domingo, 30 de dezembro de 2012

Eu quero, posso e Compro!


Já quase toda agente conhece o anuncio de Natal do El Corte Inglês. Onde a esposa diz no final do reclame "Eu quero, posso, e Compro!", com uma convicção de mulher "guerreira". Transmitindo a mensagem de que é ela quem manda lá em casa, que é ela quem veste as calças, e tudo gere à volta da capacidade extraordinária de força e resistência que só as mulheres têm, que é o lidar com a casa, comida, festas, cabeleireiros, filhos, roupa, loiça, jantar, educação, etc etc. Uma imagem de 4 a 5 segundos, que demonstra o quão poderosas e "necessárias", importantes são as mulheres.
Bem, eu não acho que não o sejam, que não sejam necessárias e importantes. São-o. Mas cada vez mais vejo raparigas, já com os seus 18 aos 25,26 anos, que já não são mulheres. As novas mulheres desta geração, são os homens.
As mulheres deixaram de ser as que passavam a limpar a casa, a aspirar, a fazer as camas, a levar as crianças à escola e a fazer o comer. Deixaram de parte essas tarefas que dominavam "tão bem", e trocaram de lugar com os homens. O que eu defendo, é que deve ser uma coisa partilhada de igual modo, bem explicada para ambas as partes e não através de percentagens. Cada um tem o dever de ajudar no que quer que seja.
O que o anuncio do El Corte Inglês, entre muitos outros anúncios, livros "Fifty Shades of Grey", novelas "Gabriela", filmes e músicas têm demonstrado, ou transformado sem que ninguém se aperceba disso, é o facto de estarem a criar uma sociedade, a criar uma mentalização na sociedade, de que as mulheres devem mandar, que têm força para mandar, que mandam mais do que os homens. Que deixaram de ser elas a escolherem o melhor macho, e de que, segundo os anúncios e publicidades de moda, cosméticos e de dinheiro, devem usar tudo o que têm, para mostrar e fazer sobressair em si, tudo aquilo que têm de bom, e tornar o "mau" em algo incrivelmente irresistível para qualquer homem e invejoso para todas as mulheres. O homem tem sido colocado cada vez numa posição inferior à da mulher. Ele faz cada vez mais para agradar, e elas cada vez refilam mais com eles. Existem excepções, mas vê-se uma troca de papeis instintivos entre estes dois animais.

É verdade que a mulher continua a escolher o melhor macho, mas o macho tem de lutar e de fazer muito mais, é-lhe exigido cada vez mais, milhares de sucessos genéticos e intelectuais, monetários e sociais, que não o eram à séculos atrás. Em que era o homem quem tinha mais força, quem decidia e escolhia a rapariga com quem queria casar e procriar. A mulher, a única coisa que podia fazer para recusar, era afirmar que não amava o homem. O que eu volto a defender, não é o homem continuar por cima da mulher, a comandar, mas uma partilha dessas decisões. O que cada vez se vê menos.
"A maioria das pessoas dizem que querem 'paz', sem saberem realmente o que isso quer dizer. A paz não vai cair do céu; é um quebra-cabeças cujas peças são as nossas interacção diária uns com os outros e o planeta." -- "O Homem Sem Dinheiro" - Mark Boyle. 
A maioria das pessoas, homens e mulheres, dizem que querem uma pessoa que lhes dê atenção, carinho, confiança, força, que os ensinem, que chorem com eles, ou os ajudem ou lhes dêem força para enfrentar os seus medos. Desejam alguém que seja maduro, inteligente, com boas maneiras e uma excelente educação. Que saiba conversar e se interesse pelas suas conversas. No entanto... como diz o pequeno excerto acima, as coisas não caiem no céu, e podendo elas procurarem afincadamente por um homem ou mulher que lhes seja um parceiro de sonho, elas próprias, que exigem demais, que sonham alto e atiram os seus objectivos para o céu, que se agarram com força às suas fantasias sociais de parceiros sexuais e futuros pais e mães. Que choram à noite que os homens são todos uns parvos, ou as mulheres todas umas cabras, estão a criar e a desenvolver um problema psicológico próprio. Porque quem sabe detalhadamente aquilo que deseja para si, e aquilo ainda mais aquilo que não deseja, só irá atrair isso mesmo para si. Porquê? Porque são cegos.
Antes de namorar-mos com alguém, de amarmos alguém, temos primeiro de nos conhecermos-nos a nós próprios. Temos que saber aceitar quem somos, como somos, mas também sabermos-nos auto-recriar. Acima de tudo, saber re-escrever a nossa história por nós. Saber-mos crescer, educar, interagir e comunicar. Não com os outros, mas com nós mesmos.
Costumo e digo muitas vezes, que quanto mais conheço os outros, os outros que tanto critico ou lisonjeio  mais conheço de mim mesmo. Mais compreendo os meus gostos, as minhas atitudes. Mais consciente de mim tendo em ficar. Porque ao conhecer os sucessos e os fracassos dos outros, espelho-o em mim as mesmas opiniões. Um critico pode ser algo positivo ou algo muito mesquinho apenas e só por ser. Pode ser critico, mas dar uma solução, ou criticar só para não estar calado, não partilhando nada em concreto.

Volto a dizer. Não sou contra a mulher ter mais poder ou mais opinião, escolha e decisões  O que eu sou contra, é haver um grande fosso de amor e carinho entre o homem e a mulher. Um grande muro que separa o respeito, simpatia e educação.

Existem homens porcos, nojentos, interesseiros e cujo o único objectivo na vida, é ter a maior lista de mulheres que já comeram. Por incrível que pareça, as mulheres que são designados por seres inteligentes e sensíveis  escolhem precisamente os mais estúpidos, mais brutos, ignorantes e rufias, durante a sua adolescência. É algo que lhes é incutido pela sociedade, ou algo "instintivo"?
Vejo uma geração que se desleixa e e exige demais. Uma geração de gente nova a gente adulta que não possui consciência de si e do próprio mundo e sociedade. Tudo é um dado adquirido, e não se perguntam "Porquê? Como? Quando? Onde?". Deixam-se manipular pelas leis universais da publicidade e do elitismo eloquente que se vende em todas as esquinas. Abraçam o consumismo e as fantasias idealizadas em filmes, novelas, livros e cartazes publicitários. E emoções falsas e baratas. Tornam assim, uma geração que deveria ter muito para dar, em todos os niveis, como escreveu um dia Fernando Pessoa, para se tornarem num amontoado de carne e ossos sem qualquer valor psicológico e cognitivo para o mundo e para a sociedade.

As mulheres, são o maior e melhor espelho auto-critico que existe. São capazes de se derrotar por apenas uns 2 ou 3 quilos a mais. Lutam desenfreadamente para terem o melhor aspecto, para se manterem jovens, bem perfumadas e atraentes. Mas é algo estranho. Porque fazem-no para se sentirem "falsamente" bonitas aos seus olhos, que são o espelho da sociedade  e aos olhos dos homens, que rejeitam a toda à força. Querem apenas provocar e nada mais. Querem apenas mostrar-se, marcar uma posição e estabelecerem-se na sociedade, no "meio ambiente", como as mulheres mais desejadas e provocadoras. Vestem aquilo que tanto semeiam com tanta amargura. Falam mal das publicidades, qualquer tipo que envolva a "beleza" da mulher, ao ponto de odiarem. No entanto, usam e abusam dos "concelhos" e opiniões que lhes é tanto incutido.
Sim, as mulheres estão cada vez piores, no mau sentido. E o que me preocupa, é haver uma desvalorização ou corriqueirice do amor que elas tanto fantasiam, sonham, desejam e esmiúçam. Por incrível que pareça, tanto a mulher como o homem, estão cada vez a ficar mais estúpidos.

"Eu quero, posso e Compro!"
Sim, podes, mas será que isso te dá educação, te ensina, te ajuda, te faz consciencializar quem és e o que queres? Faz-te amadurecer? Ensina-te a re-escrever a tua história? Faz-te aprender com os erros e os fracassos, ou pelo contrário... obriga-te a atirá-los para trás das costas, porque "o que já passou, já passou", e o que interessa é o agora?
Porque ser-se, é diferente de saber ser-se.
Ser-se bonita, é diferente de saber ser-se bonita. E o saber ser-se bonita, abrange muita coisa... educação, respeito, carinho, amor, empatia, amizade.

A criança reconhece...


Num jantar em casa de uns amigos dos meus pais, a mãe e a filha, um dos convidados, sentavam-se no sofá, e com um telemóvel  a pequenina carregava nas teclas e fingia falar com amigos imaginários. A mãe ajuda a tornar real aquela pequena e "inocente" fantasia.
Nas emaranhadas conversas entre mãe e filha, houve um pedido da mais pequena, que me chamou a atenção.

-- Mãe, diz-lhe para vir depressa!
-- Vem depressa!

A doce bolota, sabia que se fosse ela a pedir directamente, que o "amigo" poderia recusar ou vir ainda mais lento só para brincar. Ao colocar a mãe na conversa, adicionou um adulto à equação, uma autoridade, uma voz que se faz ouvir quando quer ou quando as coisas não correm bem.
Sabia ela então, que o adulto teria mais força. A criança reconhecia que não tinha autoridade nem poder para "obrigar" os outros a fazerem o que mais queria. É por isso que às vezes vemos crianças a pedirem aos pais para que os irmãos brinquem com eles, que alguém se cale, que venha mais depressa ou queira ir embora. A criança "inteligente", reconhece de uma maneira muito simples, mas sem qualquer consciência desse sentimento, que o adulto tem muita força, e inerente a essa força, escravo dessa força, ficam as crianças.

