domingo, 16 de janeiro de 2011

Chora por mim...


Primeiro sintoma, gritar!
Até que o meu peito fique sem ar.
Em que uma dor aguda me aperta as costelas...
Preso naquele sentimento que não conheço, mas que gosto de sentir.
Em que a música, deixa de ser "música", e passa  a ser personificada em letras.
Letras que me choram nos ombros, que me gritam aos ouvidos, que me fazem sofrer e cair.

Não, não são letras... são palavras.
São farpas em brasa, que se espetam e cravam.
Um corpo frágil, alimentado em força, pelo sofrimento do não ser.

Só um sorriso, daquela mais pura, traga talvez outro, mas talvez não mais do que isso...
Quero ver, o choro ganhar força, e o sofrimento matar-me por fim.
Quero ser a dor, que te arrepia a espinha, e que te faz fugir de mim.
Sozinha, longe a luz, num canto sem amor, onde nada deixas entrar, e nada deixas sair.
Deixa-me ser, deixa-me ver esses lábios, que interrompem sem hesitar as ordens do teu ser.
Quero sentir-te, fraca entre esses nós. Nós de solidão...

Deixa beijar, a ferida aberta. Deixa-me ser, o veneno que te consome o sorriso, e te constrói de novo.
Reinventa-mos, descobrimos-nos, num estado negro que só existe contado em histórias, que crescerá num amor platónico, incapazes de entendermos.

São músicas que me rasgam a pele, que me expõem no intimo da minha mente, frágil, inseguro...
Que choram ao meu ombro, aos meus ouvidos... cada grito mais energético que o outro.
Faz-me chorar...
Provocam-me arrepios, aqueles choros que leio.
São para mim, histórias de um viver incompreendido.

Chora! Chora comigo!
Vê-me por fim, deitado nesta cama que fiz, para mim e para ti...
Vem comigo, e sofre por mim.

Sorri, sê feliz!
Chora por mim, já que não o farei.
Vê em mim, o que não consegui ser.
Sê por mim, o que não consegui fazer.

Sou feito de pedra, como o frio reflecte a saudade.
Sou um ódio que não explode, mas que implode.

Que cresce e cria raízes que consome a terra... que esventra e assusta pacificamente.
Sou um desejo indesejável, detestável consumidor de ar.

Chora por mim, já que não o farei.

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