sábado, 24 de outubro de 2009

Um parque de folhas...



Aqui, neste parque, o tempo voa, mesmo quando olho para as horas.
As folhas caem com o vento que as sopra levemente pelo ar.

A cor das folhas pinta o chão, a relva...
Ouço o som dos passaritos, que chilram pelos pais,
Ouço as árvores rangerem de frio, e esticam os seu braços, na espera de receber um abraço.

O casaco cobre do frio, e as mãos congelam lá fora.
O caminho é longo, e as cadelas correm, saltam e brincam de monte em monte... de folhas.
O orvalho cobre todo o arvoredo, todo o musgo da casca das árvores, toda aquela erva escura...

O céu está coberto por nuvens que parecem pesadas, carregas de um tom cinzento quase negro, que esconde todo o azul.
Sinto algo na costas da mão, e vejo uma gota.
Chuva miudinha caí-me em cima, tão subtil, tão gentil, tão pequenina...
Os meus cabelos lentamente acumulam o orvalho.

Olho para cima, e deixo que a chuva me molhe o rosto. Revejo a vontade de a beijar à chuva.
Revejo o sentimento nostálgico que sinto nestes dias.
Sinto o meu corpo descansar, os meu olhos fechar, e desejar adormecer sobre aquela chuva que me cobria de uma forma tão simpática.

A minha alma acalmava ao toque de cada gotícula, ao som dos meus head-phones.
O calor do meu corpo, fazia-me sentir as mãos mais frias, geladas e quase... adormecidas.
Era um "desconforto" agradável, geladas e rijas como pedra, apesar de não puder nem conseguir mexer um músculo...

Deitei-me num banco, e fechei os olhos.
Calmo, voei para fora da minha mente, e pude ouvir a natureza viver à minha volta.
Os pingos bater na madeira, e sentir, agora, as gostas frias.
Abri os olhos, folhas caiam... ouvia a brisa, e sentia-a nos meus cabelos, nas minhas mãos...
Ouvia-o também a ele, tremer de frio, o seu bater de dentes, e palavras marabundas.

O dia, o tempo, a época, o ano, naquele banco de jardim, não existia.
Era entre este e aquela mundo, entre o nada e tudo.
Um espaço de repouso, tão silencioso, que feria qualquer um até no seu estado mais depressivo.

Aquele era o espaço onde não nos era autorizado crescer, envelhecer, pensar em trabalho, problemas da vida. Ditava isto o nosso cérebro, enquanto nos trancávamos neste mundo de árvores, folhas, e de um perfume ao molhado que nos inundava tanto o nariz como o resto do corpo.

Relembrar, reviver, fazer, criar, e sonhar... vinha e ia com a o vento, embrulhado na chuva, oferecendo àquela floresta, que de todos os embrulhos recebidos, os guardava dentro de si... protegendo corações perdidos, mentes frágeis, mentes... que desabrochavam ao mundo, uma folha de cada vez...

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