terça-feira, 27 de março de 2012

Ser-se...


Gosto de pensar que a "cultura geral" é algo que é acima dos conceitos sociais que as pessoas sabem por pré-definição.
Ainda que "cultura geral" varie de área para área, acredito que grande parte da população portuguesa, incluindo estudantes universitários, não a têm. E digo a grande maioria, porque sei que existe uma minoria que a tem.

Não me estou a armar em bom, mas esta opinião tem como base, novamente, um dia em que estava a conversar com 2 amigos, e um deles me perguntou algo sobre um livro ou o autor, e eu respondi que não sabia. E ele retorquiu dizendo que era cultura geral. Fiquei a pensar um bocadinho naquela resposta e disse-lhe algo do género: Pode ser cultura geral para ti porque está dentro da tua área, mas para mim não é, porque não leio esse tipo de livros. Se te perguntar o que é Bus de Barramentos ou Bus de dados, não sabes, mas é cultura geral.

E basicamente, é mesmo. O que para mim é "cultura geral", e que se encaixa numa área abrangente, penso eu, pode não ser "cultura geral" para a outra pessoa. Mas à que ter cuidado quando se diz que alguém tem cultura geral, porque um puto de 18 anos que só sabe é comer gajas e bebedeiras, por muita lábia que tenha, não tem cultura geral. O mesmo para as raparigas ou até mesmo para universitários. Que só porque contarem umas piadas ou terem muitos amigos, não significa que tenham cultura geral.

Não me acho que grande cultura geral, mas faço por isso. Bem, isso é comprovado através dos últimos textos, onde faço pesquisas, e menciono filmes, noticias, documentários ou páginas da internet para apoiar as minhas opiniões. Se isso não é ser inteligente ou ter uma cultura geral abrangente, por muito pouco que seja, então 99% das pessoas são anorécticamente atrasadas mentais.

Nunca nestes tempos se ouviu os pais portugueses falarem tanto em optar por escolas privadas. Porquê? Porque hoje quer-se que os filhos sejam supra inteligentes, competentes, capazes, audazes, lutadores, homens e mulheres, destemidos, ferozes, versáteis, conscientes, os melhores que portugal já conheceu, excepto numa coisa... serem os melhores a serem crianças. Porque muitos dos pais em portugal, e muitos jovens hoje em dia, não sabe o que é ser-se criança. Não sabe qual é o sentimento que essa palavra transporta. Não vê a magia que um parque repleto de crianças, aos berros, aos gritos, aos pulos, aos abraços, em correrias desenfreadas, em brincadeiras sem sentido, pode ter... Lembram-se do que é ser criança? Lembram-se do que é ter sido uma?

Como li na revista Pais e Filhos de Março nº 255, os pais têm medo dos filhos, melhor dizendo, têm medo do que se possam tornar e nas companhias que virão a ter. O problema não é dos filhos, é dos próprios pais. Quem não educa bem, não está a passar a mensagem da maneira que pretende. Exige-se tudo deles, e as brincadeiras ficam para depois ou é-lhes dito que isso não são maneiras de um menino se comportar.

Na RTP Informação, no dia 25/03/2012, estavam a falar sobre, pelo que consegui perceber, sobre como educar os alunos para se tornarem bons cidadãos, utilizando para isso a educação física, porque segundo os estudos que tinham feito, demonstra uma maior taxa de sucesso de aprendizagem e interacção entre alunos. E se um filho faz algo de encontro com a escola, a sociedade e o civismo, os pais por natureza tenderão em seguir os seus filhos. É sem dúvida uma das maneiras de reeducar os pais em portugal. A mentalidade poderá ser mais difícil, mas pelo menos teremos crianças saudáveis.

É isso que pretendo com as minhas, que nasçam, sejam felizes e o melhor que conseguirem. A maneira como se educada, e já o disse milhares de vezes, é algo importante para a formação do individuo, e para os meus filhos, um passeio pela montanha não é mais do que um passeio... Eu também desejo que os meus filhos sejam mais inteligentes e mais felizes que eu. Mas não quero de maneira nenhuma apressar a chamada "responsabilidade" que nem sequer existe dentro dela. Algo também importante de referir, é que tudo se aprende consoante o seu tempo. Não pode haver pressas nem criar stress escolar na criança. Com 8 ou 9 anos, a criança quer é brincar! Quer saltar e estar com os amigos. Não quer estar fechado 6 horas a estudar, ou a praticar um desporto que não gosta lá muito, a fazer algo só porque os pais o desejam ou acham que é o melhor. Cada criança tem o seu tempo, e há de chegar a altura, em que ela precisará de estar ocupada com algo da sua idade. Idade mental sublinhe-se! Ela própria começará a pedir aos pais para irem ali, ou fazerem isto ou aquilo. Obrigar a fazer algo para o qual ainda não tem interesse ou motivação, pode ser um problema. Avançar ou adiantar nos processos de aprendizagem, não significa que a criança aprenda mais do que outros, pode inclusive surgir-lhe um atraso, físico ou mental, por ter sido "forçada" a "aprender" algo para qual o seu cérebro não tem motivação ou capacidade de raciocínio e compreensão. Como refere o livro "A Inteligencia aprende-se".


