sexta-feira, 28 de maio de 2010

De um sonho que quero acordar...



Num sonho, vi o meu fantasma, vagueando entre as minhas recordações.
Deixava então que elas, em forma de esferas brilhantes, com uma aparência quase como partículas atómicas, que corriam à velocidade da luz, várias, ao mesmo tempo, em múltiplas direcções, lhes toca-se.

Pisava a memória de um beijo, atirava para longe um de uma infância numa varanda em lisboa.
Apertava na mão, como folha amarrotada, as brincadeiras com o meu irmão...

Sonhos, que não passavam disso.
Sonhos e desejos de alguém que não consigo ser.
Entre choros e tristezas, onde o meu coração não conhece o sorriso, nem o sol.
Em que um passeio na praia, será mais uma exposição de alguém que não sou.
Entre pensamentos obscuros, que me magoam como um fardo.

Caminho sozinho porque não sou ninguém.
Choro sozinho, porque não o quero partilhar com mais ninguém.
Odeio-te por dentro, para não sentires ou ouvires a inveja consumir-me por dentro.
Entre esses pratos de comida, entre esse lugar que frequentas, a minha dor vaguei por cada órgão do meu corpo.
Todo o meu ser, arrepiado desde o alto da espinha, pelos momentos falsos que crias.

Quero que me deixem em paz, porque não mereço...
Quero atirar-me da ponte, e deixar a vida para trás, encurralada, e acorrentada nos seus próprios espinhos, amordaça com as suas próprias cordas, alimentada pelo cultivo das sementes que nunca semeei.
Quero esquecer e seguir em frente.
Quero acreditar que existe...
Quero tocar-lhe e sentir que vale a pena...
Quero sentar-me no seu colo, e sentir a vida crescer...

Chegar-me à frente e dizer... leva-me desta mente insana.
Leva-me deste corpo podre, apaga-me das memórias as coisas más, e troca-as por ainda piores!
E deixa-me então, corrigir.
Deixa-me... ser capaz de fazer o que nunca fiz.

Entre as pessoas, a minha caminhada é surda.
Não me ouvem chegar, porque já parti....

Porque não sou ninguém...



E morro por dentro...
Mato-me aos poucos.
Corto-me em pedaços que mastigo.

Tenho ódio de mim mesmo...
Não sou nada...
Ninguém me ouve, porque eu não sou nada.
Ninguém me vê, porque não sou nada.
Ninguém se preocupa, porque eu não sou nada.

E por não ser nada, ninguém me compreende...
Ninguém me quer ouvir, ver, ou cheirar...
Ninguém se estranha e questiona sobre aquela personagem...
Riem-se de mim...
E eu chorando, mostrando-lhes que também sinto, não sou ninguém...
Porque ninguém me entende...

Ouço então esta melodia,
Aproximo-me dela, e danço com ela..
Danço e danço, percebendo mais tarde...
De que esta será a minha ultima dança na terra.
A minha dança com a morte.
Ninguém sentirá a minha falta...
Nunca ninguém saberá a minha história...
Porque não sou ninguém.

Existem dias em que a morte passeia comigo de mãos dada com a minha, ainda que não o sinta.
Existem dias de solidão...
O caixão da minha morte, guardará o meu corpo, a dará descanso à minha mente.

Junto com o fundo do mar,
Segurada pela corda, atada ao meu pescoço partido...
Entre o meu sangue que me encharca o corpo.
Entre o ódio de viver comigo.
Abraçado à lua, enfiado num canto com uma bala na cabeça.
Entre espuma e comprimidos, entre cortes e tesouras.

Porque não consigo ser feliz?
Talvez me esteja a pensar na direcção errada, junto dos meus medos, da minha solidão e empatia.
Talvez o seja por nunca ter vivido algo feliz.
Estou farto de mim...
Deixem-me ir e não chorem.
Pouco me importarei convosco.

Afundo-me na água, como uma pedra...
Entre dores e puxões, me afundo de vez, aceitando por fim a minha morte.
Derramarei o meu sangue, para que todos possam ver como sou por dentro...
Deixem-me comprar cianeto!
Deixem gritar de dores e sofrimento durante a noite escura que me engole a pessoa insignificante que sou.
Deixem-me sorrir, e mostrar as cicatrizes do meu ser.
Deixem-me mostrar as marcas das minhas lutas.
Deixem-me ser estranho e confuso... pois não sou ninguém.

Entre folhas soltas e amarrotadas, choro com agrado, as dores que me corroem a mente.
Entre as palavras e os pingos, entre o sangue e o carvão, jaz o ser, do meu sofrimento mais profundo.

Ninguém me vê porque não sou ninguém...
Porque não mereço ser visto...

Deixem-me chorar sobre a almofada!
Deixem-me sonhar que sou feliz!
Deixem-me sorrir... no leito da minha morte.

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Documentário sobre o suicídio.
Teens and Suicide - Documentary: Hello Jule, I'm still alive

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Uma lareira à noite...

Deitado na cama, virado para a lareira que crepita.
Os meus olhos e o corpo cansados, adormecem por breves segundos...
O som hipnotiza-me, relaxa...
E com um pequeno pau de incenso posto a arder à beira do fogo, o quarto enchesse de um aroma, que me acalma o coração, e torna a respiração leve...

Os meus olhos cansados, entretêm-se com a dança do incenso, ao mesmo tempo que o meu nariz sente no ar o aroma da lavanda e o queimado da lenha.
Os meus ouvidos, escutam a lareira, o crepitar e o estalar, a sua resmunguice...
A luz fraca ilumina o quarto, fazendo-me cansar entre os cobertores.
Enfio-me debaixo dos lençóis, e aconchego as bem merecidas almofadas.
Um ultimo olhar sobre a lareira, admirando a atmosfera que se criava devagarinho...

E com toda a calma do mundo, fecho os olhos e adormeço...
Confortável e longe do frio que fazia lá fora, entre chuva e trovões, que queriam penetrar-me o quarto.
Desejava, que esta noite demorasse anos... para sentir a calma de novo no meu corpo cansado.

"Sonhas lutar com dragões, entre almofadas e almofadões"
"-- quero ser como tu..."

A exaustão do meu não dormir...


O meu corpo acorda repleto de barulhos, de pontapés na porta e murros no vidro.
A voz penetra-me os ouvidos, que tanto apreciariam de volta o silêncio...

Ele grita, bate, ameaça.
Enquanto eu tento dormir...
O meu cérebro ainda a dormir, obriga-me a levantar.
Pouco tempo depois iria tomar banho e lavar a cara.
O meu cérebro exausto, roendo-se por dentro, gritando-me com a força dos musculos...
Gritando que vá para a cama, gritando que tente dormir.

6h da manha, e ainda me mantenho acordado, saiu do quarto e vejo o nascer do sol através da janela da porta da frente. O meu cérebro chora, não consigo compreender porque o torturo.
O chão pingado, torna-se frio, enquanto o tempo passa e me mantenho acordado.
Deito-me na cama, e por fim adormeço.
A falta de descansa provoca-me alucinações, provoca-me alterações profundas na mente.
Recarrego as baterias, e volto a descansar novamente, perdendo a sensação do tempo e da luz.

Como uma garganta inchada, o meu cérebro tenta colapsar os olhos que tendo em manter abertos...
Numa tentativa desesperada de poder ir descansar rodeado das suas almofadas, deixa-se ir pelos comandos que lhe vou obrigando a fazer...

