terça-feira, 17 de abril de 2012

A tristeza do teu olhar...


Olho para ti, deitada sobre uma cama feita de branco. Um azul gentil pintado em volta de desenhos rendados. Eram flores que pareciam crescer dos pés da cama e descansar sobre as almofadas.
A janela iluminava o quarto vazio, sem prateleiras, sem livros, sem bonecos...

Estavas calada, inerte, de vestido e pés descalços. Uma gota escorreu-te pela cara e olhas-te-me com desgosto. Senti nos teus olhos a dor, as perguntas que te faziam enlouquecer e entrar num estado onde nada fazia sentido; onde cada pensamento te oprimia, te corroía, deixando um sorriso arrepiante e tenebroso na face que ardia em morte. Um medo depressivo que rasgava a força dos teus ossos.

-- Porque me fazes isto? -- choravas.
Podia sentir o atrofio do teu coração junto do meu ouvido. Um respirar fraco de um peito em doença. A dor apertava-te os pulmões, num desespero sufocante que te degolava.
Já não tinhas sonhos, nem desejos... assim falavas, engolida por um túmulo.

Era desesperante ver o brilho dos teus olhos escorrer já sem lágrimas. Sem força, deitada assim tão pálida, transformavas a cama no teu leito fúnebre.
-- Porque é tão difícil amar-te? -- acusavas. -- Preciso de ti! -- e engoliste em dor, a resposta que nunca consegui deixar voar. As entranhas torciam a cada raiar do sol, sem puderes sentir o meu corpo junto do teu; Num abraço puro e inexplicável, em que os pêlos que se levantavam e todo o teu corpo tremeria. Querias sentir o conforto, a segurança que nos envolvia em cumplicidade.

Ergueste a mão olhando para mim... uma lágrima desceu pela cara, deitou-se gentilmente nos teus cabelos e disseste-me num suplicio, com a voz magoada e atirada ao medo:
-- Beija-me... beija-me...
Olhas-te para o lado; Poisas-te a mão sobre teu peito e os olhos fecharam. Temes-te o mundo.

Depositei na tua testa um beijo, e outro e outro... olhaste-me de frente, chorosa. Beijei-te o nariz e senti as lágrimas nos teus doces lábios. Senti a tua cara e limpei as lágrimas com dois ternerusos beijinhos. A minha mão acariciou-te a rosada bochecha. Encostaste-te a ela, derramando duas gotas do mais puro cristal.
-- Amo-te tanto... -- soltaste, num choro descontrolado, num abraço apertado da saudade mais profunda, da tristeza mais salgada. -- Preciso de ti! -- gritas-te num descontrolo de lágrimas e soluços. -- Sê meu...

-- Amo-te!



Nada podia ficar ao acaso... (+/- 4h)

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