquismo e a superioridade...
Eu quero, posso e Compro!
Pronta para arrasar?
O divórcio em Portugal...


Não somos nós que exigimos algo novo, são as marcas que nos vendem a vontade de comprar!
Não somos nós que decidimos, são as marcas que decidem por nós!
Não somos nós que compramos, são as marcas que nos controlam o desejo de ter. Porque... sejamos realistas, os produtos Apple são MUITO bons, lindos, bonitos, eye-candy/ atraentes e caros. Significam riqueza, poder, status social. Mas não servem absolutamente para nada. Quem compra, tem mesmo só para mostrar, só para dizer que tem um, que tem dinheiro. É um objecto mais por ... do que por necessidade.

Vamos pegar no reclame da Coca-Cola Zero, que eu julgo que toda a gente já conhece. Youtube (Esp.)
Não sei se já alguma vez leram na internet ou nalguma revista, que o vosso dedo do meio é o maior de todos os 5 na vossa mão. Ou outro tipo de factos interessantes que vos coloca a olhar para o corpo todo no momento em que o lêem!? O que este anúncio faz, é precisamente a mesma coisa. Utiliza a vossa curiosidade, falta de atenção, falta de informação, para além dos tão famosos neurónios-espelho, para vos incutir o acto de beber. Um bom exemplo é o Bocejar  Contagia-se com uma facilidade assustadora, tal como a tosse.
Utiliza a manipulação psicológica sem que a própria pessoa saiba que o acto de beber foi provocado e implementado nela, sem ser necessário tocar na pessoa ou lhe dizer o que quer que seja. O cérebro vê, assimila e faz. E não há nada de mal com isso. Todos temos esse mecanismo de espelhos, e a razão é simples: "Permitiu-nos, desde o inicio da nossa evolução, aprender mais rápido e melhor." É por essa razão que os truques de magia e de ilusionismo funcionam, porque se aproveitam das falhas do cérebro. Há os que olham, e os que vêem. Daí as mensagens subliminiares terem um grande impacto na população em geral, porque estão apenas preparadas para olhar e ouvir. Nunca vendo e interiorizando.
O famoso ilusionista Derren Brown, fez um espectáculo especialmente dedicado sobre o assunto. "Derren Brown - Something Wicked This Way Comes" - Youtube
Continuando, a pessoa é levada a fazer acções que lhe parece perfeitamente normal e construídas por si própria, costuma-se dizer que todas as decisões são nossas. Que todos temos opiniões, que somos diferentes. No entanto, tem-se vindo a dizer que as pessoas pensam que existe Democracia em Portugal ou Liberdade, coisa que não é de todo verdade. Não existe Democracia nem Liberdade em Portugal apesar de as pessoas terem essa ideia pré-concebida, pré-implantada e implementada. Julgam ter poder na sociedade, porque lhes foi incutido como sendo um dado adquirido. Algo é assim, porque já o é à muito tempo.


As pessoas são assim controladas pela publicidade, pelas marcas, pelas imagens, cores e palavras, que lhes parecem inocentes e contextualizadas. É uma informação "tácita" que percorre o cérebro sem elas próprias saberem. Tal como o bocejo ou a tosse. E o grande problema desta manipulação psicológica do individuo  é que acontece e está presente em todo o lado!
Este tipo de manipulação dá-se a vários níveis.
Psicológica: Amor, respeito, opinião própria sobre determinado assunto, capacidade de auto-reflexão, auto-estima, auto-imagem social (ver-se ao espelho), sentimentos, emoções, desejos, objectivos, necessidades, prazer, compreensão e visão do mundo que o rodeia, formas de socializar.
Física: Aparência, auto-obrigações, auto-penitências, dietas, obrigações sociais, capacidade de discernir beleza, exigência por perfume, tipo de cabelo, cor, exigência física na escolha do parceiro.
O acasalamento entre dois homo-sapiens deixou de ser algo natural, para passar a ser um "algo" comercial, que se possa vender e manipular, re-escrever e embelezar.

As mulheres gostam de preliminares  do charme que os seus homens lhes possam proporcionar antes do sexo, porque estão preparadas instintivamente para serem seduzidas pelo macho. Acontece com todos os animais, e os humanos não são excepção, por tanto, a razão de as mulheres gostarem de preliminares  é pura e simplesmente porque estão desenhadas e programadas para serem compradas com tempo, com danças, com cheiros, com cores e cantigas, como sempre foram ao longo de milhões de milhares de anos. Desde as Andorinhas às Suricatas.