Mas, eis que chega alguém, e começo a pensar que, talvez esteja a ser demasiado parvo...
Mas... afinal, estou a ser apenas eu, verdadeiro, com uma visão abrangente de tudo.
A ser... conciso.
Porquê preocupar-me com o que os outros me dizem?
Porquê falar sobre mim, se não o quero fazer?
Porquê armar-me?
Porquê... ser obrigado a ser amigo de alguém ou a dar-me bem?
Não posso, não ter amigos?
Não posso, ser anti-social?
Não posso?

Fase depressiva, enfia-a no cu!
Que enquanto eu ajo através da minha vontade, já tu ages conforme os outros e a suciedade que te rodeia.
Pelas boas maneiras, pela boa educação.
Pelas normas que tem impõem!
Não posso ser pelo menos, verdadeiro?
Era só o que faltava, agir sobre obrigação.

O meu cérebro, ainda em choro, chama-me à razão, e ainda que eu mude, terei sempre visto as coisas de maneira diferente.
Se eu quero ser "amigo"... quero, mas não sei até que ponto deva ser "bom", para com essas pessoas.
Aprendi desde cedo, que em 20 pessoas, apenas 2 são boas.
O problema, é que, ainda que das 20, 15 o possam ser, tenho-me deparado com 20-0.
Pessoas que têm a mania, e mostram-se para a suciedade, esperando deixar a sua "marca", esperando serem conhecidas e famosas. Prefiro ficar na sombra, debaixo do braço da morte, a mostrar-me ao mundo.

Prefiro morrer desconhecido sobre os seus pés, a morrer reconhecido e famoso.
Odeio, quando só falam bem, quando reconhecem os seus "dons", que nunca teve.
Quando dão importância depois da sua morte.
Odeio quando falam de mim!
Quando falam bem! Quando dizem que sou bom, ou que escrevo bem!
Falarem demasiado bem de uma pessoa num dia, pode ser mau, pois essa pessoa pode desiludir-vos no dia seguinte.
Nunca pedi para ser reconhecido, pela minha PAP!
Nunca pedi para falarem bem de mim.
Nunca pedi que me louvassem o esforço...


3:40 pm
Finalmente tenho o meu descanso.
Finalmente o meu Eu sucumbe à realidade criada na sua mente, e aprende da pior forma.
Mas pergunto-me se conseguirei moldar-me de novo, até ao ponto de ser simpático o suficiente.
Tenho medo. Tenho medo que me usem.
Tenho medo que se aproveitem.
E não tenho medo de me expor aqui, pois será para mim, mais tarde, uma forma de me relembrar, talvez com pouco orgulho, aquilo que fui e alcancei.
A minha busca pelo depressivo, pelo violento e frio, pelo cru e desumano... tornaram-se no que sou hoje, e por enquanto, tenho prazer em ser assim. Tenho prazer em não ser mais uma ovelhinha.
Mas, posso ser extremamente diferente e ainda assim conseguir ser simpático, menos frio e violento, menos respondão...
Valerá apena? Como sempre fui, com dificuldade tentarei atingir esse patamar.
E talvez fique satisfeito comigo próprio.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Não sou nada, a não ser estúpido...


A minha presença nada te diz...
Só porque não sorriu, ao ver os outros sorrir também, não significa que não ache graça...
Só por não me veres chorar, não significa que não lute por dentro...
Lá por me vestir assim, não significa que seja fútil.

Lá por ser indeciso quando penso em namoro e raparigas, não significa que não queira.
Também eu tenho medo...
Talvez sempre o terei, e por muito que mude, será sempre algo parte de mim.
Lá por não te aceitar, não significa que não me consigas mudar de opinião.
Mas será muito difícil...
Pelo simples facto de ser resmungão, e de não me dar com ninguém, não significa que seja "boa" companhia.
Mas... e se eu afinal não quiser companhia?
E estiver a tentar mostrar a mim mesmo, a vontade de me tornar ainda mais diferente e "melhor"...
Mas... o "melhor" para mim pode ser afinal o melhor e agradável para vocês. E eu não nasci para ser o filho prodígio, nem para ser o melhor do mundo. Posso tentar talvez, agradar-vos em certa forma.

Afinal sou tão inconsistente com as minhas acções, como as minhas mudanças de humor/ espírito.
E por muito que tente agradar, ninguém o verá.
Porque as pedras que me atiram, são simplesmente folhas ao vento... e nada tenho de me preocupar com vocês e as vossas pequenhices.

Talvez seja assim, estranho e anormal, porque talvez tenha aprendido o suficiente dentro deste quarto "cheio" de "nada". Um quarto que me molda o cérebro e o corpo, que me manipula o sono, a força, o pensamento.
Talvez a falta de luz de manha... talvez o faltar dos raios de sol na minha cara me façam o cérebro atrofiar.

Seja talvez pelo meu andar, pela minha postura, pela minha expressividade física, que vocês se afastam.
Talvez eu vos afaste antes mesmo de me conseguirem compreender, ou conhecer.
Talvez eu não queira ser visto, nem olhado, incomodado por conversas de ocasião.
Talvez eu não queira responder ao vosso questionário. Talvez eu seja algo mais do que simples palavras e imagens sobre a minha pessoa na vossa mente, talvez seja mais capaz, do que aquilo que penso.
Talvez o seja, e ainda não o tenha alcançado...

Talvez o facto de ser gémeo não vos seja da mínima importância. Muito menos me importará a mim se acharam giro ou "fofinho", o facto de descobrirem que o sou.
Talvez a minha expressividade nula, talvez o meu aspecto de... "mais um que para aqui anda", vos ocupe simples micro-segundos do vosso tempo para o processar.
Afinal possa a ser eu, o único a ser esquecido entre  população.

Para eles, talvez mais um gajo que não tem namorada, e que é minimamente desinteressante simplesmente pela leitura que fazem do meu aspecto.
Talvez me ganhassem numa luta, no quebrar de medos e fobias...
Talvez sejam até mais bonitos, mais inteligentes e ricos.
Talvez sejam até mais felizes e saudáveis.
E podem ser os maiores gatatões da cidade, ou os mais musculados.

Seja afinal, porque a minha expressividade conte mais da minha pessoa do que eu julgo, e alguém diferente como eu, alguém confuso... vos faça afastar de mim.
Não mato pessoas, apenas lhes desejo mal.
Não me riu por obrigação...
Nem sou amigo com intenções.

Talvez me queira descobrir, talvez me queira melhorar...
Aprender e ver melhor...
Pode ser que afinal tenha apenas só medo de tudo.
Talvez vocês sejam melhores do que pensava, e o meu ver das coisas tenha já sido ultrapassado.
E tudo o que fizer daqui por diante, seja um esforço supérfluo aos vossos grandes feitos na vida.

Talvez eu não me deva preocupar com vocês, nem com a vossa presença... pois talvez e afinal, eu seja melhor que todos vocês. Talvez seja mais capaz que vocês na compreensão e leitura dos vossos corpos.
Talvez não...

Provavelmente quererei ver o meu nome da parede, mas ao mesmo tempo, esconde-lo comigo.
Talvez queira ser amado, mas ter medo de conhecer...
Talvez medo de perder...
Será então por isso que ficar sozinho não me incomoda assim tanto.
Talvez me tenha avisado desde o inicio que iria ficar sozinho. E esteja apenas a preparar-me.
E se eu quiser fugir? Sei que não lhe posso fugir, mas posso adianta-lo.
Conseguirei muda-lo?

