domingo, 10 de janeiro de 2010

Infância...


Serei eu... autista?
Quer dizer... noutra noite estive a pensar.

Quando era mais pequeno, e fui para a escola, não chorei,
mas quando estava em casa, sozinho com o meu irmão, chorava bastante.
Chorava por não estar com os meus pais.

E quando estava ainda na primária, quando os professores falavam um pouco mais alto para mim, chorava...
Parece que era muito sensível na altura. O que é curioso!

Antes de entrarmos para a primária, eu e o meu irmão andava-mos sempre doentes, da garganta.
Acho que se chama "Faringite" ou "Laringite".
Quando fomos para o 1º ano, era rara a vez que ia-mos ás aulas. Por estarmos sempre doentes.
Fizemos o 1º ano, apesar de a professora Corália nos ter passado, muito provavelmente, com um grande esforço.
No 2º ano, passáva-mos os dias doentes, em casa das minhas tias, como era de costume.
E ca escola, brincávamos, e rebentávamos canetas, sentados numa mesa especial com mais um rapaz que se chama: Barroso.
Passávamos os dias a brincar naquela mesa enfiada a um canto da sala, enquanto os outros aprendiam.
Mas, por incrível que pareça, sempre senti algo estranho nos outros meninos. Que eles me olhavam de lado e com inferioridade e desprezo. Vestiam-se bem, e eram de famílias "ricas".
Pois os meus pais ficavam a dever algumas coisas, por não terem dinheiro para tudo. Mas conseguiram pagar as dividas todas! Que felizmente eram só fraldas e alimentos. (se não me engano).


À tarde, depois das aulas, de x em x dias, tínhamos um apoio "especial", para nós.
Onde aprendíamos aquilo que não conseguíamos aprender numa aula "normal".
Chumbei no 2º ano, e continuava a chorar quando um professor falava um pouco mais alto para mim.


Brincava o dia todo! e preferia passar assim o dia, a montar puzzles, e ficar a construir coisas no meu monte de legos, do que estudar.

Parece que eu e o meu irmão somos pessoas muito imaginativas! E somos de facto!
Somos inventivos, construtivos, imaginativos, crianças.
Não nos damos muito bem com outras pessoas, e temos muito poucos amigos, estamos à parte da suciedade, quer como gostos musicais, como pensamentos.

Somos talvez, talvez não! somos mesmo!, emocionais e sensíveis, apesar de nunca o demonstrarmos.

E não tenho vergonha de admitir que tenho um lado feminino, até porque as mulheres gostam de homens sensíveis, e que... em parte, sejam um pouco como elas. Que as entendam.

Sempre fui muito de aprender as coisas por mim, e quando na escola me ensinavam o que quer que fosse, eu apenas desejava aprender o que eu quisesse aprender.
E ainda hoje é assim.
Vejo e via coisas que outros não viam.
Apercebia-me de coisas, muito mais cedo que os meus colegas, e que eu acho que ainda hoje não se apercebem.
Vejo o mundo de uma maneira muito própria e "dissecada" das coisas.
Tenho muito poucos, diria até, raros "amigos", e não me dou bem com as pessoas.

Depois quando entrei para o 5º ano, fiz um esforço para não chorar.
E tornei-me "forte". E sou!
Lembro-me de que um amigo meu, Gonçalo, tinha o braço no ar, e eu para ser "amigo", pois estávamos a fazer perguntas e ele já estava com o braço "levantado", com o cotovelo em cima da mesa à algum tempo, fiz-lhe sinal para ele mais o braço, e a prof viu-me fazer o gesto e perguntou-me qualquer coisa.


Nunca consegui aprender inglês na escola.
Tive de começar a jogar Magic the Gathering e a ver muitos filmes.

Não sei falar inglês, mas percebo perfeitamente o que dizem.


Não me lembro já de metade do que pensei na outra noite... =/

Lembro-me de estar deitado no berço, já com, talvez 2 ou 3 anos de idade...
de beber pelo beberão quente, e por vezes a ferver.
Lembro-me de estar com os olhos fechados, também com 2 ou 3 anos de idade, e querer acordar e abrir os olhos, e não conseguir. Tentar chegar à parede e não lhe tocar.

