segunda-feira, 12 de julho de 2010

Não sabem que existo.


Aqui sentado, na carrinha, fechado do mundo, cansado, e ensonado, admiro as pessoas.
O seu caminhar, as suas roupas, as cores, os cabelos e os cortes, os amigos/ amigas, namorados, casais, carros, filhos e filhas...

Penso então... Como será a morte destas pessoas?
Como será a sua velhice?
Que rumo irão seguir, depois de as perdermos de vista, naquela rua, ou naquele centro comercial...
Como pensam, do que gostam, o que irão comer hoje? Farão sexo?
Onde moram, que amigos têm, o que fazem, como será o quarto delas?
De onde vêm, para onde vão que ideias têm, quais as suas maluqueiras...

Não as conheço, nem elas sabem que eu existo, não me acham importante, nem me darão mais importância por andar assim ou assado.

Não sou ninguém... e estas pessoas nunca me irão conhecer, irão morrer sem conhecer, porque afinal, nem sequer precisam. Sou simplesmente uma flor, escondida, naquela campo de verde, que vês através da janela do teu carro.
Não sabes que existo, até te chegares de perto, ou simplesmente, sentares-te, um dia, no local calmo, e fiques por ali, a olhar. Admirando algo inconsistente, até reparares em algo que te deixe curiosa/o, te aproximes e conheças.

Talvez, eu, ou alguém, te intrigue, mas será para sempre, por breves momentos.
Não existo, e rapidamente me esqueces. Perdes-me no teu consciente, na tua pasta de amigos, onde a minha foto começa a ser esquecida.
Porque afinal, não sou importante, e deixei de o ser.

Olharás para mim, e serei mais um.
Não sabes que existo, nem o faço, o que penso, e o que idealizo, de onde sou, o que vou comer, ou se tenho namorada, se hoje vou estar com ela.
Ou então, veres-me de mão dada com uma rapariga, que não sabes, e perguntas-te, "à quanto tempo namoram, como se conheceram, e porque raio vêm sempre tão bem vestidos quando saem juntos?".

Tu perdes-me de vista, e questiono-me até ao dia seguinte: "De onde és menina bonita? Com quem namoras, o que vês na televisão, e porque sais tão bonita à rua?".


Existem pessoas que eu não sei que existem, e gostaria de um dia, poder "conhece-las" a todas.

3 comentários:

  1. tenho a "louca" vontade de conhecer a todos, seriam muitas experiências,milhares de histórias..

    bonito texto.

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  2. "Existem pessoas que eu não sei que existem, e gostaria de um dia, poder "conhece-las" a todas."

    "conhece-las" no sentido de as ver, talvez saber só algo único que achem nelas, mas nada mais.

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  3. são só pessoas. só pés, só cabeças, só enfeites. quem tu deves conhecer, vais conhecendo, o resto são só pessoas.
    curti tambem do texto. Geralmente escreves sobre coisas que me interessam, coisas na qual já dediquei tempo :D
    um beijinho

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