quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O leito da morte, num jardim por colorir...



Descalça, sinto os pés frios, a água molhar-me...
A saia preta, esvoaça gentilmente com a força da chuva...
Sinto os relâmpagos caírem perto de mim, iluminando o chão ladrilhado
tijolos de burro acho eu...
A noite turva o que me rodeia.. sinto-me levar...
Sinto-me caminhar nesta estrada, sinto medo.. pois não me posso controlar.

As minhas mão gelas, queimam-me os braços que esfrego, tento manter-me viva... quente.
A brisa leva-me a alma, leva-a para longe desta estrada... para o céu escuro, sombrio...
E as asas que antes me faziam sonhar com voar, desaparecem... com suspiros... murmúrios...

O frio começa a cortar-me o corpo, a cortar os fios que me suspendem neste mundo... que me ajudam a lutar e a manter viva...

A estrada que se ilumina efémuramente, apaga-se atrás de mim... deixando somente o vazio negro.
Emoções, sentimentos que voam como folhas... que afogam a minha mente frágil, triste...
E quando fecho os olhos, ergo a beleza com que nasci e sinto a chuva bater-me nos olhos...
sonho a vida, os aniversários, as brincadeiras...

Cheiro a natureza que me rodeia, pesados ficam os meus olhos, encharcados de pesadelos, de desabafos, do sujo que trago naturalmente dentro do meu corpo...
Rodopio em abraços, em sorrisos que me encantam e perfumam a alma...

E ouvindo o som do mundo, da chuva que cai, de cheirar a terra e o ar, de sentir o mundo tocar e penetrar-me o peito que se mantém forte e cresce ao que enfrento e vejo... caminho...
Para o sonho que desejo acabar, para a realidade que invento e vejo criar...

Sonha comigo meu príncipe,
deseja-me no teu leito meu romeu... e serei tua Jolita de sonhos e sentimentos que encanto e enlaço de prazeres...

Suspirando neste altar frio, onde jazo neste corpo sem vida, sonho e sinto relâmpagos, que me iluminam a estrada para a entrada deste buraco negro que vejo ao fundo...
Pintando o ar com estrelas que desvanecem... perfumando o ar, provocando sentimentos extremos que me arrepiam a espinha.. morro, e comigo te levo neste abismo que se fecha...


Assombrarei todos os teus sonhos, todos os teus dias, todos os teus pensamentos... só para te sentir...
junto de mim...

adoro-te...
Dark Sanctuary - Des Illusions


Un regard
Une illusion
Un sourire
Une autre illusion
Une main tendue
De nouveau une illusion

D'allusions sont faits mes rêves
D'illusions est faite ma quête

Le vide
La réalité
L'amertume
La dure réalité
La solitude
De nouveau la réalité

Je me suis lassée de cette humanité
J'ai la vision de lutter seule contre tous


Uma canção muito bonita... e que me deixa sempre um toque de melancolia...

sábado, 21 de novembro de 2009

Fragrância de uma alma triste...





Sento-me, neste banco do jardim...
Olho o chão, as folhas, as cores...
Sinto o cheiro no ar, e o vento soprar...

Ainda que vestido "formalmente", não gosto desta capa...
Deste invólucro de máscaras.

Das raparigas que vi hoje, apesar da saudade, não me atrevi a falar-lhes, fiquei em pânico...
Entrei em modo de auto-defesa.
Instinto que me torna o eu, que me transforma numa pessoa fria, distante, fechada...
Alguém que enojo por vezes, alguém que amo quase sempre.

Às vezes ver-me-ão sorrir, "conviver"...
Mas desenganam-se se vos quero mais perto que estão.
E ainda que não me conhecer por dentro, por vezes, a vossa presença é-me uma ameaça...

E como instinto... vos afasto, com gosto!
Se me sinto mal por não haver troca de carinho, por não haver comunicação entre mim e os meus pais?
Já passei por tanto, já me habituei tanto a isso, que para mim, quando o faço, sinto apenas o corpo mais pesado, talvez um peso na consciência, mas não me preocupo se sofrem ou não...
Pois tal como eu! desprezo sentimentos e emoções...

