quinta-feira, 14 de maio de 2015

A visão derreteu-se num sopro...



Uma sombra cintilante de ódio abraçou todo o horizonte, carbonizando a terra com chamas tão altas que faziam arder as nuvens. O odor pestilento varria as ruas com gritos acorrentados em cada pedra da calçada, das pessoas que morriam na agonia mais macabra, num testemunho da ira de deus. A chuva ácida queimava a relva e os cabelos das crianças. Os animais corriam com expressões de pura aflição, privados dos seus instintos; carregando fúria e desorientação com a carne devorada e pendurada nas próprias costelas, atropelando e tropeçando nos amontoados de almas perdidas no limbo. As montanhas de carne grelhada, pelas brasas de um churrasco que crescia e devorava cantos desconhecidos numa gruta que aprisionava a humanidade numa corrente infinita de espinhos e lamentos depressivos, queimava as narinas dos cães de guerra. 
Bolas de labaredas rompiam do chão, das nuvens e da própria água. A dor insuportável e o inferno que rasgava buracos imensos e profundos, sugavam a beleza do mundo, as cores das flores, das folhas, dos animais, da natureza. O horror rasgado nas expressões, compravam suicídios para os portais do monstro de nome proibido, fazendo a terra tremer e os vulcões explodir em cada salto para o abismo. A escuridão cobria o dia e as erupções iluminavam a natureza desaparecer numa dança caótica de fogueiras e fagulhas que viajavam até aos quatro cantos do fim do mundo. Havia relâmpagos que serpenteavam durante quilómetros e duravam horas a desaparecer. O som dos trovões despedaçavam pedras e iluminavam os portões para os confins do sub-mundo.
O macabro monstro subia dos sonhos, do fundo do poço e queimava tudo à sua passagem. As casas destruíam-se com a fúria do vento; As árvores dobravam perdendo as folhas e os frutos, enquanto o Sol se contorcia num raio de luz que perdia forças e o conforto do calor. As trevas reuniam-se no fundo dos oceanos, nas fendas mais escarpadas, e borbulhavam o gás corrosivo que faltara nas câmaras de gás de Auschwitz. A extinção ocorria por todo o planeta, ultrapassando a fúria de satanás 65 milhões de anos antes.

Que morram todas as coisas!!!
Que os rios chorem pó e as nuvens caiam
como montanhas sobre os afortunados protegidos de Deus!!!

A visão derreteu-se num sopro... [2]

terça-feira, 12 de maio de 2015

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [35]

[xxx by softin]

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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [34]

Saciei as carências e as saudades do teu peito no meu. Largo e cheio de força, com vontades que sobressaiam nas veias dos braços que te agarravam as curvas doces e provocantes. Voltei a babar-me pelo decote, pelos teus olhos de alegria e por essas mãos de dedos finos e brancos que tinham unhas sempre tão limpas e bem tratadas. Uma pequena faixa de cabelo deslizou pela tua boca, prendendo-se num dos cantos. Concentrada na caixa, afastei-o com os dedos e acariciei-te a face, a bochecha quente e a orelha fria. Agradeceste com um olhar apaixonado e tímido, olhando-me para cima, submissa, e devolveste a atenção à caixa.

Qual seria o seu segredo? É um pouco pesada, serão uns brincos? Um anel!? Não, é muito pesada para isso. A não ser que fossem vários. -- sorriu. -- Um colar? Espera! Lembro-me de ter contactado esta marca à uns meses atrás para um casamento privado nas ruínas de Conimbriga. Só pode ser...! -- os olhos abriram-se num suspense. -- Abri a caixa e um ligeiro brilho atingiu-me. Fiquei parva a olhar para o objecto vivo e luxuoso. Nem o ar me entrava ou saía dos pulmões. Olhei-te com um pergunta e esboças-te um sorriso.
-- Nem acredito! É lindo! 
-- Sabia que ias adorar no momento em que o vi. Até estou com inveja...
Ela riu-se. Bateu-me no peito e voltou-se de novo para o peso na sua mão. Pegou na cabeça do relógio e pousou a caixa na secretária. Os ponteiros em ouro moviam-se graciosamente, dentro do aro da mesma cor em contraste com o fundo preto, brilhante, liso e pornográfico. Colocou-o no pulso e maravilhou-se com o seu peso, as suas cores, a sua forma de contar os minutos e as horas, o diâmetro da caixa e os detalhes que a faziam apaixonar-se cada vez mais por aquele peça de relojoaria e acessório de moda. 

As mulheres adoram estas coisas!