sábado, 3 de abril de 2010

Não chores pequena...


-- Porque choras?
A menina chorava entre soluços, limpava as lágrimas e nada dizia.
-- Anda, vem comigo. Vamos caminhar um pouco.

Limpou-se e seguiu-me.
Caminhou ao meu lado, sobre aquele caminho de pedra, que rasgava aquele campo tão verde, tão brilhante, tão... magnífico.
O sol batia-nos no corpo, e aquecia-nos.
E os olhitos da rapariguita, brilhavam, entre o choro e a cara vermelha. Levava o joelho com um pequeno arranhão, que ainda assim, para ela, era um "dói-dói" demasiado grande.

Algum tempo depois, ela já brincava, saltava de pedra em pedra, com a saia suja.
Sorria, e ria. Aquele pequeno espaço iluminava-se, enchia-se de energia.
E eu, via-a apenas. Admirando o seu sorriso, a sua inocência, a sua criancice.

E de repente, vindo do nada, nuvens cinzentas encharcaram o campo que rapidamente se tornou cinzento e sem vida...
Depressa a chuva nos apanhou. Encolhemos-nos e sentimos os primeiros pingos gelados escorrerem pelo corpo, pelos braços, pela cara e cabelos.
Olhei para ela, e viu-a deslumbrar tamanha força, deslumbrar a força colossal da natureza.
Não parecia preocupada com a chuva, enquanto as centenas de pessoas à nossa volta, corria para debaixo de alguma árvore, enquanto ambos, ali no meio da tempestade, no centro do mundo, enfrentava-mos a força do frio e do vento.

Olhou para a minha mão, e agarrou-a com carinho. Mas fazer-me sentir, de que ela estaria ali comigo o que quer que viesse entre aquelas nuvens negras que escondiam o sol.
Eu, era o seu protector, e ela sentia-se bem no meio do nada.
A enfrentar os dragões dos medos.

Hoje, ela aprendeu a lição de se levantar após uma queda, e enfrentar de novo o meio que a rodeia.

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Ontem, no forum de Aveiro, enquanto eu comia um gelado e pensava numa maneira de explicar o surgimento do universo, vi um rapazito cair de cara no chão. Olhei para ele e não disse nada.
A primeira coisa que me veio à cabeça, foi o de me levantar e ajuda-lo a levantar-se.
Mas não fui capaz, algo em mim me disse para não o fazer.
Afinal, ele não estava a chorar. Olhei para trás, para ver se vinha alguém, e a mãe dele, sem correr, sem se preocupar "muito", continuo a caminhar normalmente.
Olhei para ele e... lembrei-me do que o meu pai me disse uma vez.
"Quando uma criança cai, em bebé ou não, não devemos correr nem gritar, nem ficar preocupados por isso."
é claro que temos de saber se a queda foi violenta e se magoou, ou se foi algo normal.
"Devemos deixar a criança levantar-se, e aprender de que cair não é uma coisa má."

Ele, o menino, levantou-se e continuo a correr, e a brincar com as outras 2 meninas que o seguiam.
Ele, aprendeu que cair, não é uma coisa má. E sempre que cair, pode-se levantar pois é algo natural.
Ninguém lhe vai bater por ter caído, nem lhe vai ralhar por ter sido desajeitado.

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