Reconhecem por vezes, uma confiança no adulto, que tentam imitar, mas de pouco lhes serve em crianças mais casmurras ou sem educação.
A criança reconhece que é pequena no mundo dos adultos, que pouco ou nada pode fazer por si. Que pouco pode fazer para "controlar" o ambiente à sua volta. Criando por vezes crianças frustradas e sem vontade de fazer as coisas, ou muito irrequietas, como animais enjaulados que saem uma vez por outra do seu meio ambiente emocional para algo completamente aberto e cativante. Aí, a criança "explode" de movimentos, palavras e acções que os pais não reconheciam ou desconheciam a sua existência.
Porque devemos sempre incentivar uma criança a fazer as coisas por ela e por iniciativa, mas também incentivá-la quando as coisas são mais difíceis para ela mesma.

É preciso não dar demasiada confiança à criança, para que ela não transforme tudo à sua volta numa autêntica uma anarquia de livre arbítrio, mas também mostrar-lhe que pode e tem poder para começar e ir começando a decidir certas coisas. É quase como fazer uma mistura com o peso correcto dos ingredientes sem ter qualquer balança ou medida. No entanto, como já disse várias vezes:
Dá trabalho? Dá! É difícil? Ui! Nem imaginam! Mas vale apena o esforço...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Inteligência Animal


No seguimento de um documentário que foi transmitido no Odisseia com o nome de "Inteligência Animal", lembrei-me de algo que tinha escrito vários meses antes.




Se os animais têm uma grau de inteligência igual ao de uma criança de 6/7 anos, como refere o documentário, poderemos afirmar que são seres bastantes inteligentes. Não significa que sejam capazes de compor música, pintar, escrever, desenvolver tecnologias. No entanto, será que se tornaram mais porque arranjaram uma forma mais construtiva ou exigente de comunicar? Tornaram-se um pouco mais inteligentes porque lhes ensinámos uma maneira de comunicar mais construtiva, com maior variedade?

Aquilo que nos separa dos outros animais, é a nossa forma complexa de comunicar. Usamos palavras e gestos abstractos ou complexos para expressar e comunicar aquilo que vemos, cheiramos, sentimos e ouvimos. Óbvio.
Qualquer animal não será mais inteligente por ele próprio. Ou seja, eles não são mais inteligentes, porque não comunicam como nós, não têm o mesmo "vocabulário" nem a mesma maneira intrincada de verbalizar.
Têm memória, e usam-na apenas para caçar e se alimentarem. Como foi exemplificado no documentário, precisam de se lembrar que tipo de fruto, cor do fruto e feitio do fruto para saberem se era comestível  e não venenoso.
Emitem sons, e os sons são dos meios de comunicação mais arcaico, simples e abrangentes que existe no mundo. O mesmo som pode ser utilizado num acto de violência, de aviso ou de amor. Por tanto, os seus cérebros torna-os inteligentes consoante a maneira que comunicam. A sua exigência no meio em que estão inseridos. Acontece o mesmo com o ser humano. Cada pessoa transforma-se e adapta-se ao seu meio social, às suas emoções familiares.
Sofremos milhares de milhões de anos de evolução até atingir a maturidade nas nossas cordas vocais actuais. E foi pela nossa capacidade e exigência de nos expressarmos que o nosso cérebro começou a evoluir nesse sentido. "As Origens da Linguagem - Do Grito à Fala"

Voltando um pouco acima. A inteligência dos animais pode ser equiparada a uma criança, e a razão é, como já referi acima, porque aprendeu a comunicar de outra maneira.
O autor explica como evoluímos à medida que a escrita e leitura se tornava cada vez mais acessível às pessoas mais pobres ou sem estudos. Na altura em que a escrita começou a ter um método estandardizado de ser escrito, a leitura do mesmo alterou-se, tornou-se mais fácil e permitiu que o seu leitor lesse um texto para si, ao contrário do que se fazia antes, que era uma leitura em voz alta, para um público ou para o próprio individuo. Cada leitor tornou-se um "filósofo", um "pensador". Tornaram-se auto-suficientes. No sentido em que o que liam, os ensinava ou os permitia filosofar.

Outra coisa que diferencia animais inteligentes de animais com inteligência social, no sentido de se unirem e executarem juntos uma tarefa ou várias acções para um mesmo fim.
Animais inteligentes são os macacos, mas são incapazes de executarem juntos uma tarefa. Golfinhos e Cães, são animais com inteligência social. Para além de possuírem inteligência, interagem entre si ou com outros animais, em conjunto, para um fim.

A nossa evolução permitiu-nos chegar a um ponto de comunicação bastante complexa. Existem animais também eles com os seus meios de comunicação que nos parecem abstractos ou caóticas, mas em nada se compara com a dos humanos. Dizem os entendidos que se uma criança aprender uma língua estrangeira para além da sua, que as suas capacidades cognitivas tornam-se maiores e melhores, significando que o seu cérebro sofre uma transformação.
Os sonhos também têm um papel importante na nossa vida, visto que passamos 1/3 dela a dormir. Aprendemos com eles, imaginamos, inventamos, sofremos e sentimos. Preparamo nos. O mesmo acontece com os animais que têm a capacidade de sonhar.
Outro facto interessante, é que a capacidade de ante-ver algo, é uma das melhores ferramentas que se possui. Permite-nos, a nós e aos animais, prepararmos-nos ou adiantarmos-nos a uma acção externa ou necessária. Antever um ataque ou uma fuga, esquerda e direita.

Se grande parte dos animais demonstram inteligência, ao seu próprio nível  poderemos afirmar de que a probabilidade de existirem outros seres inteligentes no universo, é bastante elevado.

Uma das mais maravilhosas e incríveis descobertas de inteligência nos animais, um grande passo na biologia, foi o conhecido papagaio Alex. Que tinha um grau de inteligência igual a uma criança de 6/7 anos.


"Everybody is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its whole life believing that it is stupid." ― Albert Einstein

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Escondem-se por que têm medo...

[Dr. Bill Harford - Eyes Wide Shut]

No seguimento de uma conversa que tive com uma amiga, sobre fantasiarmos-nos, de nos mascarar-mos, percebi que muita gente, se fosse preciso mascarar-se, iria mascarada de algo, de um personagem, ou então, não iam de todo mascarados.


Uma personagem é algo que já tem vida. Prefiro ver uma pessoa mascarada de algo que a identifique, emocional ou psicologicamente, do que ver gente mascarada de outras pessoas e de personagens.
Têm medo de ser quem são? De mostrar como são?
Se alguma vez me mascara-se para um baile formal, ou para o que quer que fosse, iria como a imagem acima. Com uma máscara veneziana e uma capa preta... não deixaria de ser quem sou. Não iria deixar de ser como sou. Continuaria a ser estranho, a criar curiosidade, de ser algo fechado e calado.

Parece que quem se veste de personagens, está a tentar fugir de si próprio, da sua vida, da sua personalidade, da sua história, das suas expressões e sentimentos. Da sua fraqueza ou falta de coragem. Porque vestir a pele de outra pessoa é sempre melhor do que vestir a nossa não é? Significa então que não se conhecem a elas mesmas, talvez nem gostem de ser quem são. Têm medo de errar enquanto pessoas que são, mas se forem heróis, já podem usar uma piada e desculparem-se com ela. Fica mais fácil levarem com as culpas se estiverem mascarados de alguém que não eles. É o personagem que leva com grande parte das culpas e não ele. Parece.

Eu não gosto de ser outra pessoa, gosto de ser eu!

Não gosto de fingir que sou alguém que não sou, de agir por outros, de agir como outros. Gosto de ser como eu sou, de levar com as culpas que sempre levo, de ser bem visto ou criticado. Gosto de dar a cara à personalidade que faço crescer e aos erros que assumo, à pessoa estúpida e imatura que sou, mas que tem paixão e vontade, que não tem medo de ser e fazer. Que é anti-social mas que gosta de se mostrar e estar fisicamente onde ninguém estaria. Gosto de mostrar quem sou. Muitos irão perguntar porque raio então usaria uma máscara. Porque razão iria tapar a minha cara, esconde-la. Porque eu não seria alguém diferente se tivesse a cara à mostra. Porque eu não mostraria mais de quem sou se me pudessem ver as expressões na cara. Porque eu acredito que o mistério e o "proibido", que o difícil e hipnótico são algo que faz pensar, que cria curiosidade. Faz-nos perguntar, faz-nos imaginar e sonhar por um pouco. Porque não perderia o glamour, o caminhar e a maneira de ser. Porque não iriam falar mais comigo, comunicar ou socializar. Porque gosto de causar intriga, de fazer pensar e de ver a sociedade interagir à minha volta. Porque gosto de ser um espectador e observar, analisar.

Uma raposa com pele de carneiro, veste-a para se confundir, para poder chegar perto do inacessível, do inalcançável. Para esconder quem é, para não ser afugentada ou fugirem dela. Para ser confundida na multidão. Um lobo com pele de ovelha, permite-lhe ter contacto com o seu alimento, e de ser envolvida nos  seus sons, nos seus cheiros, na aparência física e na cor dos seus caracóis.
As pessoas usam peles, usam muita coisa e qualquer coisa, que as permita confundirem-se na sociedade, num grupo de amigos, numa multidão e num jantar, num aniversário, numa sala. Cobrem-se com um manto de falsidades. Usam máscaras que lhes manipula, ou que as ajuda a recriar uma personalidade que necessitam. Precisam de esconder quem são para não fugirem delas, para não as odiarem  E é então que pessoas fracas se tornam pessoas falsas. Onde pessoas convencidas destroem sonhos e objectivos como o rebentar de uma bolha de sabão. PUFF!!!!

