domingo, 8 de julho de 2012

O cabelo consciente...

[_ by ~AnitaAnti]

O cabelo, pelo menos o meu, acredito, que tenha e ou sirva como uma extensão da minha personalidade.
Não é absurdo, porque é algo meu, que eu penso e "sinto". Cada um terá a sua teoria e esta é a minha.
A ultima vez que cortei o cabelo, foi em Junho de 2009, para além de o corte ter ficado pequeno e até "interessante", fiquei triste, um pouco vazio. Decidi então nunca mais cortar. E se corta-se, deixaria crescer bastante para que quando se corta-se o tal um ou dois centímetros das pontas, não acaba-se com o couro cabeludo rapado.
O meu pai leu algures, que pelo menos uma ou duas vezes na vida, todos devem rapar o cabelo, para que o couro cabeludo "renasça" e respire. Que apanhe ar e até mesmo algum pouco de sol que tanto faz bem à pele desde que não seja em excesso.

Vi uma vez um episódio do "Extreme Makeover", (que agora não consigo encontrar) em que várias mulheres se submetiam a uma mudança de visual, tanto física como estilo corte de cabelo. E haviam várias mulheres com um cabelo extremamente grande. Em 90% dos casos, foi-lhes mostrado um video, uma compilação de outras mulheres que tinham cabelo comprido, que também não queriam cortar, decidiram arriscar e cortar. No fim adoraram. Mas não foi a imagem das que adoraram que me ficou na cabeça, mas uma simples imagem que passou num cagagésimo de segundo, que me ficou cravado na memória. Uma mulher que se olhou ao espelho no fim, e chorou de tristeza, de solidão. Tinha perdido algo.
De uma perspectiva, é normal ficarmos "incomodados" ou com bichos no estômago quando estamos habituados a uma rotina, a algo que nos é natural, e temos de lidar com mudanças rápidas. É o que acontece quando mudamos de carro, de casa, de cores de camisola, de amigos, de escola.

O cabelo, é também um peso, noto isso quando tomo banho. Se fico muito tempo com a cabeça para baixo, rapidamente apanho uma dor de pescoço.
Estive a ver Girl shaves her head bald - 2011, e veio-me à cabeça, de como será para as mulheres, que rapam o cabelo, usarem a maquilhagem. Usam mais? Usam menos? Compreendem melhor as curvas da sua cara? Usam-nas melhor? Não usam de todo.
Será que uma vez rapado, irão continuar com ele assim, rapado/curto, durante mais tempo que o normal?
Outra coisa que reparei, foi o de que, se não se penteasse o cabelo, pelo menos aquelas pessoas que têm cabelo comprido e ondulado/encaracolado, acabariam, ao fim de alguns meses por criar rastas. Não é pelo não tomar banho, mas porque é o que acontece se não escovar-mos ou desentrelaçarmos os nós que vão dando ao longo do tempo, quer quando caminhamos, corremos, dormimos, quando o vento sopra ou viramos a cabeça.

Quando durmo mal, quando tenho pesadelos, ou fico a pensar muito durante o sono, noto que de manhã o meu cabelo está mais oleoso. Quase como se exterioriza-se aquilo que se passa dentro do meu cérebro. Os problemas, a felicidade ou a tristeza. Não é só por causa do calor mas pelo que me vai na mente. É algo "absurdo"? Para mim não o é de todo. Não me aconteceu várias vezes, e ainda que tenha consciência de que o meu cabelo é mais oleoso do que seco, percebo também que ele fica assim mais facilmente quando algo me perturba. Normalmente é quando penso mais, durante a noite. Pois não sei se sabem, mas é à noite que o cérebro mais aquece, e mais trabalha.
Antigamente não tinha muitos cuidados com o cabelo, mas desde que comecei a aprender algumas técnicas, uma das melhores coisas que aprendi, foi a apanhar o cabelo durante a noite. Não entrelaça os cabelos e é mais fácil de escovar/pentear depois de manhã. Que é o que costumo fazer quando acordo. Penteio com o pente e não com uma escova.

