domingo, 27 de setembro de 2015

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [40]


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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [39]

-- Já sabes onde é a minha verdadeira casa, está lá esta Quinta-Feira às 6h. Vou-te dar o que tanto queres.
Ela de sorriso largo na cara, beijou-o na face e viu-o sair sem dizer mais nada, sem nunca a olhar nos olhos. Saira simplesmente, focado e decidido.
Sentiu as borboletas no estômago com tanta ansiedade, desejando que já fosse Quinta-Feira, que não dormiu nessa noite. Entrara na DeepWeb para fazer alguma pesquisa e saiu à rua para poder sentir as pessoas. Nenhuma delas sabia que podia aparecer morta no dia seguinte, de garganta degolada ou deixada paralisada num canto escuro de uma floresta, violada. Atraída pelo perfume ou pela conversa de caça.

Quinta-Feira, 5h40. Estacionou o carro dentro da propriedade e dirigiu-se ao portão da pequena fábrica antiga. Aproximou-se devagar, levou a mão à pega do portão em metal e tentou-o abrir. Cheirava-lhe a lixívia e a terra molhada. No céu antecedia um fumo espesso. Ele estava lá.
De repente, mesmo á frente dos seus olhos e do seu ouvido, que encostara para ouvir, rugiu-lhe um som metálico seguido de uma força raspar-lhe quase a cara. Ele abrira o portão com tamanha força e rapidez que ela se acagouçou de medo. Paralisada, viu a figura do psicopata assassino com quem decidira brincar aos papás e às mamãs. Era melhor ganhar coragem ou fugir dali de uma vez.
-- Estávamos à tua espera. -- sorriu-lhe. -- Entra, vamos começar?



quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Não sou histórias repetidas...


Sabem aquelas histórias, tristes da vossa vida, ou as loucuras que já fizeram, que contam vezes e vezes sem conta a todas as pessoas que conhecem? Eu tenho uma radio-cassete cheia dessas histórias.
Conto-as várias vezes, tanta vez, que já lhes tirei os pequenos pormenores. É uma palestra tão monotonamente decorada que estou tão farto de repetir que nem sequer me apercebo que só hoje as repeti umas duas vezes.
Talvez seja só eu. Talvez seja de mim. Uma tentativa atrás da outra, na esperança de me ligar a alguém que me compreenda, ou só mesmo que me ouça. Quero ser ouvido? Ou quero que tenham pena de mim? E aprenderem comigo, não era melhor? Falsamente é nisso que acredito; Que as minhas histórias são experiências. Mas estas experiências não têm grande valor na verdade. Ajudaram-me a crescer, é certo, mas hoje são só um disco riscado que ouço e conto sem pensar, porque me habituei à infelicidade do que sou enquanto história de mim mesmo.
Eu não quero ter cassetes, não quero ter histórias destas, quero aventuras! Quero coisas únicas, algo que ensine, que faça rir, que entretenha. Quero contar os meus fracassos aos meus filhos para que eles aprendam através de mim, mas que estes fracassos não façam só parte daquilo que sou.

Eu não sou só esta tristeza.
Eu não sou só estes desamores e sofrimentos.
Eu não sou apenas um jovem amargurado.
Eu tenho incertezas como todos os outros, mas não vivo apenas delas.
Eu sou mais do todas essas cassetes decoradas. Sou uma palestra interessante, acredito.
Sou interessado em aprender, em lidar com crianças, em cozinhar, em amar, em ouvir, em argumentar, em escrever, em fantasiar, e em mil e muitas coisas.

Quero deixar de contar as histórias de experiências falhadas, pois tudo o que sou aos meus olhos não passam de 5/6 contos que comandam as minhas acções. Sou mais do que isso. Muito mais...
Sou capaz de tanta coisa e foco-me apenas nas que me deixaram triste ou frustado. De qualquer forma fico feliz por mim, porque sou capaz de ver o problema de várias perspectivas. De desmontar a ideia e trabalhar em algo diferente. De criar um argumento melhor, solidificar a minha opinião ou emparedar um gosto caricato.