Escondem-se por que têm medo da rejeição. Têm medo de serem rejeitados. De serem criticados. Têm medo de expressar a sua opinião, de criticarem e dizerem o que realmente sentem.
Usam a possibilidade de se mascararem de uma personagem, para esconderem os problemas que têm, esquecerem a vida que levam, a maneira triste que lhes é, serem eles próprios.
Querem fugir daquilo que são. Têm vergonha de aparecerem com a sua cara e a sua aparência física monótona e corriqueira. Porque estão fartos de se vestirem como a sociedade lhes impinge. Não, não estão fartos, querem é mostrar ao mundo a sua irreverência, o seu caos psicológico. Os seus problemas exteriorizam-se através das mascaras e fatos que vestem com tanto afinco, com tanto desejo e vontade. É quase um orgasmo cerebral. Porque podem "finalmente" agir como querem, serem loucos. Porque ao vestirem-se assim, o seu corpo autoriza-os a poderem ser parvos, a errarem e não terem medo, a serem corajosos, a assumirem riscos, a agirem de forma irracional.
Vestem-se, escondem-se de si e dos outros, para poderem chocar quem está à sua volta. É uma forma de mostrar ao mundo o seu descontentamento. Não estão a mostrar uma personalidade, mas uma maneira de chocar e interagir, de serem o que nunca foram, ou que nunca conseguiram ser. Que não têm coragem de ser.

Não me escondo, calo-me.
Não sou "anti-social", não interajo.
Não me mascaro, crio curiosidade.

Afinal não ando assim tão enganado como pensava, e ainda há gente que me critica por eu criticar. Ainda existe gente que fala mal, só porque se sentiram tocadas, e pior de tudo, não dão uma solução, não sabem explicar nem sequer têm razão.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Pronta para arrasar?


Na revista académica, disponibilizada no ISEC no inicio do mês de Dezembro, "MaisSuperior" [Revista: PDF e Online], na secção com o titulo "Look At Me - Pronta para arrasar?" (pág. 14), descreve 6 maneiras "infalíveis" de uma rapariga se "embelezar" e "arrasar".
  • Batom
  • Golas
  • Unhas
  • Eyeliner
  • Saltos-altos
  • Fascinators
De uma forma muito elitista, manipuladora e comercial, manipulam a mente fácil de raparigas, ou que se acham as mais belas da universidade ou as mais feias. São dicas com um propósito, dar confiança, uma auto-confiança falsa, arrasar os "machos" e esconder as imperfeições que só elas podem ver.
Segundo o meu professor de Gestão, ele referiu a razão de se usar perfumes. Como todos sabemos os perfumes eram usados para esconder os maus cheiros. Mas apesar de estar provado cientifica e estatisticamente de que as pessoas, homens e mulheres, preferem o cheiro natural, não é essa a ideia que a publicidade, os filmes, livros e novelas passam para a sociedade. Sim, a sociedade é manipulada para comercializar, para vender e impingir, sem que ninguém se aperceba, produtos que não nos fazem falta nenhuma.

No livro "Mulheres Inteligentes Relações Saudáveis", no capítulo 12, "Os homens cometeram atrocidades contra as mulheres" (pág. 123), o autor explora um tema pouco falado pela sociedade ou na sociedade de hoje. Ele explica que as mulheres sempre foram repreendidas, maltratadas, não tinham direito ao voto e sobretudo no século XXI, tinham sido obrigadas socialmente a serem mais magras, a preocuparem-se com o aspecto físico, com o seu cabelo, com o seu cheiro, depilação. Obrigavam-se elas próprias a regimes de dietas para parecerem como modelos. Sempre foram oprimidas pelos homens e isso todos nós sabemos.
Porém, existe algo que não ninguém. As mulheres continuam a ser manipuladas e dominadas pela sociedade, pela moda, pela crença, pelo elitismo, são as que mais utilizam Redes Sociais, não fossem elas próprias, seres com natureza de "relações publicas".
Dominam o mercado dos cosméticos, dos perfumes, das roupas, do calçado, dos óculos, da alimentação, da higiene. Para dizer a verdade, elas dominam todo e qualquer mercado que preste serviços para ambas as partes, tanto homens como mulheres. Quem estiver de fora e vir as estatísticas rapidamente chegará à conclusão de que afinal a mulher não é assim tão vitima dos homens, que não é uma escrava e que com o tempo tem vindo a dominar o mercado mundial. Tem-se re-escrito e libertado dos séculos de opressão e escravidão, tanto sexual como psicológica. No entanto... apesar de dominarem o mundo, pois são de facto 3 vezes mais do que os homens, elas é que são as dominadas e manipuladas. O seu cérebro é alvo de constantes ataques publicitários, de imagens e ideais sociológicos, de marcas e produtos.
É por isso, que as mulheres são impingidas com uma imagem de beleza. Vêm-no nas celebridades, nas modelos, em capas de revistas e filmes.

Já repararam em revistas que falam de mulheres, em que do lado esquerdo surge um texto a falar bem da mulher, do seu aspecto físico  da sua beleza natural. Um texto que glorifica a beleza de cada mulher e de que elas não precisam de cremes de anti-envelhecimento, de pintar o cabelo, de usar maquilhagem porque já são bonitas? Se olharem depois para o lado direito, são imediatamente bombardeadas com publicidade de cremes anti-envelhecimento, de cremes para a cara ou para as mãos, de maquilhagem em promoção ou uma nova marca, de champô que dá mais brilho, de sprays que criam caracóis lindíssimos  de unhas de gel, de batom e roupas que realçam as "poucas" curvas do corpo.

Na revista de "Pais e Filhos" (ainda a designar), surge um texto de uma mulher grávida, que dá pequenas dicas de vestuário, que outras grávidas poderão utilizar para não perderem o "estilo", mesmo com uma barriga enorme.
Um dos que me chamou mais à atenção, foi o facto de ela indicar roupas com decotes, porque dessa maneira os homens e outras mulheres iriam olhar para o seu decote e não para a barriga mais abaixo. Não percebendo eu muito sobre o assunto nem a verdadeira razão para "esconder" a gravidez, apenas posso dizer o que eu penso sobre essa dica. As mulheres grávidas são feias? Uma barriga de grávida é algo indesejável? É algo que incomoda porque toda agente fica a olhar e a comentar que aquela mulher está grávida? Não era suposto ser algo bonito e festivo? O nascimento de um bebé é algo corriqueiro na natureza. Há milhares de milhões de anos que nos reproduzimos mas somos os únicos animais que festejamos um nascimento. Ora... se festejamos o nascimento, celebramos os seus primeiros passos como se tivéssemos ido à Lua, porque razão a sociedade se sentiria incomodada ao ponto de tentar esconder ou dar um toque e retoque no estilo de roupa? É verdade que existem roupas feias, confortáveis mas feias. No entanto, esconde-se ou tenta-se desviar a atenção.
O mesmo acontece quando se dá de mamar aos bebés. Há quem defenda poder dar a mama com ela destapada e há quem exija censura. É um acto normal que a sociedade tende em denegrir, em esquecer e desvalorizar. Porque dar de mamar aos bebés é algo pudico, feio e tabu, tem um seio nu à mostra e as pessoas ainda têm uma mente muito tabu. Mas quando é para mostrar na televisão, gente estúpida a beber leite de uma estrutura em metal com tetas a fingir de borracha que dá leite, já não é algo assim tão mau.


Para além do anúncio ser estúpido como tudo, talvez não seja tão pior como os anúncios da TAG Optimus, mostra a sociedade de jovens que habita neste país. Jovens sem cérebro, sem inteligência, sem emoção, sem vida, sem criatividade, sem qualquer tipo de educação e capacidades auto-cognitivas. Sem consciência. São o cancro que se espalha como fogo. São a doença do século. São o vírus que se vende. Manipulados por todos os meios de comunicação.
Algo que os apresentadores dos programas que passam em horário fazem muito bem, é vender ideias! E fazem-no tão bem que as pessoas nem se percebem. Não é mania nem é conspiração, é a realidade!

Tem-se criado uma imagem, uma marca, um modelo a seguir por toda e qualquer mulher. Antigamente dizia-se "Gordura é formosura", hoje se uma rapariga/mulher ultrapassar 2 ou 3kg do peso ideal, já é sinónimo de que está gorda e que esses 2 ou 3kg as vão deixar menos atraentes aos seus namorados ou aos homens.
Existe uma outra acção que se tornou tabu, quer de ser executada pelas próprias mulheres ou inquirida. Uma mulher evita pesar-se, evita saber o seu peso, e foge ou acusa de falta de educação, quem lhe ousar perguntar o seu peso. No mesmo patamar, encontra-se a famosa pergunta "Que idade tem?". Como se a idade fosse um problema para alguma mulher.
A estes duas grandes facadas, acrescenta-se o perfume, ou a falta dele. Se uma mulher não usa perfume, não é considerada de todo uma mulher, ou pelo menos, terá uma imagem de malandra, de preguiçosa, de despreocupada com a aparência, coisa que hoje em dia é impensável.
Como referi no texto "A minha tulipa...", as mulheres usam e abusam de técnicas que lhes permita entrar um parceiro sexual, um macho com o qual acasalar e ter bons filhos, com bons genes. Daí o uso de flores, de vestidos decotados, de cheiros (perfumes), de cores que atraem. O próprio salto-alto tem um barulho característico. Emite um som que transmite confiança, glamour, desejo sexual, virilidade, e fertilidade. É verdade que com o passar dos anos, as mulheres e os homens tiveram necessidade de chamar a atenção para o seu potencial físico e genético. Infelizmente, hoje em dia, essas duas imagens estão completamente manipuladas e alteradas. Tanto a nível psicológico como a nível físico. Pelo que as mulheres deixam de ser mulheres, e os homens deixam de ser homens para passarem a ser animais irracionais. Mas as mulheres não lhes ficam atrás, e tendem em querer dominar a opinião dos homens, do seu marido ou namorado, porque se acham no direito de usar e abusar do poder que nunca tiveram. Sou contra. Tanto ela como ele têm direito a expressarem-se, mas não de comandarem, manipularem ou criarem jogos e guerras psicológicas. Duas pessoas inteligentes têm uma relação inteligente. Consciente.