Mudar o mundo, tal como o conhecemos, e desde que o conhecemos, que é algo impossível  Alterem a forma como as pessoas processam a informação, alterem as escolas e o sistema de ensino, e o que irão ver se não mudarem o resto, com ou sem leis, serão guerras anárquicas. Serão lutas porque uns acham que algo está mal, ou porque outras acham que estão a ser manipuladas. É, desta maneira, impossível melhorar o que nos manipula e ainda gere dinheiro com isso. E! Terão de consciencializar de que nem todo o progresso traz algo de positivo. "Surviving Progress". A nossa geração está a ser moldada em todos os sentidos, desde os filmes às músicas, passando pela maneira como as pessoas interagem neles, nas séries, no que dizem e no fazem. Tudo se torna num meio, num objectivo para nos ser comercializado, exigido.

Não me referindo necessariamente a tabus, as revistas (neste caso, refiro-me à Cosmopolitan porque foi a que tive acesso mais recentemente) falam muitas vezes em usar abordagens sexuais para manter um homem interessado ou, simplesmente, para perder as calorias extra para caber num tamanho "XS" e, agora, parafraseando: "Na manhã de domingo faz sexo duas vezes e "obriga" o teu namorado a prolongar as sessões, pelo menos, 30 minutos para perderes 350 calorias".
Assusta-me viver num mundo em que o sexo não é visto como algo natural, algo que vale por si e é complementar ao amor, não, parece que é uma simples moeda de troca, um meio para atingir um fim. Uma espécie de sacrifício para um bem maior. Brrr.
Beatriz em Vamos falar de sexo (?)

O livro 1984 de Eric Arthur Blair ou George Orwell, apresenta já na altura, algo que só podia ser imaginado. "Big Brother" foi um conceito criado pelo próprio, e todos nós hoje sabemos o que significa. De uma forma muito sucinta, significa que todos os nossos passos e acções estão a ser observados 24h/dia 7 dias/ semana.
"It's really hard to design products by focus groups. A lot of times, people don't know what they want until you show it to them." — Steve Jobs, 1998

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um pincel e três guaches...



Existe um chilrear que dança no ar...
Uma caixa de guaches que pinta o momento.
Um lápis desenha e assombra as nuvens no papel limpo pela lixívia.
Os guaches choram rios coloridos, serpenteantes, banhados pela cera arenosa.
Soltaram as crianças, como balões, como pomba livres.

Sem ninguém se aperceber, a natureza cruzou-se com a alegria e os sorrisos rasgados. A euforia dos pequeninos entrelaçou os dedos com as flores, deixando os raios de sol encaracolar os seus cabelos rebeldes. Fizeram-se corridas entre borboletas. Saltitaram entre os riachos, criaram ramos de flores e ofereceram-nos às meninas.
E estas fugiam, de rapazes com as mãos porcas da terra e minhocas penduradas nas pontas dos dedos.
Quando a fome apertou, os rapazes subiram às árvores, deixando cair para as pequenas camisolas das suas namoradas, fruta. A fruta mais doce e suculenta que poderiam encontrar. Porque "roubada" sabe sempre melhor...

Debaixo de uma grande árvore, sobre uma larga toalha, sentaram-se todos, para contemplar no sossego incomum de criaturas energéticas, o fim do mundo rasgado de luz, encoberto pela escuridão que traria as aventuras do medo.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O riquismo e a superioridade...


O riquismo em portugal e a superioridade dos filhos.
O individualismo.

O riquismo invadiu desde à muitos anos, a mente dos portugueses, afastando a razão e a capacidade de raciocino lógico do seus cérebros. Passam a vida preocupados com a riqueza. Com dinheiro, com estatuto, com cursos grandes e caros, com saídas profissionais de sonho, com empregos de prestigio, carros, casa, roupas... até uma saída às compras elas têm de ir bem vestidas e apresentáveis, não é por irem engatar alguém, mas para serem observadas. Para que todos as olhem e comentem o quão bonita e bonito está.
A mania do acharem-se importantes, de que por terem dinheiro são mais, de que por se vestirem melhor, ou serem "grandes" de onde quer que venham, significa que possam criticar desalmadamente quem não o é e quem não o tem.

