sábado, 25 de agosto de 2012

Quero saber...


Cada vez que te olho de longe, a saudade do meu coração relembra-me a dor que sinto, num choro sem lágrimas de sofrimento invisível, o tempo em que tento não esquecer a tua cara, o teu cheiro, os dedos cruzados nos meus e a tua voz doce junto ao meu ouvido.
Não precisamos de falar naquele momento de reencontro, que acontece apenas entre os nossos olhos. As almas cruzam-se, entrelaçam-se em sentimentos. Separados por alguns metros, mas já nos sentimentos tão próximos um do outro que os nossos cérebros dançam entre si, como animais em época de acasalamento, num hipnotismo enfeitado, ondulante de luzes e cores.
Finalmente aproximamo-nos numa correria de deslumbre, em que cada passo nos faz imaginar os braços um do outro, o toque dos lábios e as caricias das nossas mãos. O tempo parece abrandar...
O teu corpo frágil e pujante de desejo, abraça-me num aperto forte que me faz sentir vivo, reconforto que nunca senti e confiança que me faz ser homem de novo. O teu cheiro penetra-me nas roupas, os teus longos cabelos que te caem pela face de solidão e saudade, enrolam-se nos meus, cheiram ao champô que tanto usas, e no teu pescoço posso sentir um pouco do perfume que tanto adoras. As tuas hormonas femininas saltam diante do meu nariz, e todo o meu eu te protege de qualquer outro macho. És a minha fêmea, a minha querida e delicada flor, és a minha humana, e apenas tu te encontras registada no meu coração. Levantas a cabeça para me olhares nos olhos e lágrimas escorrem-te pelas bochechas, tão triste... tão sozinha...
-- Tive tantas saudades tuas amor!! -- murmuraste-me.
-- E eu tive saudades tuas!
-- Não! -- respondes-te baixando a cabeça -- Eu tive mais!!
-- Tive tantas saudades tuas. -- disse, com um sorriso gentil, enquanto sentia a tua fragilidade. Adoro isso em ti. Pareces cristal... um sensível cristal... que aguarda desesperadamente por um carinho e reconforto.
Os teus olhos secavam lentamente, enquanto todas as recordações nos relembravam a nossa história. Levantei a tua cara, até fitar os teus lábios, com a minha mão e beijámos-nos por breves segundos de olhos abertos. Sentis-te a minha língua tocar-te nos lábios e inspiras-te bem fundo, agarraste-me na cara com vontade e não me largas-te mais. Parecia um beijo ansioso de despedida, um beijo de saudade interminável.
Juntos assim, não precisamos de mais nada para nos fazermos felizes, mas continuas na dúvida, com as tuas perguntas e receios, com a incerteza de saber se estamos a ser precipitados demais. E eu respondo-te que se nos damos tão bem emocionalmente, as nossas conversas duram horas e nunca têm fim, temos ainda uma vida toda pela frente para nos conhecermos, reconhecermos, e ouvirmos um ao outro. Pois como sabes, somos duas pessoas com muita coisa para dizer... e com muito mais ainda para fazer!

Quero-te ouvir, ver chorar, sentir-te frágil e vulnerável, rebentar e encher de raiva. Quero compreender-te, conhecer-te, aprender contigo e deixar que sejas o que nunca te deixaram ser.
Quero saber o que escondes dentro de ti... agarrar-te na mão e puxar-te para cima, como nunca ninguém o soube fazer contigo.
Estou aqui... sempre estive!

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