Recolha e arranjo: Dinis Santos Ó Lindo Pavão! Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Ó que lindos olhos, tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. Ó que lindos olhos, tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. Sou violeta nascida ai, na relva do cemitério. Sou violeta nascida ai, na relva do cemitério. Desprezo gozos na vida, amo na campa o mistério. Desprezo gozos na vida, amo na campa o mistério. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Ó que lindos olhos tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. Ó que lindos olhos tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. Quando à tarde morre a calma, ai, o Sol vai tombando além. Quando à tarde morre a calma, ai, o Sol vai tombando além. Que tristeza sente a alma, que tem saudades de alguém. Que tristeza sente a alma, que tem saudades de alguém. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Ó que lindos olhos, tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. Ó que lindos olhos, tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. No céu nasceu uma estrela, ai, p’ra companheira da Lua. No céu nasceu uma estrela, ai, p’ra companheira da Lua. Também eu nasci no mundo, para ser companha tua. Também eu nasci no mundo, para ser companha tua. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Ó que lindos olhos tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. Ó que lindos olhos tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. [Instrumental] Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Pavão, ó lindo pavão, que lindas penas que o pavão tem. Ó que lindos olhos tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. Ó que lindos olhos tem o meu amor, que lindos olhos que o meu amor tem. -------------------- Ouvi uma versão semelhante desta música, num rancho folclórico a que o meu irmão Pedro Mota, me levou em Coimbra. Adorei a música, as danças, os sons, a exigência de si mesmos e o á'vontade perante um público tão grande. Obrigado Pedro, pela experiência!
"Quando a polícia obriga uma mulher a despir-se na praia a França devia compreender o absurdo do que está a fazer. Com as vendas de burkinis (que não tapam a cara) disparam depois da proibição devia compreender a inutilidade. Quando esta mulher é obrigada a despir o que tem vestido ao mesmo tempo que a polícia é aplaudida e ela ouve dos veraneantes franceses gritos de "vai para casa" deviam perceber o caminho perigoso que estão a trilhar e que tem um passado trágico." - Daniel Oliveira
O que as pessoas, que apoiam o direito da mulher a vestir como e com o que quiser, não se lembram de que na década de 1925, como mostra na imagem, elas não tinham direitos!
As mulheres nos países Ocidentais, como a que vemos na fotografia a preto e branco, era submetida a regras rígidas de vestuário quando andavam na rua e na praia. Demorou várias décadas, para que elas se libertassem da opressão imposta pela sociedade "liberal" que as pessoas hoje acreditam que sempre foi assim. Não foi e nunca foi!
É de relembrar, e vincar principalmente, de que as mulheres portuguesas apesar de terem ganho o direito ao voto em 1931, com muitas limitações, foi só em 1976, -- 45 anos depois -- que tiveram , como qualquer cidadão português maior de 18 anos, o direito ao voto em qualquer eleição que vie-se a decorrer no país. (ver: Sufrágio Feminino)
Tudo o que as mulheres de hoje podem fazer, as suas avós não o podiam; Na altura do Estado Novo, coisa que não foi assim há tão pouco tempo, as mulheres:
Não podiam sair do país sem autorização do marido e do estado.
Não se podia casar sem a autorização do estado.
Não podia sair de casa sem a autorização do marido.
Foram precisos décadas de lutas por parte das mulheres, para que hoje a "Mulher Ocidental", possa andar de bikini na praia, de mostrar os joelhos, o decote, a barriga, o umbigo, e até usar fio-dental.
Apesar de tudo isso nos parecer banal hoje, à dezenas de anos atrás, era impensável uma mulher usar lingerie quando saísse à rua, ou um vestido decotado, ou agora os típicos calções de ganga que as miúdas vestem na praia, ou até mesmo as leggins que tanta mulher e rapariga usa, provocando o olhar dos homens. E provocam, mas não é por isso que elas são violadas, isso é um texto completamente diferente e um tanto longo.
