[The Universe by ~RVAmezquita]
Vejo e ouço as pessoas gritarem, morrerem ao meu lado, enquanto sou o único a ter um dos melhores momentos. E agora apercebo-me... Os meus outros Eus não me avisaram de tal espaço, de tal mulher, de tal sala de branco. Sinto-me estranhamente vazio.
Um dos três monstros volta-me a atar as mãos, e ela tem o orgasmo.
O som não ecoa, não se move... é como se ele se mantivesse ali, imóvel.
A matança continuava em meu redor.
-- Ainda não compreendi porque nos matam. -- digo, após ela levantar-se.
-- Ó meu querido. -- diz ela -- Tu hoje não te lembras de nada...
-- Hoje? Porquê? Eu costumo vir para aqui frequentemente?
-- Hmm nem por isso. Vens quase de semana a semana.
"-- Semana a semana?" -- questiono-me. Tento lembrar-me de algo, mas o meu cérebro não encontra nada.
-- Sim, -- responde ela -- Os outros aparecem frequentemente, para me tentar matar. Ainda não percebi porquê. -- diz ela, com um ar muito pensativo, olhando o corpo nu do meu outro Eu. -- Sabes onde estamos? -- procegue, inclinando-se perante a minha cara, monstrando um grande decote, continuando a provocar-me.
-- No inferno. -- respondo, olhando em volta.
Ela desata a rir-se, virando a cara para o "céu" branco, enquanto os 3 monstros mantém a compostura.
-- Estamos num universo "intermédio". Presumo que já ouviste falar da teoria M ou da teoria das cordas, não?
Nada digo, e começo a tentar compreender que sitio tão frio e estranho era este.
-- Os universos para se criarem, segundo essas teorias, é de que... existem universos paralelos, como podes comprovar, vendo tanta gente igualsinha sentada nestas cadeiras. Nós, somos o espaço vazio entre os universos, somos as paredes da célula. Onde todos entram, e saem. Quando alguém morre, essa pessoa vem para aqui. Supostamente, seria um local de descanso, um local temporário para a alma. Mas, começaram a vir milhares para aqui, e ainda que isto seja infinito, a sua presença era sempre concentrada para um único local. Este. -- responde por fim, abrindo os braços, indicando que onde ela se encontrava era o centro do seu mundo de branco. -- Deixámos então, as pessoas virem para aqui, descansar o merecido. Porém, reparávamos que elas vinham sempre com a mesma personalidade. Mesmo vindo e entrando de univerços diferentes, a alma daquelas pessoas... -- ela fita um dos da sua raça, apertar o pescoço a uma recente rapariga, quase da sua idade, ser apunhalada na barriga. Após alguns golpes, segura-a pelos cabelos, que ainda trazia, e degole-a. -- vinha escrita sempre com a mesma história. Pode criar impacto num novo universo, mas a história repete-se, e repete-se. E começávamos a questionar a sua presença ali. Seria para estabilizar o Mega universo? -- Mega univerça significa o univerço pai, infinito, que contém todos os restantes -- Então, alguém, teve a interessante ideia de matar um ser, e ver o que aconteceria à sua "história". -- voltou a olhar para outra homicídio, e respirou fundo. -- Nada! Nada acontecia. E... como nunca tínhamos nada para fazer, decidimos começar a mata-los todos. Reparámos também, que o nosso alimento eram as vossas almas. As vossas histórias. E sabem tão bem! Vocês chamam-lhe açúcar e chocolate.
-- Vocês são demónios! -- respondo.
-- Não paulo! Não somos. Somos seres solitários, que convivemos com monstros e almas deprimidas. Simplesmente, começámos a ver a vossa morte como... um "carnaval". Uma festa. Mas tu? tornas-te-te único. Incrivelmente único.
-- Porquê eu? Com tanta gente a vir para aqui, há de haver mais alguém. -- respondi, tentando salvar-me de algo.