O problema de hoje, não vem só da sociedade, apesar de ser implementado com ajuda dela. O problema vem de uma geração de des-educação. Um grave problema de sentido de responsabilidade que os pais não querem assumir. Porque se os pais dessem uma educação de consciência, de respeito por si próprio e de auto-reflexão. Se dessem uma educação, não baseada nos padrões definidos pela sociedade, mas por eles próprios, não haveriam raparigas a olhar para fotos de modelos, a anorexia ou a bulimia deixariam de existir.
Como prova do deficiente e doente molde de corpo perfeito que foi criado e impregnado na sociedade pelas grandes empresas de moda, é a existência do grupo Pro-Ana. Que é a favor da anorexia extrema e descontrolada. Onde raparigas tomam laxantes e a única coisa que comem é verduras e muita água. Fazem as necessidades sempre antes de se pesarem, pois sabem que as fezes e a urina acrescentam pelo menos 2 ou 3 quilos.
O problema persiste nas revistas, como as que referi acima. Uma revista académica que incentiva às práticas de criar uma mulher totalmente falsa, quer de beleza quer de confiança. Uma revista que continua a vender os padrões tecidos pelas grandes empresas de cosméticos.
Publicidade como a da Yorn ou do TAG, que mostra uma mente irreverente, de excessos e com a ideia de que a vida deve ser "vivida ao máximo". Pensar no agora e deixar o futuro para depois. Fazer agora e pensar nas consequências depois. Agir primeiro, reflectir depois.
Porque só se deve começar a pensar em cuidar de um filho quando ele nos aparecer nos braços. Só se deve preocupar com certas coisas quando se chegar à altura.

O problema das pessoas, é acharem que tudo é um dado adquirido. Não querem saber porquê, quando surgiu, como foi inventado, porque é que é assim e não de outra maneira. Um pouco como o que aconteceu com o livro "As 50 Sombras de Grey", que de um momento para o outro foi um sucesso de vendas e que toda agente andava a falar dele. Pois é mentira. Foi uma estratégia de markting para vender um livro que foi criticado duramente por ser algo como o Twilight mas para mulheres adultas. Implementaram uma mentira nas capas do livros com os post-its a dizer "Sim, este é o livro de que todos andam a falar", e na verdade, ninguém conhecia o livro, e no entanto já era um sucesso de vendas.
É com mentiras destas que a mente das pessoas é manipulada e configurada. Paul Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazi de Adolf Hitler, tem uma das frases mais célebres, que é hoje em dia utilizada pelas grandes empresas que querem esconder ou omitir algo que poderia significar perda de mercado ou desestabilização social.

"Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade."
"Torne a mentira grande, simplifique-a, repita-a, e eventualmente todos irão acreditar nela." - Adolf Hitler

Neste caso, a grande mentira é oferecida às mulheres, com as grandes publicidades de roupa, moda, beleza, fisionomia. Até a lingerie é vendida apenas até um certo tamanho para as obrigar inconscientemente a perderem peso, a fazerem dietas e se sentirem feias ou indesejadas, gordas ou com peso a mais, para comprarem produtos e dietas de que não precisariam se não fossem tão fáceis de manipular. E afirmo-o que o são, pois mais de 80% de pessoas religiosas, são mulheres. Basta sintonizar na TVI e ver a missa do Domingo para ter essa resposta.
Uso também as novelas para provar que as mulheres são as que mais se deixam envolver por assuntos sociais que em nada enriquecem as suas capacidades cognitivas, mas sim, que apenas destroem a imagem que têm de si e dos que as rodeiam. "O divórcio em Portugal..."


E agora? Estás "Pronta para arrasar?"

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A minha tulipa...


As flores, da minha amada, são belas e requintadas.
Uns dias fechadas, outros calorosas.
Com uma doce gota, o seu caule torna-se firme e pinta as pétalas de cores vivas.
Elas vibram, brilham e enfeitiçam ao olhar.
O perfume deixa-a a sonhar e o seu colo ferver.
Um desejo que lhe arrepia as raízes e um apetite louco que a torna voraz.



Existe uma ligação, física e hormonal, entre a natureza (as flores) e a mulher (os perfumes e a ornamentação).
Usam-se flores nos cabelos, os seus cheiros, as suas cores e as suas formas à milhares de milhões de anos, para tornar o que é se tornou monótono em algo novo. Tornar algo "roubado" de novo em frágil, sedutor, sensível e doce.
Quer se queira quer não, todo e qualquer homem, irá sempre reparar na flor, seja grande ou pequena, do que em brincos, perfumes ou unhas pintadas. Falarei por mim, se preferirem.
Oferecem-se ramos de rosa, como um pedido de desculpas. Por uma agradecimento. É um acto gentil, um acto de desejo ardente, um acto de submissão.
Mas falta ver o seu acto de uma outra perspectiva. Talvez o acto "simbólico" de oferecer flores a uma mulher, e as flores "só" se oferecem às mulheres e não aos homens, tenha realmente perdido o seu verdadeiro significado ou verdadeira utilidade. Se pensar de uma perspectiva animal, oferecer um ramo de flores a uma mulher, neste caso, a uma fêmea, será ou poderá ser uma maneira de mostrar ao sexo oposto, que se quer ter sexo. Que se quer ser surpreendido, provocado e estimulado. Talvez seja esse os significado. Porque percebemos, nós homens, que uma mulher fica sempre diferente e mais desejada se se enfeitar de flores. Pois de uma perspectiva feminina, poderá indicar que se encontra no período fértil, que deseja ter sexo, e para o conseguir, terá de se diferenciar das outras fêmeas que lutam pelo mesmo macho.

Com o tempo perde-se instintos bonitos, tornando-se rapidamente em enfeites corriqueiros. Perde-se a beleza e o seu encanto. Perde-se a doçura da mulher, e perde-se a mulher que traz e dá à vida.

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Inspiração:
Pai Gomes Charinho "As ffroles do meu amigo"
Sunny day by ~HMfotografia

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Deslumbre de momentos esquecidos...



Despes a camisa, tiras o sutien e deitas-te de costas na cama, por dentro dos lençóis. Soluças, sentes um nó na garganta e ficas vermelha. As lágrimas escorrem pelo teu rosto que se contorce em dor e incompreensão. Movimentas os olhos no tecto branco do teu quarto, pensando no que dizer, no que fazer.
Esperas então um palavra minha, um gesto, um som, uma expressão. Empatia. Ao olhares para mim, sofres e engoles as forças que não tens. Que deixas fugir, que deixas esconder daquele momento tão frio e distante. Um olhar que te fragiliza, te quebra e desespera.

As meias aqueciam-te os pés e as pernas até ao joelho. Mas as mãos, frias, contorciam-se e encolhiam-se numa dor aguda. Desejavas poder ser tocada, acarinhada. Desejavas que me sentasse do teu lado, de olhos nos olhos e te desse a mão, os lábios e o meu corpo. Desejavas...
Viraste-me as costas e rebentaste-te em lágrimas. As mãos frias taparam os olhos, e a dor que tanto tentavas acariciar na tua mente. As costas tornaram-se um muro frio, teso e rijo, frágil, à espera do aconchego de lençóis.
-- Vais embora, por favor?! -- perguntas-me quase olhando pelo ombro.
-- Não.
A palavra ecoou nos teus ouvidos, como um murro forte no estômago que te faz perder o fôlego. Uma palavra que se transforma num pânico torcido de memórias sensíveis e dolorosas. Com a visão de outros lábios tocarem nos meus e veres prazer onde deveria haver nojo.
-- Vai! Por favor... Sai daqui! -- gritas-te.
-- Não vou a lado nenhum.
As palavras voltaram a pesar e levantaste-te da cama, com a raiva expressa no rosto. Chegaste-te junto de mim e empurraste-me com força. Bateste-me no peito. Senti a tua força fazer vibrar a firme concha que criava ao meu redor.
-- Sai! Vai-te embora!
A tua face dolorosa, molhada, tentava enfraquecer o que já era fraco. As minhas mãos agarraram as tuas, o coração abriu sem chave, e agarrei-te contra mim enquanto choravas.
-- Deixa-me...
Nas costas do teu pensamento, surgem sonhos que fantasiaste. As cores apagam-se com as tempestades da amargura. São espinhos profundos, de saudades que nunca tiveram por ti. Histórias e imagens que transformas-te em fábulas e não realidade. Desejavas grandiosamente, por um dia que fosse, sentires-te viva, aconchegada e ouvida. Por um dia, por um momento. Um momento que lembrarias para sempre nas costas do teu coração. Escondido. Um sonho que desenhas-te desde o primeiro sorriso, e que com a chuva dos olhos, o apagavam, te faziam esquecer. Sofrer.
-- Só me magoas! Odeio-te!
Olhas-te-me de alto a baixo e penetrando-me zangada, com uma última investida envolta em gritos de saudade e medo, libertaste-te, vendo-me então pávido, sem reacção.
-- As coisas que eu fiz por ti, talvez não tenham sido as mais indicadas, as mais correctas ou as que mais desejavas, mas sempre dei de mim, o melhor que merecias, o melhor que sabia. O melhor que uma pessoa fria e estranha como eu, soube dar. Reconheço em mim erros que me conquistam as vitórias. E derrotas que ultrapassam o sucesso.
A tua expressão suavizou na cara manchada de raiva, na cara fervorosa e impaciente para sentir um carinho na bochecha. Segredavas aos teus ouvidos, o desejo ardente de te abraçar e pedires desculpas.
O meu rosto aquecia-te as mãos pelos pensamentos, os lábios molhavam os teus através do desejo, e a minha expressão aproximavam-te devagar.
Iluminado, o espaço pareceu desfocar-se à nossa volta. Admirando, tu, o sofrimento que transparecia, limpaste-me uma lágrima com o polegar. Fechei os olhos por uns segundos, enquanto o suave dedo deslizava sem medo. Conhecias-me os vales e as estradas desta face tenebrosa. De um anjo arrancado de amores. Tocaste-me, como não nunca ousas-te tocar-me, olhaste-me como nunca conseguiste olhar-me e com um sorriso sofrido no rosto disseste o que eu sempre ouvi mas nunca senti.
-- Perdoa-me.
-- O que fiz eu para me quereres tanto mal? O que não te dei eu para me tratares tão mal? O que esperavas encontrar? O rapaz bon...
-- O teu sorriso... -- interrompeste -- a tua garra de lutar pela vida! O teu amor e o teu ódio! Esperava encontrar compreensão na tua dor, e felicidade nas tuas palavras, nos teus gestos...
-- Fui só mais uma experiência para ti?
Abanas-te a cabeça levemente.
-- Não, meu amor... -- deixas-te os olhos brilhar e a paixão por mim fluir-te na cara, no corpo, nos gestos -- És o puzzle que sempre desejei montar. A peça perdida que deixei cair e nunca soube apanhar. Faz-me sorrir como sempre fizeste, abraça-me, beija-me, apalpa-me e agarra-me! Sou feliz contigo, porque és o que sempre procurei.
Um pequenino momento, manteve-se em silêncio, acanhado, envergonhado, de olhos arregalados à espera de ver o desfeche das tuas palavras, ansiando a tua voz doce e vibrante, alegrarem-no como cócegas.
-- Oh mãe... Olha ela! --  gritas-te, um gracejo intimo de felicidade.

