domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sobre o rio...


Sentado...
Num tronco de árvore velha, que me suporta sobre um rio...
No meio de uma floresta longe da montanha pintada de branco.

Lá... ouço o mundo, o ambiente, o som dos animais, os grilos, a erva mexer.
Ouço o rio correr, e os salpicos provocados pelas folhas molhadas com o orvalho da manha.
o verde pinta em volta, aquele pequeno espaço, e todo o resto fora da minha bolha.
Olho para cima, e vejo uma águia voar, vejo esquilos saltarem entre ramos, e passarinhos chilrearem de dentro dos buracos cavados pelos pica-pau.

As folhas dançam com o vento, e as árvores parecem dar as mãos.
vejo partículas de pó, voarem, "soluçando" com saltos à mudança de força do vento.

A relva move-se, ondulando, entre pedras que parecem muito mais pesadas do que o seu tamanho aparenta.
Ouvem-se as árvores ranger... falam umas com as outras.
Passando mensagens e sabedoria ao longo do tempo, espaço, eras...

De repente, sinto cócegas nos meus pés.
E olho para baixo, vendo-os através da água limpa...
Roçando neles, como se fosse um gato, estava um peixinho de um vermelho alaranjado.
Dava ao rabo, e abana o corpo, como se dançasse na força da corrente.
Fazendo remoinhos pequenos, respirando à tona, e abrindo a boca como se quisesse falar comigo.

O sol aquecia-me os olhos, fazia as plantas acordar e esticar as suas pétalas...
Fazia girar os Gira-sóis, reflectia na água e iluminava todas as pedras que pareciam rebolar monte abaixo, como fazem aqueles tolinhos atrás do queixo. ;P

Os lagostins faziam maratonas, jogavam à apanhada e ás escondidas, naqueles cantos tão negros, por entre pedras coloridas, de tons cinzentos, vermelhos escuros e branco.

Podia ver uma família de raposas lá ao fundo, entre árvores e arvoredos baixos.
Podia ouvir os ramos estalarem, e passarinhos beberem água.
Gorgolejando gotas, como que provando o seu sabor, distinto e vazio.

Tudo à minha volta, se movia, crescia ao sol, ao som do vento, partilhando sementes e rebentos, espalhando as suas bolhas, pelos 4 cantos do mundo... e todos eles, serão tão diferentes, como o vento de amanha, como a intensidade do sol, o frio, e a energia, que de um pequeno espaço como aquele, sobre o rio, me faz reagir.

Faz-me sorrir, e sentir... que este mundo, ao qual "apenas" nós, o podemos deslumbrar em todo o seu esplendor, em toda a suas ascensão...
Mas também... magnificar-mos com as suas terríveis lamurias e dores, entre terramotos, erupções e cheias...

Este mundo, abraçou-me... ao sabor do vento.
Serei mais uma semente no ar, uma semente à espera de um lar.
De um solo rico, fantástico e cativante, onde depois da minha morte, me poderei devolver à natureza...

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