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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [41]
Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [41]
Joana ouviu um carro passar junto á parede do armazém e desaparecer com a distância. As câmaras estavam ligadas e gravavam toda a cena. Inclinou-se para a frente, folgando a fita-cola Gaffer entre a as suas costas e o encosto. Percebeu nesse momento que todo aquele aparente esforço por parte do assassino para a aprender, tinha sido apenas encenado para criar um momento de suspense em frente às câmaras. Ele tinha tudo planeado para elas, e o guião que tinha começado pelo portão da fábrica acabaria com uma delas morta, pois a sua amiga parecia começar a ganhar consciência. Tudo o que aconteceria depois de se levantar daquela cadeira, seria improviso para a mente do psicopata.
A amiga acordara. Apercebia-se de que estava nua pelo frio que sentia nas partes mais baixas e sensíveis do seu corpo. Um pequeno beliscão apareceu tão depressa como um piscar de olhos. Sem conseguir levantar a cabeça, forçou o olhar para o seu braço esquerdo; Estava ligada por tubos a soros que dificultavam os movimentos do corpo.
-- Joana? -- balbuciou a rapariga pálida deitada na mesa, reconhecendo um rosto em movimento brusco. Joana permanecia em silêncio quanto á pergunta, mas grunhia no esforço que fazia para se tentar livrar da fita-cola cinzenta. Deu-se a depilação de um braço e de uns quantos cabelos. Gritou com dores e caiu sobre a mesa, de cara na perna da inimiga.
-- Joana? És tu? O que se passa? -- questionou de novo a rapariga. Não havia resposta na língua, apenas dentes que se fechavam em serrilha uns nos outros, com um nervosismo demoníaco e uma ansiedade fervilhante nas mãos de corpo firme e passadas decididas.
Joana pegou numa faça e aproximou-se da cabeça da "amiga". A tortura física começaria com pequenos passos. Primeiro a desfiguração do charme do pré-cadáver, e depois a matança definitiva.
Cabelo cortado, sobrancelhas arrancadas com fita-cola, bochechas esmurradas, lábios pisados, mamas amarradas e dedos torcidos.
Surgia a verdade, tortura a tortura: A amiga de Joana dormira com o seu pai, e no dia do acidente a mãe descobrira tudo e a caminha da escola para confrontar a rapariga, e com o stress e ódio acumulados pelos dias de dúvida, atropelou o gato, partindo-lhe uma pata, e estampando-se contra um camião por não ter parado num STOP.
Depois da morte, voltou a encontrar-se com o pai de Joana, até que este acabou tudo com ela, acabando ao lado do seu ex-namorado.
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