segunda-feira, 16 de julho de 2012

Hoje vi...


Hoje, no forum de Coimbra, vi uma menina com pouco mais de 2 anos, de volta daqueles carros e cavalos que os pais usam para os sentar e entreter ao mesmo tempo, enquanto passeiam pelo shopping.
A rapariga sentou-se no carro, e ali ficou por uns 5 ou 6 minutos, pareciam uma eternidade, mudou de carro e permaneceu mais uns minutos.
Os pais... esses olhavam para ela de braços cruzados e nenhuma palavra saía da boca deles. Não havia diálogo e pareciam chateados um com o outro. Não havia amor.

Foi então que a menina saiu do carro e se dirigiu a um cavalo. Subiu com alguma dificuldade, e para meu espanto, os pais simplesmente ficaram a observar. Não a ajudaram, não se baixaram ao nível dela, não a incentivaram, não se predispuseram para a segurar para lhe dar confiança em dar o primeiro passo sozinha e quem sabe até, subir tudo sem a ajuda dos pais. Uma simples salvaguarda por traz não faz mal a nenhuma criança...
Nesse momento apercebi-me, de que aquela criança, aquela rapariga, se quisesse alguma coisa, no futuro, teria de fazer por ela. Mas ela teria de se atirar às coisas de que realmente queria fazer. Não só por iniciativa própria mas porque dos pais não teria nenhum incentivo. Seria/será uma pessoa fria no futuro, capaz de passar por cima de tudo e todos só para conseguir o que quer. Não é por culpa dela, e isto será só uma "estatística" generalizada, mas por culpa dos pais que nunca o souberam ser nem agir nos momentos certos.
A começar na falta de comunicação verbal entre os pais, à falta de ajuda ou incentivo e/ou preocupação para a fazerem sentir que os pais estão do lado dela, e não como meros espectadores.

É triste ver este tipo de casais, que pensam ser tanto e mais que os outros, mas quando se trata de comunicar e entrar no mundo da criança, são incapazes sequer de fisicamente demonstrar amor. E não falo de abraços, beijinhos, sorrisos ou uma palavra de confiança, mas sim de fisicamente, tal como se lê as emoções de uma pessoa pela sua postura.
Como li no livro "Mulheres Inteligentes Relações Saudáveis", de "Os erros capitais de uma relação doente" (pág. 61 à pág. 67), de uma mulher, mãe, que fazia reuniões, tinha milhares de clientes para atender, funcionários para supervisionar, metas para cumprir. Era excepcionalmente boa e trabalhadora naquilo que fazia, mas faltava-lhe uma coisa... dialogar e comunicar com os filhos e o marido. Era incapaz.
Isto para dizer que ela era uma mulher de sucesso, que subiu na vida, que tinha um negócio, estudos e era decidida, mas não tinha o mais importante. Comunicação com o seu Eu e com a sua família mais intima. Era incapaz de "amar" os rebentos que tinha trazido ao mundo. Uma pessoa pode ter tudo na vida, subir tudo o que tiver para subir, os cursos todos que tiver, o dinheiro, as casas, e a saúde, viajar para todo o lado e realizar todos os seus sonhos e caprichos, mas se não tiver a capacidade de se sentar com os seus filhos durante algumas horas a desenhar e a pintar, a correr e a partilhar os bonecos, para mim e na minha perspectiva não é nada nem é ninguém.
Se eu tenho capacidades e conhecimentos para cuidar de um bebé? alguns, muito poucos talvez, mas pelo menos preocupo-me e tenho o cuidado em aprender, em ver, em ler, em ajoelhar-me diante deles e tentar compreender de que maneira posso ensinar utilizando simples brincadeiras.
É difícil? É! Dá trabalho? Possa... nem imaginam! Mete medo ter consciência de que ainda não estou preparado? Até tremo acreditem quer não. Mas tenho meio caminho desbravado. E sinceramente... acredito que estou 2 anos à frente do que qualquer outro rapaz/rapariga da minha idade. Com a excepção de uma ou outra pessoa, como é óbvio.
Não, não sou melhor, não sou mais, mas teoricamente sei mais. Se isso é algo bom? Depende da perspectiva. Saber teórica é bom, não ter prática é mau, mas eu não tenho medo de errar, de falhar, de me descuidar. Toda e qualquer interacção com uma criança, desde bebé até à sua fase mais adolescente, ajuda-me, ensina-me e mostra-me como ser e não ser. Ajuda-me a ser e a agir, para além do falar.

Se ter um filho é algo que me preocupa de momento? Não, o que me ocupa a mente de momento é encontrar uma namorada, que para além de saber crescer, ser madura, simpática, atinada da cabeça e que não tenha medo de ser, que também ela tenha a consciência e o desejo de aprender com os seus filhos.
Porque até eu com 22 anos, mesmo que veja o BabyFirstTV, que aparentemente não me tem nada para dar, já me ensinou coisas e me mostrou coisas que nunca pensei puder aprender com um canal tão simples, básico e infantil como este.
Não é por ler muito, ver muito e saber muito ou o conhecer muito que me faz feliz, é o saber olhar para as coisas e juntar os pontos. Saber usar aquilo que sei e aquilo que não sei para compreender as situações que acontecem a cada momento à minha volta. Nisso sim, sou "superior", mas não gosto de me pôr num pedestal, pois numa universidade de pessoas e rapazes, eu não serei ninguém, a não ser apenas e só mais um número. Vão olhar para mim como um rapaz de cabelo comprido que mete medo sem precisar de fazer mais nada. Um rapaz que aparentemente não tem nada para dizer nem de nada sabe falar.
Mas basta haver a oportunidade de me abrir, de me expressar, de comunicar com as pessoas, e a mente delas fica em branco. Um espanto que lhes pinta a alma de branco.
Mas eu gosto de ser assim. Calado. Fosse um gajo falador, divertido, sempre sorridente, amigo de tudo e todos e perderia a graça, o encanto, o misticismo e aquela intriga que despleto na cabeça de muita gente.
Não sou só mais um rapaz que se parece com "jesus cristo", tenho algo mais que as intriga e eu sei disso.

Não serei "cristo" para os meus filhos, seria antes e acima de tudo, um Pai e um Humano, consciente, com amor e vontade de ensinar, de brincar e fazer crescer. De mostrar o mundo através de um som ou pelo simples atirar de uma pedra para um lago. Não basta estimular, é preciso saber fazê-lo, como fazê-lo e quando fazê-lo.


Aquilo que não vejo, não me faz crescer...
Hoje vi...

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