"Who are you? You are not you'r age, color, ethnicity. You'r not possessions, hobbies, believes. If you take away everything you have identify your self with: family, kids, everything; What would be left? who are you?" - Pig (2011)"
Em: O sofrimento do mundo...

Mas lá no fundo, o que sou sem tudo isto? Um conjunto de sentimentos e experiências? Sou o impacto que causo no mundo? Sou o que faço e recebo dos outros?
Na realidade, espremido, não sou nada... Existo apenas na minha mente. Existo apenas nas minhas histórias. Existo num vazio sem sentido, tal como este texto.

Não sou histórias repetidas, sou os bons momentos que ainda não tive oportunidade de contar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Sê diferente, mas consciente...



Após a tua morte deixarás o que trouxeste no teu nascimento.
Perante o teu fim irás perceber que o valor da vida não existe. Que não somos nada. Um universo sem humanos seria a mesma coisa. Na mesma belo, na mesma magnífico e incrivelmente fascinante.
Mas se estás aqui, por vontade ou não, encontra um buraco, escava um e faz dele o TEU buraco.

Ainda te lembras de quanto tempo demoraste a aprender a gatinhar? A andar? A distinguir cores? Objectos? Ou quanto tempo precisaste para atar pela primeira vez os sapatos? A escrever as letras ou o abecedário?
Talvez não te lembres, mas todos os dias foram uma luta. Todos os anos te sentias mais alto e mais capaz. Os livros e os filmes, com o tempo, começaram a ter uma história mais interessante com ideias que nunca tinhas percebido.

Por isso chora, esconde-te, grita, mas não tenhas medo, não desistas, estás a crescer. E se errares!? Se errares, aprende com eles. Re-escreve-te.
És um animal magnífico, acredites quer não. Adopta um cão ou um gato. Perceberás mais tarde, que a domesticação foi o melhor que a nossa espécie alguma vez conseguiu alcançar sem tecnologia.

Quando te voltares a sentir triste, pega num livro de receitas de doces e faz um bolo. Se correr mal, faz de novo. Lembra-te: é através das experiências que crescemos! Demoraste anos a aprender a atar os teus próprios sapatos, por isso dá-te um desconto. Estás a aprender, a crescer!

"Se caíres sete vezes, levanta-te oito."

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Se este texto te ajudar, deixa umas palavras, também eu preciso de saber que faço falta neste mundo...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Se precisares de mim...



Abro os meus braços e deixo que caias no meu peito. Agarras-me, envolvo-te e choras. Conheces de cor a maneira como os meus braços te tocam no corpo e isso deixa-te ainda mais triste. Cais tanta vez junto de mim, que julgas já não saber fazer mais nada a não ser chorar, dos erros, e depender de mim para te limpar as lágrimas.
Dizes-me então que não és fraca e que não precisas de mim, mas não falas das coisas e isso envenena-te por dentro, destruindo a fraca confiança que tens de ti mesma.
Os abraços já não chegam; Nem as palavras, nem a minha presença, o ramo de flores e o bilhete surpresa. Isolaste do mundo. Pões uma máscara dos "dias tristes" e deixas-te ficar na cama, a soluçar entre lençóis que falsificam o calor do meu corpo e a força dos meus braços.
Uma e outra vez, perdes o equilíbrio e precisas de mim, do meu ombro, para que voltes a olhar para cima. Aprender que se caíres sete vezes te levantas oito.
Este sorriso que trago comigo, não é um gozo do teu sofrimento, é o meu amor por ti, que te espera para poder proteger e ajudar a ultrapassar mais um degrau na aventura a que chamas inferno.

Se precisares de mim, não precisas de correr à minha procura, estou mesmo ao teu lado, onde sempre estive e onde sempre estarei. Decidas o que decidir, erres o que errar ou desesperes pela dor que aperta o peito, eu estarei aqui, para te ouvir, para te apoiar, para te ajudar a crescer.

A solidão é um buraco escuro que deves aprender a controlar.

Abraça-me.