sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [43]

[Classy B&W - Pinterest]

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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [42]

Matar alguém é difícil, principalmente para quem nunca matou, como a Joana. Mas como se costuma dizer: "Só custa a primeira vez." Depois do hábito, cresce a facilidade de controlar os sentimentos que nos gritam "Não!", mas tudo se estranha e entranha. Nem todos são assassinos, mas eles descobrem-se com facilidade quando se olha para eles nos olhos. Quando se sentam na esplanada sozinhos, a olhar para as pessoas.
Matar alguém é fácil, o sentimento de culpa que vem a seguir é a pior parte. Eu? Tive sorte. Não me foi difícil ver matar, nem ver morrer. Não é difícil imaginar nem as ouvir gritar. A vida deu-me a dádiva de saborear as palavras chorosas, os corpos pálidos e as mãos ensanguentadas. É fácil para mim recordar as caras delas, mas o hábito mata o prazer, que exige cada vez mais de mim. Olhando então para esta loira, que desabafa a dificuldade da amiga, excita-me de uma maneira tão penetrante e provocante, só usando a sua voz e a maneira como usa a cara, o corpo e as mãos para comunicar, que a vejo cada vez mais como uma escrava e rainha da minha consciência, das minhas ideias e desejos. Esta mulher vai ser a minha morte!
-- ... tiveram-me a dizer da seguradora que vão demorar alguns meses a apurar o que aconteceu. Activar seguros, falar com os bancos, com a segurança social e mais não sei o quê, que não percebi bem, e sugeriram-lhe para ela ficar em casa de algum familiar mas...
Olhei para ela com um ar de desconfiado, sentindo-lhe na voz que não estava muito contente por ter a "amiga" na sua casa, sabendo que poderia haver conflitos de mulheres por eu namorar a patroa, e a filha da Madalena ser uma má influencia para a sua filha mais nova.
-- Mas...? -- perguntei, incentivando-lhe as palavras a sair da boca.
-- Mas eu estou contigo. Gosto da nossa privacidade, e a filha dela não é um grande exemplo para a minha filha em termos de comportamento. Estou a falar da filha mas a mãe também não é nenhum exemplo! -- vincou a opinião dela.
-- Talvez seja bom para ambas. -- tentou contrapor, mas parou para me continuar a ouvir a opinião. -- Talvez a Madalena e a filha dela precisem de alguém que as guie. Afinal de conta passaram por algo traumático e esta é a melhor altura para poderem aprender com este erro ou consciencializarem de que estavam a ir por um mau caminho. -- olhei para ela, duvidosa das suas decisões e finalizei. -- Não tens nenhuma obrigação para com elas. Não és mãe, és só uma amiga do trabalho, que por acaso também é patroa, mas um líder tem de dar também um pouco de si. Vez as coisas por esta perspectiva: Se tu algum dia precisares de um favor, ela não hesitará em fazê-lo porque... tu deste-lhe um tecto e ajuda quando ela mais precisava. Basicamente deve-te a vida. Por assim dizer. Estarás a usá-la, mas também é para o teu bem. Estás a sacrificar a tua privacidade, as tuas coisas, o teu tempo e paciência, para a poderes ajudar. Afinal de contas, vocês são amigas certo? Gostas dela apesar de ser uma chata, de não pensar bem nas coisas que faz mas...
-- Sim, é minha amiga. -- confirmou, com uma expressão menos preocupada no rosto. -- Tens razão. Estou a ser invejosa. Desculpa, tens toda a razão.
-- Estou só a tentar ajudar. Esta situação também não é fácil para ti. E não te esqueças de lhes dizer as regras da casa. Precisam de ajuda, sim, de serem guiadas, mas também de ganhar uma rotina, ganhar... Regras pessoais. Percebes o que quero dizer?
-- falar com ela era tão fácil como falar com uma criança a leste do mundo que os adultos vêm mas que as crianças têm dificuldade em compreender, em antever. Digamos que eu via todos os detalhes da pintura, e ela apenas as figuras.
-- Sim. Obrigado por tudo isto. Fui apanhada de surpresa e com este último trabalho, cheio de exigências... -- bufou, num suspiro. -- que mês! -- desabafou em stress.
-- Vá! -- aconcheguei-a. Aproximei-me mais do seu corpo, confortável num casaco preto e vestido vermelho. -- Estás a fazer um excelente trabalho. E conhecendo como te conheço, vais gerir bem estas confusões e contratempos. -- abracei-a. Ela respondeu com um olhar feminino, submisso. Beijou-me e completou o abraço.

Agora... Como estará a minha "boca de boneca"?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A vontade de morrer...