Neste jardim, onde o tempo costuma parar, viajo deste mundo frio, para dentro do que sou e me mantém confortável..
Sim, é mostrando que sou forte e insensível, que escondo o contrário que sou por dentro...
Ninguém me conhece, ninguém se importa, ninguém me vê...
O mesmo faço aos outros...

Ignorando o que vejo, o que sinto, o que me fragiliza, torna-me neutro, mais capaz.
De um hábito cresci... da queda me ergui.
Estou "diferente", um diferente evoluído, estou mais distante...

E se tenho pena de perder "os momentos da vida", não.
Desde de que me sinta bem comigo mesmo.
É como um suicídio emocional...

Cresci, transformei-me, e evoluo...
Envolto nesta raiva negra e cega.
Também eu sorrio. :)
Mas o instinto que me transformou e criei, proibe-me de ser igual...
Proíbe-me de me envolver.

Sou e obrigo-me a ser diferente.
Neste pequeno lugar, neste banco frio e molhado pela chuva, me deito e com os meus cabelos absorvo a chuva miudinha que começa a cair...

Olho o céu, sinto a chuva e a brisa leve, vejo as folhas cair, vejo o mundo girar parado.
Aos meus olhos, tudo o que vejo é beleza!
Raparigas bonitas, palavras doces, caras meigas, simpáticas, mãos suaves... cabelos lindos!
Desmontem-me, e verão que tudo o que sou, são bolachas de chocolate, rios de sabores, chupas, reboçados de caramelo, e uma corrida pela erva no inicio do verão...

Devorem-me, e sentir-se-ão confortáveis!
Amadas, ouvidas, respeitadas, sonhadoras...
Leiam-me, e verão a paz e amizade que trago serão mais do que a cara fria, e possuída pela melancolia e nostalgia, possuída pela fome de ser diferente. Possuído pelo sofrimento que não desaparece...

Não queiram ser meus pais, não queiram ser meus inimigos...
Apesar de ainda possuir carinho, ele pode vir a desaparecer com o tempo, assim como eu...
Depois vêm dizer:
"-- ele era tão bonito, e eu gostava tanto dele.."
"-- sempre o tratámos tão bem em casa, fomos uns pais excelentes.."
Pois, cresçam! e façam acontecer!
Esqueçam os medos que vos impedem de falar com as outras pessoas, pois esta vida, estes momentos, estas oportunidades só acontecem 1 vez.

E eu aproveitei-as todas e fiz acontecer, no tempo em que a tive.
E não me dou a conhecer, para que não voltem a brincar mais com os meus sentimentos!

Respirem-me... e deixem-me ser quem realmente sou por dentro desta "máscara".
Sinto as gotas baterem-me na cara, nos olhos fechados, nas costas das mãos...
Inspiro, e sinto o perfume das flores que me rodeiam, que as nuvens me rodeiem! me levem dos céus, e me pintem com o arco-íris...

Trago o balde de ouro numa mão, e uma flor simples na outra...
Aceita-me, compreende, ouve-me, e dar-te-ei a flor bela que trago protegida...
Ama-me, e farei dos teus sentimentos, algo mais valioso que ouro e diamantes!

Deita-te nos meus sonhos, pintados ou enfeitados...
E rabisca-os! Re-pinta-os!
Enfeitiça-me, princesa, com o encanto do teu sorriso e com o amor da tua alma, ressuscita também tu a minha...

Afasta-me os pesadelos com a tua mão pelos meus cabelos, e adormece ao meu lado.
Beija-me, sente-me a pele fria e aquece-me o corpo cansado...
Olha para mim pequena e irrequieta...

Sonha-me... no teu mundo de encanto e turbulência...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Extremos na música... mas não nos sentimentos...


Bethoven - The great opera


Sociopath- Narsist

Na fila de espera...




Porque raio as pessoas têm tanta pressa em serem atendidas?

A loja só fecha ás 21:00h!
Além disso, quanto mais pressa têm, mais lento vêm o tempo passar...
Estão com pressa para alguma coisa? Para ir a algum lado?
Se ainda tivessem a morrer... era compreensivel...

Viessem mais cedo!
Eu não vejo qual a pressa, eu espero o tempo que for necessário e não atrapalho!
Tenho imenso tempo...