Os meu processos tornaram-se vivos, e sabendo da sua existência, tenha então de aproveitar e tentar mudar.
Mas como o poderei fazer se terei de passar por eles... significa que terei de os adiantar ou atrasar. Posso talvez saltar algumas etapas.

Mas... a minha presença nada te diz.
Talvez me sinta diferente desde de nascença. Talvez me sinta especial.
Talvez SEJA especial.

Não poderei pensar bem de mim? Gostar de mim e achar-me o melhor?
Não poderei também, odiar-me, chorar por mim, e perder-me em pensamentos confusos entre os lençóis da minha cama...?

Talvez eu seja demasiado em isto e naquilo. Talvez seja em tudo.
E dentro dessas coisas, sejas apenas ainda o melhor dos extremos.
Lá por a minha música ser velha e diferente, não significa que me não toque de cada vez que a ouça.
Lá por sair pouco de casa, ou para ti ser só "mais um que para aqui anda", não significa que não te oiça, que não te veja, e que julgue!

Lá por aparentar "escrever bem", não significa que goste.
Não significa que quero mais por isso.
Lá por ter sido bom aluno... não significa que queira ser reconhecido. Porque depois podem-se arrepender de falar tão bem de mim não é?
E ainda que seja criança, tenho plena consciência de que não passeia a minha infância enfiado em bares, em bebedeiras e noitadas, em tabaco e ou drogas.
Sou criança pela doença, pelo medo...

Ainda que por vezes não me goste de ver fechado neste invólucro, não posso dizer que também não goste de te ver questionar para ti próprio, que tipo de pessoa sou, o que sei, o que gosto, o que faço, o que como e bebo. De que clube, que actor favorito, que filme favorito, que canal de TV, que música, que perfume, que creme de barbear, que escova de dentes, que cuecas, que camisola, que marca, sapatilhas.
O que te escondo por baixo destes ossos, desta pele e órgãos, dentro deste pequeno cérebro, é a minha caixa. A minha ilha de aventuras e descobertas, os meus livros de palavras aprendidas. Fotografias e pedaços de memória, que me constroem como humano. Que me permitem ver o mundo da maneira mais incrível que conheço e aprendi a ver. E o próprio gosto de o ver assim, fascina-me a mente. Deslumbrado pela minha maneira de ser, saberei que posso ver e sentir a nu, a pessoa que és.

Seja talvez então por falar demasiado... por não dizer nada de jeito, e me achar bom.
Eu próprio me impressiono, eu próprio gosto da forma como vejo e sinto, eu próprio me admiro.
Será narcisismo...? Talvez, pura e simplesmente, eu seja consciente de que não existe ninguém tão perto de ser como eu.
Sou duas pessoas, que se completam.
E uma delas namoraria com a outra.

Não sou nem serei ninguém aos teus olhos, pois tu também não és aos meus...

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"Não sou nada, a não ser estúpido..."
É capaz de ser um título, um bocado duro não?
Eu acho... afinal está a falar mal de mim, e normalmente as pessoas não gostem que se fale mal delas.
Acho-o demasiado sincero. O que é bom...
Talvez eu nem me importe de falar mal de mim mesmo. Ainda que eu não tenha gostado muito de lhe dar esse titulo por achar demasiado bruto para comigo, deixo-o estar, pois sempre sinto algo diferente.
E melhor crítico de mim mesmo, ninguém!

Ouvi dizer que o Flashforward vai acabar e que não vai haver 2ª série. =/
A melhor série da actualidade... trocada por séries de vampiros e de conhices!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Os dias de fome, foram compensados...


Come-se sempre melhor, quando alguém de fora vai lá a casa...

É essa a realidade!
Pois querem sempre impressionar.
Fazem as melhores jantaradas, comeres.
Em vez de torrarem o pão seco e darem ao namorado/ namorada do filho/filha, compram croisants, ou do melhor pão da padaria.
Deixam de beber água da torneira ou do garrafão, para beberem sumo.
Deixam de comprar do fiambre e queijo mais barato e "rasco" para comerem algo "digno".
Para chegarem ao fim do dia, com menos 20€ na conta.
Tudo, porque queriam impressionar alguém.

Compra vinho, compra camarão, compram leitão, compram peru, compra mesas e cadeiras, porque afinal faltava lá em casa.
E a única coisa que falta afinal, é aceitar que não podem fechar simplesmente, por vezes, os olhos ao preço das coisas para proporcionarem algo de bom a alguém.


Come-se sempre melhor em casa, quando alguém lá vai...

Ninguém sente a minha falta...


Porque quando eu morrer, as minhas piadas passaram a pertencer ao ar.
Os risos e as gargalhadas ás lembranças.
O meu feitio, uma mera comparação.

O meu sofrimento, parte de mim.
Serei mais um ponto final, ou uns trocos na carteira.
Serei uma sombra ao canto de um quarto escuro.

Serei um suspiro em vez de um beijo.
Serei uma dor no peito em vez de carinho.
Dor de cabeça em vez de um acariciar de cabelos.

Ninguém sente a minha falta.... e eu não sinto a falta de vocês.

Porque olham mas não ligam.
Porque apreciam e deitam fora.
Entre roupas que vos faz parecer mais novas...
Entre perfumes e tons de bâton, que vos faz parecer mais bonitas...
Entre sutiãs e cuecas, que vos faz parecer mais sexys.
A vossa mente vagueia em moda e em rapazes, em arrotadores e bêbados, em discotecas e cafés, em HI5 e Facebooks, em filmes de terror e cinemas.
Vagueiam o corpo entre montras, entre olhos famintos de cona, desejosas de pilos.
Entre idade desproporcional ao corpo, numa mente por evoluir.

E enquanto vocês saltitam, como putas, como inconscientes...
Enquanto vocês fumam e bebem, enquanto veneram deus...
Eu cresço, sem regras, sem sociedade.
Eu aprendo e consinto, o mundo que me trespassa os olhos.

Serei melhor... serei capaz.
Entre as vossas vidas, eu construo o meu caminho.

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bela merda de texto, mas pronto.

sábado, 22 de maio de 2010

Ri-te... II


Tu queres-me parecer que és esdrúxulo!! -.-'

Lá estou eu de volta de um rio, a tentar apanhar peixe à pedrada.
Nisto, chega um senhor, e explica-me uma maneira de como conseguir apanhar peixe, faz-me uma cana, e vai-se embora, dizendo que volta dali a algum tempo.
Algum tempo depois, sem apanhar nada, chega-se outro senhor, que começa a dar palpites.
Algum tempo depois, ainda sem apanhar qualquer tipo de peixe, ou insecto, volta o senhor que me fez a cana, e pergunta.
-- Então? já apanhas-te alguma coisa?
Ao que eu respondo.
-- Eu acho que o rio não tem peixes...

(Explicação: Os homens podem saber as melhores técnicas do mundo sobre "pesca", mas não saber ver se o rio tem peixes ou não. Também consegue destingir, através deste ponto de vista, os bons programadores dos maus programadores, de pessoas que pensam que percebem/ compreendem informática, dos que compreendem realmente de informática, ou de fazer pão, ou de conduzir, etc.)

-- A cadela está gorda!
-- Já se olhou ao espelho? Eu tive de me desviar para o meio da estrada, só para a senhora pôr um pé à frente do outro...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Menina que chora...


Deixo o sol bater-me na cara,
Deixo o sol fazer brilhar os meus cabelos.
As minhas mãos tocam as flores, enchem-se de pólen.
As borboletas pousam, e as abelhas chupam o pólen.
A minha mão, enfeitada em brilhantes, atraí pirilampos, e outros insectos camuflados.