É de noite. As cortinas iluminam-se pelo candeeiro da rua, que ilumina a parede do meu quarto. O silêncio aconchega a solidão do meu corpo, coberto de lençóis finos. Não há rangidos, relógios em tic-tac, o frigorifico a trabalhar ou luzes a piscar. Não existe som, se não o dos carros lá fora, lá embaixo no asfalto velho. Estou sozinho, na noite mais fria da primavera.
Vivo na morte de mim próprio, na saudade do que fui, na tristeza do que não tive, na raiva do que nunca consegui ser. Vivo, sem saber viver, sem saber ser; sendo apenas aquilo que se encaixa melhor no que sofri: a desilusão e o abandono.
Não há velas na minha escuridão. Não há cordas para me tirar do poço, nem escadas que possa subir. Respiro vagarosamente, com o calor a querer escorrer-me do corpo, exausto de mim, das minhas ideias e torturas. Sinto o lençol roçar-me o peito e as mãos frias regelarem-se com os dedos dos pés.
Há monstros debaixo da minha cama, na esquina amaldiçoada do meu roupeiro, dentro das gavetas e para lá do espelho. Tento adormecer, fechar os olhos, descansar o corpo e a alma, mesmo por uns pequenos segundos, mas estou sozinho, num quarto que tranco à chave. Vivo sozinho, algures dentro de mim. Sou a depressão vivida de uma morte que se avizinha.
Um carro passa, sem levar de mim o sentimento da tristeza. Alguém existe mas não sabe que aqui estou. Ninguém sabe que sofro, que choro e grito nas profundidades do meu corpo torturado que se aguenta, dia após dia, à dança funebre.
Quem me ampara as quedas que tomo?
Quem me abraça quando choro?
Quem sorri comigo?
Quem me quer ver feliz?
Se tiver de partir deste mundo, que seja sem voz, sem diários, sem recados ou abraços. Sem lágrimas, sem dor, sem pistas para onde fui. Se tiver de viver o resto da minha vida encarcerado, longe do que sonho, viverei sem vontade de existir; E essa, é a maior dádiva que receberei do meu nascimento.

A vontade de morrer...

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Porque somos violentos...

[Wildebeest migration - Pinterest]

Porque somos tão violentos?
Porque agimos de forma agressiva?
É sofrimento? É solidão? É falta de amor? De afecto? De atenção?
O que nos torna animais tão cruéis? Tão frios de coração, de empatia para com os outros?
Foi-nos ensinado? É-nos ensinado? Absorvemos o que a sociedade nos dá? Nascemos simplesmente, com esse instinto?

Somos mamíferos, e os mamíferos são violentos. São mortíferos, são cruéis, são caçadores e presas. São a sucessão dos répteis, e de todo o mundo de gigantes.
Está-nos nos genes, em cada célula, em cada glóbulo vermelho. Enfrentámos durante milhões de anos dezenas de extinções em massa. Ao longo desse período de tempo, perdemos familiares, perdemos território, comida, pastagens, uma casa.
Isso enraizou-se nos genes dos nossos antepassados de forma tão profunda e avassaladora, que ficou com eles em cada pensamento.
Somos o resultado da fúria da Terra. Somos o sofrimento colectivo de todos os animais que já surgiram. Somos descendentes das primeiras moléculas que apareceram no universo.

A violência é espontânea, seja onde for, pois a sobrevivência é mais importante do que a nossa morte!

No entanto... continuamos a tentar ligarmo-nos uns aos outros de alguma maneira. Tendemos em formar grupos, em fazer amizades e desenvolver relações/laços com pessoas que não são do nosso sangue.
Agrupamo-nos em grandes manadas e alcateias. A nossa força cresce em números, por vezes incluindo-se na célebre frase: Um por Todos e Todos por Um.
A nossa sobrevivência está condenada e a esperança média de vida é proporcionalmente reduzida, a partir do momento em que a solidão nos penetra o consciente.
A solidão surge com violência.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Mulheres bonitas devem...


"Mulheres bonitas devem casar cedo."

Já dizia o ditado popular. Mas Mulheres bonitas, não só devem casar cedo, para terem mais filhos, como devem deixar ao mundo Meninas e não rapazes. Porque mulheres bonitas precisam-se. Filhas bonitas ainda mais!
A restante beleza que não vier da Mãe, terá de vir do Pai. E aí, homens bonitos devem ter filhos fortes e com bons genes. Assim manda a lei da evolução animal. Só os mais fortes, os mais bonitos e mais atraentes acasalam e perpetuam a espécie. Os feios, os "não-modelos", serão sempre descartados.

Não é por mim, é pela espécie humana.