Lembro-me de odiar tomates, e de estar apaixonado por uma rapariga, quando tinha 4 anos, acho.
e estive apaixonado por ela até... aos meus 14 anos talvez.
Via o ano passado, a tentar "ver-me" a cara por entre estes cabelos compridos... -.-'

No entanto, com 20 anos, sou uma criança que cresce a um ritmo muito próprio e a um passado de caracol.

Sou uma criança que trabalha no Lidl. E ainda me pedem para ser responsável?

Eu não me sinto encaixado nesta suciedade!
Adoro falar com as pessoas, é verdade.. mas não me sinto "adulto" o suficiente para "enfrentar" quase o que quer que seja.

Tenho vergonha de quase tudo. Raparigas então, é fobia!

Apesar de dizerem que a nossa infância constrói-nos como indivíduos e pessoas, eu acho que nunca mudei o que sou, apenas tenho algum conhecimento extra mas nada de mais comparado com a percepção que tinha na altura.
Parece que reencarnei... quase como um "Butterfly Effect", ou um "Birth".
Um dia estava na casa de banho, olhei-me ao espelho e perguntei-me:
"-- porquê eu?" "-- porque vim eu ao mundo e não outra pessoa?"
"-- e como seria se tivesse sido outra pessoa? eu não estava aqui a falar comigo, nem a pensar...
perderia coisas tão fiches, não poderia falar com os meus pais... nem brincar com o meu irmão. Não poderia aprender nada, nem conhecer, nem criar, nem de sonhar..."
E nesse momento senti-me tão insignificante, tão supérfluo! tão miserável e sozinho.

Algum tempo depois, a minha mente mudaria outra vez, ao ver um documentário sobre a leitura das emoções através do corpo humano.
E a minha busca pelo conhecimento nunca mais parou!....
Tentar perceber, e aprender o mais que puder.
E por acaso, gosto bastante de ver documentários, de aprender.
E de cada vez que aprendo algo, fico entusiasmado! e tenho orgasmos cerebrais como acontece com os ratos.

Desculpem, mas não consigo explicar de outra maneira.
Às vezes sinto-me como no "Dark City", ou num "Truman Show".
E de que a minha vida já foi escrita, e de que tudo o que vejo são sinais para me ajudar a tingi várias coisas.
Para passar por vários problemas, e encontrar soluções, apesar de não ver nem me aperceber das coisas à primeira. Só depois quando penso, no que poderia ter dito mais, ou o que aconteceria se tivesse dito ou feito algo mais, me apercebo de que aquilo que disse foi o suficiente!
Ou que então... mais valia era estar calado.

E à medida que vou fazendo coisas que não gosto, "bato" em mim mesmo para "anular" o que não gosto de fazer. Sempre me senti estranhamente único e diferente. Sem nunca perceber porquê.

E sei, que daqui por uns tempos, me olharei para mim agora, e pensarei: "-- fogo, o que eu mudei! agora sou muito melhor do que fora antes." Mas sei que serei ainda "melhor", e diferente...

E quando olho para o meu pai, e o meu irmão, reparo que... sei coisas e vejo coisas de uma maneira tão diferente e verdadeiras que vocês não vêm "fisicamente", que me sinto... grande. Sinto o ego mecher-se por saber que sei coisas e vejo coisas que vocês e eles nem sonham.
Coisas que vocês não vêm, nem sentem.
É ver, a alma crua de sentimentos e emoções da pessoa através dos meus olhos, e saber precisamente o que sentem.

Costuma chamar-se: Neurónios Espelhos.

1 comentário:

  1. Gostei muito, identifiquei-me com muitas das coisas que disseste...

    Infelizmente, ou felizmente, as pessoas não compreendem que cada um é diferente e excluem certas pessoas da sociedade, ou pela música que ouvem, pela forma como se vestem, pelo nivel social, pelos pensamentos...

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