quinta-feira, 13 de maio de 2010

A minha alma nasceu escrita... IV


-- Eu tenho um filho?
-- Não! tens centenas deles! Ou tinhas, mas eu matei-os todos.
Mal ela sabia, de que os verdadeiros filhos, eram na verdade os meus Eus.
Ela começara-se agora a lembrar de algo, à medida que associa o numero crescente de Eus à quantidade de filhos que vai matando. É então que ela leva a mão à faca...


-- Ei! porque é que tu não te estás a lembrar? Quem te matou fui eu! Era suposto lembras-te! Lembra-te porra!
-- E se eu me tiver a fazer de difícil?
-- Acho melhor parares!
Ela baixa a guarda, e quando volta a pôr a faca no sinto, toda a minha força desaparece. Tão rápido como desapareceu, a minha força cresce a uma velocidade descomunal, ao ponto de quase não conseguir conter a dor nos músculos. Os meus braços crescem, e fico maior.
Até que rebento as cordas, e lhe jogo a mão à faca.
Ela sente a força bruta no seu pulso, e agarra o meu. Os ossos da sua mão começam a mover-se. Os dedos estalam, e parto-lhe o polegar.
-- O que estás a fazer? -- pergunta em sofrimento, tentando libertar a mão. -- Pára! NÃO!!
O pulso estala, e arranco-lhe a faca da cinta. Ela fica espantada em dores e agonia, segurando no pulso.
-- O que estás a fazer paulo? Diz-me! -- continua ela com o interrogatório.
-- O que viemos fazer.
-- Hã? "O que viemos fazer"? Estás a falar do quê paulo?
Olho para a faca, e apertando ainda com mais força o seu punho, vejo-a crescer, finalizando numa espada comprida.
-- Mas que... o que estás a fazer? -- perguntou ela abismada, afastando-se a cada passo.
Sorrio e viro-me para a cadeira.
Com a espada e um só golpe, tento cortar a cadeira de um ângulo que me dê mais jeito.
Espetei a espada no chão, o que a deixou ainda mais admirada. Retirei o resto das cordas que se penduravam nos pulsos, e olhei para a cadeira. Ela, olhando também, pôde ver algo brilhar na ponta do braço. Foi então que a cadeira deslizou e caiu no chão.
-- Impossível... -- tropeçou nos pés de um morto, e caiu num pouco de sangue, pintando metade do seu vestido e o braço.
-- Anda cá querida! -- respondi, com um sorriso maléfico. Peguei na espada, e caminhei até ela, que recuava aos poucos.
-- Pára!
-- Um dia querida, um dia!
Peguei-lhe pelos cabelos, e ouvia gritar.
-- Não!
Enfiei-lhe a espada pela barriga a dentro.
Ela respirou fundo, e olhou-se, esvaindo em sangue. Peguei-lhe no pequeno vestido, e com um pequeno empurram no seu corpo, fiz-a cair, limpando também a minha espada.
Ela gemia, gritava por dentro, contorcia-se em dores, sinta o frio do chão, queimar-lhe a pele.
-- Queres saber quem sou?
-- Não.
-- Oh, então querida? Já não me queres fuder? -- riu, espetando novamente a espada no chão. -- Eu sou Eu. Sou Eles. Tinhas razão, eu sou "o único" que faz a ligação entre os vários univerços, as várias forças. Mas queres saber? Isso é tudo mentira! Nós somos um todo. Nós ligamo-nos entre nós. É por isso que sempre que matavas um de nós, alguém ficaria com conhecimento suficiente para, a partir daí, iniciar uma... chame-mos-lhe... viagem.
-- Do que falas? -- perguntou, tossiu e tentou segurar o sangue dentro dela. -- Isso é impossível! Eu sei que és o tal!
-- Serei?
Ela não disse nada, nem reagiu, mas pude sentir que se questionava.
-- Estás num ciclo infinito! Quer dizer... estavas! Porque, eu agora quero acabar com a tua alma. Quero que de uma vez por todas pares de matar as pessoas!
-- Eu matei-te!
-- Sim, várias vezes. Mas não foste capaz de destruir a nossa sabedoria. Começámos a testar-te. Começa-mos a tentar perceber como te matar, mas precisávamos de tempo... Quando tu pensavas que estavas a chegar a uma solução, nós já tínhamos iniciado o nosso plano para te matar.