Porque continuo ao teu lado?

sábado, 1 de dezembro de 2012

O divórcio em Portugal...


No seguimento de uma conversa com uma Tia minha, em que ela me "explicou" que: 60% dos divórcios portugueses são causados, ou são influenciados, pelas novelas brasileiras. Decidi fazer alguma pesquisa sobre assunto, ainda que já tenha dado a minha opinião em outros textos.

Audiências e recepção das telenovelas brasileiras em Portugal
Livro: Viver a Telenovela: Um Estudo Sobre a Recepção de Verónica Melo Policarpo

A tese de mestrado, faz uma pesquisa na sociedade portuguesa sobre o impacto que as novelas brasileiras têm causado em portugal desde 1977. Não posso falar a favor das novelas brasileiras, ou das portuguesas, porque não vejo, não me interessam, e pessoalmente, acho que não trazem nem ensinam nada que a vida já não ensine. Para além de darem durante 1 ano inteiro, a única coisa boa neste mau, é que dá emprego a um grande conjunto de pessoas.
Porém, é essa a razão da mentalidade dos portugueses não crescer. Em tempos vi um estudo, se não me engano, que dizia que uma das razões para os povos que vêm novelas serem tão antagónico a tudo o que é a favor do progresso, da modernização, é o facto de verem novelas e não séries. Nos grandes países industrializados e evoluídos, não se vê novelas, vêem-se séries, que sim, duram anos, como por exemplo: Lost, The Walking Dead, Greys Anatomy, Dexter, etc.

O país é idoso, ninguém pode dizer o contrário. Mas no que o país perde, é também por ser, grande maioria, crente e religioso. São também essas pessoas, fortemente motivadas a oporem-se a tudo o que é bom para a sociedade. Criam ciclos "infinitos" de gerações pobres e podres. Porque ao tentarem prevenir violência, ou maus exemplos escolares ou quererem dar/mostrar bons exemplos, acabam por oprimir valores que são vendidos pelos meios de comunicação.
Um dos melhores exemplos para explicar esta nossa sociedade, é a facilidade com que os velhos desmotivam os mais jovens a quererem chegar mais longe. "Quem tudo quer tudo perde.", "O mal nuca vem só.", "Estás a sonhar alto, vais cair da escada a baixo.". E os jovens, por sua vez ao sentirem que não têm apoio dos mais velhos, ao perceberem que nunca poderão ir para a politica, porque os jovens não sabem fazer nada, não sabem nada da vida. Os jovens simplesmente desmotivam-se. Esquecem, desistem. Existem muitos que lutam, que tentam mostrar que têm valor e que podem chegar longe. No entanto, basta entrar numa universidade, tomando como exemplo o ISEC, onde mais de metade dos alunos vai a uma ou outra aula, com os pais a pagarem propinas. Dormem em casa uns dos outros, e demorem o tempo que demorar a fazer o curso, faltam, vão ao cinema, divertem-se e rara a vez que vão à universidade, a não ser só para praxar. É uma critica forte, mas é a realidade em qualquer universidade. Qualquer que seja. Pois para eles, com um futuro tão... trémulo e distante que se avizinha e que já se tem instalado, para quê preocuparem-se em terem um curso se 50% dos desempregados em portugal são jovens com Licenciaturas?
Ao saírem da universidade, estariam, de um momento para o outro, a competir com mais meio milhão de jovens à procura de emprego.
Resumindo, a geração de velhos, não quer que os jovens que não querem saber de nada, e que têm tudo pago pelos papás, estejam à frente de partidos políticos  empresas ou lojas. Olham para eles como um geração trocista que não sabe dar valor às coisas. E por essa mesma razão, os jovens de tanto ouvirem e sentirem, acabam por se tornar naquilo que os velhos tanto criticam. Existe uma geração de velhos que não quer que os jovens de hoje aprendam como eles aprenderam um dia. Ninguém lhes bateu na altura, por não saberem. Aprenderam, treinaram, esforçaram-se e hoje são reformados ou para lá caminham. O que pretendem então? Uma geração de jovens adultos que saiba fazer tudo? Que não erre? Que saiba dar amor e carinho, que saiba dar valor ao dinheiro e às pessoas? Como?
Segundo um documentário americano "ReGeneration", existe uma geração de jovens de hoje, principalmente quem nasceu depois do Euro, mais ou menos em 2001, que tem, trouxe e perpetuará, espero eu que não, um problema que a nossa sociedade e políticos criaram. Citando a professora Joni Anker
Os miúdos são levados ao director por mau comportamento, e os pais vêm à escola ralhar com os professores, com os directores, porque não querem que os seus filhos sofram as consequências dos seus actos. Não querem que os culpem. Mas o que é que isso vale às crianças? De que tudo o que ela faz está bem? E os pais lutam pelas crianças para que os seus filhos não sofram as consequências dos seus fracassos.
Os pais, cada vez menos sabem ser, ainda que ninguém seja ou se torne pai no momento em que a mulher engravida ou que sinta o peso do bebé nos seus braços, é algo que negligenciam. Deixam as crianças em frente à televisão, aos computadores, aos telemóveis e jogos de consolas portáteis. Essa, é a sua educação. Levam as crianças à escola, deixam-nas em casa dos avós, que pouco ensinam, quer queiram quer não, nos infantários e nos ATLs. Têm actividades extra-curriculares  nos fins de semana têm missa. Têm catequese, são escuteiros, e caso à noite, o ATL não os possa ter até às 22:00h, colocam os filhos em treinos de Futebol, Ballet, Karate ou Judo, só para estarem entretidos. O problema que advém desta, deseducação  é a falta de diálogo, de partilha emocional de uma ambiente familiar. O que as crianças aprendem, é que os adultos comunicam assim, funcionam assim, são assim, agem e aprendem assim. Como é explicado em "Vida em Família - Agressividade" de Edwige Antier (Link FNAC - Livro).
O que estes pais não querem, é ser pais. Não querem assumir uma obrigação, ou a responsabilidade de educar uma criança que lhes pertence e trouxeram ao mundo. Uma criança que desejaram, que esperaram e ansiaram. São pais que não querem estar com os seus filhos, para não assumirem a culpa do seu fracasso pessoal, do seu fracasso futuro. Levam então, de certa maneira, a própria criança, jovem e adulto à morte do seu próprio individuo, da sua consciência, da sua vida amorosa, das suas emoções e da sua capacidade de ser humano. Tornam-no assim, numa Pessoa, num algo que é vendido e que se deixa vender sem ter percepção disso.
Os pais da geração dos meus pais, escondem de si próprio os seus filhos, porque foram um erro que cometeram quando eram novos e a única coisa que queriam era curtir a vida, beber umas cervejas, fumar e dar umas fodas com algumas raparigas sem inteligência cognitiva. Existe uma geração de Pais e futuros Pais, que não querem ser pais, que deixa essa "actividade" para outras pessoas a troco de dinheiro, porque na realidade, elas não sabem ser, nem como ser, pais.
Os pais desta geração, não se preocupam mais com os seus filhos, os pais desta geração apenas desejam ter um. Desejam apenas sentir um filho nos braços, e achar, pensar e filosofar, imaginar e sonhar, que é nesse momento, que virem e sentirem a criança e o seu peso nas suas mãos, que mudam milagrosamente, e que tudo é instintivo, que não se devem preocupar com mais nada a não ser em serem capazes de ter dinheiro, dar alimentação, um boa escola, encaminhá-lo, ajudá-lo nos estudos, levá-lo a praticar um desporto, dar-lhe um telemóvel, um computador, e por aí fora. Porque é fixe, está na moda, e acham que a criança pode realmente beneficiar com essas ferramentas no tempo em que não está a fazer nada. Só que o problema está mesmo aí. Acharem que a criança não tem nada para fazer. Errado!! A criança no tempo em que não "tem nada para fazer", é criança! E é criança ou jovem no momento que ela precisar de ser. É verdade que a internet, os jogos, amizades e consolas, ajudam bastante uma criança e um jovem a crescer. Mas já não se desejam crianças, desejam-se jovens. Uns segundos amigos. Querem ver o seu filho crescer depressa e dar frutos o mais rapidamente possível. Não querem filhos que errem, mas que sejam melhores que o vizinho do lado.

