sábado, 20 de fevereiro de 2010

A música à chuva...


Decido sair à rua, enfio os headphones nos ouvidos e ponho a música a tocar.
Entre músicas calmas e violentas, a passo normal, caminho para a floresta.
Tempo chuvoso, e frio...

Fecho os olhos, e caminho por um bocado, entre a escuridão que me acalma o pensamento, ao som da chuva.

"Dark Sanctuary - Mon Errance"
Voo por entre as folhas, sentado no vento...
Mexo-me com a chuva, contraindo cheiros melancólicos...
E os pensamentos fluem... vejo a chuva cair diante os meus olhos fechados, imagino-me à janela, molhada, salpicada, numa velha casa.
Sinto-me perto da lareira, de cobertores de lã...
sinto o cheiro do chá fervido a curta distância, e a voz dela chegar-se de perto...
Ouço a chuva cair no telhado...

Sinto o frio que entre pela fresta da janela pequena,
Vejo o chão tornar-se lama,
Formar papas de folhas, e o musgo morrer...

E à escuridão bruta, de tais nuvens grandes e cinzentas, sinto-me pequeno..
Encolhido entre o calor, o conforto da sua mão tocar-me a cara.
O seu beijo mágico reconforta-me, enquanto tremo.

"Dark Sanctuary - Des Illusions"
Ouço o choro de alguém no chão, uma rapariga que chora algo que não entendo...
Sinto os olhos arderem, e o peito em chamas...
Falta-me o ar!
E vejo o rosto dela entre mim...
E caiu ao chão, choro, de aperto no peito que me impede respirar, um nó que se cruza entre amor e desespero... e tento falar!
Falta-me a voz, e a dor no peito aumenta,
Os ouvidos suportam agora um zumbido que me atordoou os sentidos.

E em tamanho desespero, ela aproxima-se de mim, tocando-me...
Vejo as lágrimas escorrerem-lhe pela cara...
Sinto o meu peito abrir, e tremo.
Fecho os olhos, enquanto pela minha garganta seca, passa um nó tão grosso, que me sinto engasgar.

Os braços perdem a força, e sinto o calor da sua mão, queimar-me os dedos.
Que impotência, que desespero este,
Que nem um grito consigo soltar..
Que força estranha me corta em pedaços, me esmaga e come...

"Dark Sanctuary - Les Memóies Blessées"
Abro os olhos, e volto de novo ao mundo...
Sinto a chuva bater-me nos ombros, e no cabelo.
Estou caído no chão, enquanto uma rapariga corre para mim.
Sinto as pernas fracas, sinto as pedras marcarem-me as mãos, e os joelhos.
Ensopado num gélido ambiente, ela abraça-me com as suas mãos, e levanta-me, sentando-me num banco do jardim...

Retirando os meus cabelos compridos na cara,
Tirando-me a febre...
Com um sorriso, agarra-me as mãos.
Sinto o seu calor contrastar com as minhas mãos frias.
Vejo o sol, no lugar da lua, vejo o céu azul, no lugar da nuvem negra...

E como à primeira vista, o nosso olhar cruza-se, e beijamos-nos debaixo da chuva intensa.
Deitando-a no banco, a troca de fluídos, disponibiliza na nossa mente, a vida, os gostos, os ódios, as experiências de ambos.
E enquanto as nossas vidas se entrelaçam, criamos um laço, que se divide em dois...
Ambos frágeis, longe do mundo real, longe da nossa beleza, e do nosso sorriso.

O laço marca o momento da mudança...

Este dia, vi o sol no lugar da lua, e o céu azul no lugar da nuvem negra...
Neste dia, encontrei-a, e nunca mais nos esquecemos.
Este dia... ainda agora começou, e irei passear para a floresta, esperando por ela no nosso banco do jardim. :)

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