As pessoas vivem tão obcecadas com o consumismo, que acabam por ter pressa de serem atendidas só "porque sim".
Trazem tanto stress entranhado na mente e no corpo, que a única coisa que querem é comprar o mais depressa possível... têm medo que o stock acabe?

Não admira, com tanta gente como vocês no mundo, aquilo acaba-se num instante.

Relaxem, desfrutem do tempo e do ar, e respirem, fechando os olhos à tempestade que se forma à vossa volta.
Vocês dão demasiada importância a uma coisa tão insignificante... relaxem!
E quando tiverem mais calmos, mais tranquilos e sem pressas ou stress, olhem á volta, e vejam a figura que os outros fazem por algo tão insignificante... aperceberam de que lutam para serem as primeiras a serem atendidas, como quem luta por o ultimo chocolate, a ultima pastilha na caixa...

Olhem à volta, e vejam a suciedade que vos transforma.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um tempo num sentimento...

O tempo que me passa pelas mãos, desde o acordar até ao anoitecer... é tempo que não vejo, que não sinto, que não desejo...

Começo a perder-me aqui, neste espaço, neste tempo paralelo.
Onde nem sinto, nem tenho vontade, onde crítico mas não escrevo.

O desejo de escrever apaga-se, e o tempo toma conta do meu corpo cada vez mais cansado, de uns olhos feios e pesados a cada piscar.

Aqui, vejo as pessoas preocuparem-se, ralharem-se, enervarem-se, talvez tenham razão...
Mas eu não me importo, nem me preocupo, nem o quero fazer...
Para mim tudo é tão "banal" que o ralharem comigo ou chatearem-se, é-me indiferente...

E ao me verem tão despreocupado com coisas que a elas é-lhes tão importante, tão preocupante, chateiam-me e chamam-me á atenção por ser.. "despreocupado", "insensível".

Depois de tudo o que perdi, nada tem grande importância... nada tem importância...
E não me preocupo, pois o desejo da morte, que agarrado vem ás minhas pernas, me mantém consciente!
Não consciente do mundo, mas de mim mesmo.

Esta desconfiança que trago nas mãos e nos punhos, na boca... aprendo a dominar, para que seja a cada dia, melhor do que fui.

Desconfiança, de uns olhos já cansados, de pessoas a quem não deixo serem meus "amigos".
Não preciso, não quero, nem procuro.
Não acontecem, nem eu deixo acontecer!

Demasiado parvo? E eu importado com o que vocês pensam!

Não preciso de apoios! Nem de "amigos", nem de palavras "amigas" ou de "atenção"!
Nem que me persigam, que me compreendam, ou que me amem...

Depois do que sofri, se bem que eu hoje acho que não merecia, ter ou não ter ninguém ao meu lado, é-me igual. ainda que apesar de o meu "cérebro" o peça por vezes.

Que a morte me rasgue o peito, que me arranque do coração a alma que mantém viva a minha alma...
Estou cansado...

Se me sinto preocupado por não ter "namorada"? "amigos"? "emoções", sentimentos?
O meu cérebro diz que sim, mas eu recuso-me a aceitar o que ele me "diz".
Porquê? já antes mandaram em mim, e não deixo que o façam de novo.

E quando conhecer outra, que ela me conheça a violência que transbordo, pois assim, se ela me aceitar, será mais fácil... e dar-lhe-ei o que de bonito tenho. Se é que terei ainda.

Poderei ter medo, receios, ser ainda mais bruto, mas "incessível".
Ela abriu-me um buraco tão largo no peito, que não acho que consigo fecha-lo.
Não por "gostar" dela, ou pensar "constantemente" nela, porque não o faço, e até a odeio até certo ponto... em 90% dos pontos!!!

Medo dela... sim, medo...
Raiva negra que me mata a cada dia...
Os olhos cansam-se..

Não preciso de sentimentos..
Deles vive o meu e o cérebro de toda agente...
Mas não eu!
Eu vivo de mim, do meu auto-esforço, do meu suor, do conhecimento e das minhas conversas.
Vivo do receio, dos medos, das confusões, dos olhares, da raiva, das preocupações dos outros.
Eu fui humano... serei ainda em parte, pois a parte que me mantém nesse patamar infrior, sería ela... seria o "amor". Um auto-amor...