Gosto de sentir o cabelo na minha cara, nos meus ombros. Gosto de o usar quando faço massagens, e de sentir o cabelo da minha namorada na minha boca, na minha cara, nas minhas mãos.
Prefiro o cabelo ondulado/encaracolado, ao liso. Pois o encaracolado, para mim pelo menos, tem mais vida, tem força! Tem vontade, é selvagem, tem uma identidade. Enquanto que o cabelo liso... é algo simplório. Muito simples, muito banal, muito "pita rica" e singela. Não tem vida, não tem força. É pura e simplesmente... trivial.
O que também vi num programa televisivo, foi de que o cabelo que fica solto, espetado no topo da cabeça, que cria... algo "não bonito" do ponto de vista da moda e dos modelos com os seus produtos, é sinónimo de saúde do couro cabeludo.

No que toca a cabelo, também existe o seu extremo.
De um lado, do lado mais negativo, estão as rastas, sinónimo de sujidade e desleixo. O que é verdade.
Na outra ponta, temos os cabelos de modelos e princesinhas que usam e abusam de produtos para que os cabelos fiquem sempre bonitos e brilhantes.
Mas no meio ainda existe duas diferenças. Aqueles que lavam, escovam e está a andar. E aqueles que lavam, escovam e aplicam um ou outro produto para as pontas.

Há coisa de um mês, quando vinha no comboio para casa, enquanto olhava para o cabelo de uma rapariga, encaracolado/ondulado louro, os gestos que ela fazia para atirar o cabelo para trás e o manter fora da cara e das bochechas, olhei em redor e apercebi-me de algo. Questionei-me.
Para que serve o cabelo hoje em dia? É só para proteger?
Tornámos um dos meios principais para nos proteger do calor, o cabelo, o pêlo se pensarmos como mamíferos que somos, para manter fresco os nossos cérebros, em... moda.
Preocupamo-nos com o aspecto do nosso cabelo, ou com o cabelo dos outros. Os penteados tornam-se moda, tal como aconteceu com aquela mania dos Emos, de andar com uma franja sobre um olho.
Se alguém não tem o cabelo minimamente bem tratado e arranjado, e não falo de rastas, pensamos logo que a pessoa não se cuida, não toma muitas vezes banho, que se não souber cuidar do seu cabelo, não sabe cuidar do seu corpo e de si. De uma perspectiva, isso é inteiramente verdade!
Se fôrmos desleixados com a nossa maneira de vestir, se não formos acertivos com o que realmente queremos para nós, tornam-mo-nos aos olhos das outras pessoas em figuras desleixadas. Nem sequer é preciso pensar muito sobre isso, porque é a realidade.
Mas porque razão é que pessoas que parecem desleixadas, normalmente são-o?

Ou nos preocupamos em exagero com a nossa aparência, neste caso com o cabelo, ou não nos preocupamos devidamente.
O cabelo, como referi acima, deixou de ser algo útil, para ser algo estético. É só cabelo! É só pêlo! Não os precisamos de encher de produtos, cremes, máscaras e sprais para sermos o centro das atenções. Nós não nos atraímos uns aos outros única e exclusivamente pelo cabelo. Sei que os tempos mudaram um pouco desde que éramos símios, mas cabelo é só cabelo. Nós atraímo-nos através das ferómonas, de substancias quimicas que libertamos. Cheiramos as hormonas uns dos outros, o suor, os genes. Sentimos atracção pela parte física, pelas curvas do nosso corpo às curvas da nossa cara.
As raparigas costumam estar sujeitas a vários estereótipos de moda, que as leva a cuidarem melhor do seu cabelo. Mas não significa que por cuidarem bem ou muito bem do seu cabelo, seja quem for que o faz, que será um bom amigo, uma boa pessoa, um bom humano, que seja inteligente, que saiba crescer, que seja madura e consciente. Pois quem se preocupa exageradamente com a sua aparência, desde as roupas que veste, as marcas que compra, perfumes, bijutaria, colares e fios, e tratamentos para o cabelo e cara... é alguém, que tem problemas emocionais. Que não acredita em si mesma e que precisa da opinião dos outros, que vive dos sorrisos e bons comentários das outras pessoas. Que necessita de se sentir vista bonita fora do seu quarto, para se sentir "completa" e "realizada". Têm uma baixa auto-estima.