Vi num blog, uma mãe apresentar fotos suas com a sua filha numa biblioteca, dando um ar mais superior e de intelectualidade às duas. Foi, teve e tem um propósito psicológico. Colocar-se acima dos outros. Mas algo que me "incomodou" ainda mais, foi o facto de apresentar as roupas da filha e as dela, como uma passagem de modelos de uma revista de roupas caras. Transformou e transforma a filha num brinquedo, num quadro que mostra a todos os que passam por ela, como se fosse a coisa mais incrível do mundo. Saíram à rua com as melhores roupas, porque se saírem com umas calças diferentes, já não lhes fica bem, e não combina... "com a mala chanel."
Querem tudo! Querem ter tudo e fazer tudo! Uma era de consumismo. Uma geração destruída e em declínio. Futuros "pais" que nunca souberam ser crianças, adultos, que nunca souberam aprender a crescer.

Nós que somos incapazes de ter limites, podemos desejá-los até mesmo suplicar que aconteçam, para que os políticos ganhem finalmente asas?
Escolher e já não submeter-se.
Ser finalmente livres. -- O síndrome Titanic
Querem ser mais do que os outros, dê por onde der! Querem subir mais alto, nem que para isso calquem e pisem quem estiver no caminho. É um riquismo por comodismo, por ganância, de ódio e inveja. Não têm amor, não têm respeito nem educação, apenas uma empatia criada pelos seus neurónios espelho. Preocupados com a moda e a publicidade. Com a partilha obsessiva do que não interessa à cultura psicológica de um conjunto de civilizações de filósofos, músicos e conquistadores. Uma destruição atrofiada e guiada pelos sonhos, pelo desejo de ser cantora, ser actriz e dançarina de hip-hop. Porque o entretenimento é importante, e a educação fica em segundo plano. E se não ficar em segundo plano, o tempo tratará de baixar o seu QI para o mesmo nível que tinham quando ainda andavam nos tomates do pai.
Porque ter acesso a informação não é o mesmo que se ser inteligente, e ser-se inteligente, não é sinónimo de "cultura geral". Porque ter um curso universitário não é diferente de um 12º ano. Talvez as experiências sejam diferentes, mas não a maneira como se estuda. Continua-se a estudar, e isso não é novidade nenhuma.
E se no entanto, não tiverem um curso universitário, continuam a crer ser gente com dinheiro, com riqueza e com paz no mundo. Querem um emprego "decente", "honesto", para não serem criticados. Porque o tabu destrói a reputação de uma pessoa, e elas não querem ser vistas como borralheiras de gatas, de caras feias.
Porque é mais importante ter um curso, do que saber usar o que aprendeu nele. Porque é mais importante ser-se universitário com boas notas, do que um universitário com qualidades profissionais. Porque é mais importante ter-se experiência, do que ter uma oportunidade para as poder ter.
Saber muito não é o mesmo que ser inteligente, e no entanto, é por pessoas se acharem confiantes demais daquilo que são e daquilo que querem da vida, e não na vida, que pessoas com "talento" se perde, como é o caso de um rapaz tenista de mesa que ficou em 2º lugar no mundo, e o português que bateu o record da maior onda surfada. Porque o que é estrangeiro é que é bom!!! Ainda assim, existe muito português povinho e português altês (da classe alta) que se acha no direito de se sentir mais só porque os papás têm. Calcam e não têm respeito.

Antigamente havia pobres e ricos, agora tudo quer ser rico.
-- Eu tenho um carro e tu tens uma carroça.
Hoje, é pior do que há 20 anos. Hoje, todos querem ser mais do que os outros. Querem ser melhores, ganhar mais, subir mais.
Como dizia um senhor na Sic em "Os Comentadores": Os portugueses são muito trabalhadores, mas não se dão bem. São invejosos, são sumiticos. São como macacos! Os macacos não trabalham em conjunto, porque são invejosos! Porque sabem que terão de partilhar aquilo que conseguem, com o outro, e preferem não ajudar, não trabalhar em conjunto, do que ter fruto partilhado por mãos alheias.

Querem luxo, sonham com glamour, com dinheiro, com poder económico e profissional. Sonham, mas não sabem criar. Sabem manipular as regras para proveito próprio. 

Li algo na internet, de que os filhos de pais ricos, quando não tiverem dinheiro, não saberão o que é trabalhar para o ter.
-- O meu filho tem que ser melhor do que o dos outros!
-- O meu filho tem que ser muito bom na escola!
-- O meu filho só pode vestir e comer do melhor!
-- O meu filho só vai aos melhores explicadores!
-- O meu filho só anda nas melhores escolas!
-- Só o meu filho pode ter o melhor médico da região!
-- O meu filho é o melhor! Só tem 4 e 5! É o melhor aluno!

