sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [39]


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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [38]

Acordei com a vibração do telemóvel na mesinha de cabeceira. A luz verde piscava intermitente sinalizava uma actualização. Era um email a confirmar que a minha encomenda tinha sido entregue, em mão, com sucesso. Bastava agora esperar.
Vi as horas, calculei o tempo e enquanto me dirigia à cozinha liguei o computador. Tinha 1 hora e com um pão seco, para enganar a fome, sentei-me em frente ao teclado hackeando-lhe o computador.
As pastas de imagens e vídeos encriptados abriam-se umas atrás das outras, levando o meu software de brute-force ao limite. Eu sabia que ias ser difícil. Imprimi IPs, emails, fotografias, contas bancárias, passwords, e preparava-me agora para lhe queimar o disco até que o dono do mesmo me bateu à porta. Chegou cedo.
-- Está aberta! -- gritei. Ouvi a maçaneta e os sapatos. Virei-me para ele. Estava nervoso, furioso com os olhos carregados de medo.
-- Onde arranjaste isto? -- perguntou-me com o envelope na mão. Limitei-me a sorrir. -- Achas que vou ceder às tuas ameaças?
-- Ameaças? Não, chantagem! Tu tens algo que eu quero e eu tenho algo que tu queres.
-- Dinheiro?
-- Não sejas tolo! Tenho provas suficientes para te incriminar e ainda conseguir alguns milhares de toda esta tua trapalhada.
-- Eu sei onde moras. O percurso que fazes para o trabalho e todo o teu horário pessoal...
-- Já somos dois! -- sorri felicitando-o. -- E eu tenho toda a tua vida nesta pen. Eu desapareço e em 24h esta informação é enviada para a policia judiciária mais próxima. Por tanto, vamos negociar! -- ele ficou vermelho de raiva. -- Devo dizer que quando solicitei os teus serviços de fantasias sexuais, nunca pensei descobrir o teu mundo sombrio. Mas a verdade é que adorei cada recanto da tua casa. Tu tens as fotos, já sabes o que descobri. Raparigas mortas? É preciso ser-se doente... Mas eu não sou muito diferente de ti. Não me falta a beleza, o charme, o dinheiro, a inteligência... mas falta-me algo que tu tens: Coragem para matar. Eu nunca matei ninguém. Tenho um gato e é a minha única família num raio de 200km. Para ser sincera, deu-me a volta ao estômago quando acedi ao teu computador, e encontrei o histórico para os sites de snuff que visitas, os vídeos que compras e filmas... deliciaram-me a mente como uma criança a pedir um gelado do lado de da vitrina. A adrenalina que me subia pelas veias, fazia-me sentir viva. Controlar alguém pela internet é uma coisa, mas fisicamente!? Como tu o fizeste em tua casa? Quero isso. Quero controlar as pessoas. Quero matar.
-- Não sabes o que dizes!
-- Achas que tens escolha? Eu tenho os teus tomates! Eu mando na tua vida! Tomaste a decisão no momento em que entraste por aquela porta. Ensina-me a matar e sou tua! Os meus conhecimentos, as minhas fantasias, a tua segurança, a tua fantasia, o meu corpo. -- olhou para mim pensativo, com vontade de me rasgar o pescoço do corpo. -- Eu conheço muito bem esse teu olhar... apaixonei-me por ti no momento em que me apertaste o pescoço. Fiquei louca por ti quando te voltei a ver no escritório. Ajuda-me a realizar as minhas fantasias mais horríveis e nojentas, e não te desiludo. -- fiquei-me a olhar para ele à espera de uma palavra. Ele que sempre tanto jeito. -- E então? Temos acordo, amor?

Ela levantou-se, caminhou em direcção a mim, e de braços por trás do meu pescoço beijou-me. Pela primeira vez em muitos anos, não sabia o que dizer ou fazer. Ela tinha-me na mão e controlava todos os meus movimentos. O que é que eu podia fazer? Matar? 


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