As árvores roçam-se com o vento, e ouço-as cantar,
Os pássaros cantam com o sabor da erva.
Vejo os coelhos correrem ao longe, fazendo a erva alta mexer.
As cores pintam a paisagem, pintam o céu, e as nuvens.

E aqui estou eu, deitada neste campo calmo mas cheio de vida.
Deitada no puro mundo.
Aconchegada na terra, aquecida pelo sol.

Olho as nuvens, as suas formas, a sua cor.
Sonho com o universo, com o céu, com as descobertas.
Sinto-me pequenina.
Sinto-me estranha e confusa.
Tão pouco conheço sobre este lugar...

Coço a cara, e ouço/ vejo e admiro, os saltitos de um coelho pouco branco, passar  ao meu lado.
Vejo uma borboleta passar bem alto, sobre as flores, batendo de forma simples e sem qualquer esforço, as suas asas finas. Asas brilhantes que me enfeitiçam as emoções.
Toda a crueza deste lugar, toda a sua simplicidade, fazem-me sorrir.
Fazem-me temer pela vida, pela sua destruição.
Neste lugar, sinto-me rainha, por puder ser a única a admira-lo e a deslumbra-lo.
Os meus olhos, têm medo,
O meu cérebro tem sonhos
O meu corpo, tem emoções...

A minha alma jamais deveria caminhar ao lado deste magnifico espectáculo da natureza.
A menina curiosa, chora sentada nesta toca, entre árvores e montanhas, entre esquilos rebeldes e bolotas voadoras.
Entre pulos e risadas, fingindo ser livre, compreendendo, de que de liberdade, apenas a minha mente o terá. Sem puder voar ou nadar, o meu corpo encanta-se a ele mesmo, admirando a liberdade das sementes que voam no ar, enfeitando-o de lã, e flocos de neve.

A menina chora, enquanto os seus pensamentos são levados pelo vento, fazendo deles, o arco-íris no fundo do vale.


"Tenho medo em não puder deslumbrar o espectáculo da natureza..."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Não percebo isto...


Foda-se, ainda bem que percebo um pouco de informática!

sábado, 15 de maio de 2010

À janela, à espera do sol...


Para ouvir com:

Ó menina porque choras...
Ó menina, o que tanto te faz chorar?
Ó menina, porque limpas as lágrimas no vestido...

Porque corres na chuva
Porque ris para sol, e sonhas na lua...
Porque te assustam os relâmpagos?
Porque foges do sapo,
E tentas apanhar os peixes com a mão.
Porque dás a mão ao pai, e um beijo à mãe.

Dança no jardim
Trepa ás árvores,
Corre com as lagartichas
e deixa as borboletas sossegadas.
Brinca no tanque da roupa,
Escorrega na relva da madrugada.
Fala com os cães, e deixa para trás a tua humanidade.
Pinta a máscara, atira serpentinas,
Esguicha a água da pistola, e ruge atrás dos palhaços.

Rebola na lama, suja o vestido,
A máquina lavará, e a tua criança crescerá.
Olha a seringa, e fecha os olhos com força.
Dá a mão à mãe, e mostra ao pai como és corajosa.
Pede um peluche, e aquece-o debaixo dos cobertores.

Fecha-te no quarto, com o teu cão.
Acorrenta o armário, onde mora o papão.
Esconde-te debaixo da cama,
Enquanto a cadelita te cheira e faz cócegas nos pés.
Brinca com ela, e molha o teu nariz com o dela.
Deixa-a lamber-te a cara, e foge enquanto a deixas à espera de carinhos.

Monta os puzzles,
Desarruma os brinquedos,
Grita,
Bate com o pé no chão.
Faz birra, e pinta as paredes com marcadores.

Senta-te à janela, protegida pela tua cadela, e sonha com as aventuras, com os saltos e os berros, com os bonecos e a relva, que farás, quando o tempo deixar de estar tão triste.


"Não chores pequenina, o sol já vai brilhar..."

Mente psicotica, perturbada



Eu violei as vossas filhas,
Uma por uma,
rebentando com a sua sanidade,
rasgando os seus vestidos.
Não merecem estar junto do lixo.
Apanhem-me antes que outra seja encontrada.

Os seus pescoços torcidos,
Ato-lhes os braços em arame farpado
Mordam a lingua!
E gritem por mais...

As suas costas partidas,
cortadas pelo umbigo,
os seus órgãos penduro na parede,
O sangue bebo.
Embalsamadas, serão elas o meu exército!
Banquete de órgãos,
respirem cianeto, cozam por dentro!
Os olhos profanados, espelham os frascos de vidro.
E deles farei uso nas aulas de ciência.
Porcas! Pegas!

Dormam, o Freedy vem aí.
Obriguei-as a parar de respirar,
Cortei-lhes os tendões, e fiz-as fugir.
Serão enforcadas, serão desligadas da tomada
A electricidade passara pelo corpo, antes do cérebro ferver.
Deixem o sapato para trás, cinderelas,
Fujam do meu machado,
Evitem a minha serra.

Entrem na minha mente!
O sabor metálico do seu sangue delicia-me a carne
Violando só pelo prazer!
A culpa é vossa, putas, vocês não compreendem
Os vossos membros serão removidos meticulosamente.
Serão removidos e cozinhados.
Sangra pela merda dos olhos!
e sente a bala perfurar-te o crânio


"-- Sou um homem simpático, podem entrar na minha casa...."

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A minha alma nasceu escrita... IV


-- Eu tenho um filho?
-- Não! tens centenas deles! Ou tinhas, mas eu matei-os todos.
Mal ela sabia, de que os verdadeiros filhos, eram na verdade os meus Eus.
Ela começara-se agora a lembrar de algo, à medida que associa o numero crescente de Eus à quantidade de filhos que vai matando. É então que ela leva a mão à faca...