O meu filho, o meu filho, o meu filho...
O teu filho deveria ter era educação e não regalias que não pode nem sabe valorizar!
O teu filho deveria descer do pedestal em que o colocas e o exiges estar, e experimentar andar pelo próprio pé, e a levantar-se das próprias quedas.
O teu filho... será um delinquente. Não um "delinquente" cerebral, mas um delinquente socialmente aceite mas demasiado orgulhoso daquilo que ele acha que é e tem, quando na realidade, é pior por dentro do que aparenta ser por fora.

No Jumbo em Aveiro, na secção dos livros, enquanto folheava atentamente um livro sobre o universo, vi uma mãe olhando para uns livros com o filho ao lado, não mais de 12-13 anos e lhe dizer:
-- Estes livros são interessantes para ti Afonso! Muito fixes para ti.
-- Tenho de encontrar enciclopédias apropriadas à idade dele.
PARA TI
Livros para ele? Interessantes para ele? Muito fixes!? E para ela? Já não tem idade para ler livros? Já não tem idade para se interessar por alguma coisa literária? Já não tem pachorra nem paciência para essas coisas? Já não tem idade para coisas "interessantes", porque as coisas "interessantes" são para garotos e não para adultos? Faz-me lembrar um reclame do continente, de uma mãe que tem na mão algumas peças de lego.

Vi à pouco um novo reclame do Continente, daquela senhora a quem fartam de lhe chamar o nome?
E surge uma cena de ela a falar com algumas peças de lego à frente dela, e o que me apercebi era de que ela era como muitas mães, uma marca, uma imagem de mãe muito comercializada, daquelas mães que oferecia coisas "fixes" e boas aos seus filhos, que era "rica", que tinha dinheiro e boa saúde, que "dava" amor, era atenciosa, "dedicada", preocupada e presente. No entanto, não sabia para que servia ou no que podia ser usado o lego. É uma mulher que não sabe brincar, que vê aquelas coisas pequenas como um brinquedo "complexo" que dá para fazer muita coisa na mão dos seus filhos, mas uma coisa muito morta nas suas. Apenas conhecia metade do objecto. Não se importava nem se preocupava com a sua funcionalidade.
Não tinha consciência da potencialidade do brinquedo. Era lego, ela sabia o nome, mas para ela seria só mais bonecada espalhada pelo chão. Não percebe, portanto, nada sobre o assunto quando se fala em brinquedos. Sabe o que é e para que servem, para entreter as crianças quando está mais ocupada, mas não quer nem se interessa por mais nada. 
Não estou a ser mau, estou a ser realista.
Os pais de hoje em dia não sabem brincar, não se interessam por fazer parte desse desenvolvimento nos seus filhos. Somos um país de pais ausentes no que toca a interagir com os seus filhos.
Os pais de hoje, acham que o brincar e os brinquedos da criança, são um mundo à parte da criança, que não compreendem nem querem compreender, para além de não quererem entrar ou interagir. -- Ainda não sei, mas caminho para lá...

Na verdade, este riquismo que existe na mente dos portugueses, tem vindo grande parte da américa, com o tão famoso "sonho americano". Porém, as suas raízes vêm no inicio da era industrial, na maquinização, da industrialização. Como tínhamos tanto dinheiro, por sermos um dos únicos povos com rotas comerciais que se espalhavam por todo o mundo e que iam mais longe, escusávamos de fazer roupas, carros, de plantar e colher, porque os outros faziam-nos por nós. Porque tínhamos dinheiro, e como devem saber, ele compra tudo. Para juntar à equação, quando começámos a receber dinheiro da União Europeia, que era considerado "fundo perdido", milhões de portugueses começaram a fingir empresas só para ficar com o dinheiro. Pois caso a empresa fosse à falência, não precisavam de restituir. E assim vivemos durante anos, até que vieram os políticos e nos endividaram  Quisemos até não poder mais! Queríamos dinheiro! Queríamos ser mais que os outros! Queríamos ter um carro melhor, uma casa maior, uma escola perfeita e comida de americanos.
Queríamos, queríamos, queríamos... até que se tornaram no que são hoje. Uma geração de velhos e adultos que lutam pelo ultimo e grande naco de carne. Porque ser-se rico significa prestigio, significa ter contactos, ter cunhas e favores. Se bem que eu não sei o que é que se faz com "prestígio" de riqueza.