É importante ser-se inteligente, é importante possuir "cultura geral", mas também é importante, para qualquer futuro pai e mãe, serem pessoas conscientes e informadas do que é ter e acima de tudo, ser-se criança. Ter nos braços a criança/filho mais inteligente do mundo, não significa nada ao lado de uma família que sorri, que é completa e feliz. Que vive a vida com todos os erros e conquistas que lhes é possível. Sim, que lhes é possível, porque muitas vezes, as crianças não têm, nem se lhes dá espaço para errar. Os pais protegem-nas, acolhem-nas, e tapam os olhos a algo importante que as ensina a crescer, a viver e a comunicar melhor. Pensam que estão a fazer o bem, e nem imaginam as consequências que lhes estão a criar. Convém dizer que à que saber medir os erros que poderão fazer. Magoar alguém 2 ou 3 vezes não é ensinar, é criar uma pessoa mal educada.
Como muitos pais, a única coisa que querem ouvir é as qualidades e as conquistas que os seus filhos fazem e vão fazendo durante a sua vida. O problema é que se educada para o sucesso e não para o falhanço. E quando uma criança erra, tudo lhe cai em cima a pedir explicações, com berros, chapadas, palmadas, castigos, e pressão psicológica. A própria criança, aprendeu com os pais, que errar é mau, e que só é permitido acertar. Acertar "TUDO"! Não digam que não porque é verdade.
Se a criança, pelo contrário, for criada e educada com os erros e o insucesso, será uma pessoa mentalmente capaz de enfrentar os problemas que todos passamos na nossa vida e que fazem parte do nosso crescimento, da nossa vida e personalidade. Verá então, e sentirá o sucesso como a melhor recompensa.
Como li também na revista Pais e Filhos de Março nº 255, na página 16, dar carinho/afecto aumenta a memória infantil. Crianças criadas com afecto têm um hipocampo 10% maior que uma criança sem o mesmo. É importante haver amor e uma educação consciente, que conscialize a própria criança do que fez  errado e em como pode corrigir ou ser melhor. Estar ao lado dela a ensinar-lhe, explicar-lhe e até mesmo ouvi-la, e não de frente a ralhar-lhe, muda a forma como os nossos filhos olham para nós. Não apenas como Pais, mas também como "amigos", alguém que os ouve e os ajuda. Há muita gente formada por aí que diz que ser-se amigo dos filhos é o pior que podem fazer. Eu discordo por completo. Mas à que saber ser-se Pai e amigo (a pequeno), pois as crianças podem perder a referência de Pai e Mãe na sua vida, e isso só prejudica. É necessário ser-se Pai e Mãe, mas com o amor e carinho que se sente por ele. Criar laços com os nossos filhos, para que sejamos aquele ombro amigo que precisam, ou aquele boneco para as noites de pesadelos. É importante ser-se Pai e Mãe presentes, que saibam o que é ser e ter sido criança.
É cada vez mais incomum ver crianças que têm laços fortes e bastante confiança com os próprios pais.

Ser-se Pai ou Mãe não se aprende em livros. Pode-se ler qualquer coisa, estudos, métodos, as melhores músicas, as melhores escolas, a melhor alimentação, mas nada disso vale se não se tiver amor e conforto em casa. Uma criança é o espelho dos pais, geralmente.

Desde o primeiro dia em que nascem ao dia da sua morte, os nossos filhos, terão sempre algo para aprender connosco, por muito velhos que sejam, por muitos filhos e netos, que os rodeiam, por muitas aventuras e muita fralda mudada...

Serei um Pai e uma Mãe... a soprar-lhes no dói-dói ou a dar-lhes umas palmadas.
Sou uma criança... e continuarei a sê-lo ao lado dos meus filhos. 

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