A minha presença nada te diz...
Só porque não sorriu, ao ver os outros sorrir também, não significa que não ache graça...
Só por não me veres chorar, não significa que não lute por dentro...
Lá por me vestir assim, não significa que seja fútil.
Lá por ser indeciso quando penso em namoro e raparigas, não significa que não queira.
Também eu tenho medo...
Talvez sempre o terei, e por muito que mude, será sempre algo parte de mim.
Lá por não te aceitar, não significa que não me consigas mudar de opinião.
Mas será muito difícil...
Pelo simples facto de ser resmungão, e de não me dar com ninguém, não significa que seja "boa" companhia.
Mas... e se eu afinal não quiser companhia?
E estiver a tentar mostrar a mim mesmo, a vontade de me tornar ainda mais diferente e "melhor"...
Mas... o "melhor" para mim pode ser afinal o melhor e agradável para vocês. E eu não nasci para ser o filho prodígio, nem para ser o melhor do mundo. Posso tentar talvez, agradar-vos em certa forma.
Afinal sou tão inconsistente com as minhas acções, como as minhas mudanças de humor/ espírito.
E por muito que tente agradar, ninguém o verá.
Porque as pedras que me atiram, são simplesmente folhas ao vento... e nada tenho de me preocupar com vocês e as vossas pequenhices.
Talvez seja assim, estranho e anormal, porque talvez tenha aprendido o suficiente dentro deste quarto "cheio" de "nada". Um quarto que me molda o cérebro e o corpo, que me manipula o sono, a força, o pensamento.
Talvez a falta de luz de manha... talvez o faltar dos raios de sol na minha cara me façam o cérebro atrofiar.
Seja talvez pelo meu andar, pela minha postura, pela minha expressividade física, que vocês se afastam.
Talvez eu vos afaste antes mesmo de me conseguirem compreender, ou conhecer.
Talvez eu não queira ser visto, nem olhado, incomodado por conversas de ocasião.
Talvez eu não queira responder ao vosso questionário. Talvez eu seja algo mais do que simples palavras e imagens sobre a minha pessoa na vossa mente, talvez seja mais capaz, do que aquilo que penso.
Talvez o seja, e ainda não o tenha alcançado...
Talvez o facto de ser gémeo não vos seja da mínima importância. Muito menos me importará a mim se acharam giro ou "fofinho", o facto de descobrirem que o sou.
Talvez a minha expressividade nula, talvez o meu aspecto de... "mais um que para aqui anda", vos ocupe simples micro-segundos do vosso tempo para o processar.
Afinal possa a ser eu, o único a ser esquecido entre população.
Para eles, talvez mais um gajo que não tem namorada, e que é minimamente desinteressante simplesmente pela leitura que fazem do meu aspecto.
Talvez me ganhassem numa luta, no quebrar de medos e fobias...
Talvez sejam até mais bonitos, mais inteligentes e ricos.
Talvez sejam até mais felizes e saudáveis.
E podem ser os maiores gatatões da cidade, ou os mais musculados.
Seja afinal, porque a minha expressividade conte mais da minha pessoa do que eu julgo, e alguém diferente como eu, alguém confuso... vos faça afastar de mim.
Não mato pessoas, apenas lhes desejo mal.
Não me riu por obrigação...
Nem sou amigo com intenções.
Talvez me queira descobrir, talvez me queira melhorar...
Aprender e ver melhor...
Pode ser que afinal tenha apenas só medo de tudo.
Talvez vocês sejam melhores do que pensava, e o meu ver das coisas tenha já sido ultrapassado.
E tudo o que fizer daqui por diante, seja um esforço supérfluo aos vossos grandes feitos na vida.
Talvez eu não me deva preocupar com vocês, nem com a vossa presença... pois talvez e afinal, eu seja melhor que todos vocês. Talvez seja mais capaz que vocês na compreensão e leitura dos vossos corpos.
Talvez não...
Provavelmente quererei ver o meu nome da parede, mas ao mesmo tempo, esconde-lo comigo.