Tu não te lembras, mas de todas as vezes que vinha-mos para cá, tu morrias. E posso-te dizer que não era bonito.
-- Do que falas?
-- Nós começámos a tirar prazer disto! De te matar. De compreender como tudo isto funcionava. De como, tu te apaixonas-te por nós. E tudo o que acabavas por nos contar, era informação importante. Até que vimos... à uns tempos para cá, que não dizias nada de novo. Vimos que tinhas chegado ao limite! Foi então que decidimos assassinar-te. Achas que aquele Eu que me viu entrar não me reconheceu? Nós trabalhos juntos! Porque é que achas que ele me disse aquilo? Para tu pensares que eu era o especial, the one!
-- Não compreendo. -- respondeu.
-- Ouve querida! Daqui em breve irás morrer, e desaparecer, por isso, mais vale não dizeres nada, e deixares-te de perguntas. Nós tivemos-te sempre debaixo de olho. À espera do momento certo. À espera que o ciclo ficasse estável. E aproveita-mos! Afinal quem anda a fuder quem? Tu a pensares que seria impossível matar-te, ou... compreender este mundo.
-- Não sabes o que dizes! Abre os olhos paulo! Eu amava-te realmente! Não era como as outras.
-- Cala-te! Até na morte me metes nervos!
E com um só golpe, arranquei-lhe a cabeça do corpo.
Admirei o seu corpo, e fechei os olhos.
Senti algo quente em volta de mim, e novamente um frio.
Encontrava-me de novo, no meu mundo. As paredes brancas... a luz forte, e a conversa das pessoas em meu redor. Todas falavam das suas experiências. E das coisas novas que tinham feito... no outro mundo.
Foi então, ao olhar para uma rapariga, igualsinha à do outro mundo, sorrir, que me apercebi e pensei nas suas palavras.
"-- Não sabes o que dizes! Abre os olhos paulo! Eu amava-te realmente! Não era como as outras."
-- "Outras." -- pensei -- Foda-se!
É então que sinto um vento atrás de mim, e sinto uma presença. A rapariga que tinha visto desaparece, e algo afiado trespassa-me o corpo. A minha espada esventrava-me de alto a baixo.
-- Afinal quem é que fudeu quem? -- pergunta ela, no seu vestido limpo e arranjado. -- Hã? -- e corta-me novamente, abrindo ainda mais o buraco na minha barriga. Retira a espada e caiu de joelhos no chão. Caminhou até à minha frente, e espetou a espada no chão. Tremendo em dores, olho para ela.
-- Achavas que o meu sere era único? Nós vigiamos tudo!
Com uma chapada, Eu, deito-a ao chão.
-- É por isso que não vais sair daqui viva! -- responde o meu outro eu.
-- O que... -- diz ela, sentindo um ardor na cara.
Eu caiu no chão, vendo o meu outro eu pegando na espada.
Eu, transformo a espada numa faca, e corto-lhe a garganta. Num grito borbulhento, ela tenta travar o sangue, mas cai alguns segundos depois.
No meu cérebro, surge então a imagem da porta de fumo, e a rapariga. Viajo até lá, "de novo". Olho para ele e digo:
-- Não! -- gritou eu. -- Ela vai matar-te paulo! Assim que entrares por essa porta, tens de fugir assim que tiveres oportunidade! -- pensando depois para comigo. -- "Estou farto de dizer esta merda! e de salvar-me., Foda-se que a puta nunca mais morre!"
Ela leva-o para dentro, e criando de novo a minha espada, sigo-os. Transformo-me, e mato-a. Aos poucos, engulo o seu corpo. A sua alma, fica então, a fazer parte de mim, vagueando pela minha pele.
Estava finalizado a matança. Todos os meus outros Eus vieram para este mundo, e começa-mos a lutar com os monstros daquele lugar. As pessoas começavam a desaparecer, à medida que o tempo passava, e é então que pela porta de fumo, elas começam a sair, de espada branca e dourada, brilhando num tom vermelho que envolvia a lâmina.


