domingo, 23 de janeiro de 2011

Beleza confusa...


-- Está frio cá fora...
-- Demasiado.
-- Porque vieste assim?
-- Não me lembrei de que podia ficar assim tanto vento e um frio de rachar...

Gostava de ver as coisas de outra maneira. Diz ela. À tua maneira...
De sentir o tempo juntos, de saborear os pequenos momentos e não o tempo que transporta a saudade.
Sentada....
Sentada aqui, contigo neste telhado, onde o frio nos corte os dedos... que nos obriga a aconchegarmos-nos um no outro.
Ver o céu, ver algo de bonito e tão... abstracto.
Ouvir o mundo.
Um esfregar nos teus cabelos, e uma explosão de sorrisos... alegria por fim.
Alegria!

Beleza confusa.... alegria excitante que se esconde entre esses cabelos compridos que te cobrem a cara.
Que te cobrem de tristeza. Uma tristeza gritante que consigo ver e sentir... quase como se me tocasses.
A mágoa da tua tristeza... que me deixa vulnerável. Deixo os sorrisos a um canto.
Quero-te abraçar. Quero este momento, estranho e nostálgico, aqui no frio e no topo do telhado.

Um toque no teu nariz, e desfaço esse ar tão sério que trazes sempre contigo. Esse ar que te protege.
Vejo de novo o teu sorriso. Um sorriso aconchegantemente... estranho.
Calorento, reconfortante, sincero, simpático... um sorriso, estranho.

Quero ouvir-te, poder discutir ideias... e ouvir-te resmungar por não te quereres levantar da cama. Dorminhoco!
Quero-te tirar desse computador, e levar-te a dar uma volta.
-- Está frio!
-- Anda embora!
Cuidar das feridas que teimas em manter abertas, por gostares..
Acho que já é tempo de alguém te as fechar. Sei que aprendes-te a viver com isso, aprendeste a sobreviver disso. Deixa-te ficar, cuidarei de ti.

És uma beleza confusa... estranho.
Consegues-te manter presente, e no então, com a mente tão distante, nesses pensamentos que crias, nessas coisas que aprendes. Ensina-me.
Mostra-me como é! Ensina-me o significado daquele olhar, ou daquele mexer de dedos.
Quero ver...

Sair contigo e experimentar roupas que nos façam parecer o casal "perfeito" e não o casal estranho.
Fazer e ver-te sorrir, com esse bocado de gelado pintado no nariz.
Sentar-me contigo, como agora, e saber que estás aqui, mesmo estando distante nesse pensamento profundo e quase irreal.

-- Esquece isso! Sorri comigo.

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