sábado, 7 de junho de 2014

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [18]


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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [17]

Ao chegar a casa, apontei o teu nome numa folha de papel e tracei um risco apressado na pequena folha e escrevi o nome "Joana". Por baixo de cada uma, enumerei os gostos, a cor da roupa, a cor do cabelo e dos olhos. O teu perfume, as tuas lojas "preferidas" e o teu gelado favorito. Anotei a morada da tua casa no topo e a matrícula do carro. Precisava de uma foto e de uma peça de roupa interior, suja do teu suor, para guardar na gaveta que me ouve os pensamentos sombrios durante a noite e os tormentos daquelas que me provocam, durante o dia. Deves ser estudada com minuciosidade e principalmente, comprada. Ramos de flores e chocolates devem ajudar, e talvez até uma lingerie que andes a namorar à algumas semanas. Mesmo não tendo homem, continuas a usar. É como não trazeres cuecas por baixo e as pessoas não saberem. Adoras correr esse risco. Ainda me lembro do soutien e das cuecas que trazias naquela noite tão intensa. Preciso de te voltar a ver, nem que seja só para te ouvir falar, e me provocares novamente com esses lábios e essa língua.
Saí de casa e dirigi-me a uma loja na baixa, de lingerie e roupa interior feminina. Comprei-te um conjunto caro, no teu numero, que te ficará irresistível. Pedi a uma empresa que entregasse a caixa -- controladamente decorada e enlaçada, com um cartão simples, seguro na ponta com um pequeno e fino cordel branco -- no teu local de trabalho, antes da hora de almoço. Juntava-lhe uma pequena rosa vermelha fechada e um pequeníssimo toque do meu perfume. De certo que te recordarás dele... E para o toque final, um doce de chocolate delicioso, escondido entre o conjunto que ofereço.
"Por uma noite especial,
Uma surpresa..."
A senhora florista tem uma letra bonita. Não foi preciso mais do que um desapertar do botão da sua camisa para ela o fazer de boa vontade. "É uma sortuda!", comentou enquanto o escrevia. Ela tem sorte em ser a única a quem posso recorrer utilizando como ultimo caso o meu corpo e o pulso forte no seu, pela simples razão de fazer arranjos bonitos e únicos que as mulheres "simples" tanto adoram. Continua viva, porque preciso dela.
O embrulho foi entregue e iniciei a minha caçada. Caminhei por um grupo de raparigas que ao passar por mim se tornou num túmulo de olhares suspeitos, partilhando um roubo, que sem saberem, saltava de mão em mão, como brincos que não queriam partilhar mas que todas tentavam meter a mão só para "ver melhor".
Desci do passeio e atravessei até ao outro lado, sentado-me ao lado de uma rapariga nova, que esperava numa paragem de autocarros de pernas cruzadas. Olhei-a nos olhos e cumprimentei-a com um sorriso suave de dentes brancos. Devagarinho pus o meu charme a funcionar e prometi-lhe boleia até à escola depois de partilharmos mesa num café lá perto. Ela entrou um pouco nervosa, de sacola sobre as calças jeggings de tecido acastanhado. Pôs o sinto e admirou o carro luxo em que se sentava. Estava rendida, conseguia lê-lo na sua cara.
Liguei o carro e tranquei as portas. Virei na curva errada, e disseste-me que me tinha enganado. Eu não liguei, limitando a responder-te com um sorriso perturbador. Não disseste mais nada o resto do caminho, até chegarmos a minha casa.
-- Este dinheiro é teu, se entrares comigo. -- disse à miúda, que me olhava tremendo de medo. -- 500€! Aceitas?
-- 500€? -- perguntou pasmada a olhar para o maço de notas na minha mão. -- O que tenho de fazer? -- perguntou-me nervosa e tímida, de olhos colados por todo o meu corpo.
-- Tudo que te apetecer fazer. Sou a tua fantasia tornada realidade.
-- Bem... não vai filmar-me pois não? -- perguntou novamente, insegura.
-- Só para mim. E no fim dou-te uma cópia. Se quiseres, claro!
A estudante, olhou uma ultima vez para mim, engoliu em seco e tirou-me o dinheiro da mão. Abriu a porta e deixou-se estar junto ao carro enquanto eu dava a volta para lhe indicar o caminho até à entrada.
Uma lufada de incenso suave recebeu-nos à entrada, provocando-nos os órgãos sexuais. Devagar entrou, acautelando-se, absorvendo toda a simplicidade e conforto. Sugeri-lhe um acento no sofá, que aceitou mansinha. Trouxe-lhe um copo de vinho, com um sabor suave e doce, pousando-o na mesinha à sua frente.
Sentei-me ao lado dela, sobre a minha perna direita e cotovelo no topo do sofá, olhando-a com um sorriso. Olhou-me envergonhada, apanhou o cabelo para trás da orelha do lado da face rosada e brincou nervosa com uma prega das calças.
-- Nunca fiz nada disto. Estou um pouco nervosa.
-- Não precisas! -- aprontei-me a dizer. -- Bebe um pouco, relaxa, descontrai. Este dia é só teu.

Recebeste a minha surpresa?


Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [19]

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Está agora a tocar o José Cid na Mealhada, do outro lado da estação. Já passaram à porta de minha casa umas quantas raparigas novas e mulheres trintonas, e eu aqui sentado a escrever este tipo de textos... Tenho de redefinir as minhas prioridades e começar a sair mais de casa, para "caçar". Se não fosse tão tímido...

2 comentários:

  1. Realmente o poder que o dinheiro tem... Nunca me vi numa situação assim mas, em primeiro lugar, não sei se aceitaria sequer o café. Esta necessidade das mulheres terem a atenção toda para elas consegue ser, em simultâneo, a sua desgraça. Decerto a encomenda já foi recebida e o ego subiu. Mal ela sabe. Mal esta jovem desconfia. O sexo é sempre tão importante...

    p.s.: Acho que sim, que devas sair para "caçar". Mas nunca como este homem, espero.

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  2. Estamos em crise e as raparigas precisam de dinheiro para pagar os estudos que são tão importantes para elas. Há muitos anúncios de raparigas de 18/26 anos que se prostituem para pagar as despesas da escola e até fazem de acompanhantes de luxo. Só ouvi falar e vi num documentário, nunca tive a experiência de conhecer uma.

    Sou muito tímido de sair para "caçar". E tenho pena que não o faça como este homem. Falta-me a confiança e ser capaz de controlar a tímidez. Isso é mau? Porque dizes que devo sair? Essa frase tem duplo significado? xD

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