O momento chegara.
Nos nossos corpos, começavam a criar-se armaduras, que se cruzavam em cordas, em argolas, ferro trucido e incandescente. As fibras criavam o couro e a pele dura. Os pés revestiam-se de metal e pano, confortável.
As espadas cresciam um pouco mais, e os nossos corpos ganhavam mais força.
-- Não era bom que as guerras fossem travadas apenas pelos idiotas que as começaram? -- perguntou ela do fundo. A sua armadura simples e esbelta como a sua cara e corpo, acabava-se de formar, enquanto terminava a sua frase.
-- Vamos ter almoço! -- grito, apontando a espada para elas.
-- Vão-se a eles meninas. -- respondo na sua voz simpática e meiga.
Gritos de guerra soltam-se, e perdem-se no ar, guerreando primeiro, antes que qualquer outro soldado.
As fileiras aproximam-se, e o choque de ombros, faz alguns homens e mulheres cai no chão. As espadas trespassam os corpos, e sangue jorra na cara de companheiros. Uma guerra forma-se, à medida que mais e mais Eus e elas aparecem na imensidão do branco.
O som das espadas ouve-se mais alto que os próprios gritos, e é então que os verdadeiros Eus, tanto eu como ela, se defrontam. Olhando-se no olhos. Aproximam-se e... beijam-se.

-- Não paulo! Assim não! -- diz ela.
-- Não porquê? É suposto ser uma história! -- respondo, olhando-a para o texto que lhe deslumbra a mente. Parece atónica, e beijo-a, quebrando o seu feitiço.
-- Escreve outra coisa! -- diz ela, tentando arranjar maneira de continuar a história, escrita num bocado de papel, de um caderno amontoado em livros escolares.
-- Está bem... -- respondo. Apago até "beijam-se", e volto a pegar no lápis.
A minha mãe entra com um lanche "por fazer", e coloca a bandeja numa mesa.
-- Olhem para esta balbúrdia! Vocês não têm uma mesa? E esta roupa aqui espalhada paulo? Não é para arrumar?
-- Sim mãe, já vou!
-- O que é que vocês os dois andam a fazer?
-- Estamos a estudar poesia... -- responde a Mariana, a minha namorada.
-- Devem estar devem! -- responde a minha mãe, olhando-nos aos dois, deitados na cama, em cima de um monte de livros semi abertos. -- Andam é a estudar a fisionomia do corpo humano. -- responde com um pouco de cara séria, fechando de seguida a porta.
Rimo-nos, e atiro-me a ela, provocando-lhe cócegas.
-- Pára paulo! Tenho cócegas... -- grita, tentando soltar-se.
-- Ainda bem! -- respondo rindo-me.

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Este é capaz de ser um dos posts/ textos mais compridos que já escrevi aqui no blog.
Ainda assim, sinto que não escrevi nada detalhado.
Ainda que consiga "agarrar" o "leitor", acho que podia ter algo mais; mas como a histórias foi criado um pouco por intuição, por gosto, e aos pontapés, surgiu esta história, que eu acho que, se fosse bem escrita, daria um excelente livro. Mas, fica para outra altura! :D
As coisas foram criadas de forma espontânea, apesar de ter um certo caminho a seguir.
Era para acabar de uma forma, mas quis acabar assim. xD

Espero que tenham gostado desta aventura, um pouco estranha e confusa. ;)

1 comentário:

  1. obrigada pelo comentário e ainda bem que te fiz rir xD adorei a segunda foto, não sei porquê mas tem algo que a torna tão intrigante e bonita

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