Talvez queira ser amado, mas ter medo de conhecer...
Talvez medo de perder...
Será então por isso que ficar sozinho não me incomoda assim tanto.
Talvez me tenha avisado desde o inicio que iria ficar sozinho. E esteja apenas a preparar-me.
E se eu quiser fugir? Sei que não lhe posso fugir, mas posso adianta-lo.
Conseguirei muda-lo?
Os meu processos tornaram-se vivos, e sabendo da sua existência, tenha então de aproveitar e tentar mudar.
Mas como o poderei fazer se terei de passar por eles... significa que terei de os adiantar ou atrasar. Posso talvez saltar algumas etapas.
Mas... a minha presença nada te diz.
Talvez me sinta diferente desde de nascença. Talvez me sinta especial.
Talvez SEJA especial.
Não poderei pensar bem de mim? Gostar de mim e achar-me o melhor?
Não poderei também, odiar-me, chorar por mim, e perder-me em pensamentos confusos entre os lençóis da minha cama...?
Talvez eu seja demasiado em isto e naquilo. Talvez seja em tudo.
E dentro dessas coisas, sejas apenas ainda o melhor dos extremos.
Lá por a minha música ser velha e diferente, não significa que me não toque de cada vez que a ouça.
Lá por sair pouco de casa, ou para ti ser só "mais um que para aqui anda", não significa que não te oiça, que não te veja, e que julgue!
Lá por aparentar "escrever bem", não significa que goste.
Não significa que quero mais por isso.
Lá por ter sido bom aluno... não significa que queira ser reconhecido. Porque depois podem-se arrepender de falar tão bem de mim não é?
E ainda que seja criança, tenho plena consciência de que não passeia a minha infância enfiado em bares, em bebedeiras e noitadas, em tabaco e ou drogas.
Sou criança pela doença, pelo medo...
Ainda que por vezes não me goste de ver fechado neste invólucro, não posso dizer que também não goste de te ver questionar para ti próprio, que tipo de pessoa sou, o que sei, o que gosto, o que faço, o que como e bebo. De que clube, que actor favorito, que filme favorito, que canal de TV, que música, que perfume, que creme de barbear, que escova de dentes, que cuecas, que camisola, que marca, sapatilhas.
O que te escondo por baixo destes ossos, desta pele e órgãos, dentro deste pequeno cérebro, é a minha caixa. A minha ilha de aventuras e descobertas, os meus livros de palavras aprendidas. Fotografias e pedaços de memória, que me constroem como humano. Que me permitem ver o mundo da maneira mais incrível que conheço e aprendi a ver. E o próprio gosto de o ver assim, fascina-me a mente. Deslumbrado pela minha maneira de ser, saberei que posso ver e sentir a nu, a pessoa que és.
Seja talvez então por falar demasiado... por não dizer nada de jeito, e me achar bom.
Eu próprio me impressiono, eu próprio gosto da forma como vejo e sinto, eu próprio me admiro.
Será narcisismo...? Talvez, pura e simplesmente, eu seja consciente de que não existe ninguém tão perto de ser como eu.
Sou duas pessoas, que se completam.
E uma delas namoraria com a outra.
Não sou nem serei ninguém aos teus olhos, pois tu também não és aos meus...
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"
Não sou nada, a não ser estúpido..."
É capaz de ser um título, um bocado duro não?
Eu acho... afinal está a falar mal de mim, e normalmente as pessoas não gostem que se fale mal delas.
Acho-o demasiado sincero. O que é bom...
Talvez eu nem me importe de falar mal de mim mesmo. Ainda que eu não tenha gostado muito de lhe dar esse titulo por achar demasiado bruto para comigo, deixo-o estar, pois sempre sinto algo diferente.
E melhor crítico de mim mesmo, ninguém!
Ouvi dizer que o Flashforward vai acabar e que não vai haver 2ª série. =/
A melhor série da actualidade... trocada por séries de vampiros e de conhices!