Sem fugir da linha de pensamento, a mulher do século 20, tem a liberdade pelo qual lutou. Tem a liberdade de se vestir como quer. De usar ou não usar produtos cosméticos. Nenhuma é oprimida, a menos que decência cívica seja posta em causa. Afinal de tudo, vivemos em sociedade, com regras, com leis, com um pouco de civismo, apesar de ás vezes não funcionar 100%.
Entramos agora na questão principal desta noticia:
É errado "obrigar" uma mulher a despir o "burkini", burka e jihad, só porque não gostamos de muçulmanos? Só porque tem uma religião diferente da nossa?
De uma forma geral: SIM.
Eis a razão. Se aceitarmos que as mulheres se deixem oprimir no local mais liberal de um país: praia, lagos e rios, porque somos "civilizados", quantos anos serão precisos para que os muçulmanos comecem a obrigar os ocidentais a tolerar e a aceitar outros costumes opressores que existem no seu país de origem?
Imaginem a seguinte situação:
Vocês vão para um local de trabalho, e as pessoas começam a comentar que o vosso cabelo ou roupa ficava melhor desta ou daquela forma. Que deviam cortar, apanhar em puxo, rapar, cortar assim e assado, ou usar camisas mais justas ou as calças com uma cor mais escura.
À primeira cedência da vossa parte, em que mudam "essa coisa" que as outras pessoas opinarão sobre vocês, iriam opinar outras mais, e vocês iam cedendo. Ao fim de uns tempos, vocês já não eram a mesma pessoa. Já não vestiam a roupa que antes gostavam, ou já não usavam o corte de cabelo que até tinham a algumas semanas, meses ou anos, mas que sempre acharam ser a "vossa cara".
O que ganharam com este processo?
O que aprendemos com esta experiência?
Que perderam a vossa identidade e individualidade!
E é precisamente isso que começaria a acontecer em França, caso aceitassem os "burkinis". Porque a tolerância do ocidental, é a coisa mais terrível e a ameaça mais tenebrosa que existe perante a "liberté" da sociedade democrática que luta pela igualdade e o direito de todos.
O politicamente correcto dos multi-culturalistas sem cultura, tornará em pó, a luta perpetrara pelas suas contemporâneas, na tentativa de viverem a mesma liberdade dos homens.
O politicamente correcto, do: "todos têm direito a vestir o que querem", tem uma falácia gigantesca, dos quais o tabu e o púdico se inserem. A mulher só pode vestir o que quiser, SE, -- e este é um grande SE que envolve leis -- estiverem de acordo com os padrões aceitáveis da sociedade, pois uma mulher não pode andar nua na rua, apesar de "supostamente" todos termos o direito de vestirmos como quisermos.
Inclui-se também neste SE, quando a mulher decide andar de bikini na rua. Ela pode usá-lo na praia, mas não o pode fazer na rua, pois vai contra os princípios morais da cidadania em que todos nos inserimos. Existem inclusive praias próprias para nudismo, que não são abrangidas pela leia do "não-nu", para que as pessoas que queiram andar como vieram ao mundo, o possam fazer sem serem oprimidas por velhas que vejam essa decisão como um tabu ou algo nojento.
Uma mulher, que amamenta o seu bebé em público, é acusada de indecência, apesar de ser um acto perfeitamente natural, que pode ser testemunhado por crianças das mais variadas idades, em Zoológicos. O sexo entre gorilas e outros símios, é visto como algo perfeitamente natural, mas o sexo é escondido nas casas, apesar de sermos constantemente bombardeados com mamas, decotes, lingeries, olhares provocadores que nos tentam vender um shampo ou um perfume. De músicas com danças extremamente provocadoras ou letras detalhadas.
Na Coreia do Sul, existem bandas que viram as suas coreografias musicais banidas. Proibidas de passar na televisão, por serem excessivamente sexuais.