-- Ei! porque é que tu não te estás a lembrar? Quem te matou fui eu! Era suposto lembras-te! Lembra-te porra!
-- E se eu me tiver a fazer de difícil?
-- Acho melhor parares!
Ela baixa a guarda, e quando volta a pôr a faca no sinto, toda a minha força desaparece. Tão rápido como desapareceu, a minha força cresce a uma velocidade descomunal, ao ponto de quase não conseguir conter a dor nos músculos. Os meus braços crescem, e fico maior.
Até que rebento as cordas, e lhe jogo a mão à faca.
Ela sente a força bruta no seu pulso, e agarra o meu. Os ossos da sua mão começam a mover-se. Os dedos estalam, e parto-lhe o polegar.
-- O que estás a fazer? -- pergunta em sofrimento, tentando libertar a mão. -- Pára! NÃO!!
O pulso estala, e arranco-lhe a faca da cinta. Ela fica espantada em dores e agonia, segurando no pulso.
-- O que estás a fazer paulo? Diz-me! -- continua ela com o interrogatório.
-- O que viemos fazer.
-- Hã? "O que viemos fazer"? Estás a falar do quê paulo?
Olho para a faca, e apertando ainda com mais força o seu punho, vejo-a crescer, finalizando numa espada comprida.
-- Mas que... o que estás a fazer? -- perguntou ela abismada, afastando-se a cada passo.
Sorrio e viro-me para a cadeira.
Com a espada e um só golpe, tento cortar a cadeira de um ângulo que me dê mais jeito.
Espetei a espada no chão, o que a deixou ainda mais admirada. Retirei o resto das cordas que se penduravam nos pulsos, e olhei para a cadeira. Ela, olhando também, pôde ver algo brilhar na ponta do braço. Foi então que a cadeira deslizou e caiu no chão.
-- Impossível... -- tropeçou nos pés de um morto, e caiu num pouco de sangue, pintando metade do seu vestido e o braço.
-- Anda cá querida! -- respondi, com um sorriso maléfico. Peguei na espada, e caminhei até ela, que recuava aos poucos.
-- Pára!
-- Um dia querida, um dia!
Peguei-lhe pelos cabelos, e ouvia gritar.
-- Não!
Enfiei-lhe a espada pela barriga a dentro.
Ela respirou fundo, e olhou-se, esvaindo em sangue. Peguei-lhe no pequeno vestido, e com um pequeno empurram no seu corpo, fiz-a cair, limpando também a minha espada.
Ela gemia, gritava por dentro, contorcia-se em dores, sinta o frio do chão, queimar-lhe a pele.
-- Queres saber quem sou?
-- Não.
-- Oh, então querida? Já não me queres fuder? -- riu, espetando novamente a espada no chão. -- Eu sou Eu. Sou Eles. Tinhas razão, eu sou "o único" que faz a ligação entre os vários univerços, as várias forças. Mas queres saber? Isso é tudo mentira! Nós somos um todo. Nós ligamo-nos entre nós. É por isso que sempre que matavas um de nós, alguém ficaria com conhecimento suficiente para, a partir daí, iniciar uma... chame-mos-lhe... viagem.
-- Do que falas? -- perguntou, tossiu e tentou segurar o sangue dentro dela. -- Isso é impossível! Eu sei que és o tal!
-- Serei?
Ela não disse nada, nem reagiu, mas pude sentir que se questionava.
-- Estás num ciclo infinito! Quer dizer... estavas! Porque, eu agora quero acabar com a tua alma. Quero que de uma vez por todas pares de matar as pessoas!
-- Eu matei-te!
-- Sim, várias vezes. Mas não foste capaz de destruir a nossa sabedoria. Começámos a testar-te. Começa-mos a tentar perceber como te matar, mas precisávamos de tempo... Quando tu pensavas que estavas a chegar a uma solução, nós já tínhamos iniciado o nosso plano para te matar.
Tu não te lembras, mas de todas as vezes que vinha-mos para cá, tu morrias. E posso-te dizer que não era bonito.
-- Do que falas?
-- Nós começámos a tirar prazer disto! De te matar. De compreender como tudo isto funcionava. De como, tu te apaixonas-te por nós. E tudo o que acabavas por nos contar, era informação importante. Até que vimos... à uns tempos para cá, que não dizias nada de novo. Vimos que tinhas chegado ao limite! Foi então que decidimos assassinar-te. Achas que aquele Eu que me viu entrar não me reconheceu? Nós trabalhos juntos! Porque é que achas que ele me disse aquilo? Para tu pensares que eu era o especial, the one!
-- Não compreendo. -- respondeu.
-- Ouve querida! Daqui em breve irás morrer, e desaparecer, por isso, mais vale não dizeres nada, e deixares-te de perguntas. Nós tivemos-te sempre debaixo de olho. À espera do momento certo. À espera que o ciclo ficasse estável. E aproveita-mos! Afinal quem anda a fuder quem? Tu a pensares que seria impossível matar-te, ou... compreender este mundo.
-- Não sabes o que dizes! Abre os olhos paulo! Eu amava-te realmente! Não era como as outras.
-- Cala-te! Até na morte me metes nervos!
E com um só golpe, arranquei-lhe a cabeça do corpo.
Admirei o seu corpo, e fechei os olhos.
Senti algo quente em volta de mim, e novamente um frio.
Encontrava-me de novo, no meu mundo. As paredes brancas... a luz forte, e a conversa das pessoas em meu redor. Todas falavam das suas experiências. E das coisas novas que tinham feito... no outro mundo.
Foi então, ao olhar para uma rapariga, igualsinha à do outro mundo, sorrir, que me apercebi e pensei nas suas palavras.
"-- Não sabes o que dizes! Abre os olhos paulo! Eu amava-te realmente! Não era como as outras."
-- "Outras." -- pensei -- Foda-se!
É então que sinto um vento atrás de mim, e sinto uma presença. A rapariga que tinha visto desaparece, e algo afiado trespassa-me o corpo. A minha espada esventrava-me de alto a baixo.
-- Afinal quem é que fudeu quem? -- pergunta ela, no seu vestido limpo e arranjado. -- Hã? -- e corta-me novamente, abrindo ainda mais o buraco na minha barriga. Retira a espada e caiu de joelhos no chão. Caminhou até à minha frente, e espetou a espada no chão. Tremendo em dores, olho para ela.
-- Achavas que o meu sere era único? Nós vigiamos tudo!
Com uma chapada, Eu, deito-a ao chão.
-- É por isso que não vais sair daqui viva! -- responde o meu outro eu.
-- O que... -- diz ela, sentindo um ardor na cara.
Eu caiu no chão, vendo o meu outro eu pegando na espada.
Eu, transformo a espada numa faca, e corto-lhe a garganta. Num grito borbulhento, ela tenta travar o sangue, mas cai alguns segundos depois.
No meu cérebro, surge então a imagem da porta de fumo, e a rapariga. Viajo até lá, "de novo". Olho para ele e digo:
-- Não! -- gritou eu. -- Ela vai matar-te paulo! Assim que entrares por essa porta, tens de fugir assim que tiveres oportunidade! -- pensando depois para comigo. -- "Estou farto de dizer esta merda! e de salvar-me., Foda-se que a puta nunca mais morre!"
Ela leva-o para dentro, e criando de novo a minha espada, sigo-os. Transformo-me, e mato-a. Aos poucos, engulo o seu corpo. A sua alma, fica então, a fazer parte de mim, vagueando pela minha pele.
Estava finalizado a matança. Todos os meus outros Eus vieram para este mundo, e começa-mos a lutar com os monstros daquele lugar. As pessoas começavam a desaparecer, à medida que o tempo passava, e é então que pela porta de fumo, elas começam a sair, de espada branca e dourada, brilhando num tom vermelho que envolvia a lâmina.


O momento chegara.
Nos nossos corpos, começavam a criar-se armaduras, que se cruzavam em cordas, em argolas, ferro trucido e incandescente. As fibras criavam o couro e a pele dura. Os pés revestiam-se de metal e pano, confortável.
As espadas cresciam um pouco mais, e os nossos corpos ganhavam mais força.
-- Não era bom que as guerras fossem travadas apenas pelos idiotas que as começaram? -- perguntou ela do fundo. A sua armadura simples e esbelta como a sua cara e corpo, acabava-se de formar, enquanto terminava a sua frase.
-- Vamos ter almoço! -- grito, apontando a espada para elas.
-- Vão-se a eles meninas. -- respondo na sua voz simpática e meiga.
Gritos de guerra soltam-se, e perdem-se no ar, guerreando primeiro, antes que qualquer outro soldado.
As fileiras aproximam-se, e o choque de ombros, faz alguns homens e mulheres cai no chão. As espadas trespassam os corpos, e sangue jorra na cara de companheiros. Uma guerra forma-se, à medida que mais e mais Eus e elas aparecem na imensidão do branco.
O som das espadas ouve-se mais alto que os próprios gritos, e é então que os verdadeiros Eus, tanto eu como ela, se defrontam. Olhando-se no olhos. Aproximam-se e... beijam-se.