Eu aprendi! Não preciso de "amor" fingido, de "amor" ocasional...
Ela ainda atormenta os meus pensamentos... uma "amiga" supostamente.

Os meus "amigos", passaram a ser conhecidos, assim como os meus pais....
Conhecidos que se cravam em mim, mas que afasto sem remorços... morte!

Depois da merda que o meu "pai" fez em "divulgar" e gozar, e brincar e mecher no que é meu, a água ferve...
Mas não me preocupo, o "paleio para a praia", que vá com o caralho!

Eu digo, eu penso, eu faço o que me apetecer, aqui, no meu quarto, em todo o lado!
Poderão é não ver, nem ouvir nada... Pois de mim não receberão palavras de conforto, nem de carinho, nem de preocupação, nem sentimentos mútuos...

Não preciso de "conhecidos" nem de "pais" para estar bem "mental e emocionalmente", o meu único "desejo" neste post é o de expressar as minhas frustrações para umas 3 pessoas que podem eventualmente ler este blog... pois eu quero passar uma mensagem, informação, quero passar cá para fora, o que vejo, o que sinto, mas mais importante do que as pessoas que me "lêm", supostamente devem achar que me conhecem por lerem o que escrevo ou o caralho... :S, será para mim, um "diário" do pós-namoro...

Não o era antes, mas depois do que passei, passou a ser tudo o que eu quiser.
Eu não era mau, antes de me apaixonar, até era bastante tímido, bastante falador com um ou outro professor depois das aulas... Mas essa pessoa foi espezinha por aquilo, aquela coisa que eu antes amei, me preocupei...
talvez demasiado!!

E que se foda! morrer por ela?, não! nem lhe darei esse gosto que ela ainda deve trazer...
Beijos fingidos, mentiras enroladas em mais mentiras, um namoro completo por mentiras...

O ódio e o carinho que sinto por ela... ("ainda?"), fazem faísca...

Já fui alguém diferente, já fui mais simpático, mais brincalhão... mas não voltarei a ser nem ter, vida dentro de mim...

domingo, 15 de novembro de 2009

Puzzle - Ángel de la Muerte [1000 peças] - Vicoria Francês

Tenho andado a pesquisar na internet fotografias sobre este puzzle e só encontrei algumas no www.DeviantArt.com.


 
Informações:
Nome: Ángel de la Muerte.
Autora: Victoria Francês.
Ref. 13454.
Site: www.puzzlepassion.com
Nº Peças: 1000.
Dimensões: 64x48 cm.

Estive de volta dele durante.... umas 24 horas durante toda a semana e já o tenho quase concluido, com um pouco da ajuda do meu irmão.

Imagens:







sábado, 14 de novembro de 2009

Coisas que... enfim.




"Pai", antes de mais, põem-te no caralho! porque este blog não é para ti, nem nunca o será!
Não podes fazer dele o teu.. "troféu", para mostrar ás pessoas.

Nem "gabares" dos filhos "perfeitos" que tens!

Existe uma linha que separa a mente dos filhos, da mente dos pais, e é por isso que os pais são sempre os últimos a saber, ou acabaram por nunca saber.

Não me conheces, e muito menos te deixo conhecer-me.
Portanto, põem-te a andar, e pára de brincar com o que é meu!

Nós não somos pequenos teus!
Nós não temos nem somos obrigados a ser como tu! a agir, a pensar.
Nós somos melhores do que tu!

Podemos não ter apetência para o desporto, nem sermos muito fortes Estarmos sempre doentes, e com as putas das febres e dores de garganta, nós já deixámos de ser crianças à muito tempo!
Apaga essa imagem do espelho e abre os olhos.

Eu já trabalho, já tenho 19 anos, e apesar de ainda ser desajeitado no que faço, estou a aprender a sobreviver neste mundo novo, tal como tu o fizes-te!

Deixa-me em paz! e sê "pai" e "amigo" nas alturas em que deves ser um.

Eu quero lá saber é das pitas e das gajas, e das raparigas a quem tu mostras-te!
Por mim podiam até morrer que não me ia sentir pior por isso!
Preocupo-me comigo e só comigo!

