segunda-feira, 16 de abril de 2012

Meu anjo caído...



Meu anjo... meu anjo caído. Que no peito trazes a dor das mil almas que para sempre amas-te... à eterna juventude te subjugas-te e de joelhos choras-te a morte de cada uma, excepto a minha.
Meu anjo... meu segredo eterno...
O teu sopro dá vida, inspira, emociona e fascina até o ser mais ínfimo, uma paisagem de deslumbre de um universo sem fim, de um negro que me abraça e engole na escuridão. Beija-me... e arranca de mim um olhar sem vida, pálido, de um corpo em epifania, num deslumbre que me arrepia a alma.

Transforma-me num pensamento, e leva-me até à origem do universo. Quero ver... quero lá estar, quando tudo acabar. E volto a respirar, a cheirar o mundo... Abraça-me, segura-me e eleva-me aos céus, meu amor... minha paixão, meu assombro. Luz da minha vida. Procuro-te. Minha esperança.
Assobia a música da natureza clássica que jaz morta entre os nossos pés, e faz as folhas voarem ao som daquela nota mais simples, e rodopiarem na sinfonia mais melódica que fará um prado de flores brotar e pintar-se de novo. Canta do coração a melodia do paraíso da tua alma e a neve derreterá para sempre, numa impetuosidade que se espalhará numa dança de emoções.

Ao som do borbulhar da vida, me deito perante vós. Me choro em suplicio para que me poupais a vida, a alma nua descansa em pedra branca, tal sois a vossa pele. Embrulhada delicada estarás para sempre, um pensamento puro, uma inspiração divina sereis!
Mas desejarei... desejarei-vos ao meu lado. Pois antes de saber que vos amava, que acreditava em vós, tocas-te no meu coração. O meu sangue ferveu, o coração saltou e sozinho chorou. Era magia... um chilrear que o fazia tremer. Era vivo por fim...

Deambulando perdido pelo mundo, num arfar ardente... sem sonhos, sem vida e sem sorrisos. A mãe morte caminha ao meu lado, como um corvo que não descansa. Ferve-lhe na foice a vontade de me provar  o sangue. Sou perseguido pelo passado de uma mão que me continua a roubar os doces e as esperanças.

Oferece-me a tua mão, meu anjo... pinta-te do branco que um dia iluminou a minha alma, a minha pequena alma. E poisando a tua foice sobre a minha cabeça, me transformes em mais do que uma nuvem no céu... devolve-me às nuvens das estrelas onde poderei para sempre viver num mundo que se junta para ser assombrado. Assombrado por ti, até que o relógio do tempo pare. O universo escureça e tudo seja engolido no fúnebre que um dia foste, cais-te sete vezes, e oito te levantas-te.

Ama-me... meu humano renascido, das penas que deixei cair por vós. Levantai-vos. Amai-me o meu eterno espírito. Sê o meu pecado, o meu fruto proibido, a sede e a fome, a vergonha do nu que pelo véu se soltou.
Selai as nossas almas e deixai-as brotar na mais bela flor. Abraçai-me como nunca me abraçaram, beijai-me os lábios com a graciosidade e o encanto que só vós me poderei conceder. Gratificai-me com a vossa beleza todos os dias da sua vida.
Sê meu! Oh... sê meu! E para sempre vos chorarei... seja ele deus, eu serei sua esposa, o seu anjo alado.
O teu anjo caído... sê meu! Oh... sê meu...



-- What are you?
-- I'm an Angel.
-- What's your name?
-- Satan.

Inspiração:
Tree Of Live
Antonio Vivaldi - The Four Seasons
Fallen by ~earthquakk
The Mysterious Stranger by Mark Twain

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