-- Não paulo! Assim não! -- diz ela.
-- Não porquê? É suposto ser uma história! -- respondo, olhando-a para o texto que lhe deslumbra a mente. Parece atónica, e beijo-a, quebrando o seu feitiço.
-- Escreve outra coisa! -- diz ela, tentando arranjar maneira de continuar a história, escrita num bocado de papel, de um caderno amontoado em livros escolares.
-- Está bem... -- respondo. Apago até "beijam-se", e volto a pegar no lápis.
A minha mãe entra com um lanche "por fazer", e coloca a bandeja numa mesa.
-- Olhem para esta balbúrdia! Vocês não têm uma mesa? E esta roupa aqui espalhada paulo? Não é para arrumar?
-- Sim mãe, já vou!
-- O que é que vocês os dois andam a fazer?
-- Estamos a estudar poesia... -- responde a Mariana, a minha namorada.
-- Devem estar devem! -- responde a minha mãe, olhando-nos aos dois, deitados na cama, em cima de um monte de livros semi abertos. -- Andam é a estudar a fisionomia do corpo humano. -- responde com um pouco de cara séria, fechando de seguida a porta.
Rimo-nos, e atiro-me a ela, provocando-lhe cócegas.
-- Pára paulo! Tenho cócegas... -- grita, tentando soltar-se.
-- Ainda bem! -- respondo rindo-me.

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Este é capaz de ser um dos posts/ textos mais compridos que já escrevi aqui no blog.
Ainda assim, sinto que não escrevi nada detalhado.
Ainda que consiga "agarrar" o "leitor", acho que podia ter algo mais; mas como a histórias foi criado um pouco por intuição, por gosto, e aos pontapés, surgiu esta história, que eu acho que, se fosse bem escrita, daria um excelente livro. Mas, fica para outra altura! :D
As coisas foram criadas de forma espontânea, apesar de ter um certo caminho a seguir.
Era para acabar de uma forma, mas quis acabar assim. xD

Espero que tenham gostado desta aventura, um pouco estranha e confusa. ;)

sábado, 8 de maio de 2010

Alguém que não te importa..


Sou a flor do teu jardim
Sou o insecto que esmagas, a formiga que pisas
A comida que deitas para o lixo,
A revista que não lês, e as palavras que não dizes.
Sou os olhares que não fazes, as pessoas que não vês.
Sou a amizade que não queres,
A dúvida.

Sou o beijo falso, as mãos frias
Sou a mão que te bate, o dedo que te aponta.

Sou a flor do teu jardim,
que arrancas e cheiras, como se de bonito e cheiroso, algo restasse em mim.
Sou o ar que respiras, e expeles sem a minima importância...
Quando um dia te fizer falta, serás a primeira a correr para mim.

Depois do banho...


Com a água pelos tornozelos,
Aqui sentada admiro o mundo lá fora, deste quarto branco em azulejo.
Vejo a minha gatita Mia caminhar junto à porta, roçando-se pelas paredes.
A minha cara, molhada, sente o frio da brisa, da janela do meu quarto.
Devia a ter fechado... amanha estarei constipada.
Com as costas desprotegidas, rapidamente apanharei frio, e começarei a tremer.
Mas a água morna nos meus pés sabe-me tão bem. ^^
O cabelo comprido pinga.
Passo-lhe a mão enregelada, e vejo as pontas enfias na água, separarem-se no frenesim da agitação da água.
Ouço a Mia novamente, roçando-se contra a porta. Ali fica, parada, a olhar para mim com aqueles olhitos de quem dormiu pouco.
Fico hipnotizada com a sua postura, com o seu olhar e as suas orelhas...
-- Cátia! -- grita a minha mãe da cozinha -- Vou ligar a água quente! -- finalizou, em tom de interrogação.
-- Está bem mãe! -- gritei, ainda hipnotizada.
Começou a lamber-se, do nada, quebrando o ambiente.
Estava à espera de sentir a brisa de novo, como sinal de aviso de que estava a ficar frio. Mas a brisa não veio.
A minha mãe subiu, e eu mantive-me na mesma.
As escadas avisavam-me da sua chegada, até que após alguns passos no corredor, ela chega à porta.
A Mia , mia, olhando-a. Rosnando enquanto se rosa numa das pernas...
A minha mãe olha-a mas não faz caso.
-- Cátia! Já está na hora de sair.
-- Sim mãe...
-- Já! -- responde, fora da casa de banho, voltando para baixo. -- O almoço está pronto! Despacha-te.
-- Sim. -- respondo numa voz baixa, brincando com o cabelo na água.
Por fim saí, vesti-me, com uma t-shirt coberta de monstros que pareciam correr maluquinhos, em cores garridas, e uma saia pelos joelhos.
Sequei e arranjei o cabelo, pus perfume, e pintei um bocadinho os lábios. Coloquei um creme para a cara, e arranjei um pouco as sobrancelhas.
Desci... deixando para trás aquele meu mundo tranquilo, onde molho o meu corpo, o limpo, e onde principalmente, me deixa descansar a mente triste ainda que repleta de alegria e sorrisos...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O seu sabor...



-- Foda-se! o que é que estás a fazer? -- responde  ele levando a mão aos lábios. O sangue escorria por entre os dedos, deixando-a ainda mais excitada.
-- Descupa mor. -- responde ela, saboreando a réstia de sangue nos seus lábios.
-- Tás parva? Disse para mordiscar! Não arrancar.
-- Mas sabem tão bem...

O sabor a caramelo, fazia sonhar com o seu sangue.
O sabor da pele dele, da cara, das orelhas... faziam-na ficar louca de cada vez que se aproximava.
O açúcar nos seus dedos, obrigavam-na a chupa-los.
Brincava com os dedos dele na sua boca, só para sentir de novo o seu sabor a chocolate.
As palavras acudiam-a, enchendo a dispensa do seu coração com doces.
Impregnando as veias com migalhas de bolos.
E a sua roupa, perfumada, invocava-lhe a gulosice de mais uma noite a sós, nus, num canto qualquer.
Os corpos despidos, em fricção, criavam novos sabores, novas explosões na sua mente criativa e simples.

Ela, brincava constantemente com o seu cabelo, entrelaçando-o nos seus dedos, saboreando-o.
E ao olhar-se no espelho do seu quarto, brincava consigo mesma, acariciando, comendo-se.
O sabor a  baunilha nos seus dedos, faziam-na voar em sonhos com o seu menino encantado...

Deixa-me lamber o teu gelado...

Uma menina inocente...


Passei por ela na rua, e esboçou-me o sorriso mais bonito que alguma vez vira.
Um sorriso tímido, sensual e sexy, com o cabelo comprido cor de ouro a voar na brisa daquela tarde gelada de outono
Naquele jardim vazio, surgiram-me várias fantasias, desejos...
Ela pára, e enquanto continuava a deslumbra-la, ela olha-me.
Fico corado, e desvio o olhar, prosseguindo caminho.
-- Espera! -- grita ela. Enquanto a ouço correr para mim, fico ainda mais corado, fervilhando por dentro.
-- Ola. -- respondo.
-- Ola! -- responde ela com o seu sorriso, transbordando de energia. -- Segue-me. -- continua, agarrando com a sua mão gelada.
-- Tens as mãos quentinhas! -- diz ela, apertando-as um pouco mais, lembrando-me novamente do seu sorriso. Limito-me a responder com um sorriso muito tímido, enquanto olho para o chão molhado.

