quinta-feira, 31 de maio de 2012

A minha rosa envergonhada...


Entrei em casa, cansado do calor. Levei uma baforada de ar fresco e deparei-me com uma casa vazia. Desprovida de qualquer grito dos meus pequeninos. -- O que andam a fazer aqueles traquinas? -- pensei. Pousei as chaves e a mala, olhei-me ao espelho e ajeitei os cabelos.

Via ao balcão da cozinha... e devagar, coloquei as minhas mãos sobre as suas ancas...  Abracei-lhe a barriga e cheirei-a... Beijei-lhe o pescoço, lambi-lhe a orelha e disse-lhe num sussurro:
-- Amo-te...
-- Está calor! Onde metes-te o puxo? -- respondeu depois de me depositar um beijo nos lábios. Tirei o puxo do pulso e mostrei-lho. Segurou-o e apanhou-me o cabelo. Em três tempos o meu cabelo desaparecera-me dos ombros, e já só sentia as suas mãos acariciarem-me o rosto e o pescoço.
-- És tão bonito... -- disse ela deslumbrando-me. Parecia nostálgica, enfeitiçada! Olhava-me nos olhos... o nariz, os lábios e todas as "imperfeições" que só eu podia ver.
-- Fazes-me tão feliz... -- respondi de sorriso largo e tímido. Com um beijo, fogoso e terno, abracei-a com força. Junto de mim. Querendo que o coração de ambos pudessem conversar. Matar saudade da distância que todos os dias nos faziam sentir.
Abraçou-me por cima dos ombros e segurei-a com força. Senti o seu peito contra o meu. O seu corpo parecia tremer... Pouco mais baixa do que eu, tocava-me de uma maneira tão especial, que me fazia sentir relaxado. Pareciam massagens, eram carinhos, eram beijos, palavras mágicas. Senti-lhe a língua penetrar-me a boca e a sua saliva passear junto da minha. O seu cheiro enaltecia-me a mente, levava-me para outro mundo.
Senti-lhe as mãos tocarem-me gentilmente a cara, e a saudade que sentira durante todo o dia fez-me contemplá-la até que aquele sentimento desaparece-se. O desejo de a voltar a ver, de a voltar a beijar, de lhe tocar e senti-la só minha. A minha mulher, a mãe dos meus filhos, a minha musa, a minha alma gémea.

O seu sorriso fazia-me corar de vergonha, mas tão tolo quanto ela, sorria também. Pousei as minhas mãos na sua anca. Um gesto que ela adorava, que a fazia derreter de prazer e de ternura. Sentia-se minha, só minha. Sentia-se pequena e desejada.
Mordiscou o lábio e disse-me num sorriso matreiro, envolto em vergonha:
-- Os garotos não estão cá...
-- Eu logo vi... ou tinham feito alguma ou fugiram. -- ela sorriu e foi absorvida pela imagem dos seus filhos. Corriam pela casa, pelo verde jardim a gritar e a saltar. A sujarem a roupa e a esfolarem os joelhos de tanto subir às árvores. São piores que o papá na idade deles!
-- O que estás a pensar em fazer com este tempo só para nós? -- sorrio passando-me as mãos pelo peito.
-- Tomar banho...
-- Fogo! És um desmancha prazeres! -- chateou-se. Cruzou os braços e ficou a olhar para mim quase com beicinho.
-- Contigo... à luz das velas, rodeados de rosas... que tenho no carro, a comer uns bons-bons...
Um sorriso começou a crescer, a ganhar magia, os seus olhos brilhavam e sentia-se numa espiral crescente de felicidade, de desejo, amor e carinho. Saltou-me para os braços, fechou os olhos e abraçou-me com força.
-- Porque é que és assim? Porque é que és assim tão perfeito? Não te mereço...
-- Porque te amo, e adoro fazer-te feliz... meu amor... -- e passei-lhe a mão pela cara, de olhos fixos nos dela. O meu sorriso deu-lhe reconforto, paz, e uma calma que parecia fazê-la chorar.
Dei-lhe um beijo e dirigi-me para a porta de entrada.
-- Já venho...

Ela acabou de arrumar o ultimo prato e foi para cima, para o quarto. No corredor, uma foto do casal. Na altura namorados. Tirada numa floresta, num dia estranho. Sorriu, mas sorriu pelas coisas boas e pelas más que tinha esquecido e que já não lhe faziam confusão. Abriu uma gaveta junto às pernas do armário, e remexeu alguma lingerie... Abriu um pequeno saco e sorriu empolgada. Não podia ser o dia mais indicado para a usar... tinha-a comprado à uns dias, e deixou-a escondida para uma ocasião especial.
-- "Ele vai adorar!!" -- pensou para si.
Guardou-o embrulhado, e despiu-se. Vestiu apenas um robe, e ficou à janela do seu quarto, à espera. De sorriso estampado e a sua mente perdida num dia tão solarengo. Ansiava o seu marido, o seu homem, junto dela, dentro dela. Deseja o seu cheiro, sentir as suas mãos pelo seu corpo, e aquela língua tão marota... que a deixava molhada só de pensar no prazer que ele lhe dava. Era incrível... sentia-se a melhor mulher do mundo.

Ele preparou o banho, espalhou as pétalas das rosas pela casa de banho, pela banheira e sobre a água em espuma. Acendeu dois paus de incenso e colocou uma sinfonia de Telemann a tocar. Baixou o volume só para criar o ambiente e contemplou a sua façanha. Não podia estar mais feliz. Sabia que ela ia adorar, chorar e derreter-se... mereciam um tempo para os dois, e estava ansioso por lhe fazer as massagens que ela tanto gostava.

-- Amor? -- chamou ele.
-- Estou a ir...
Entrei na banheira e continuei a olhar para o ambiente. Queria que fosse perfeito até ao fim. É então que a minha atenção é interrompida, pela coisa mais bonita e perfeita que existe na minha vida... Ali estava ela, de sorriso maroto e em pose sexy. Suavemente, deixa pousar o robe no chão. A temperatura sobe a pique e eu fico sem jeito. Ela aproxima-se vagarosamente, desfrutando da paisagem, absorvendo os cheiros, sentido a música dançar sobre a sua pele e derretendo-se sobre todas aquelas emoções, aquela magia...
Chegou-se perto de mim, e com um sorriso tímido e uma voz quase sussurrante me disse:
-- Sou bonita?
-- Oh amor! És a mulher mais bonita do mundo! Até fico sem fôlego quando te vejo dormir...
Encolheu-se tímida, a tapar a sua menina, olhando o seu peito.
-- Não me podia sentir mais feliz por estar ao teu lado. Amo-te tanto meu amor! -- e abracei-a com todo o carinho, desejo e ternura. Com força e medo. Não a queria largar, não a queria parar de sentir assim, tão frágil e sensível. Perfeita...
-- Amo-te assim... minha pequenina...
-- Amo-te...

Com amor, para a minha rosa envergonhada...

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