sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Caçadores de Magia - Prologo (parte 1)



O guarda tremeu de frio, e sentiu-se cair entre as ameias. Segurou-se, abanou a cabeça, e esfregou os olhos. Olhou em volta, para verificar de que ninguém o tinha visto descuidar-se. Prosseguiu com a guarda. Subiu mais um lance de escadas, e dali por 20 metros, estaria sobre o portão Norte.
Um nevoeiro tomava forma. Era espesso, e muito cinzento. Parecia que alguém tinha colocado fogo à floresta.
"-- Abriram as portas do inferno..." - pensou o guarda.
A estrada, começava a ser galgada pelo nevoeiro, e o vento fazia-o mover-se depressa. Tudo estava calmo, e a única coisa que se podia ouvir, eram os ramos das árvores chiar, e o vento bater nas bandeiras hasteadas ali ao lado.
O guarda olhou para as mãos, e notou alguma porcaria entre os dedos. Tratou em limpa-los, só mesmo porque não tinha mais nada que fazer. Levou um dedo à boca, e pôs-se a roer a unha. Por entre o nevoeiro, algo reluzente ganhava nitidez à medida que se aproximava da sua cara. Até que se apercebeu do que se tratava. Atirou-se ao chão, e deixou-se ficar, ofegando pela vida. Levantou a cabeça lentamente, e viu um vulto surgir por entre a dispersão do nevoeiro.

-- "Estamos a ser atacados, tenho de avisar..." -- nesse mesmo momento, ouve algo atingir o portão. Debruçasse sobre a ameia, para tentar ver o que era. Ao olhar para baixo, vê o vulto. Aparentava ser alguém ágil, pois movera-se depressa para se esconder. Trazia uma capa escura como a noite, e nem a luz nos seus olhos se faziam brilhar perante as tochas pregadas junto do portão. Com um único movimento, o vulto lança uma flecha, que perfura o pescoço do guarda.

O vulto olha para cima, verificando se não existem mais guardas. Coloca então a sua mão encostada ao portão, e começa a fazer pressão sobre umas tábuas e uns quantos pregos. À medida que o tempo passa, e a pressão aumenta, um decalque profundo e queimado começa a aparecer. A madeira em volta, começa a rachar, e surgem pequenas labaredas. Estalidos percorrem todo o portão, enquanto as chamas se apagam e reacendem, espontaneamente, sobre a madeira. Lascas saltam enquanto acabam de arder. Com um pequeno impuslo do seu ombro, o seu braço envolve-se em fios, estrelas e fumo azul-claro. Da sua mão, despedaçando a madeira à medida que a penetra, emana uma labareda de um tom azulado mais escuro.
Os encaixes do portão caiem, como um peso que é capaz de abanar o chão. Os estalos multiplicam-se, começam a parecer tiros de uma metralhadora, até que param de-repente. Com um simples sopro, o portão desfaz-se em pedaços. Com a ajuda do vento, transformar-se-à em pó.

O vulto, dá um passo em frente. Cheira o ar, inclinando a cabeça, e o brilho no seu braço, aumenta e diminui, enquanto lê cada cheiro, cada som e palavra que escuta dentro daquelas paredes tão espessas. Procurava algo. Alguma energia inquieta. Algum pedaço de informação que viesse com o vento ou que estivesse guardada nas chamas daquela tocha junto do portão.
Ouviu terra ser pisada, a quase 5 metros de distância da esquina da casa mais próxima. Por entre a escuridão, aproxima-se do que quer que seja. Empunha a faca que trazia do sinto, e o cheiro inconfundivel a humano, invade-lhe o cérebro. É um guarda. Vem cansado e empunha apenas a sua armadura pesada. A doença da mulher ocupa-lhe o cérebro, e sem se aperceber, é trespassado pela faca do vulto, enquanto este lhe tapa a boca, para que não grita-se. A força do vulto é assombrosa, e com um aperto no punho sua faca, abre o homem ao meio, estripando-o de alto abaixo, parando apenas na perna.

---------------------
Link das ameias:  9 - Castelo dos Mouros

Sem comentários:

Enviar um comentário