segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Caçadores de Magia - Prologo (parte 2)


A força do vulto é assombrosa, e com um aperto no punho sua faca, abre o homem ao meio, estripando-o de alto abaixo, parando apenas na perna.

Deixou o corpo cair no chão, tentando minimizar o barulho da terra a ser remexida pelos pés do guarda. Na sua mente, surgiu a imagem de um novo guarda, longe, junto ao canto sul da vila. Correu pela rua atrás de si, de onde provinha uma imagem muito fosca, de uma lareira. Em frente, um sofá vermelho, e um tapete de arraiolos.
Sobre a fogueira, uma peça em bruto de mármore, já gasto e um pouco queimado. Trabalhado à mão, ornamentava com lírios, tulipas, cães de caça atrás de predizes, algumas vacas ao pasto, e no centro,  5 cavaleiros a entrararem, montados nos seus cavalos, dentro de uma floresta de pinheiros. Pela sua mente, enquanto percorria detalhadamente cada ponto daquela lareira fosca,vinham-lhe imagens de crianças e adultos, todos juntos à mesa. Alguns a discutirem, outros a dormir e a sonhar com o trabalho que tem de ser feito amanha, nos campos.
Chegou junto à casa de onde provinha a tal imagem. Parou.Teria de ser silencioso, mas já tinha morto 2 guardas, e não tardava em aparecer os restantes para os substituir. Decidiu então colocar a mão na porta, fez força, e a porta explodiu para dentro, criando um vento arrasador, que deitava e arrastava tudo o que se encontrava naquele pequeno hall de entrada, para um canto. Presentiu duas pessoas levantarem-se, desembainhou a espada, e perfurou o primeiro que lhe apareceu à frente, que segurava uma espada velha, ferrugenta. Entrou na sala, que se encontrava do lado direito, e pôde ver o 2º homem, forte e de cabelo comprido, vestindo um pijama simples de ceda, a esconder algo dentro de um cofre. No momento em que fecha o cofre, ouve-se vindo do vulto, uma gargalhada forte e profunda, que parecia vir das entranhas do inferno. Algo tão assustador, que fez o homem tremer algumas vezes, antes de agarrar a sua espada.
-- Achas que é com feitiços desses que me impedes de conseguir o que pretendo? -- perguntou o vulto, numa voz mais calma e quase ingénua.
Com a sua espada, tocou no sofá à sua frente, fez força com o seu braço para o lado direito, e o sofá voou directamente através da janela. Após isso, sentiu a sua força diminuir consideravelmente. Voltou a olhar para o homem, que se mostrava pálido, perante tal figura sombria, que não tinha cara, e as suas mãos, de 5 dedos, revestiam-se por uma luva de cabedal, protegida por um soqueira e espinhos de metal, cozidos à luva, através de um fio preto, semelhante a uma trança.
-- Dá-me o que guardas-te, e poupo-te a vida! -- sugeriu, ponderando uma luta com tal sujeito corpulento. Calculou as probabilidades de vencer a luta, através das palavras que eram disparadas pelo cérebro do homem petrificado. Lia-lhe os pensamentos, os sonhos, via treinos e principalmente, estudava os seus movimentos e pontos fracos, mas consumia-lhe muita energia, sentia-se agora, ligeiramente mais fraca, mas confiante de si. Sem avisar, apertou o punho com força e balançou a espada de cima para baixo, cortando o peito e o pescoço do homem, deixando um rasgo profundo e enorme no peito daquele nobre cavaleiro. Com a força do golpe, caiu para dentro da lareira, onde ainda vivo, gritou agonizante-mente. A pele começava a escamar, as unhas derretiam e o  cabelo ardia. Chegou-se junto ao cofre. Era uma caixa pequena feita de madeira, revista, tanto por dentro e por fora, por um metal mais pesado, trancado, não com fechadura, mas com uma linha dourada, muito fina, que parecia cozida pelo metal e madeira. Podia-se ver um certo brilho em volta da caixa, um brilho vermelho misturado com um azul turquesa. Ajoelhou-se, e enquanto senti tocar com os joelhos no chão, viu alguns guardas correrem por entre uma viela iluminada de lamparinas, quase semelhante a candeeiros. Subiu o punho, ainda agarrando com força no cabo da sua espada, e bateu com força no metal. Saltaram faíscas, e a sua energia azul, explodiu quase como fogo de artifício. Penetrando naquela luz proveniente da caixa, destruindo e rebentando com tal linha de feitiçaria que rodeava o cofre.
A tampa penetrou, partida, encaixando-se de tal maneira, que continuava sem puder ver o que tinha tal homem guardado. Arrancou à força aquele pedaço, já sem brilho, e o cofre acabou por ceder e partir-se em cacos. Uma luz branca inundou-lhe a visão, que rapidamente se adaptou, vendo assim, tudo em seu redor, em escuridão total, fora aquele ponto pequeno e esférico no chão, que reluzia em ondas de calor, o seu intenso brilho. Pegou-lhe, e sentiu as suas forças regeneradas.
-- "A bola regeneradora..." -- pensou o vulto, deslumbrando tal objecto de insignificante aparência. De cada que esta rolava por entre os dedos daquele monstro, a sua luz parecia começar a pulsar, tal como um coração. Até com o seu polegar, passou-o da esquerda para a direita, e a luz cessou de imediato, deixando a sua visão momentaneamente negra.

Correu para a porta, e sentiu os guardas aproximarem-se. Teria de decidir rapidamente, se ficaria para lutar, ou fugir enquanto tinha tempo. Afinal... ele não sabe como usar tal bola, a energia poderia ser regenerada, mas funcionaria sempre que ele quisesse? Puxou do arco e de uma flecha, dirigindo-se para a porta.

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