Pouco tempo depois, ela pára, junto a uma gruta quase bloqueada por trepadeiras e folhas mortas.
Olha em volta, e não vê ninguém. Com cuidado entra, levando-me pela mão.
Caminha-mos mais um pouco. A luz da entrada, parecia-se cansar a cada passo até ás entranhas daquela gruta escura.
Senti um puxão pelo meu casaco, e a parede atrás de mim.
-- Aqui estamos mais à vontade. -- sorriu gentilmente.
Um pingo caiu no lábio. Ela mordeu no dela. Aproximo-se.
E muito calmamente levou os lábios aos meus, as suas mãos acariciaram-me a cara, eriçando-me os pelos, e fazendo-me tremer.
Afastou-se, admirando a minha fogosa respiração. Esboçou um sorriso maroto, e desapertou alguns botões do meu casaco, que me protegiam o pescoço. Tirou-me o cachecol, e colocou-o em volta do seu pescoço desprotegido.
Agarrou-se a mim, e chegou-se perto do meu pescoço. A sua cara fria arrepiava-me o ombro exposto. Os seus beijos gentis aqueciam-me. Até que a sua língua tocou no meu pescoço.
Agarrou com força o meu casaco, e chegou ainda mais o seu corpo, enquanto a abraçava. Sentia tremer.
Devagarinho, enfiou a sua mão fria nas minhas calças. Brincando com os dedos, esfregando a mão...
Voltou para os meus lábios, continuando a segurar com força o meu casaco.
Abri-mos os olhos, e coloquei-lhe a minha mão dentro das calças.
As suas mãos continuavam frias, mas a sua menina lá em baixo, escaldava de prazer.
Passei os dedos devagarinho. Sentindo-a molhar-mos.
Continuei a acariciar, até que pouco tempo depois ela se veio. Parou de me lamber os lábios, e colocou a sua cara junto à minha. Coladinha a mim, sentindo os seios apertar-me o peito, gemeu. Senti o seu penso encher, e a sua respiração junto da minha boca. Beijou-me.
Retirei a mão, enquanto ela tremia. Coloquei ambas as mãos nas suas calças, a ajeitei-as.
-- Agora faltas tu...
Não disse nada. Ela notou no meu nervosismo, na minha vergonha, e abriu-me o fecho das calças.
Olhei para a luz lá ao fundo.
Abaixou-se e desapertou-me as calças. Olhou para cima e sorriu, colocando as suas mãos ainda geladas junto dele.
-- Posso brincar com ele? -- perguntou com um olhar inocente.
Fiquei ainda mais corado, e fechei os olhos por um momento...
Foi então que ela prosseguiu com o seu desejo ardente.


A minha língua arde enquanto brinco com a menina dela...

A minha alma nasceu escrita... III


-- Porque de cada vez que te toco, eu fico jovem novamente. Fico recuperada, e com as forças de volta. Quase como uma pilha.
Para ela, um simples toque em mim, de toda a vez que me encontrava à entrada da porta de fumo, fazia-a encher-se de uma extrema beleza e juventude. Enquanto que os outros Eus, lhes simplesmente curavam um bocadinho do corpo grotesco, que crescia e se tornava a cada morte.
-- Digamos que tu, és a minha experiência. -- disse sorrindo.
-- Experiência? Para o quê?

Ela aproxima-se da minha cara, e muito séria responde:
-- Quero quebrar o ciclo.
-- Qual ciclo?
-- Isto! Quero ser capaz de entender como o fazes! Como te consegues sempre lembrar. Como é que só tu me consegues deixar assim. Quero-te tornar imbecil e ignorante como todas elas! -- grita, apontando abrangente-mente para o seu lado direito.
-- Porquê? Pensei que gostasses de mim assim. -- questiono, um bocado confuso.
-- Gosto, e acabas por ser o único com quem posso ter uma conversa normal e diferente de cada vez que para cá vens. Mas eu quero entender melhor como acontece a transformação. Quero puder conseguir olhar para ti, e saber o que vais dizer, como vais dizer, como te moves... Quero ser capaz de te ler.
-- Quantas vezes já vim parar aqui?
-- Tu? Milhares. -- responde -- "E mato-te sempre da mesma maneira"-- pensa ela.
-- Porque não aceitas as coisas?
-- Aceitar? -- pergunta ela furiosa. a sua cara vira vermelha, nervosa. E por fim, dá-me um forte está-lo na cara.
Na minha cara, a marca da sua mão começa a surgir, enquanto um ardor se prolonga durante minutos.
-- Aceitar? Tu sabes o que já fiz por ti? O que já passei? Eu deixei de matar, de me alimentar, só para ficar bonita para ti! Deixei de te matar, só porque não te conseguia ver sofrer nas minhas mãos. Passei a ser doce... demasiado carinhosa! Sempre à espera que mudasses um dia! Sempre à espera de ouvir pelo menos uma vez, a mesma resposta, como fazem todas as outras pessoas! Eu queria fugir daqui, morrer ou desaparecer, como aconteceu contigo... é isso que me custa! Eu queria ir contigo. Mas sei que nunca te encontraria. Teria medo em não te reconhecer. Pelo menos, estando aqui, sei que sempre te verei. Quero compreender como acontece, e compreender este mundo.
-- E é matando-me que o consegues?
-- Sim, tenho esperança nisso. Sabes? Descobri-mos, a partir dos teus outros Tu, que ao decapitar-vos, estamos a apagar-vos grande parte da memória cerebral. Não é apenas o cérebro que guarda informação. Os músculos das tuas pernas, dos teu braços, dos dedos, os órgãos... Mas o cérebro acaba sempre por resistir à nossa "violação". Estamos a treinar novos métodos. E já que, a nossa idêntificação genética não nos permite saltar convosco, nós matamos. Tu vais-nos ajudar a dominar o univerço Pai!
-- Eu?
-- Sim. Com a informação que recolhemos dos vários povos, e com a quantidade de material que adquirimos por cada morte, conseguimos transformar e criar o que quer que seja. E tu! Vais-nos ajudar a sair daqui!
-- Mas porque é que haveriam de crer sair?
-- Queremos caçar! Não que nos apareçam nas mãos. Deixa de ter piada. Além disso, conseguiremos saltar de universo em universo. E poderei finalmente caçar-te! E amar-te.
-- E quem me dará depois a mão? -- ela olha para mim pensativa. -- Eu acho que estás aqui por uma razão.
-- Não acredito em superstições!
-- Bem, tu é que és o monstro. -- respondo, olhando os 3 "guardas" atrás de mim.
Ela fita-os, lembrando-se na figura em que se torna de cada vez que mata.

-- Jahani vu. -- disse ela para os 3 monstros. Fizeram uma pequena vénia com a cabeça, e saíram pela porta de fumo, que se formou um pouco mais à frente.
-- És a rainha?
-- Sou. -- respondeu admirando a porta de fumo desaparecer. Olha para mim e continua:
-- E irei continuar a ser, até tu me dares uma filha! Os rapazes destroem tudo! são corruptos! Ladrões.
-- Eu tenho um filho?
-- Não! tens centenas deles! Ou tinhas, mas eu matei-os todos.
Mal ela sabia, de que os verdadeiros filhos, eram na verdade os meus Eus.
Ela começara-se agora a lembrar de algo, à medida que associa o numero crescente de Eus à quantidade de filhos que vai matando. É então que ela leva a mão à faca...

domingo, 2 de maio de 2010

A minha alma nasceu escrita... II


Vejo e ouço as pessoas gritarem, morrerem ao meu lado, enquanto sou o único a ter um dos melhores momentos. E agora apercebo-me... Os meus outros Eus não me avisaram de tal espaço, de tal mulher, de tal sala de branco. Sinto-me estranhamente vazio.

