domingo, 18 de outubro de 2009

Alma negra...



Neste mundo onde me fecho...
o meu quarto que eu encho.
Com as minhas recordações
e canções.

Neste quarto... nesta janela, onde me fechei, e onde sou sem medo.
Aqui! posso sorrir e chorar.


A televisão trás-me o "mundo" que existe lá fora, e que eu tendo em esquecer.
A internet trás-me algo mais do que os documentários, e programas intereçantes.

Aqui, na forja do meu ser, cresço... e estou cocegado.
Finalmente faço o que me der na cabeça.


As mantas na cadeira, que me cobrem de manha e de noite, protegem-me.
Tornam-me parte deste cubo de branco.
O portátil transporta-me... tal como transportara o Holzman.



Não tenho vontade nenhuma de escrever...
Mas tal como fiz com a PAP... esforço-me e faço acontecer.



Aqui onde me deito e morro a cada dia... ou pelo menos o desejo um bocadinho, posso dormir, ver tv, estar no computador, sentar-me e fazer da cama um ninho...
Posso criar tendas como quando em puto.
Recriar momentos de criatividade com o meu lego, reviver momentos com o meu irmão.

Aqui... nas paredes e prateleiras mostram de forma crua algo que sou um bocadinho... mas que não entendem...
Em cada canto descobrem mundos, puzzles cerebrais.
Mundo estranho este quarto, onde tudo o que posso ser nele... paradoxalmente sou-o na minha mente. Onde nada me vê. Onde ninguém entra, nem eu deixo entrar.

Onde nem pais, nem irmão, nem amigos entram...

Apesar de ser um pouco desarrumado, o meu quarto é a minha cama, o meu lago de reconforto.

Aqui dentro sou cobaia de mim mesmo!!

Depois de uma relação "amorosa" como a que tivera... este meu mundo cai e fecha-se no poço da minha mente mais perturbada.
E mais ninguém entrará no que é meu.

Nem amor, nem rapariga, nem relação.
Apenas ódio me alimenta o coração.
ódio que me esventra as veias como letras, palavras, sentimentos tão profundos que apenas eu sou.



No meu quarto entras-te, e dele nunca mais voltas a ouvir falar ou ver!
Falarei pouco... para que nele não entres!
Este meu segredo, meu poço, meu amor que sou só eu... a mim confio e a mais ninguém.

"anti-social"... obrigado!
Sou-o sem medo!!
Vão para a merda, pois serei para sempre, alguém diferente e consciente.
Demasiado casmurro, sim... mas tenho as minhas ideias e opiniões.

No fim de tudo... apenas vos dou a conhecer a maneira como interpreto o "mundo" que me espera lá fora de cada vez que fecho a porta.

Tentem ler-me o corpo, a roupa, os sapatos, a escrita, o cabelo... algo em que nunca irão cheirar é a minha alma.
O frasco em que a envolve é demasiado "sofisticado" para se deixar impingir pelas vossas gracinhas, ou conversas de elevador, conversas de ocasião...

Neste cubo em que me fecho, onde as 13 paredes estão pintadas de branco, e rasgadas por preto das palavras de dor, palavras de teorias, de sentimentos, de ideias, histórias e palavras nostálgicas... pintadas por imagens a cores, por fotografias, post-its... neste cubo de 13 paredes sou criança, onde brinco comigo e com ele, onde aprendo a ser também "adulto".
 

Os soldados que me rodeio o poço, o meu cérebro, são-me fieis.
E os cavaleiros que cavalgam por entre este vale, por estas planícies que se formam a cada pensamento, te destroem sem o mínimo sentimento de pena.
Pois tal como eu, não toleram que me roubes ou mudes quem sou.

Não me tentes mudar! Não me tentes compreender!
Ama-me como nunca amas-te ninguém, e eu dar-te-ei... mostrar-te-ei a minha alma negra.
Alma que perfumo a cada pensamento, alma bonita que admiro ao espelho.
Alma... perturbada e sensível.

Pensa fora do quadrado e verás um mundo diferente em cada acordar...
Conhece-me... e dar-te-ei um sorriso!

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"Riem-se de mim por ser diferente...
Eu rio-me de vocês por serem todos iguais!"

2 comentários:

  1. "Riem-se de mim por ser diferente...
    Eu rio-me de vocês por serem todos iguais!"

    As vezes que ja usei esta frase. Gostei x)

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  2. A primeira palavra que me veio à cabeça, apesar de sêr um puro cliché, foi "wow". A forma que admites e reconheces que tens prazer em estar sozinho, e que Viver dessa maneira te satifaz, fascina-me. Mas no fundo, no fundo, a tal sensíbilidade e "alma negra" que mencionas que está bem escondída e irrevelável, é demonstrada aqui de uma maneira icógnita, mas também misteriosa.
    Garantes que ninguém a verá, mas ao lêr isto, pelo menos nos meus olhos, tornas-te transparente como uma núvem... Olhas para ela e ela até te convênce que é sólida, mas quando alcanças a sua altura, dás-te de conta do seu verdadeiro estado.
    Mas será que todos nós não temos pelo menos um pouco, o desejo de Viver só e isolado do Mundo que nos explora das maneiras mais abusantes possíveis? Talvez.
    Apenas tenho de dizer que ao lêr o teu texto, de alguma forma sentí tristeza por conseguires Viver assim nessa solidão; mas por outro lado, encontrei-me.
    Com as tuas palavras inspiraste-me, e ao mesmo tempo, confudíste-me.
    Eís a questão: Será que toda a Humanidade não sente esse anti-socialísmo, e usa uma máscara ao longo da sua Vida, ao invés de mostrarem as suas verdadeiras cores?

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