quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ainda não sei, mas caminho para lá...



Vi à pouco um novo reclame do Continente, daquela senhora a quem fartam de lhe chamar o nome?
E surge uma cena de ela a falar com algumas peças de lego à frente dela, e o que me apercebi era de que ela era como muitas mães, uma marca, uma imagem de mãe muito comercializada, daquelas mães que oferecia coisas "fixes" e boas aos seus filhos, que era "rica", que tinha dinheiro e boa saúde, que "dava" amor, era atenciosa, "dedicada", preocupada e presente. No entanto, não sabia para que servia ou no que podia ser usado o lego. É uma mulher que não sabe brincar, que vê aquelas coisas pequenas como um brinquedo "complexo" que dá para fazer muita coisa na mão dos seus filhos, mas uma coisa muito morta nas suas. Apenas conhecia metade do objecto. Não se importava nem se preocupava com a sua funcionalidade.
Não tinha consciência da potencialidade do brinquedo. Era lego, ela sabia o nome, mas para ela seria só mais bonecada espalhada pelo chão. Não percebe, portanto, nada sobre o assunto quando se fala em brinquedos. Sabe o que é e para que servem, para entreter as crianças quando está mais ocupada, mas não quer nem se interessa por mais nada.

Não estou a ser mau, estou a ser realista.
Os pais de hoje em dia não sabem brincar, não se interessam por fazer parte desse desenvolvimento nos seus filhos. Somos um país de pais ausentes no que toca a interagir com os seus filhos.
Os pais de hoje, acham que o brincar e os brinquedos da criança, são um mundo à parte da criança, que não compreendem nem querem compreender, para além de não quererem entrar ou interagir.

Reconheço em mim, uma certa falha, um certo buraco que me faz sentir pouco ou nada preparado para ter um filho, educar e fazer crescer. Mas algo que noto cada vez mais, é que nem todos sabem o que é educar ou como educar.

É fácil ler uns livros e usar o "senso" comum como ferramenta, mas de que serve se não se souber ou perceber o que é um bebé, como funciona, o que é e foi ser criança? Não, um bebé não é um objecto, é uma esponja com uma capacidade única e incrível nos seus primeiros 6 anos de vida.
Usar o senso comum e livros técnicos, ou a igreja, é como ensinar uma criança a fazer contas de somar num papel através de um exercicio ficticio e imaginário e não usar de todo um exercício físico, com moedas ou limões, em algo que possam realmente tocar, sentir, compreender e interiorizar. Somos seres visuais, e é verdade que também somos muito imaginativos e incentivos, mas ao usar exercícios tão fictícios como os que vêm em livros, pode ser um problema. Mas também não estou a dizer que não se deve fazer esse tipo de exercícios sem algum exemplo prático, porque deve ser feito, o que é importante retirar desta ideia, é a de que se usarmos várias formas de ensinar e conjugá-las de forma simples, divertida e interactiva, porque o que uma criança na primária o que quer é saltar e brincar, podemos criar crianças com uma mentalidade bem mais forte.

Não, não sou pai, sinto algum receio porque como disse acima, não me acho nem me sinto preparado, mas preocupo-me, como também me "farto" de escrever em vários outros textos. Preocupo-me, informo-me, interesso-me. Digo isto centenas de vezes, porque cada vez mais me apercebo que existem jovens que se acham prontos, que desejam ser pais ou mães, que acham que saberiam cuidar bem de uma criança, que desejam uma nos braços, mas nem se quer têm consciência. Sim, é uma critica! Critico muito no meu blog, mas também digo muita coisa interessante e digna de ser lida. Não gostam? Há quem goste e quem se preocupe. Existe mercado para tudo não é verdade?
Falta-lhes capacidade de compreenderem-se a elas mesmas, mesmo elas achando-se muito inteligentes e capazes de resolver problemas. Que por trabalharem ou terem um curso se acham já maturas o suficiente para educarem um filho. Que por receberem muito dinheiro ou carta de condução, lhes dá o direito, e têm, de dizer que são capazes e estão prontas.
Pois enganam-se! Não estão prontas porque não têm consciência nem se preocupam. Saber que marcas de comida comprar, fraldas, carrinhos, vestidos e camas, não é tudo. Se não se souber o que é ser e como foi ser criança. E de que maneira se pode dar educação mas também inteligência, porque a inteligência aprende-se. Tornam-se na estatística que tanto criticam.
Porque lá por termos instinto animal que nos ajuda através deste grande passo nas nossas vidas, também somos animais inteligentes, com capacidades cognitivas. E convém também usar essa parte do cérebro.

Sim é uma critica, e não falo de muito neste texto porque já falei muito em outros anteriores, como os que deixo no fim deste texto. Mas quem sou eu para criticar não é? Bem, sou um rapaz que sente que está e se preocupa mais do que aqueles que andam à minha volta. Não vou esperar para ter um filho nos braços ou a minha vida se recomponha para me preocupar em ter filhos, ou me preocupar em os educar bem. Não é depois de tudo que me vou pôr a preocupar. É como estudar para um teste, há testes que estudamos no dia anterior ou só no próprio dia, mas neste grande momento? Tem de se preocupar e aprender muitos anos antes.



E lembrem-se, quando acharem que estão preparados, ainda só estão a meio caminho!

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