domingo, 4 de outubro de 2009

Para onde eu vou...



Para onde eu vou... não há espaço para choros.
Não à ilusão, nem pensamentos, nem sonhos...

O eu não existe, desaparece e é consequentemente rasgado, devorado e regurgitado.

É uma caixa fechada, sem cor, não é branca nem preta.
não tem luzes, não tem ar, não existem asas, nem chamas.

Não existe amor!
Não existe atenção, nem carinho.

Ódio, saudade, paz...
Existe espaço para mim...

Poderei finalmente ser livre.

Não tenho pena de ninguém, não vou por ninguém, nem irei chorar.
Não permitirei que ninguém me traga de volta.

O meu coração está trancado!
E não aceito amor de mais ninguém.
Não amo, nem amarei.
Não me preocupo nem me importo.

Já estou destruído!
Medo?! que medo?
Desaparecer é a liberdade da mente...
é o sossego da alma, o descansar do corpo.

Para onde eu vou... poderei tirar este fato que me pesa, este estrume de doenças.
Deixar de ser a criança que os meus pais ainda vêm em mim, deixar de ser o seu querido.
Poderei ter paz e espaço, que não existe.

Poderei sorrir! :)
descansar, criar, imaginar, julgar-me, culpar-me, magoar-me... sem sentir dor.

Poderei desaparecer e adormecer, deixar de existir.
pois não existe espaço para o nada, para onde eu vou.

Não existirá pena, nem choros quando me for, nem frases bonitas...
odeio toda agente, odeio quem me toca, quem me olha, quem diz amar-me.
odeio! porque posso, e não me importo.

Trancado, de pulsos rasgados, de coração na mão, para o mundo que em tempos sonhei ser só meu.
Um mundo que criei, onde cresci e me eduquei. Onde não sou aceite, nem "amado".
Onde eu não quero ficar mais tempo.

Não tenho medo! Não deixarei que as "emoções bonitas", e o carinho ou o amor se infiltrem no meu cadáver putrefacto!
Não sou, e deixe de ser o "Paulo" sossegado... calado e tímido.

Tornei-me violento! e adoro porque não me preocupo...
Sou-o porque ela ajudou-me.
Porque eu "obriguei-me" a tornar-me assim.
Não controlo quem sou, nem me preocupo mais...

O amor existiu em mim... sim.
Mas não haverá mais espaço nessa caixa que encolhe.
E onde as pessoas guardam o "amor"... eu guardo o meu coração, o meu órgão.
E onde eu guardo e manipulo quem sou... as pessoas criam os seus pensamentos.

Estou em auto-destruição... estou doente, constipado, a minha cabeça ferve.
Mas não me importo de desaparecer... doente ou não... desejo-o na mesma!
Desejo a faca junto ao meu corpo... a cada dia que passa...

O que escreverei antes de partir?
talvez não deixe nada para que os meus pais leiam...
talvez apague tudo o que sou, fui, e criei.

Quero ser esquecido! Quero ser deixado em paz!
Quero que pelo menos uma vez na "vida"... faça alguma coisa em condições à primeira!
Estarei ao teu lado amiga!

Quem era eu, para antigamente criticar aqueles adolescentes que queriam e desapareciam?
Eles querem... eles fazem! porque é esse o processo deles.
Eu não me preocupo.
Eles fazem-no, não por serem desistentes, ou não quererem enfrentar a vida.
eles fazem... porque sentem! porque querem sossego, paz, espaço.
Querem ir para o nada!! onde não terão mais problemas, onde poderão dormir para sempre.

Estou farto de tudo...
(se eu não for capaz... que algo o faça!)

1 comentário:

  1. Nossa...Parabéns!

    Achei seu blog por um acaso e estou realmente encantada. Como você escreve bem! Pude vivenciar cada momento...Mas acho que escreveria uma carta sim, para deixar aos meus pais, talvez agradecendo, culpando, mas existindo, pois o que criei tem valor, nem que seja pra mim mesma.

    Nossa...gostei muito, passeirei aqui muitas vezes...vou ler seu blog inteiro. Adorei!

    Bom, também tenho um blog, se quizer fazer uma visitinha, sinta-se em casa, fique a vontade! Ainda é novinho, to começando, mais pode gostar do cantinho.
    Passa lá, quando tiver um tempo:
    http://ariadneady.blogspot.com/

    Mais uma vez parabéns...e deixa eu parar de falar, pois ja tá muito grande..acho que me empolguei! rs

    Beijos...Ariadne

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