Numa entrevista que fizeram a "", no programa Alta Definição a 01/12/2012, ela diz algo +/- assim: "Agora que sou avó, já sei como educar.".
É verdade que na altura, as coisas eram bem diferentes. As crianças não tinham computadores, nem telemóveis  consolas portáteis, e a televisão passava durante algumas horas. Hoje, existem mais de 100 canais e todos quase com programação 24h por dia, 7 dias por semana. Tenho primos que já não brincam com bonecos, com carros, com lego, com soldados de plástico ou fazem guerras com cavalos e indios como eu fiz muita vez com o meu irmão. O que eles hoje fazem, é simplesmente sentarem-se, e com o seu portátil ou PSP, jogarem jogos de tiros, de monstros tipo Yu-Gi-Oh. Deixei de brincar com o lego por volta dos 18/19 anos e de brincar com carritos e bonecada aos 16/17. Porque talvez me dedicasse a escrever, a "navegar" na internet, ou a ver documentários. O jogo que mais gostava de jogar no windows 95, era o "The Incredible Machine", que eu jogava mais o meu irmão com grande afinco e vontade de passar os níveis que se tornavam mais difíceis  Não foi por ter televisão em casa e computador, porque onde moro, devo ter sido um dos primeiros a ter, que me fez ficar viciado ou agarrado desde os meus 10 anos. Só comecei realmente a utilizar mais o computador, a trocar os meus brinquedos por um, quando tive a possibilidade de ter um no meu quarto, e escrever nele algumas histórias. Deixei de brincar, quando tive pela primeira vez a possibilidade de ver documentários e bonecada do Canal Panda. Deixei de brincar, ou fui deixando de brincar com os bonequitos que agora agarram pó, quando os meus interesses deixaram de ser brincar, mas sim coisas que me motivavam psicologicamente. Coisa que não acontece hoje em dia. Fui criança, soube ser criança, e agora entro na fase da vida adulta. Com um grande azar de encontrar o país à beira do colapso.
As crianças de hoje, desta nova geração X, ou Y, não sei ao certo, possui irreverência. São jovens que se preocupam de facto com a qualidade de vida que querem dar aos seus filhos, mas não são diferentes da geração dos seus pais que tinham exactamente a mesma mentalidade. Sonham com a riqueza, com a luxuria, e com o "se não puder fazer nada, óptimo". Tornámos-nos sedentários. Malandros, despreocupados com o mais interessa, e preocupados com o que não interessa para nada.

O divórcio em portugal, segundo estatísticas, é mais frequente no Inverno do que no verão, pois o tempo é bastante mais frio, mais cru, mais sombrio, também festivo, mas por um dos grandes principais motivos, por ser um período em que instintivamente "hibernamos" as emoções. Que elas se alteram e se tornam mais frágeis, mais irritadiças e quebradiças. O mesmo já não acontece com as taxas de suícido, que ocorrem mais durante a Primavera entre Fevereiro e Abril, segundo uma Tese de Mestrado "O processo suicida numa perspectiva sistémico-familiar" de Júlia Maria Correia Laiginhas de Almeida Gomes do ano de 1996.
Uma outra ideia que se deve ter em conta, é a facilidade com que as nossas mentes são facilmente enganadas, pela publicidade. Já falei em "A diferença entre as lojas...".
É por isso que alguns centros comerciais têm as frutas e os vegetais logo à porta, como é o caso do Intermarchê, porque depois de se comprar algo saudável, a mente automaticamente fica aliviada e pronta para comprar coisas sem necessidade ou coisas calóricas, porque já comprou coisas saudáveis logo à partida. Porque colocou no carrinho, comida saudável e por essa razão, de uma maneira muito instintiva e tássita, compram o que realmente não precisam.
E o que se tem comercializado bastante nos filmes, nos livros, novelas, séries, revistas e publicidade, é a imagem do casal a brincar com os seus filhos, e todos a esboçarem um grande sorriso de alegria. Fossem as pessoas mais inteligentes, e perceberiam que são apenas modelos que não têm qualquer tipo de relação entre si. Que aquilo que se vende hoje em dia, é uma forma de "desleixar" as pessoas, de desleixar ou deixarem de se incomodar com a sua falta de capacidade de educar uma criança. Despreocupam o seu cérebro, porque está na sua cabeça, a imagem bonita do casal que eles, inconscientemente, acreditam estar a criar no seio da sua família  Que as relações com os seus maridos é bonita e estável, que nada os poderá separar. Porque é fácil, tem a cor certa e é bonito de se ver, de se sonhar e objectivar. Mas vem então um grande problema. Nada do que pensam estar a fazer, ou a sonhar, está de facto ou irá de facto acontecer.
Como se pode ver no anúncio da Danone com o novo iogurte "Grego da Danone" (Youtube), percebe-se facilmente que existe um grande fosse entre duas pessoas. Mas não é pelo grande fosso que existe de inteligência. Pois como diz o homem com o QI mais alto do mundo, só se dá com pessoas com um QI superior a 120/140. As pessoas não se dão, apesar de todos parecerem tornarem-se facilmente amigos uns dos outros. Existe ainda muito preconceito, e eu que o diga. Mas aparte disso, o que o anúncio demonstra, é a realidade que continua a existir entre um casal. Neste caso, duas pessoas, que estão a conversar por serem atraentes uma a outra. Duas pessoas que se tenta encaixar um no outro, através dos seus gostos. Juntam-se por interesses e não por instinto. Sim, realmente nos tempos que correm, é muito improvável que duas pessoas se juntem por instinto. No entanto, não estão juntas, porque não sabem lidar, porque não sabem ouvir, porque não sabem aceitar. Existe um mercado tão vasto como existem variedade de pessoas. É bom, é algo positivo, pois existe variedade, mas há variedades que não valem um peido.
Como escrevo em "A selecção sexual..."

As pessoas começaram-se a interessar mais pelo dinheiro uma das outras, terras, carros, bens, ouro, quintas, animais... tudo o que não envolve qualquer "dança". Preferem tudo aquilo que garante riqueza e paz para elas, e não bons genes.
Deixou-se, ou tem-se deixado, o verdadeiro amor de parte. Se alguém não muda, se alguém não cresce, deixamos a(o) namorada(o) e escolhemos outro. Sinceramente, se alguém não quer sequer perder tempo com outro alguém, e nem diria perder tempo, mas é para os burros perceberem, talvez as pessoas crescessem mais umas com as outras.
Basta lembrarem-se de um caso "insólito" em portugal, que acontece há alguns anos sobre um casal que ganhou a lotaria, e que por ganancia, divorciaram-se. Ou até mesmo um caso recente, de uma agente da policia que matou a sogra por causa de uma herança.
Existe portanto, uma grande desordem emocional e amorosa em portugal. O problema é que é um problema que é transmitido e herdado de pais para filhos. É um problema de cultura.
O problema que existe em portugal e no resto do mundo, é a facilidade com que se consegue um objecto. Se uma coisa se estraga, é mais fácil deitar fora e trocar por uma nova, do que tentar arranjar. Se algo já não funciona como esperado, como sonhávamos, neste caso um namorado ou uma namorada, deixa-se, acaba-se tudo e troca-se, muda-se para outro. O que as pessoas não conseguem perceber, é o tipo de pessoa que a outra é, se a personalidade de um choca ou se envolve com a personalidade do outro. Pois como se pode ver no anúncio da Danone, existe muita faísca, muita coisa que não combina e que é razão para se acabar ou quebrar uma amizade. É verdade que temos de escolher bem os nossos amigos. Mas falta algo neste pensamento. Hoje em  dia já não se espera que a pessoa mude, cresça, aprenda ou se auto-consciencialize, que re-escreva a sua própria história. Quer-se tudo agora! No momento! Já! Não querem esperar pelo amanhã. As relações...
Segundo um estudo que fizeram, as pessoas estavam mais propicias a esperar por 100€ no fim do ano mais um dia, do que a esperar por um dia. Preferiam 20€ agora, sem ter de esperar, do que 21€ amanhã. Com a mesma mentalidade, crescem as crianças no mundo da internet, em que tudo é acedido em segundos. É verdade que já não é necessário demorar horas e dias, enfiados numa biblioteca e encafulhados em montes de livros, mas perde-se uma cultura. Uma cultura intelectual. Uma capacidade de processar emoções e experiências. Faz com que as pessoas deixem de ver, para passar a olhar. E estar a olhar, não é a mesma coisa que estar a ver.

Se alguém que "amamos" se torna rapidamente da imagem oposta que criámos desde o principio do namoro/casamento, e falo da imagem e não da personalidade em si, então torna-se razão para "acabar". Se algo não é como esperávamos ou não conseguimos controlar, então isso torna-se uma razão para "terminar" a relação. O problema é que as pessoas não sabem estar numa relação "inter-pessoal". Não sabem ouvir nem sabem estar. Tudo o que pensam que uma relação é ou deve ser, é pelo que vêm nos filmes, nas novelas, nos livros, nas publicidades. São pensamentos comercializados e não auto-criados. São pensamentos absorvidos e não consciencializados ou sentidos.
Algo que temos de "diferente" dos restantes animais no planeta, é que nós conhecemos e possuímos o sentido de "divórcio". Sabemos o que é, e várias razão para a sua existência. Porém, tal acto não acontece nos restantes animais, porque quando é, é para sempre, ou quando não é, respeitam ciclos reprodutivos e de autoridade.
A razão para tantos divórcios, é a razão da irreverência. De jovens que na sua idade mais "sexy", queriam era curtir a vida e achavam que conheciam e sabiam muito por serem sociais. E estas duas gerações, duas gerações que se juntam através da "tecnologia" e novas oportunidades, de uma evolução mundial, e não social focada, vão criar crianças/jovens/adultos inadaptados aos sentimentos que existem dentro de si, mas adaptados aos sentimentos e à forma de amor e de amar, que existe no que os rodeia. É a moda do ser "Social" e ter Facebook. É a moda do ser-se sociável e ter um milhão de amigos, porque é fixe e traz contactos. É a moda elitista que existe, que se vende, que se impinja e influencia. Como retrata o filme "Branded".
O divórcio existe e sempre irá existir, não por continuarmos a ser animais que acasalam com mais do que um individuo, mas porque não existe inteligência nas relações inter-pessoais. Porque não existe preocupação nem dedicação. Existem excessos, obviamente que alguém obsessivo, nunca irá ser amor, mas uma doença mental. Existe interacção, entre duas pessoas, entre um casal, mas não existe confiança, nem fidelidade pessoal. E não falo de dedicação amorosa, mas de dedicação intelectual e emocional. Ainda que não seja fácil perceber se alguém é ou não a nossa peça do puzzle, e as amizades serem melhor instrumento, há muito que se diga de uma relação. Há muito para se dizer das pessoas que fazem e gerem as relações.
O que faz falta é respeito, e aquilo que menos vejo é educação e capacidade de auto-raciocínio.

