quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Um presente diferente...


Hoje ela faz anos, a Inês, menina com cabelos cacheados muito loiros e uma cara sempre com ar traquina. O pai ajoelhou-se perante a sua filha enquanto a acariciava nos cabelos e nos ombros, disse com um pequeno sorriso.
-- Hoje o Papá e a Mamã não te vão dar uma festa de anos.
A pequenina olho para o pai e depois para a mãe há espera de algo que indicasse que o seu pai estivesse a mentir. Muito inocente, sem perceber bem porque é não merecia uma festa de anos, nem amigos, nem prendas, nem bolos, ficou-se a olhar para os pais, um pouco confusa.
-- Hoje vamos a um sitio especial. -- falou a mãe desta vês, que afagou a cara da sua filha.
-- Hoje somos só nós os três. Sozinhos numa aventura. -- finalizou o pai com um sorriso.

Saíram de casa, e o papá colocou música clássica. Algum tempo mais tarde, o carro parou e qual não foi o espanto de Inês, quando percebeu que estava perto de um castelo, e que o único caminho para o conquistar com as suas mãos, os seus pés e os seus olhos, era ter de atravessar uma floresta por um caminho sinuoso, escadas em pedra e por vezes sem onde se segurar.
A mãe na frente e o pai atrás, rapidamente a pequena já corria e subia pelas pedras e caminhos que inventava. Não podia ter imaginado uma prenda e uma festa de anos melhor.

"O importante não é chegar ao destino, é como caminhamos e aprendemos até ele." Porque a menina não saltava e subia em vão. Não parava de correr por desobediência, mas porque queria ir mais longe, queria ser ela a descobrir, a aprender. Aquela... aventura não era só mais um passeio, nem só mais um dia diferente. Os pais de Inês faziam questão de lhe ensinar pelo menos uma coisa por dia, e que ela cresce-se sozinha. Que fosse consciente de quem era, das suas capacidades. Queriam que se sentisse livre, amada e valorizada. Podia não ter toda a bonecada que pedia, mas nada do que fazia com os seus pais era em vão. Tudo tinha valor, nada era "nada". Até mesmo o entornar do leite na mesa, a faria perceber que se tivesse mais sossegada não virava o copo sem querer e que as toalhas eram a melhor coisa para absorver. Havia coisas más, mas os pais não as viam única e exclusivamente como coisas más, coisas parvas; Davam educação, mas também consciencializavam e ensinavam. Sentava-se com o seu mais querido rebento e faziam uma introspecção. Não eram lições de moral nem valores sociais, eram valores de dois pais, com o desejo de ver a sua filha tornar-se e ir mais além daquilo que tinham sido.

Inês irá perceber um dia, que o maior presente que os pais lhe puderam dar, não foram só as viagens e os passeios "diferentes". Foi tudo aquilo que viu e esqueceu. Tudo aquilo que caiu e aprendeu. Hoje... seria um dia diferente para um futuro mais consciente.

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