A Coreia do Sul é um país americanizado, democrático, "livre", mas possuí ainda regras relativamente a danças. Danças que comparadas com certos videos da Niki-Minaj, seriam um "menino do couro". No entanto, essa "opressão" existe, e de certa forma, a sexualização das mulheres e dos homens, comprava a sua objectificação. A mente não é aberta o suficiente para aceitar que todos viemos do sexo. Que o sexo é algo natural e universal. Mas se nos focamos em criticar a Corei do Sul por censurar danças, o que diremos de Portugal e da sua cultura "retrógrada", em que os idosos ainda acham tabu falar de masturbação ou ver pornografia?
Se as pessoas acham que ao proibirmos a burka e jihad, estamos a retroceder, o que dirão das ofensas que os nossos velhos de Portugal sentem quando se fala de vagina e pénis em pleno horário nobre? E porque razão se deveriam sentir ofendidas por algo que é ensinado tão precariamente nas escolas e que é importante para o futuro de cada jovem que inicie relações sexuais seguras?
Se aceitamos que eles (idosos) se sintam ofendidos, se os protegemos e fugimos dessas palavras e sessões de TV informativas, não estamos a alimentar a mentalidade fechada de 1975? Não estaremos a alimentar que quase tudo o que se refere ao sexo, é tabu e que as pessoas deviam ter vergonha de falarem sobre isso ou proibir de as mulheres mais jovens terem o direito e a liberdade de expressão para afirmarem de que ontem de noite deram a melhor queca da vida delas?
Se aceitarmos e tolerarmos que o nossa sociedade se ofenda mais depressa por um casal a fazer sexo ao lado da filha, do que com atentados terrorista aos países que nos trouxeram a Democracia, em que é que estamos a falhar enquanto Ocidente?
Os nossos costumes não devem de maneira alguma mudar só porque refugiados invadem a europa e merecem "ajuda". É o mesmo que aceitarmos ciganos em nossa casa, a viver connosco, e exigirem que as regras da casam sejam alteradas. Que invés de andarem descalços por casa, devem andar calçados. Que em casa devem andar sempre de sutien ou de meias.
"O incidente que está a causar polémica nas redes sociais aconteceu na mesma cidade em que, no Dia da Bastilha, um atentado ceifou a vida a 84 pessoas. Recorde-se que o burkini foi proibido em França."
"Os que forçam a mulher a destapar-se, estão a garantir que outras possam andar destapadas. Essa é a grande diferença. Para se conseguir a liberdade de muitos, às vezes temos de negar a liberdade de poucos. Não é a situação ideal, mas é a melhor temos." -- José Mota
É só isso que tenho para dizer em relação aos que se sentem ofendidos e incomodados com o facto da senhora não ter "liberdade" de vestir o que quer.
As pessoas não têm noção da verdadeira razão política e religiosa por trás de toda esta regra. Há ainda quem não acredite que a guerra com o Ocidente não é religiosa nem política, mas que tem haver com a opressão e o sofrimento que o Ocidente causou no países árabes. O que é redondamente mentira.
Os muçulmanos mais radicalistas, que filmam as decapitações a sangue frio, dizem muita vez, que fazem tudo em nome do profeta Mohamed. Que lutam contra a fé cristão e os infiéis. Basicamente, uma 2ª caça às bruxas e inquisição.
Na europa, várias dezenas de crenças, convivem numa certa harmonia cada uma protegida pela lei. Aceito e respeito a religião muçulmana até ao ponto de não me obrigar, impingir ou forçar a algo que não concordo ou que não fazem parte dos meus valores e direitos como cidadão.
Nós cá temos a liberdade de escolher como nos vestirmos, porque lutámos por isso. Podemos escolher andar de bikini/calções de banho ou andar de t-shirt, gorro e calças de ganga. Nós temos essa liberdade! Mas elas não. Elas não têm essa liberdade por causa da opressão que se deixou evoluir no seu país natal e porque os maridos e outros homens não as deixam. Se a burka e o burkini são um instrumento de opressão que foi literalmente "banido" de todas as praias dos países democráticos, em que a mulher tem os mesmos direitos que o homem, porque é que elas as continuam a vestir (burkas)? Por vergonha? Há bikinis de corpo inteiro, menos reveladores. Mas se não for por essa razão, será pela força do hábito? É quase como saberem que têm a opção de acabar com o namorado/marido que lhes bate, mas continuam ao lado deles porque sempre se habituaram a esse tipo de submissão a vida toda.
