quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dividido...



Sinto-me dividido entre dois momentos: a "Vida" e a "Morte".
De um lado (Vida), tenho a vida social, a simpatia, os amigos, a boa educação, as "cunhas", o enfrentar do mundo, a responsabilidade...
Do outro lado (Morte) tenho a depressão, o choro, narcisismo, a minha música, os meus momentos, a minha fraqueza, o meu ódio, a minha falta de educação, a despreocupação, a tristeza nas veias, tenho a minha personalidade verdadeira, não-fingida nem impingida.

Quero acreditar que estou no meio. Que sou tudo em Morte e em Vida. Sou o neutro que tendem em deixar de lado. Querem o 1 ou o 0, e não o "infinito" de probabilidades.
"Aprendo" a viver obrigado neste centro, nesta roda que não pára de girar, que me puxa de um lado, e me esfola do outro. Existo porque "vim ao mundo", e não porque o mundo necessita de mim. Sou um escarro na rua, uma pastilha que se colou à sola da tua sapatilha. Sou alguém que existe e não tem propósito.
Mas eu quero-o ter! Ou assim penso.

Desejo a morte neste meu mundo tão dividido. Tão escuro e confuso para mim. Quero que a faca me trespasse o peito, e me arranque a vida dos ossos. Quero a minha morte numa bandeja, e pendurada na parede para que seja "admirada", ou ignorada.
Não faço parte da vida de ninguém, não tenho jeito, não tenho forças, estou cansado. Torturado até à exaustão por mim mesmo, com o medo de perder a minha "individualidade". Não gosto de mim todos os dias, sou arrogante e convencido, e adoro falar mal de mim mesmo, não para que sintam pena, mas para que eu, me veja ao espelho. Talvez para me tornar mais forte, ou narcisista por mais uns dias.
Sou negativista, perfeccionista, intolerante, exigente para comigo e para com os outros. Não quero ser mais um com alma de "cão", não quero depender de outro para fazer a massa da piza, para fazer o pão, para me cortar o queijo ou o fiambre, não quero depender do outro para me arranjar uma caneta, me cozer as meias, ou arranjar um interruptor. Quero ser capaz de tudo, e não ter coragem para nada.

Quero sofrer! Quero sentir dor! Quero sentir os espinhos das silvas cravarem-me a carne, de o choro cortar-me a respiração, de sentir-me afogar num ódio e sofrimento que é só meu. Quero os pulsos rasgados por cordas, de sentir os ossos estalarem, e de desaparecer neste "mundo" que não me acolhe, que não me escolhe, nem onde existir ou não é influência.
Porque sou assim, parvo e mal educado. Sem amigos e desesperado, deprimido, sem qualquer força de vontade, ausente do mundo, dos facebooks e hi5s, da vida deste ou daquele. Não quero existir! Porque não faço cá falta nenhuma. Sou mais um besta que caminha, que rasteja entre baba e ranho.

"-- Mas eu não quero sobreviver! Quero viver!"
Porque ao ser como todos, passo a ser censurável, passo a ser mais um que rasteja. Quero ser diferente.
Porque ao deixar de ser "sincero", passo a ser como os outros. Porque ao ser "bem-educado", passo a ser aceite. Não quero ser aceite, não quero ser compreendido. Passaria a ser mais um narcisismo deles do que meu. Passaria a ser mais tolerante para eles, do que eles para mim.

"-- Deviam derreter em fornos, e fazer de vocês sabão!"
Anti-social, quase por opção, que se tornou numa obsessão, a todos os que falei mal por alguma razão, peço desculpa, mas nada disso é, mais do que a minha opinião, sofrimento e ódio sincero.
Quero gritar num único sopro que me permite o peito, frágil e esbranquiçado, algo que não sinto, que não vejo nem sofro. Gritar por gritar. Não quero opiniões "ditas e preditas", que toda agente diz, e dirão até ao fim dos tempos.
Quero espontaneidade! Quero Originalidade e individualidade.

Dividido... para o lado da Morte. Sentado para o outro, como se uma batalha estivesse eminente, e eu fosse o cavaleiro que levará a "morte e a vida" na minha boca.
A força de vontade desaparece, e sonho estar com ela. Mas ela não está cá, ainda não existe, e por vontade dela, existirá no fim dos tempos, onde nada existe... Quero ser capaz. Quero ser forte. Quero ir até ao fim sem fugir. Quero dar luta. Quero ser capaz de ser "motivador" ou "uma peça importante na tua vida".
E quero fugir para o meu poço coberto, trancado a cadeado, barricado de entulho.
Porque quero ir até ao fim do mundo, quer por ela ou por mim, e quero desistir antes de começar.
Quero sentir a luta nos meus braços, quero suar pelo esforço, e não pelo orgulho. Quero sangrar tripas e carne, por lutar e marcar a minha posição, com unhas e dentes!
Mas por muito que lute, por muito que crie, ensine, eduque, aprenda, explique, transforme, crie, partilhe... será suficiente para repararem em mim. Estou farto de lutar. Estou cansado de mostrar, de vos dar a ler, de ensinar. Estou farto de criar para os outros... e nunca receberei um apoio. Estou farto que me adicionem no e-mail só para dizer que escrevo bem. Estou farto de treta que as pessoas dizem. Estou farto da Vida! Quero a Morte, quero o mundo que é meu e onde não posso ficar por causa da merda da Vida.
Tenho de escolher, se quero "ser alguém na vida". Tenho de ser pouco "sincero" (mais bem educado), se quero "chegar longe". Quero ser eu! Quero ser amigo e fazer o que me apetecer. Quero ajudar e ser ajudado. Quero sorrir e agradecer à outra pessoa, e receber o mesmo em troca. Quero sentir-me "acolhido" pelos meus actos, e não ignorando neste mundo que mesmo com Internet, é tão pequeno.

Não quero depender dela, para ficar feliz, contente, sorridente, acreditar mais em mim, ter coragem ou responsabilidade. Quero estar com ela, e ser capaz de, sozinho, ser isso tudo, à minha maneira.
Quero ser!, mas não consigo, não sem o tempo, não sem a aprendizagem. E não mo dão.
Porque o que sou hoje, influenciará aquilo que serei amanhã. Não sou o mesmo, mas sigo o meu padrão tão confuso e distinto dos restantes. Uma linha incoerente de incertezas que constrói-em a personalidade do ser estúpido que sou. O vómito indesejável de mim mesmo.

Dividido... pelas escolhas daquilo que sou, e daquilo que tenho de me tornar.
Dividido... num insegurança que me persegue. Sem qualquer mão que me segure, atiro-me aos meus "Processos". O tempo é muito, e o prazo apertado.
Decide! Escolhe! Ou perde-te para sempre...

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Não quero comentários foleiros!
Não quero comentários ditos e reditos!
Quero o sentimento sofrido pelo vosso cérebro, expresso em palavras que não entendam.

Balnasar Album: Balnasar - Reich der Asche - Ep - 2010

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