Um dos três monstros volta-me a atar as mãos, e ela tem o orgasmo.
O som não ecoa, não se move... é como se ele se mantivesse ali, imóvel.
A matança continuava em meu redor.
-- Ainda não compreendi porque nos matam. -- digo, após ela levantar-se.
-- Ó meu querido. -- diz ela -- Tu hoje não te lembras de nada...
-- Hoje? Porquê? Eu costumo vir para aqui frequentemente?
-- Hmm nem por isso. Vens quase de semana a semana.
"-- Semana a semana?" -- questiono-me. Tento lembrar-me de algo, mas o meu cérebro não encontra nada.
-- Sim, -- responde ela -- Os outros aparecem frequentemente, para me tentar matar. Ainda não percebi porquê. -- diz ela, com um ar muito pensativo, olhando o corpo nu do meu outro Eu. -- Sabes onde estamos? -- procegue, inclinando-se perante a minha cara, monstrando um grande decote, continuando a provocar-me.
-- No inferno. -- respondo, olhando em volta.
Ela desata a rir-se, virando a cara para o "céu" branco, enquanto os 3 monstros mantém a compostura.
-- Estamos num universo "intermédio". Presumo que já ouviste falar da teoria M ou da teoria das cordas, não?
Nada digo, e começo a tentar compreender que sitio tão frio e estranho era este.
-- Os universos para se criarem, segundo essas teorias, é de que... existem universos paralelos, como podes comprovar, vendo tanta gente igualsinha sentada nestas cadeiras. Nós, somos o espaço vazio entre os universos, somos as paredes da célula. Onde todos entram, e saem. Quando alguém morre, essa pessoa vem para aqui. Supostamente, seria um local de descanso, um local temporário para a alma. Mas, começaram a vir milhares para aqui, e ainda que isto seja infinito, a sua presença era sempre concentrada para um único local. Este. -- responde por fim, abrindo os braços, indicando que onde ela se encontrava era o centro do seu mundo de branco. -- Deixámos então, as pessoas virem para aqui, descansar o merecido. Porém, reparávamos que elas vinham sempre com a mesma personalidade. Mesmo vindo e entrando de univerços diferentes, a alma daquelas pessoas... -- ela fita um dos da sua raça, apertar o pescoço a uma recente rapariga, quase da sua idade, ser apunhalada na barriga. Após alguns golpes, segura-a pelos cabelos, que ainda trazia, e degole-a. -- vinha escrita sempre com a mesma história. Pode criar impacto num novo universo, mas a história repete-se, e repete-se. E começávamos a  questionar a sua presença ali. Seria para estabilizar o Mega universo? -- Mega univerça significa o univerço pai, infinito, que contém todos os restantes -- Então, alguém, teve a interessante ideia de matar um ser, e ver o que aconteceria à sua "história". -- voltou a olhar para outra homicídio, e respirou fundo. -- Nada! Nada acontecia. E... como nunca tínhamos nada para fazer, decidimos começar a mata-los todos. Reparámos também, que o nosso alimento eram as vossas almas. As vossas histórias. E sabem tão bem! Vocês chamam-lhe açúcar e chocolate.
-- Vocês são demónios! -- respondo.
-- Não paulo! Não somos. Somos seres solitários, que convivemos com monstros e almas deprimidas. Simplesmente, começámos a ver a vossa morte como... um "carnaval". Uma festa. Mas tu? tornas-te-te único. Incrivelmente único.
-- Porquê eu? Com tanta gente a vir para aqui, há de haver mais alguém. -- respondi, tentando salvar-me de algo.
-- Não. E é por isso que gosto tanto de ti. Não te lembras? Apaixonámos-nos. Fizes-te inveja a todos os teus outros Tu. É por isso que me querem matar. Não te lembras? "Alguém o deve ter morto a não ser eu." -- pensa ela.
-- Porque me haveria de lembrar de alguém como tu?
-- Não digas isso, trato-te sempre tão bem.
Tomava agora atenção ao corpo do meu outro eu, tentando perceber o que acontecia diante dos meus olhos. Ela olha também, e sorri. O "meu" corpo desintegrava-se em espécie de areia brilhante. Desapareça por completo.
-- Voltou ao outro mundo, tão depressa não volta. -- responde ela, voltando a sorrir. --  Eles não me conseguem matar.
-- Eles? -- pergunto.
-- Sim, os teus outros Tu. São os únicos que têm consciência do que acontece neste "mundo". Mas... agora que lhes começámos a cortar as cabeças, eles já mal se lembram. É por isso que a cada dia estás mais forte. Eles tentam ensinar-te tudo, e transporta a sua energia para ti. É por isso, que mesmo que não faças exercício, e passes o dia todo sentado, tu não engordas, nem perdes as forças. E de cada vez que adoeces, é um deles a ser morto por um dos nossos. Começo a já nem me importar sabes? Ás minhas mãos, nada te acontece, o que é curioso, mas se for outro qualquer, já ficas doente. És como aqueles guerreiros do espaço do Dragonball. Que evoluem de nível a cada luta. Mas, tu és o único que ganha forças, depois de saíres para aqui. Ainda não consegui compreender como acontece. Será a transacção entre a parede deste mundo e a membrana do universo? Vocês humanos são estranhos. Mas tu consegues ser ainda mais estranho! -- responde, rindo-se.
-- Porque não me matas já? -- pergunto, para tentar sair dali o mais rápido possível.
-- Calma querido! Ainda temos umas horas. -- e sorri de novo.
Já que ali ia ficar, à espera da minha morte, queria aprender o máximo possível sobre aquele local.
-- Porque é que existem aqui 2 espécies?
-- Duas? Não querido, somos só uma.
-- Como? Vocês conseguem-se transformar?
-- Não. -- e solta uma grande gargalhada, que ecoa.
-- Aqueles que matam e se alimentam demasiado, ficam marcados com as atrocidades das suas histórias, por vezes podem ser histórias bonitas, mas são tão impuras como a noiva no dia do casamento. Eu também fico assim, até ao dia em que mato um Tu. Eles rejuvenescessem-me tanto! -- responde, sinto uma brisa passar-lhe pelos cabelos. -- Tu és único. É por isso que continuo tão bela.
Naquele momento, algo surge na minha mente, a dizer-me: "-- quando ela tiver mais feia, poderás mata-la".
Seria impossível, eu estava amarrado a uma cadeira, e tão depressa não conseguiria fugir da-li, ou apanhar o que quer que fosse para a magoar e até matar. Além disso, ficaria ali preso com os restantes daqueles... seres, que me matariam de uma forma talvez pior ainda.
Os planos começavam a formar-se na minha cabeça, enquanto ouvia o resto da história.
-- Sabes como é que eu sei que és o Principal? O único?
Não respondi.
-- Porque de cada vez que te toco, eu fico jovem novamente. Fico recuperada, e com as forças de volta. Quase como uma pilha.
Para ela, um simples toque em mim, de toda a vez que me encontrava à entrada da porta de fumo, fazia-a encher-se de uma extrema beleza e juventude. Enquanto que os outros Eus, lhes simplesmente curavam um bocadinho do corpo grotesco, que crescia e se tornava a cada morte.
-- Digamos que tu, és a minha experiência. -- disse sorrindo.
-- Experiência? Para o quê?