sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O abismo...


Porque é que tem de doer tanto?
Porque é que dói?!
Porque é que nos faz sofrer tão depressivamente?
Porque tem de doer? Para crescer? Para aprender? Para ser mais forte?
Porque é que o bonito acaba sempre enterrado, escondido no lodo negro do lago, pútrido e farpado?

"Porque a dor é assim mesmo... uma dor, uma dor que lembra que o ser humano não é de ferro mas sim de carne e osso. Que é um ser que sente as emoções e que é capaz de senti-la. A dor faz parte, a dor faz-nos ver que não somos imunes. Mas no fundo a dor é como todas as emoções, e como todas a dor faz-nos aprender." por Cecília

-- Ainda dói?
Já não, aprendi a esquecer rapidamente o que me deixa triste, mas não tarda para que me volte a relembrar das coisas boas, ficar feliz por elas, e reprimir-me pelas coisas más ou as coisas que não fiz e devia ter feito.
Porque caímos? Para aprendermos a levantarmos-nos. Para crescermos e aprendermos.

Cada queda que eu dou, é um cravo que se espeta na minha mente, que se crava e encrava, que se enrosca e enferruja. Deixa marca sem se esforçar muito, e venho eu por vezes limpar as feridas que se mantém um pouco abertas para tentar perceber como posso apaziguar a minha dor, perceber onde errei, onde fui excelente, relembrar os meus sorrisos e as minhas atitudes menos "nobres".
Sou um saco de pancada há tanto tempo, que ainda assim continua a sofrer, mas por pouco tempo. O meu cérebro lá manda esquecer as coisas más que me fazem tanta dor. Com o passar de uma borracha pelas minhas emoções, mantenho-me acordado e consciente. Eu tento, bem tento não fugir da minha própria mente, da minha vida, da minha dor, mas às vezes ela apanha-me com força, de frente e abraça-se a mim com força que me tira o ar do peito e me impregna com um sofrimento inimaginável.
Tenho as costas largas e da dor que receber por parte da vida, só terei de saber lidar com o mesmo pensamento analítico que me esforço para ter e manter.
Porque a dor não faz só mossa, também enrijece. Estamos tão acostumados à vida, que nos esquecemos da morte. Das dores, da tristeza, do choro, da raiva e do ódio, do nervosismo, do sorriso e do amor.

Nas costas sinto as vergas cortarem-me a carne. Emoções que se multiplicam como cancro, como endorfina. Um sabor a mel no meu cérebro e um grande buraco negro que cresce no peito. Um controlo de nervosismo que me manter frio à realidade, um mundo a cru que me atravessa os olhos. E então... a "felicidade" deixa novamente de existir no meu rosto... deixa de ferver nas minhas veias e as minhas mãos recomeçam a tremer, os pasmos nervosos ocorrem de novo.
Adoro ver o choro escorrer na face dos outros, na minha... adoro ver o sofrimento gritar-me da garganta, despedaçar-me como um insignificante insecto. Adoro o ódio estampado, o físico pujando de dor, de um rasgo que não fecha e só tende em aumentar. Adoro o sofrimento e a violação de um sere sorridente.
Adoro a tristeza percorrer-me o pensamento como memórias felizes, de um negativismo torturante e contorcido. Uma chapada na cara branca e uma marca vermelha apaziguada por lágrimas frágeis desconcertantes, falecidas, de uma criança que cai num poço sem fundo de um infinito negro, sem estrelas, sem luzes, sem sons, sem cintilares, uma simples queda na escuridão envolvente. Enquanto os olhos aguardam o fim, uma pergunta paira na sua mente... 
-- Como será?
O ar fica mais pesado, sinto-o aproximar, mas não sei o que lá vem. Com uma coisa posso contar, a infelicidade irá lá estar, e eu já me estou a preparar para mais uma chicotada...

Sem comentários:

Enviar um comentário