E os favores? Serão assim tão relevantes? Cunhas? "Contactos"? Não será isso tudo algo a que chamamos, nós os pobres, de entre-ajuda!? Não é? Contactos? Porquê? Gostam de ter com quem conversar quando se sentem sós?
Se não conseguem lidar com a vossa própria solidão, a vossa própria tristeza e depressão, então isso significa que vocês, são apenas mais umas pessoas, que comem e cagam e não têm consciência  Não é por criticar, é por ser verdade. Não é por ser melhor, é por consciencializar, por olhar e ver, por saber utilizar o que sei, o que aprendo e o que teorizo, o que sonho e fantasio. Porque eu vejo o que os outros não querem ver, e isso incomoda-os... Incomoda-vos.

Para mim, é muito fácil "criticar", falar "mal", apontar o dedo a tudo e todos, e adoro quando as pessoas me criticam por criticar os outros. Significa que se sentiram ofendidas. Sentem-se incomodadas e acham que têm uma grande coisa para me dizer. Quando na realidade, estão a ser tão iguais como as que critico. Uma critica só para não estarem caladas. Uma critica só para ver se conseguem ficar por cima, com argumentos que deixam muito a desejar, sinceramente.
Pior ainda, não aceitam criticas. Mas olham-se ao espelho todos os dias, e são capazes de desenhar o maior monstro que já caminhou na terra. Ou, ainda pior, acharem que são as melhores do mundo, porque se sentem psicologicamente, com poder para fazer e ter tudo o que desejarem. Porque sabem que todos os seus desejos e caprichos são respondidos e saciados, sem precisarem de fazer qualquer esforço adicional para além do tirar do cartão de crédito ou de sorrirem.

Uma geração, para quem o "socialismo" é o melhor que podem ter na vida. Para quem as noitadas e a universidade é a coisa mais sexual e prazerosa que terão. Mas esquecem-se, de que para "serem bons pais", não é começar a pegar num livro, ou a preocuparem-se duas semanas antes de o fazerem. Tal como a lista de objectivos para o ano novo. A nova lista de objectivos...

O problema está, em as pessoas acharem-se pessoas, longe da evolução animal, e afirmam-no com grande convicção e certeza, que se esquecem que são muito piores que os animais.

Não me referindo necessariamente a tabus, as revistas (neste caso, refiro-me à Cosmopolitan porque foi a que tive acesso mais recentemente) falam muitas vezes em usar abordagens sexuais para manter um homem interessado ou, simplesmente, para perder as calorias extra para caber num tamanho "XS" e, agora, parafraseando: "Na manhã de domingo faz sexo duas vezes e "obriga" o teu namorado a prolongar as sessões, pelo menos, 30 minutos para perderes 350 calorias".
Assusta-me viver num mundo em que o sexo não é visto como algo natural, algo que vale por si e é complementar ao amor, não, parece que é uma simples moeda de troca, um meio para atingir um fim. Uma espécie de sacrifício para um bem maior. Brrr. 
Beatriz em Vamos falar de sexo (?)
Desfolhamos uma revista, e a única coisa que vemos é como perder peso, como se manter elegante, como atrair o homem ou a mulher certa. Parvoíces que não existiam na idade da pedra, e não foi por isso que deixámos de procriar.
A revoloução industrial estragou por completo um conjunto de gerações. O iluminismo e o Renacentismo, foram apenas épocas que se devem contar como lendas. Foram períodos da nossa história, dos europeus, que só devem ficar nos livros, que devem ser enfeitados, embelezados e não estudados e a ter como exemplo. Nem todo o progresso é positivo! Surviving Progress

Querem tudo, quer riqueza, os filhos têm de ser mais do que os outros, e falta uma coisa importante, a educação do indivíduo  Já nem falo do humano, porque crianças ensinadas assim nunca o serão, e sim, crescem com a marca da "besta" da deformidade cognitiva e intelectual. São robôs e não "mentes" únicas.

O consumismo e "é a leio do mais forte", dominam a nossa sociedade.
Porque vocês querem ser iguais aos outros, e acabam por ser é piores.
Porque querem ser importantes e não têm capacidade de argumentar.
Porque querem ser "livres", e não sabem o que é sê-lo do outro lado do mapa, na ponta das asas e no caminhar, no galopar forte e constante de um animal que vocês adoram admirar... num zoo.
Fecham tudo, para controlar. E o grande problema, é que são vocês os incontroláveis. Pessoas com problemas de auto-estima, que para se sentirem controladas, para sentirem que a vida é controlável, e por si só, confortável, controlam o mundo que vos parece "irreal". Controlam a natureza que não compreendem e não sabem sentir, ver e ouvir.

Vocês querem tudo, mas não sabem o que fazer com isso...