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A futura geração...
A agressividade...
A geração anti-pedagógica...
Ainda não sei, mas caminho para lá...
Hoje vi...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Os segredos do quarto 39... [2]


Sob os olhares atentos, caminhei até ao fundo do corredor do 1º piso, e encontrei do lado direito uma porta sem número, com arranhões e a tinta queimada da exposição ao Sol. Do lado esquerdo, o nº 40, mal se aguentava em pé e a cor do metal prateado perdia o seu brilho de outrora. "Que sorte a minha, deram-me logo um quarto com a porta a cair aos bocados.".
Semiaberta, espreitei.
Bati duas vezes e abri devagarinho...

A escuridão cobri aquele quarto com duas janelas para o exterior. Estavam trancadas e apenas a luz que conseguia passar pelas apertadas frestas me ajudavam a desenhar um caminho sobre aqueles tacos de madeira velhos, tortos e descolados. Apalpei a parede do meu lado direito, à procura do interruptor. A luz cegou-me por uns segundos, e pude contemplar a porcaria sem vida e sem cor que se despojava à minha frente. Paredes pintadas com um tom cinzento escuro, riscadas e rabiscadas com vários tons de cores de caneta. Não existia carpete. Do meu lado direito, uma mesinha pequena sem candeeiro, uma gaveta e uma portinha pequena, e ao seu lado, uma cama. Um estrado de madeira que pouca força tinha para aguentar o colchão despido de lençóis, com os mesmos embrulhados no seu centro. No topo, uma almofada branca normal, sem forro. Aos pés da cama, a pouco menos de 2 metros, um armário velho. Bem, para resumir aquele quarto, tudo o que estava nele, era velho. Tinha medo de tocar no que quer que fosse, não ficasse com um pedaço na mão. E o chão? Lembrava-me daquelas quedas de chão que surgiam nos noticiários e imaginava-me a cair e ficar entalada nos destroços no piso de baixo.
O mundo universitário, sentia-se nas paredes do meu quarto, como um murmúrio. Parecia um pátio conquistado por crianças da primária. Com gritos e correrias, numa casa oca como o uivo de um mocho.
Pousei as malas em cima da cama, destranquei as portas das janelas e pude ver o nevoeiro dissipar com o vento, mas a chuva parecia estar para ficar. O meu cérebro ordenou-me que abri-se uma janela para deixar entrar ar, para arejar aquele quarto bolorento, mas rapidamente lhe respondi que não. O melhor a fazer era esperar que o tempo ficasse mais calorento. Infelizmente, provavelmente até, felizmente, nada tinha que me retese o dia todo naquele quarto. Tinha de ir comprar um interruptor novo, e uma forra para a almofada. Se eu soubesse que aquele iria ser o meu quarto durante o resto do ano, tinha trazido o meu pai comigo, mas... estava por minha conta.
Arrumei as malas ao quanto do quarto junto ao armário, e dirigi-me para a cama. Pousei os lençóis em cima da mesinha de cabeceira, e levantei o colchão. Queria certificar-me de que estava em bom estado. Parecia bem. Aguerracei as mangas e meti mãos à obra. Estiquei os lençóis, a colcha, e fiz a cama. Atirei com a almofada para cima da cama e deparei-me com a ausência de cortinados nas janelas. Mais coisas para o cesto...
O nevoeiro subia devagar, e o sol espreitava ainda envergonhado ou encolhido daquele frio penetrante, e decidi, por pouco tempo, abrir a janela. Não havia tanto vento como à uns minutos atrás, continuava a chover  mas o sol sentia-se na cara. Debrucei me então, percorrendo aquele pequeno espaço da grande cidade, localizando estudantes trémulos do frio e do medo, carros, passeios, contentores, pombos, lojas e árvores. Ouviam-se os cães comunicar entre si, passando o latido de boca em boca.
O som da chuva sobre as árvores perto da minha janela, hipnotizava-me, mas o frio rapidamente me devolvia à realidade. "Tenho de tentar desenhar esta paisagem..."
Alguém me disse um dia: "Não tentes, faz!" Fazer algo que pode não ficar bonito ou perfeito, deixa-me triste, porque não soube nem sei ser melhor, e tentar parece ser muito mais fácil do que fazer. Mas... fazer sempre é melhor do que tentar. Tentar fazer, ou fazer?
Encostei a janela, sentei-me na ponta da cama e levei as mãos à cara. Aconcheguei-a, escondida. Aqueciam-me a face de nariz rosado e cobriam-me os olhos da solidão morta daquele armário apertado que me fazia lembrar um quarto de uma casa abandonada. Sentia-me pequenina, sozinha, no frio da casa de campo dos meus avós. Tinha chegado o momento de caminhar por mim. Tinha mesmo? É que eu não me sentia minimamente preparada. Senti um aperto no peito e chorei uma lágrima por dentro, desejando voltar a ser criança, de sorriso na cara, de orelha a orelha. Vontade de poder correr e fazer festas ao Cookie. De ser mimada e amada pelos meus pais. Fui atirada ao mundo. Não sinto que os meus pais me enganaram, que mentiram que íamos comer um gelado e afinal ia levar umas injecções. Sei que tentaram preparar-me, mas ser-se sozinho neste mundo, desta maneira, é como tirar a carta de carro. Só se aprende realmente a andar quando pegamos no carro pela primeira vez, com a carta no bolso e não estiver ninguém ao nosso lado a controlar os pedais. Quase como andar de bicicleta sem rodinhas de apoio. Aprendemos a "viver" na sociedade, aos poucos. Mas num "pouco" que desejam à pressa. Numa pressa que não ensina, não educa, não consciencializa. Controlados no tempo, nas emoções, nas opiniões. Numa sociedade "democrática" sem liberdade, quer de expressão, quer de opinião. Tinha saudades da minha pequenês.
Ouvi um caminhar junto à porta, e lancei os olhos para a maçaneta. Bateram três vezes. Esperei um pouco e levantei-me enquanto verifica a arrumação daquele quarto velho e rabugento. A maçaneta estava gelada e ao abrir, senti os meus dedos colarem-se a ela. Fui apanhada como um insecto! "Ui tão frio...". Senti um arrepio na espinha.
Abri a porta e diante de mim uma luz dourada brilhou, trespassando-me os olhos. Os raios de sol cegaram-me e depressa ergui a mão para criar uma sombra. A pequena janela fizera a sua primeira vitima. "Com caraças!" pensei eu. Mas antes de me recompor daquele "violento" ataque, fui "agredida" de novo.
-- Ola! Eu sou a Cláudia. -- disse a rapariga com um sorriso metálico.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Os segredos do quarto 39...


Sentia o peso das malas nos dedos frios das minhas mãos expostas à chuva. O sol sorria, medricas, entre as nuvens negras que roubavam das pessoas, qualquer sorriso, e até a mais berrante cor que pudesse ser apreciada ou odiada por ser diferente, parecia lavar. Um tempo tão negro que fazia o dia virar noite.
Continuei a íngreme caminhada por aquela rua de Coimbra, num passeio tão largo que parecia levar-me a roma. Vi a Universidade no alto, ao lado direito, e soube que os dormitórios ficavam já na rua em frente, logo depois da rotunda e da estrada construída em grande pedras quadrados e negras como aquela manhã.
Os meus pés doíam, o meu corpo arrefecia e o casaco já molhado, transformava-se em mais um fardo físico. Sabia que estava perto e não valia de nada parar, mas era o que mais me apetecia. Então mas eu tinha feito uma caminhada pela Serra da Estrela de 18km e queria parar a algumas dezenas do meu futuro quarto? A verdade é que não tinha pressa para ir a lado nenhum, e pouco conhecia a zona. Sabia que o Shopping ficava por perto e que existe uma paragem de autocarros alguns metros mais à frente. Por enquanto, queria apenas acomodar-me, conhecer o espaço e preparar-me psíquica e fisicamente para o que me aguardava dali a alguns dias.
A chuva tornou-se mais forte, a ela juntou-se o vento e o barulho dos carros a derrapar sobre a película de água que se formava na estrada de alcatrão. A cor esbranquiçada e gasta do grande edifício perdia-se naquela manhã escura, de edifícios adjacentes velhos e portas antigas. Um ambiente rústico que camuflava um edifício com pouco mais de 200 anos, e digo isto porque as universidades eram bem mais antigas e continuavam a manter a cor, a forma, e até as telhas permaneciam inteiras. Bem... não era a mesma coisa se o edifício não tivesse a cair de velho. Não seria a mesma coisa, nem haveria o entusiasmo, a excitação ou talvez o receio, de ficar à espera do dia em que tudo ruísse. "Só espero que não caia comigo lá dentro..." pensei eu enquanto atravessava a passadeira, tentando ao mesmo tempo evitar ser atropelada por vários aceleras. Maravilhava-me, de certa maneira, com a atmosfera enigmática que aquele edifício "perdido" no tempo e escondido da sociedade industrializada e tecnológica, que trocava e actualizava o que era velho e já não tinha piada. Diziam os entendidos, que as coisas velhas são para se deitar for e serem substituídas por coisas coloridas, com designs futuristicos e serem uma parte da pessoa e não um "aparte" da pessoa. Achavam que a casa não era apenas um local para descansar  mas um espaço cultural para poder "guardar" o nosso individuo. Não eram locais onde re-criar as bibliotecas dos nossos antigos avós da cidade, se queríamos um livro íamos à internet ou à biblioteca da escola. Estávamos numa era tão elitista, que toda uma geração de cultura se perdia e enterrava no entulho das casas velhas que mais ninguém queria ou não tinham dinheiro para arranjar. As casas, tornavam-se assim, vazias de quaisquer interacções ou comunicações. Já não existiam palavras nem risos para bater nas paredes, apenas o som do teclar ou de um "lol" solto sem sentido.
À porta de entrada, sentavam-se a fumar algumas raparigas, que claramente não partilhavam a mesma idade, mas o mesmo vicio cancerígeno. "Com licença" disse, enquanto tentava, ginásticamente, subir as escadas desviando-me daquelas árvores velhas que não se arredavam nem por nada. O extenso corredor, com o que pareciam ser centenas de portas velhas e sem alma, enchia-se de algumas malas e pequenos grupos de raparigas à porta dos seus quartos, num circulo que estaria eu ainda por descobrir, se seriam de amizade ou por interesses.
Entrei, dei alguns passos, e ouvi gargalhadas estridentes no quarto ao meu lado. Tinha chegado à selva. Ao campo de guerra. Pisava o risco, e estava metida em grandes sarilhos. Mas o pior, é que eu não sabia onde estava esse risco, que forma tinha, qual era a cor, e se mudava de posição com o tempo. A carpete suja e gasta, fora derrotada pelas gerações de raparigas que em nada se preocupavam com as lidas da casa, com a sujidade ou com aquilo que não lhes pertencia. Usavam até ficar estragado, e depois de estragado, tentavam arranjar alguma maneira de pôr a funcionar. Mais ou menos. E como prova disso, eram algumas das portas às quais já pouco ou nada restava das maçanetas. Ou da tinta branca das portas, que se preenchiam de buracos, de tinta a estalar e autocolantes mal arrancados. Alguns, até se pionéses tinham, ou rasgos profundos que desenhavam letras e palavras, frases muito educativas como por exemplo "ÉS UMA VACA" ou "CABRA", "ANDRÉ + ANA = <3 ". Se era isto que encontrava nas portas dos quartos, nem queria saber o que me esperava nas portas das casas de banho.
Os olhares colaram-se em mim, e as conversas cessavam à medida que passava por todas aquelas leoas com as garras de fora à espera de me atacar pelas costas. Ao fundo, junto às escadas para o 1º piso, as casas de banho. Retirei o papel do bolso do meu casaco e tentei memorizar o nº da porta do meu quarto. "39". Sob os olhares atentos, caminhei até ao fundo do corredor do 1º piso, e encontrei do lado direito uma porta sem número, com arranhões e a tinta queimada da exposição ao Sol. Do lado esquerdo, o nº 40, mal se aguentava em pé e a cor do metal prateado perdia o seu brilho de outrora. "Que sorte a minha, deram-me logo um quarto com a porta a cair aos bocados.".
Semiaberta, espreitei. Bati duas vezes e abri devagarinho...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