As Nazarenas, são conhecidas por usarem grandes quantidades de roupa, tanto na praia como no dia-a-dia. As pessoas perguntam se elas também seriam abrangidas por essa lei caso fosse aplicada em portugal. A resposta a essa pergunta é: Não. E é não, porque estas mulheres lutaram pela liberdade e tabu de todas as mulheres de portugal, e ainda que por vezes tenham a mentalidade fechada, elas fazem-no por "tradição", mas acima de tudo, por prazer e coesão social e familiar. Acima disso, têm a liberdade de tirar os casacos, as saias, de andarem descalças e com os ombros destapados na rua. Elas não vêm oprimidas, e não se mantém oprimidas.
Mas eis então outro argumento. Qual era a taxa de aceitação das mulheres, se grande parte dos homens começassem a aparecer nas praias públicas em "Mankini" ou os famosos "penekini"? Seria estranho e tabu? Seria excessivamente explícito e provocador, além de perturbador?
Mas esperem, as mulheres também já usam bikinis que cobrem apenas a parte da frente e deixam as costas totalmente expostas. Mas ainda existem bikinis mais explícitos e reveladores do que estes, que fazem da mulher autenticas "estrelas porno". Isso não é preconceito? Não é preconceito negarem que homens e mulheres usem bikinis mais reveladores dos que os que estamos habituados a ver nas capas de revista e na televisão?
Os "Facekini", são máscaras usadas pelos chineses, que inclui, por vezes, o uso de autênticos fatos de banho de corpo inteiro, para os proteger dos raios solares.
Como dizem também muita gente em comentários, defendendo que o uso do burkini é usado pelas mesmas para essa mesma função. Bem, se não gostam ou não querem apanhar com o excesso de sol, basta aplicar protector solar e colocarem-se debaixo de um chapéu de sol. Acrescentando o facto de que era preferível usarem roupas brancas para reflectir a luz e evitar o calor, do que usar o preto, que como todos sabem, atrai todo o espectro de cores e calor proveniente do sol.
Mas a diferença deste fato de corpo inteiro, inventado na China, há mais de 10 anos, tem uma função particular e muito diferente das burkas e burkinis. Para além dos raios solares, a pele branca é apreciada e simboliza beleza. De certa forma, é uma vestimenta criada para intensificar o racismo dos brancos contra os negros. Não acho.
Nas praias dos países da União Europeia, esta ideia é bastante "radical", pois o ocidente é louco por banhos de sol, além de bronzeados.
Os Facekini podem ser "opressores" na praia, mas as mulheres que os usam, quando voltam das "férias", vestem-se de forma normal, sem capas ou máscaras. Elas escolhem cobrir-se nos dias de praia e revelarem-se quando passeiam ou vão para o trabalho.
A diferença é que um "burkini" é uma burka que pode ir à água sem deixar de ser uma burka. Continua a ser um objecto de opressão da mulher em si.
Não haveria mal nenhum em elas usarem algo semelhante, como um fato de banho de corpo inteiro, mas o problema está precisamente em continuar a alimentar a opressão em que vivem. Vocês aceitam que estas mulheres, oprimidas pela sua religião e pelos próprios maridos, sejam obrigadas a usar algo tão desumano?
Se não aceitamos violência doméstica, porque aceitamos que estas mulheres, já oprimidas, continuem a ser alvo de violação dos seus direitos e da sua liberdade física de expôr os seus corpos utilizando a burka? Que foi de facto imposto pelo estado islâmico e pela sua religião? Se pudessem salvar uma mulher de violência doméstica, chamando-a à razão, instruindo-a dos seus direitos, da sua liberdade, da sua força interior e exterior, não o fariam? Não tentariam ajudar essa mulher a libertar-se da prisão em que se deixa viver, pura e simplesmente porque sempre viveu assim e porque é a força do hábito?