Não tentes incutir-me mais do que te compete!
Nem tentes manipular o que sou.
Mostras-te-me os 10% e eu agora faço o resto dos 100%.

E poupa-me as tuas "re-leituras" das coisas que escrevo!
Faz-te bem ao ego? Então para a próxima fica calado e guarda para ti!!

Para finalizar, não gostas, paciencia! isto é meu!
é o meu blog, e falo de quem eu quero, da forma como quero!
Com sal, com pão, com banana, com areia, com pedras e paus! É meu! e por isso escrevo e faço o que bem me der na gelha!

Para os restantes que não gostaram deste... como não é nenhum desabafo, nem nenhuma critica, nem nada do género, mas sim... um dispor de ideias que apareceram pelo meio de circunstancias que envolveram sentimentos, paciencia... pouco-me estou a importar se gostaram ou não.

Até porque pela quantidade de comentários que tenho nos meus posts, mostra realmente que gostam do que escrevo. e a esses agradeço o apoio, os restantes... vão cu caralho!!

E sim o "engenheiro" devia partir a outra perna.... só porque me apetece!

================
"Bater não bate, ralhar não dói..."

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Pantufas em serradura...



Sou pequenino, peludo, colorido, e todo o chão da minha casa é feito de serradura, mole e perfumada com maçã.

O meu ninho de algodão e papel, transforma-se num casulo quando nele entro, e nele me deito e aninho.
A roda amarela, ferrugenta e gasta, vejo-a ao longe, neste ambiente rodeado por algo rijo, diferente de madeira, diferente de vidro.

Corro desenfreado por este espaço pequeno, falhando por milímetros as tacitas com água, e comida.
A minha dona, enfiando a mão na gaiola, repõem a comida, enquanto me enfio na rodinha, e corro sem parar...

As minhas pequenas patitas, caem em falso entre os grandes espaços das grades da roda.
O ferro frio, que sinto na pele, magoa-me os dedos.
Mas aqui fico, correndo nesta roda durante horas a fio.

Para lá destas paredes, a minha liberdade começa e o meu medo cresce.
Não é do mundo que tenho medo, não é da minha dona que tenho medo, é do hábito da segurança do meu ninho, é do hábito de me ver rodeado pelas quatro paredes.

Não é que não goste de passear lá fora, ou ir ao parque... onde aí sim, posso correr e sentir o mundo florir, crescer e gemer debaixo das minhas patitas...
É o hábito de viver fechado nesta caixa, que a cada dia me é mais familiar do que foram outrora os meus pais e irmãos, de me sentir seguro e bem vindo.

Este é o local que conquistei, que foi conquistado, e que ainda hoje me conquista.
Tal como a minha dona, este é um mundo existindo num mundo maior ainda, existindo num, com tantas coisas extras por descobrir...

Deixa-me viver, pois não anseio, tão cedo, provar o pó do universo...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Magusto




Sinto saudades do magusto e dos dias frios, de comer castanhas, de sentir o calor das gigantes fogueiras, feitas no recinto da escola, construídas com as fagulhas de cada criança, e com uma pequena mão das minhas.

Saudades de ver as fogueiras arder, crepitarem e estalarem, de brincar até à exaustão.

E de todas as castanhas que tinha levado, apenas um cone de papel comia.
Acho que os professores comiam o resto...

Algumas delas, traziam bicho, ou sabiam mal, algumas vinham tão queimadas, que agora pergunto-me se não seria carvão.

Saudades de o frio me cortar as pequenas mãos, e de vestir, nesses tempos tão longínquos, os colãns, que protegiam as minhas pequenas e magricelas pernas do frio.

E hoje, olhando para trás, recordar o meu futuro e ver crescer o passado do presente, penso:
Tive tanto, tive o melhor, tive amor, tive uma infância que faria inveja a qualquer uma de hoje em dia.

Não saía muito de casa, pois em casa das minhas tias tinha os jogos, os puzzles, a RTP2, os ovos mexidos os bifes de peru e o arroz.
Em casa, tinha o meu irmão para brincar, com a carrada de bonecada, e construir o nosso, ainda que pequeno, mundo.

Invejam o passado...