domingo, 18 de maio de 2014

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [10]



A tua voz mudou e o olhar tornou-se mais sedutor. A minha perna tocar, tornara-se num dos meus acidentes favoritos. Poder tocar-te finalmente, cravou com força em mim, o desejo de te possuir naquele momento, no meio de um bosque abandonado e iluminado apenas pela luz do Luar. E quando a Lua desse lugar às estrelas, sentir a vida sair-te do corpo ao mesmo tempo que atingia o clímax. A corda que trago no carro, há muito tempo que não sente a pele de uma mulher. Está sedenta de sangue e desejosa para criar a marca fúnebre no teu pescoço sedutora-mente escondido por detrás desses longos cabelos loiros.

Era incrível a sensação de ser observada com tanta atenção pelo teu olhar masculino. Conseguia sentir-me dominada pela tua simples postura e maneira como seguravas no copo da coca-cola. Voltas-te a tocar-me na perna e sei jeito, tentei disfarçar um sorriso colocando uma madeixa de cabelo por trás da orelha enquanto ajeitava a gola do vestido da Joana.

As tua mãos dançavam sobre a pequenita, que permanecia distraída de toda esta cena incrivelmente perturbadora e aliciante. Não costumo brincar com as coisas de fodo... muito menos sentar-me na mesma mesa que elas. Vais ser a minha morte.
Olhaste-me de novo, com um sorriso controlado e a face rosada. Anseio o momento em que te tire as expressões dessa cara de anjo. Comeste e bebeste mais um pouco, apenas para disfarçar uma fome que já não existia à mais de dez minutos e preparaste-te para dizer algo; Mas antes que dissesses alguma coisa, fui distraído pelo som de sapatos altos de uma segunda mulher que parecia dirigir-se a mim, confiante e com um ligeiro decote. O teu olhar trespassou as pessoas, descamuflando daquele ambiente caótico e barulhento uma mulher decidida. Isto vai ser interessante...

O som do seu caminhar aproximava-se num compasso metódico, como o tic-tac de um relógio antigo da casa dos meus avós que sempre odiei desde pequena. Aquele som oco entrava-me pelos ouvidos debaixo da almofada, enquanto tentava dormir ou descansar. A raiva cresceu no meu peito.
Estando eu no meu período fértil, o meu cérebro disparou uma reacção violenta por todo o meu corpo, espalhando pelo ar hormonas de aviso a outras Fêmeas. Este macho alpha, incrivelmente perfeito para gerar rebentos bonitos e saudáveis, seria só meu. Agarrei-lhe imediatamente na mão que poisava na mesa fria e recebi o seu olhar surpreso. Este macho, rapidamente controlado depois de me apertar confortavelmente a mão e sorrir, caíra na minha teia de sedução. A competição reparou no toque íntimo que dava ao meu suposto marido e continuou a caminhada de ombros caídos.
-- Você tem umas mãos muito bonitas! Adoro ver homens com as unhas limpas. -- disse, fitando os olhos da víbora que passava por trás deste homem encantador.

Hoje vai ser a minha noite de sorte!

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [11]

2 comentários:

  1. Mal ela sabe o que a espera. Esta nossa mania de nos apaixonarmos pelas aparências. Esta nossa mania de marcar território prendendo aquilo que deve ser livre. Temos o "dom" da racionalidade mas ainda assim, nos momentos mais importantes, não somos mais do que meros animais...

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    1. Apaixonarmos-nos pela aparência, tal como acontece com o "amor à primeira vista", é algo que trazemos instintivamente desde a época em que a sobrevivência da nossa espécie dependia de acasalar com o maior número de fêmeas e garantir a nossa linhagem genética, tal como acontece com os leões.

      Ainda que a aparência não seja mais importante do que as características a compõem (pessoa) (a nível inter-pessoal), a nível sexual, social e genético é-o. Existe uma razão para nos sentirmos atraídos por pessoas bem vestidas, cheirosas, asseadas, inteligentes, sorridentes, positivas, trabalhadoras, etc. etc. Coisas positivas.
      Se não acasalássemos com base nas aparências, haveria muita gente feia e deficiente.

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