Não devemos deixar de pentear o cabelo e de o lavar, mas não sejamos de extremos.
O que é o cabelo hoje em dia? Uma forma de marca? Uma moda? Uma esponja capaz de atrair ou afastar pessoas? Um campo de relva alta onde os cabeleireiros e não só, podem fazer as suas experiências?
Da minha perspectiva, para além de o cabelo ser só cabelo, e ser necessário cuidar e tratar da forma mais simples possível, sem gastar muito dinheiro, acho que o grande problema de não vermos o cabelo de outra forma, é devido às revistas, publicidade a produtos, estrelas que aparecem de cabelo "perfeito". Interiorizamos essa... "verdade" como sendo uma realidade. O que é um problema grave! Pois ficamos com uma ideia completamente errada e perigosa de como o cabelo humano deve "ser".

Costumo ver muito rapaz com o cabelo curto, e fico a pensar qual é a razão de eles o usarem assim. Certamente não será apenas por ser mais fácil de lavar, por não pesar, ou por não gostarem de cabelo comprido, mas sim também porque, para além de ser uma moda muito bem conseguida, para além de ser um estereótipo, de ser uma "marca", uma "personalidade", é algo que ajuda com as raparigas. É algo que está tão enraizado na nossa cultura, que o cabelo comprido no homem deixou de ser sinal de virilidade, maturidade, força, para passar a ser algo como incómodo, calorento, uma competição indesejada.
O cabelo curto, passou a ser a chama para grande parte de todas as mulheres, desde que a tropa foi introduzida na sociedade humana. O acto de rapar o cabelo, era algo duro de fazer para os homens até àquele momento, mas com os anos, tornou-se uma imagem de marca, um sinal de respeito e superioridade. Daí existirem os Skinheads, homens e mulheres com a cabeça completamente rapada, que tentam mostrar superioridade por um acto tão simples. Portanto, o cabelo curta, nos dias que correm é algo que atrai as mulheres, porque sentem que o homem fica mais limpo, mais visível, que não compete com o cabelo dela, é mais fácil de passar a mão, de o controlar.
O que não acontece com os rapazes de cabelo comprido, que hoje em dia assusta muita rapariga. E assusta porque é comprido. Porque não é um hábito. Associou-se ao HeavyMetal, à violência, ao estranho e ao confuso. Ao obscuro, ao negro e à música satânica. E as raparigas de hoje sentem-se ameaçadas por rapazes assim. Sentem-se desconfortáveis. Obviamente que existem excepções. Mas até as raparigas que gostam de rapazes com cabelo comprido, têm opiniões quando ao tamanho que o cabelo de um rapaz ou do seu namorado deve ter. O interessante, é que na idade média, era completamente normal um homem possuir cabelo comprido. Tal como nos mostra o filme Braveheart.
A necessidade de andar com o cabelo cortado, iniciou-se sobre-tudo através na necessidade de tomar banho. Era escusado andar a gastar água no campo de batalha ou até mesmo em casa para lavar tanto cabelo. As pessoas começaram a cortar mais vezes para pouparem água. Não só devido à guerra, mas também devido à falta de água potável para beber.

Um cabelo longo-curto, que toca nos ombros, é algo que as mulheres consideram viril. Principalmente se o homem possuir uma pêra e um bigode simples bonito. A tal barba por fazer de 2 ou 3 dias que 99% da mulheres parece adorar e derreter-se. O que é interessante porque já ouvi e conheço raparigas que odeiam homens de barba, seja de que maneira for. Da mesma maneira acontece com os pêlos no corpo. Lá está, é a moda, uma mudança negra por parte dos nossos instintos animais.
Bem, realmente é mais bonito ver a vagina de uma mulher com pouco ou nenhum pêlo à volta. Dá realmente um ar mais limpo. Mas eu não estou a dizer que devem arrancar tudo. Sei que de uma forma evitam infecções urinárias, sujidade entre outro tipo de problemas. Fica mais fácil de lavar e limpar. Mas aparar também é uma boa solução.
Ainda que uma mulher com pêlos nos braços, hoje em dia comece a parecer cada vez mais nojento e "tabu",  os pêlos debaixo dos braços são importantes para ajudar a soar.