-- Não. E é por isso que gosto tanto de ti. Não te lembras? Apaixonámos-nos. Fizes-te inveja a todos os teus outros Tu. É por isso que me querem matar. Não te lembras? "Alguém o deve ter morto a não ser eu." -- pensa ela.
-- Porque me haveria de lembrar de alguém como tu?
-- Não digas isso, trato-te sempre tão bem.
Tomava agora atenção ao corpo do meu outro eu, tentando perceber o que acontecia diante dos meus olhos. Ela olha também, e sorri. O "meu" corpo desintegrava-se em espécie de areia brilhante. Desapareça por completo.
-- Voltou ao outro mundo, tão depressa não volta. -- responde ela, voltando a sorrir. -- Eles não me conseguem matar.
-- Eles? -- pergunto.
-- Sim, os teus outros Tu. São os únicos que têm consciência do que acontece neste "mundo". Mas... agora que lhes começámos a cortar as cabeças, eles já mal se lembram. É por isso que a cada dia estás mais forte. Eles tentam ensinar-te tudo, e transporta a sua energia para ti. É por isso, que mesmo que não faças exercício, e passes o dia todo sentado, tu não engordas, nem perdes as forças. E de cada vez que adoeces, é um deles a ser morto por um dos nossos. Começo a já nem me importar sabes? Ás minhas mãos, nada te acontece, o que é curioso, mas se for outro qualquer, já ficas doente. És como aqueles guerreiros do espaço do Dragonball. Que evoluem de nível a cada luta. Mas, tu és o único que ganha forças, depois de saíres para aqui. Ainda não consegui compreender como acontece. Será a transacção entre a parede deste mundo e a membrana do universo? Vocês humanos são estranhos. Mas tu consegues ser ainda mais estranho! -- responde, rindo-se.
-- Porque não me matas já? -- pergunto, para tentar sair dali o mais rápido possível.
-- Calma querido! Ainda temos umas horas. -- e sorri de novo.
Já que ali ia ficar, à espera da minha morte, queria aprender o máximo possível sobre aquele local.
-- Porque é que existem aqui 2 espécies?
-- Duas? Não querido, somos só uma.
-- Como? Vocês conseguem-se transformar?
-- Não. -- e solta uma grande gargalhada, que ecoa.
-- Aqueles que matam e se alimentam demasiado, ficam marcados com as atrocidades das suas histórias, por vezes podem ser histórias bonitas, mas são tão impuras como a noiva no dia do casamento. Eu também fico assim, até ao dia em que mato um Tu. Eles rejuvenescessem-me tanto! -- responde, sinto uma brisa passar-lhe pelos cabelos. -- Tu és único. É por isso que continuo tão bela.
Naquele momento, algo surge na minha mente, a dizer-me: "-- quando ela tiver mais feia, poderás mata-la".
Seria impossível, eu estava amarrado a uma cadeira, e tão depressa não conseguiria fugir da-li, ou apanhar o que quer que fosse para a magoar e até matar. Além disso, ficaria ali preso com os restantes daqueles... seres, que me matariam de uma forma talvez pior ainda.
Os planos começavam a formar-se na minha cabeça, enquanto ouvia o resto da história.
-- Sabes como é que eu sei que és o Principal? O único?
Não respondi.
-- Porque de cada vez que te toco, eu fico jovem novamente. Fico recuperada, e com as forças de volta. Quase como uma pilha.
Para ela, um simples toque em mim, de toda a vez que me encontrava à entrada da porta de fumo, fazia-a encher-se de uma extrema beleza e juventude. Enquanto que os outros Eus, lhes simplesmente curavam um bocadinho do corpo grotesco, que crescia e se tornava a cada morte.
-- Digamos que tu, és a minha experiência. -- disse sorrindo.
-- Experiência? Para o quê?
tu deixas uma pessoa a esperar para ler o resto de uma forma espectacular :b
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