É algo que imita, ou algo que é?


[Time by ~Daizy-M]

Há coisa de +/- 2 meses, no Forum de Coimbra, deparei-me com um cenário interessante. Mãe e filha, paradas na escada rolante que subia. A mãe encostava-se do lado esquerdo, com a mão na anca e posicionava as pernas em forma de 4, como é natural fazer. Olhei então para a filha, e encostava-se do lado direito, com a mão na anca e as pernas traçadas num 4. Era o espelho da mãe.


Como já li em vários livros, é natural uma criança copiar os movimentos dos pais. É uma mímica que os ajuda a desenvolver rapidamente sem ser preciso pensar muito sobre o assunto. Sabe-se que é algo instintivo, mas...
Se por um lado é uma prova de que os "neurónios espelho" realmente existem, pergunto-me então, até que ponto, parte da personalidade dos pais passou para os filhos. Neste caso, passa. Existe hereditariedade de pontos, ideias ou sentimentos?
Como debato em: 

Algo interessante sobre estes comportamentos mímicos, é que existem filhos que pretendem des-associar-se dos pais e outros que seguem as suas pisadas e as perpetuam por infindáveis gerações.


Mas focando-me no assunto. Será realmente uma mímica instintiva, ou apenas uma maneira de estar que hereditou? O facto de alguém dizer que uma criança se parece com o pai ou com a mãe quando eram novos, apesar de os próprios filhos nunca terem conhecido as atitudes dos seus pais quando eram da sua idade, a não ser através de histórias, significa que parte da personalidade dos seus pais foi transmitida geneticamente  Ou que simplesmente, quando eram pequenos, os seus pais agiam +/- da mesma maneira que agiam quando eram mais novos e isso influenciou os seus filhos?
Mas isso não explica o sucesso, a inteligência  ou falta dela, a capacidade de aceitar coisas que os seus pais tiveram ou não têm. Explicando melhor, Uma criança inteligente pode surgir num seio familiar com um baixíssimo grau escolar ou de cultura geral. Significando então que a criança não copiou os pais de qualquer maneira, mas que se sobrepôs a eles mesmos. Mas outros nascem filhos de pais inteligentes, e tornam-se inteligentes.
Talvez um ponto fulcral, é a maneira como se educa a criança. Como se lida com as situações e como se as expõe no sei familiar. Uma criança que emita a postura física da mãe ou do pai, poderá mostrar algumas ideias.
Poderá mostrar que se associou, que se agregou à personalidade da mãe. Que fez da mãe uma pessoa importante e necessária para a sua vida.
Poderá mostrar que a criança tem facilidade em imitar, dependendo da perspectiva  porque podendo não se conhecer quem é, usa os outros como uma imagem a seguir. Com uma personalidade que deve estudar. Todos nós já imitámos alguém. O pai, a mãe, o irmão, os amigos, os primos, quer fisicamente, psicologicamente  anedotas, frases, roupas, objectos, etc.
Poderá demonstrar num outra perspectiva  que por ter facilidade em imitar, gosta de fantasiar personagens. Ou se identifica com várias pessoas.

Poderá mostrar que, sim, é uma maneira de crescer, mas imitar poderá ser algo perigoso. Poderá mostrar que é esse o exemplo que acha mais correcto, pois é perpetrado por um adulto. O que poderá criar um sério problema pois a criança assume a mímica que faz como correcta, positiva e algo que se usa no mundo natural humano ou em sociedade. Dependo obviamente do que imita, a criança tanto poderá sair prejudicada como beneficiada.
Voltando então às posições da mãe e da filha, na escada rolante. Pôde-se ver com facilidade, que aquela era a filha dela, e que a senhora era a mãe. Significa então que existe um impressão digital para cada família? Sabe-se que, hoje em dia, os genes transmitidos, são, a cada geração, menores que na geração anterior. De certa forma, podem significar uma limpeza aos genes que não são necessários ou que simplesmente estão a mais, que são lixo ou estragam a própria estrutura de luta dos vírus.
Filhos de homens mais velhos têm mais mutações
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Uma ideia a reter disto, é a de quando vamos na rua, e parecemos ver alguém ao longe ou do outro lado da estrada, de costas, e pensamos que é um conhecido. Ficamos calados e tentamos olhar-lhe a cara. Até ao momento que caminhamos até à pessoa, o nosso corpo estuda o caminhar, a maneira como os ombros balança, o cabelo, a cor, o tipo de roupa, sapatos, e as mãos ao longo do corpo. É uma impressão digital individual. É, de facto. Mas numa família, é possível ver um padrão? É possível ver uma impressão digital? Estatística e psicologicamente, é "praticamente" impossível ver uma maneira própria de uma só família  nem que contemos só com os filhos e os pais. Apenas é possível  e falando por mim, acredito mesmo que seja possível  associar uma determinada criança a um pai/mãe através de um simples olhar, de perceber como interage ou fala com os objectos e as pessoas, quando o laço entre pais e filhos é forte. Não é preciso fazer nenhum estudo para perceber isso.

A impressão genética, está presente na cor do cabelo, tipo de cabelo, cor dos olhos, nariz, lábios, orelhas, etc. Como se estuda em Ciências no 7º ano. Mas uma impressão genética levanta perguntas como nos textos que escrevi e mencionei mais acima. Uma criança, como animal que enfrenta um mundo que desconhece e do qual nada sabe, nem como funciona, com os anos aprende as teias que regem a sociedade, e se tiver sorte, a da psicologia, daquilo que o faz um individuo. Por isso, é natural e um mecanismo que ela mesma possui, uma capacidade adquirida ao longo de milhares de milhões de anos. Mas até que ponto é algo "natural" no sentido de ser aprendido, educado e ensinado através da visão e da experiência própria (óbvio) e não uma descendência de genes?
Mas até a hereditariedade tem limites, tem deficiências. Até um grande impacto profundo no foro psicológico poderá criar uma visão das coisas completamente diferente da normal. E o que é "normal"?

Uma ideia interessante, é a de: Se a personalidade de um individuo, gostos, ideias e opiniões são criadas apenas pelo individuo, na cabeça do individuo, até que ponto realmente as ideias de uma pessoa, as opiniões, as maneiras de ver o mundo, de o sentir, de pensar, de compreender, a consciência  a forma de vestir, a maneira de lidar com as coisas é algo individual, é algo criado pelo próprio e não pela própria sociedade? Pelas empresas, pelo marketing? Até que ponto a mímica "animal", é utilizada para outros fins que não algo natural?
Até que ponto a auto-aprendizagem do mundo através de "neurónios-espelho" é algo nosso, ou se mantém no nosso controlo?
Até que ponto as nossas opiniões deixam de ser as nossas para serem opiniões globalizadas, consciencializadas, pensadas e formuladas por outros? Existem modas, existem estatísticas, existem padrões. Até que ponto alguém é ela mesma?

Monkey See, Monkey Do? The Role of Mirror Neurons in Human Behavior
Mirror Neuron Forum.
Neurons That 'Mirror' The Attention Of Others Discovered
Distinct Brain Cells Recognize Novel Sights


É algo que ela cria e usa, ou algo pelo qual ela se deixa usar?