De onde veio esta mania das mulheres para fazerem depilação ao corpo tudo, incluindo aos braços, às sobrancelhas, às mãos? Onde veio esta mania para arranjar as unhas? Esta mania com a maquilhagem?
Desde quando se tornou o cabelo, um quadro de exposição para uma obra de arte, e não pura e simplesmente como um quadro onde mostrar ao mundo daquilo que realmente somos feitos. De como é realmente a nossa beleza natural. Transportamos na cabeça, uma imagem do que os nossos genes podem oferecer à mulher ou ao homem.
O cabelo curto, não é uma consciência de século XX, uma visão actualizada da mentalidade social, mas sim um estado que evoluiu para se tornar hoje, em algo... simples absurdo. E o que quero dizer é que, quando ainda estávamos na idade da pedra e do bronze, e todos usávamos cabelos compridos. Nenhuma mulher se preocupava com o cabelo do homem. Havia sexo na mesma. Havia amor na mesma. Havia caça, casas, armas, bebés, roupas. Os homens não deixavam de ser homens por ter o cabelo comprido. Algo mudou e hoje os homens de cabelo comprido são vistos como "difíceis" e/ou maus, e não como "pessoas" normais.
Um caso interessante é do vocalista dos Cannibal Corpse que tem 2 filhas, uma esposa e é vocalista de uma das bandas de Death Metal mais conhecida em todo o mundo. Não é mau pai por ter cabelo comprido. Diria até que é pior que as filhas! Ama a mulher, faz festas de anos, tem amor e sente amor. É responsável, é maduro, não fuma, não bebe, nem consome drogas. O cabelo comprido faz dele um homem que impõe respeito? Sim, faz, porque ele também não nenhum franganote. Mas não se torna má pessoa por usar o cabelo daquela forma.

Hoje em dia tendemos em ver o cabelo, não como uma extensão da nossa personalidade, ainda que por vezes, ao cortar o cabelo e mudar de estilo soframos alterações, quase como acontece quando mudamos de roupa. Lá está, volto um pouco ao inicio, quando digo que é quase como mudar de casa, de carro. Demora tempo a habituarmo-nos. E é por demorar e criar um espaço temporal para novas oportunidades, que criamos inconscientemente novos caminhos para "novas" experiências. Tendemos em vê-lo como algo que define o estatuto daquela pessoa, no meio social.
Pode-se dizer então que o cabelo de uma pessoa faz mais do que simplesmente proteger a sua cabeça. É um cartão de visitas. É uma fonte de atracção, de cobiça, espanto, inveja. Pode ser ainda usado como ferramenta de sedução e charme. Ou como algo completamente obscuro e depressivo, como o caso da personagem Samara no filme The Ring.
Deixou portanto de ser só pêlo, para passar a ser algo mais. E até os pêlos púbicos das mulheres já merecem "penteados". É incrível observar o aparecimento de industrias que se dediquem a este tipo de coisas.

Não sei como é que as mulheres se vêm umas às outras da perspectiva dos seus cabelos. Numa sociedade cada vez mais "americanizada", as mulheres, na minha maneira de ver as coisas, são muito mais frias e ríspidas umas com as outras. Se tem as pontas espigadas é porque é desleixada, não se preocupa nem trata e por consequente, não arranjar um homem que goste dela.

Não sou contra estilos de penteado, acho apenas, da minha perspectiva, que as pessoas se preocupam de mais. É verdade que hoje podemos usar o cabelo para muita coisa, em várias situações e momentos. Podemos bater recordes mundiais, até mesmo com a barba, mas perdemos aquela visão de ver o cabelo como sendo só pêlo. Um pêlo que herdámos com uma certa "gafe" já repararam?
Existem animais que têm pelo, mas dali não cresce mais. Tal como as unhas. Mas a nós não. Está sempre a crescer e a regenerar. Houve então uma altura na nossa evolução em que perdemos os pêlos no corpo e passámos a ter apenas cabelo, que cresce sem parar.


Podemos ter ferramentas, mas não saber usá-las...
Podemos saber usar as ferramentas, mas não saber aproveitá-las... explorar as nossas capacidades e melhorar os nossos conhecimentos.

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Os tipos de cabelo e a "personalidade" das pessoas.
Reciclagem de cabelo humano?
First Haircut! Ankle Length Long Hair
Sei que o humorista português João Seabra tem um sketch sobre cabelos, mas não consigo encontrar o video.

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