segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Baloiça comigo...



A quinta é grande, teremos muito tempo para desvendar os segredos que escondem os teus olhos...
As lamurias que os teus suspiros abafam, como o vento sopra as folhas deste outono que renasce e pinta esta quinta de cores primaveris.
Esta casa fervilha de vida!

Esse vestido fica-te deslumbrantemente harmonioso.
Curvas perfeitas, suaves e gentis aos olhos. Transbordas calma e sossego. Até o teu caminhar é simples.
 Mas és algo mais. És diferente. Um diferente fascinante.

Danças quando o vento passa em força por ti... atiras-te de peito a ele, e fechas os olhos, sentido o mundo, dizes tu.
O céu não é um obstáculo, pois consigo perceber que para lá da tua escrita, dos teus sonhos e desejos, consegues chegar às estrelas mais distantes, rodeadas de poeira cósmica que pintalsigam a escuridão do teu vestido. Tão simples como a tua mente, mas fascinante e cuidado, como os teus pensamentos.
O cabelo ruivo cai-te pelos ombros, melhorando um retrato já perfeito. Adocicando o olhar de um já apaixonado rapaz. Em que as sardas parecem saltar pela tua pele branca, cobrindo-te assim de pintas, de memórias que fazem lembrar sonhos... nuvens brilhantes, cores, que fazem os passarinhos cantar e poisar em ti. És uma mãe. Mãe natureza.

Rodopias ao sol, ao som dos chilros, ouvindo os risos e sentindo o calor. A saia roda, e deslumbrada pelo momento, pelos sentimentos, pela paz aparente que traz o silêncio, sorris.
E é então que cais, cansada, com a cabeça a andar à roda, nesta relva viva. Deitada pois, no jardim que te viu nascer, nesta quinta que te fez crescer. Repleta de memórias e aventuras, de esconderijos e sustos. De seres magníficos... e horripilantes.

Vamos desvendar os segredos por trás destes muros, por trás das portas, e entre os livros empoeirados.
Quero abrir uma janela, nesta sala de descobrimentos. Casa de verão, mas de uma vida inteira.
Aproxima-te, quero sentir a tua respiração, e beijar os teus lábios, dóceis.
Olhar-te nos olhos e ver-te sorrir energéticamente, numa calma momentânea, um sorriso de revelação.
Sinto a tua cabeça encostar ao meu ombro, e um entrelaçar de dedos gélidos, prender-me.

Corada pelo frio, ou pelo momento, sorris tímida, para as montanhas do longe, e sei que sonhas com aventuras, com desejo de descobrir, e não apenas memórias.
Compreendo agora, o que demorei a ver.
És a minha fantasia.
És o meu sonho de Inverno, que não derrete no verão.
Sou um tolo apaixonado, sabendo o que te sou.

E agora fim da tarde, caminhadas longas como o próprio tempo, continuo a desvendar a rapariga que sonha com planetas, num planeta distante que não é este.
Parvoíces e pequenhices, que me fazem rir, e desesperar.
Quero ficar mais um bocado...
Vem para o baloiço comigo, quero-te mostrar uma coisa...

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