A questão não é o burkini, mas sim a ideologia que ele trás com ele. Se aceitarmos essa ideologia, não estaríamos a fazer progressos em termos de tolerância, mas a retroceder na liberdade de expressão, pelo qual tantos homens e mulheres morreram.
Ora, vamos lá começar o dia com uma polemicazinha:
Associar a palavra LIBERDADE ao uso do burkini é quase anedótico. Mas também é chapa ganha, admito. Fica bem, chama likes, toda a gente concorda, é muito mais romântico e heroico, e um lugar comum, daqueles que não me atraem por falta de coerência e pragmatismo.
Não, não gostei nada de ver os polícias na praia a mandarem a senhora despir-se. Mas esta questão é muito mais profunda do que aquilo que querem fazer parecer.
O burkini não é uma farda clerical – párem de fazer comparação com as freiras.
O burkini não é um fato desportivo aquático – párem de compará-lo com fatos de surf.
O burkini não é um uniforme de trabalho – párem de falar no homem das bolas de Berlim.
O burkini não é uma simples roupa de banho que nos tapa da cabeça aos pés, extremamente confortável de usar dentro de água em pleno Agosto.
O burkini é uma afirmação religiosa, ideológica e política! É uma imposição feita à mulher, que, ao contrário do que muita gente julga, não tem a opção de ser ou não muçulmana, de seguir ou não os costumes, de cumprir ou não os ensinamentos religiosos. Ela é, ela segue, ela cumpre-os, sem questionar, sem escolher, sem recusar, e ponto final!
O burkini é um símbolo puro da opressão sobre a mulher, e, sobretudo, do fundamentalismo que tantos parecem querer negar - palpita-me que a população de Nice está-se pouco borrifando para a opinião dos amantes da liberdade, depois de ter visto as suas crianças serem abalroadas por um camião conduzido por um lunático amante de burkinis.
“Ah, mas defender o uso do burkini é defender a liberdade”, dizem muitos de vós, imbuídos de um espírito lírico e idealista pró-liberdades individuais. É. E defender o uso do burkini é, também e mais que qualquer outra coisa, legitimar a chibatada, o apedrejamento, a ausência de direitos, a mordaça com a qual tantas mulheres têm que viver sem nunca terem conhecido outra realidade. Porque sabem? Não as vão ver a queimar soutiens nem a assumir que estão fartas de parecer o Mancha Negra dentro de água. Isso nunca vai acontecer porque as consequências para tal rebeldia ser-lhes-iam demasiado penosas, para não dizer mortais. Depois, grande parte delas vai defender o seu direito ao uso do burkini, como defendem o uso do chador, do niqab e da burka, como defendem que médico algum lhes deva tocar, como defendem que autoridade alguma as deve obrigar a mostrar o rosto, como defendem os crimes de honra cometidos na sua família, como denunciam e defendem a lapidação das suas semelhantes, e algumas vão continuar olhar-nos como rameiras infiéis, tal como me olharam em Sevilha, há seis anos atrás, ou como me olharam na semana passada, num centro comercial perto da minha casa. Vão fazê-lo, porque acreditam que a sua forma de vida é a única forma decente e virtuosa de viver, mesmo que tenham escolhido como albergue países com uma cultura completamente oposta à sua. E vão fazê-lo, porque pássaros que sempre viveram em cativeiro desconhecem completamente o que é voar em liberdade, e por isso todos os pássaros que fazem voos rasantes à gaiola são uma cambada de loucos e libertinos impuros – como nós.
Em 2015, Angeline Sloss, uma jovem francesa de 21 anos, foi espancada por um grupo de raparigas muçulmanas quando estava a apanhar sol, em biquíni, com umas amigas, num local público. Antes do ataque, uma das agressoras terá, alegadamente, gritado e ofendido a vítima por estar a fazer algo “imoral”.
