quinta-feira, 22 de maio de 2014

Silêncio...



Sentia-se o calor da terra e o chão calmo ser varrido por uma leve brisa. As estrelas caiam com o sol e a escuridão enchia o céu, levantando quem de noite não dorme.
Silêncio. Como uma doença profunda e um sono pesado. O som do mundo cessava, permanecendo melancólico, murmurando aos seres uma melodia harmoniosa, leve ao ouvido, maternal ao toque, reconfortando o pêlo e aquecendo o sangue. A natureza fechou os olhos e adormeceu. Ouvia-se o uivo do vento atravessar a terra como um cobertor, uma nota orgânica, que imitava o som do coração.

Silêncio. Tum-Tum. Tum-Tum. O vento parou, o sol desapareceu e tudo morreu, sem gritos ou rugidos. Sem fugas ou esconderijos. As flores perdiam a cor, as pedras o cheiro. Criava-se, alma a alma, um oceano azul infinito, límpido, calmo, que embalava os sentimentos num corpo sem sentidos. Não havia choros, medos ou tristezas, apenas uma paisagem decorada, bela. Uma musa desceu dos céus, pairando sobre um animal. Não haviam palavras a dizer, ou cânticos de embalar. Uma estrela cadente riscou o universo e a musa olhou-a. Deitando-se sobre a relva, contemplou o tenebroso estrondo que se espalhava invisível até onde a vista alcançava.

Silêncio.
Tum-Tum. Tum-Tum.
Os vulcões explodiram e o chão tremeu.
Despertava assim a vida.

Aqui, onde a terra se acaba e o mar começa...

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