A capacidade de engenho, de criar algo, de utilizar algo para um determinado fim que não o esperado, não é única. Pois tal como os macacos, eles usam longos paus finos para retirar formigas e térmitas. Ou pedras de determinado diâmetro e peso para quebrar nozes.
Mas o que mais nenhum cérebro é capaz de fazer, é o de se preocupar ou de se dedicar inteiramente a um objecto. É a arte de o actualizar, melhorar, aperfeiçoar e por vezes reinventá-lo.
O próprio cérebro tem facilidade em aprender e crescer, porque é mais elástico e mais flexível. A razão? Um aperfeiçoamento genético, físico, cognitivo, psicológico e complexidade dos meios de comunicação. É a razão de termos uma das linguagens mais complexas do reino animal. Tanto verbal como física.
Há pouco tempo, uma amiga tinha-me dito que o que nos diferenciava dos outros animais, era a capacidade de criar arte. Bem, não concordo plenamente nessa afirmação dada por um professor, mas acredito que não terão tanta capacidade para "sentir" uma pintura. Mas ai vem a parte interessante, uma pessoa pode olhar para um quadro e não gostar nada e achar que é feio. Outra pessoa pode ter uma epifania. Da mesma maneira que uma pessoa quando olha para uma paisagem, vê mais do que uma paisagem, e outra pessoa é capaz de ver apenas um monte e algumas árvores espetadas desordenadamente.
Se conseguimos influenciar a escolha de peixes e entre outros animais apenas e simplesmente através de uma ou várias cores, podemos chegar a uma altura em que poderemos criar uma pintura dedicada aos seus cérebros. Um quadro pintado segundo a perspectiva de um peixe ou de um cão e não de um humano. Como referi em "Animais espelhados como humanos...".
Talvez aquilo que nos torna humanos, aquilo que nos torna diferente dos outros animais, é a capacidade de aperfeiçoar objectos e técnicas ao longo da nossa vida. Para além de que somos animais com explosões cerebrais. Ideias!
E esta capacidade de fazer surgir ideias do nada, dá-nos uma vantagem sobre qualquer outro animal. Pois as nossas ideias vêm quer estejamos calmos ou em perigo, e tal não acontece tão frequentemente quando outros animais estão em sossego. Só quando correm perigo de vida, é que a sua adrenalina é absorvida pelo cérebro e é então nessas alturas que tem de tomar as decisões mais importantes... "-- O que vou fazer para me manter vivo?". A vontade de querer viver é inerente a qualquer animal, tal como já referi em "Qual é o nosso propósito?".
A capacidade de ver "beleza" numa pintura, numa música não será mais importante que a nossa capacidade de nos adaptarmos e de fazer adaptar os objectos que nos rodeiam às nossas necessidades.
Se existem elefantes capazes de "sentir" a pintura, porque não outros animais? Já lhes deram a oportunidade de explorar a sua mente, as suas capacidades, os seus gostos, a sua felicidade?
A pintura é algo importante para a mente, mas a música influencia todo o meio envolvente. Existe um filme "The Last Mimzy (Mimzy - A Chave do Universo)", que aborda um pouco este tema da música. Em que o rapaz através de vibrações consegue coordenar um ninho de aranhas a criar uma ponte de teia. Em MythBusters - Talking to plants demonstram o mesmo. O crescimento das plantas é condicionado pela música que ouvem e não propriamente pelo sol ou pelos adubos. Até se usa para hipnotizar cobras.
No fim de tudo isto, de quais quer comparações sobre arte, música, escultura, criação e experiência, todos somos iguais. Não é entre humanos, mas entre mamíferos. Porque possuímos um instinto animal que perdura à milhares de milhões de anos, quase inalterado. E não devemos colocarmo-nos num pedestal só porque somos mais capazes que as suricatas. Não fossem o antepassado comum, e continuaríamos a roer raízes e a comer insectos como rodeadores que fomos nos tempos dos dinossauros. Dêem as mesmas ferramentas e habilidades a um lobo, e ele não se tornará diferente de um "humano". Coloquem-lhe os 4 dedos e um polegar. Façam-no caminhar e ter a capacidade de inovar, evoluir e passar o conhecimento de geração em geração. Verão que aquilo que nos irá diferenciar é "quase" nada.
Albert Einstein tem uma frase interessante que retrata precisamente aquilo que aqui estou a dizer.
"Everybody is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its whole life believing that it is stupid." ― Albert Einstein
Não é por um peixe não conseguir subir árvores, que deixa de ter valor para o meio ambiente. Tudo e qualquer coisa é importante para que o eco-sistema não entre em colapso. Refiro isso em "A minhoca no berço da vida...", de que elas são importantes para a fertilização e mineralização de solos. Adicionam valor ao um metro quadrado em que vivem, e não nojo ou repugnância. Da mesma maneira que as pessoas têm nojo dos Abutrez por comerem carne em putrefacção. Houve um esforço enorme por parte dos biólogos de vida selvagem e cientistas para que as pessoas dessem valor a estes animais que muito fazem no meio ambiente.
Nós não devemos viver contra a natureza, quer física quer psicologicamente, devemos sobreviver com ela. Afinal de contas... este planeta pode desaparecer num ápice, basta um asteróide ou umas poucas erupções vulcânicas e cobrir a atmosfera de gazes e nuvens, que em três tempos vamos todos desta para melhor. Nada que ter medo, pois a ciência mostra-nos que isto já aconteceu antes e que os próximos animais a pisar a terra serão sempre melhores que os anteriores. Tal como demonstra o documentário "Terra Formação De Um Planeta".
-- E em relação ao 6º sentido?
Não se preocupem, porque os elefantes também o têm. Choram pela morte de um filho, reconhecem ossadas, e quando sabem que vão morrer, dirigem-se ao "cemitério de elefantes". Cemitério de elefantes!?
Não se preocupem, porque os elefantes também o têm. Choram pela morte de um filho, reconhecem ossadas, e quando sabem que vão morrer, dirigem-se ao "cemitério de elefantes". Cemitério de elefantes!?
Pintam e criam música simples. Não é um 6º sentido nem um dom, apenas um aperfeiçoamento.
O que faz dos humanos, humanos? A capacidade para ver o mundo de várias maneiras pelos mesmos olhos.
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Rã - Espécie ameaçada
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