O mês passado, uma mulher e as duas filhas menores foram esfaqueadas por um muçulmano, numa estância de férias em França, porque este, que também se encontrava de férias na mesma estância com a família, não gostou de as ver de calções. Os media não deram grande importância ao assunto, mas ambos saíram em jornais portugueses, discretamente. Os media preferem fazer alarido com a proibição de um fato que legitima tudo isto que citei em cima, e nós vamos aceitando aquilo que nos querem vender.
Eu defendo e prezo muito a liberdade. A minha e a dos outros. Mas não esperem que defenda um símbolo de opressão contra as mulheres e de repúdio pela minha cultura, que pode tornar-se, num futuro muito próximo, a mordaça que aprisionará as nossas filhas.
-- Se lhe tocas... -- ameaçou-me a galinha depenada.
-- Matas-me? -- sorri.
Dei-lhe um tiro no ombro, do mesmo braço que permanecia amarrado, e o pintainho fugiu para o canto de olhos abertos e cara pálida. Ela gritou, sangrou e sentiu a morte pisar-lhe o peito. Aproximei-me dela, do canto da cama e da sua "mais que tudo". Atirou o braço bom às minhas pernas e agarrou as calças. Em vão. Peguei na Carolina, que esperneava desenfreada.
-- NÃO!!! -- gritou óbvia a mãe.
-- Ninguém vos consegue ouvir. Já viste a tempestade lá fora? Está de matar! -- soltei uma gargalhada. -- Se não paras de te mexer a tua mãe leva outro tiro. -- cessou de imediato, com o seu olhar triste colado ao meu e às dores da mamã. Tranquei a miúda na casa de banho, e regressei ao quarto. Lá de baixo, ouço o bater na porta. Espreitei pela janela e vi um 2º carro estacionado à tua porta. A puta da tua amiga apareceu finalmente! Abriu a porta e escondi-me na casa de banho com a tua Carolina.
-- Já cheguei! -- gritou, encharcada e quase despenteada. O chapéu de chuva pingava a entrada da porta, e o vento varria os cortinados. Chamou o teu nome. Procurou-te na cozinha e encontrou a Joana, ainda abalada e a recuperar o fôlego.
Tentei marcar o 112 mas o sinal estava fraco. Ajudei aquela desconhecida a sentar-se na mesa e dei-lhe um copo de água.
-- Quem és tu? O que te aconteceu e o que fazes aqui?
-- Você tem de telefonar para a policia! -- exigiu-me a rapariga.
-- Não tenho rede! O que fazes aqui!?
-- Corremos perigo! Fuja e peça ajuda! Ele vai mata-la também!
-- O quê? Quem? -- não percebia nada do que esta estranha estava a gritar-me, mas percebia no seu tom de voz e na sua cara que o assunto era sério. Muito sério. Procurei uma faca nas gavetas, mas estavam todas vazias. Para onde raio foram as facas todas!?
-- Onde estão as facas? -- perguntei-lhe.
-- Não há facas na casa? -- perguntou-me, aflita, vasculhando de novo o que já tinha visto.
-- O que se está a passar?
-- Ele veio matar a Carolina e a mãe dela! Não suba, fuja! Fuja e peça ajuda por favor!
-- Ele veio matar a Carolina? Mas quem raio é ele?
-- O homem que lhe ofereceu esse colar!
Foi então que tudo bateu no fundo.
-- Madalena, que surpresa! -- felicitei-a à porta da cozinha, com a faca de novo na mão e a pistola repleta das impressões digitais de Joana. -- Ainda bem que te juntas-te à festa! -- dei um tiro na cabeça da miúda. Madalena caiu ao chão, sentindo a onda de choque no peito e o jato de sangue e cérebro gravar-se nas suas retinas.
Atirei-lhe a arma para as pernas e presenteei-lhe o meu peito.
-- Mata-me!
Sem hesitar, pegou no peso proibido e premiu o gatilho dezenas de vezes até se aperceber que já não havia balas.
-- São cartuchos vazios sua burra de merda! Obrigado por a apanhares, agora tem as tuas impressões digitais... -- contei-lhe, arrancando-lhe o doce das mãos.
Às vezes ainda penso em ti, na nossa mentira de "namoro", de amores e discussões "importantes" só porque estávamos "apaixonados". Mas a razão de surgires na minha mente mais vezes do que estarmos juntos, é por seres a coisa mais recente que tive. Porque se não tivesses sido tu, a última, teria sido outra "qualquer".
Não foste o suficiente interessante para me manter ao teu lado. Não deste o suficiente, nem fizeste o suficiente. Não houve nada que tenhas feito que me tenha deixado uma semente, por muito pequena que fosse, para continuar a pensar em ti com desejos e devaneios loucos à noite, com a mesma gula de te ver todos os dias como o fiz durante tanto tempo por estar "apaixonado". Mas não te sintas mal, afinal todos erramos, e aprendemos com os erros. E eu, dei demais.
Mas se namorar é apenas existir, entras então num tédio cíclico para onde arrastas outras pessoas que querem sorrir e abraçar, e tu, por crer ou não crer, te transformas numa estátua fria de pedra áspera.
O que existiu na tua mente para recear amar? Que experiências esperavas partilhar?
Esperar para as ter nunca me foi uma opção, principalmente porque tudo passa depressa demais, e depois da primeira vez, a cena em si, do teu teatro de horrores, de negações e frieza, não passa de mais uma experiência de sentimentos em que dizes Sim ou Não. Se não te queres descobrir sozinha, não dês falsas esperanças a quem sempre te abraçou e te levou a viajar. Ou a quem sempre te quis ajudar a ver o mundo através das experiências que ainda não tinhas. Abrir a mente, por muito virgem que sejas, não deve ser um impedimento para cresceres. Se é só depois do sexo que tencionas amadurecer, não esperes que os rapazes te adorem e se babem todos por ti. Afinal, tu continuarás "virgem" de experiências durante demasiados anos até entenderes que poderias ter feito tudo isso muito mais cedo. Vai por mim, estou a passar por isso e já tenho 26.
Não me arrependo de nada. Do que disse, do que fiz, dos passeios, do amor, do carinho, do dinheiro gasto, o tempo em tua casa, do jantar que fiz, das idas ao cinema. É suposto crescer. Ultrapassar a árvore tombada, subir o muro. É suposto correr, caminhar no mínimo, para a frente; Caso contrario, mais tarde, encontrarás a morte de ti mesma.
Isto é uma crítica para ti, porque sei que vais ler. Mas espero, apesar de tudo, que seja um abre-olhos para a pessoa medrosa que tens dentro de ti. Eu tenho uma também, mas luto todos os dias para me desafiar a desbravar caminho por entre a multidão de pessoas que me assusta, que me olha, que me julga. Se não crescer um pouco todos os dias, não estou a viver, e tu, estás parada no tempo por causa de um medo "virgem" que se chama: Experiência.
Aterrorizo-me com as alturas, mas se não tentar combater a fobia, se não lutar pelo que quero ser, pelo que quero sentir, ter poder de decisão, sou um escravo dos meus próprios medos.
Tu que lês tanto, que vês tantos filmes, foste a pessoa que menos deu e menos tentou coisas novas comigo. Nada do que me fizeste ou do que fizemos, me foi algo novo ou de verdadeiramente interessante e excepcional na vida que levo. Se não foste capaz de marcar essa diferença, mesmo quando te disse que precisavas de a fazer, o que esperas de mim? Um novo namoro? Uma amizade?
Que conversas teremos? Que coisas interessantes teremos para falar?
Se nunca me beijaste por prazer, me abraçaste com vontade, me deste prazer com desejo... o que esperas agora de mim?