[Sur la pomme d'Adam. by ~Incensis]
Sentia ferver em mim uma raiva que mal sabia segurar nas pontas dos dedos. Um nó que me apertava o sensato e fazia jorrar pela espinha nervosa todas as memórias e momentos de uma vida ao qual atiçava com raiva os monstros dos sofrimentos, tristeza, raiva, perdão...
Acumulava-se no peito a vontade, o desejo mórbido de lhe segurar pelo pescoço e apertá-lo até a sua cara ficar roxa, azul, pálida e sem vida. Já podia sentir nas minhas mãos a força bloquear-lhe o ar do cérebro e aprisioná-lo para sempre naquela caixa escura e anárquica de palavras e carinhos ríspidos, desprovidos de sentidos, de razão e compreensão. A minha testa em evaporação, condensava gotas capazes de competir com as minhas lágrimas mais profundas. Contorcia-se de medo, a face que sempre o olhou com um grande e verdadeiro sorriso. Com as mais meigas expressões de amor. Um companheiro que me fazia acreditar cegamente num "para sempre", como os contos de fadas ou os livros que devorava nos longos dias de praia.
Atraiçoada, violada, rasgada, perfurada, manipulada, escorraçada, gozada, pisada e cuspida como o caralho de um aborto vivo num corpo sem vida. De mãos acorrentadas em arame espinhoso como se tornaram tão depressa as suas mãos e a sua voz que sempre achei ser só minha. A imagem do homem confiante, forte e protector que sentia sempre que caminhava ao lado dele, de mão na minha cintura ou confortávelmente agarrada à minha, eram agora um indesejo físico, que me provocava mais vómitos do que borboletas na barriga.
O vestido desconcentrava-o da conversa e do meu olhar profundo, penetrante. Era como olhar para um macaco sedento de sexo. Fodas todos os dias, a toda a hora. Queimava-me, achando eu que era a minha obrigação, o meu dever como mulher, como namorada, como futura esposa e mãe dos seus filhos. Uma lei natural que me sentia compelida a lavrar, porque o amor sempre me esteve vendado, simplificado e inexplicado. Uma relação construída em mentiras, pela minha incapacidade absurda e corrosiva de achar que o problema era meu, que só eu é que tinha de inventar soluções para as zangas e discussões que nunca tive a intenção de começar ou sequer a culpa de o fazer gritar-me mais alto, para a escrava sexual e objecto de interesse que sou.
O meu pescoço arranhado ardia como uma comichão que nunca tive, mas o coração emocional ardia em brasa vulcânica, que me perfurava órgãos e fazia a fome fugir-me pelas pernas verdes, trémulas e inconstantes.
O olhar dele sobre o meu corpo, lembrava-me os momentos que antecediam ao pedido de um broche, de joelhos, de um agarrar forte nos meus cabelos para ao fim de algum tempo me empurrar com forte pujança o caralho do qual lhe sempre sentia o mijo. Engravidaria primeiro pela boca, do que pela princesa, que ele exigia estar sempre bem limpinha. Sem o mínimo de conforto, e aparafusada por dores agudas inconstantes, como cadela com cio.
O olhar dele sobre o meu corpo, lembrava-me os momentos que antecediam ao pedido de um broche, de joelhos, de um agarrar forte nos meus cabelos para ao fim de algum tempo me empurrar com forte pujança o caralho do qual lhe sempre sentia o mijo. Engravidaria primeiro pela boca, do que pela princesa, que ele exigia estar sempre bem limpinha. Sem o mínimo de conforto, e aparafusada por dores agudas inconstantes, como cadela com cio.
A espuma que lhe saía pela boca, alegrava-me a mioleira desprovida de inteligência, que como ele sempre me dizia: -- "Tens uma cona, até na cabeça!".
O momento cobria-se das trevas, que percorriam todo aquele meu ser pútrido e esporrado, como o corredor para a morte. Em breves segundos estaria acompanhada pela minha grande amiga adrenalina que me fazia arrefecer os ciúmes de o ver apalpar e namoriscar raparigas que desconheciam as costas daquele objecto escravo, virado contra e não a favor. Vergada e chicoteada pelo puro prazer de submissão. Veias rebentavam debaixo da pele, esganando o fraco pescoço de um homem urso, que afinal era apenas galinha.
O momento cobria-se das trevas, que percorriam todo aquele meu ser pútrido e esporrado, como o corredor para a morte. Em breves segundos estaria acompanhada pela minha grande amiga adrenalina que me fazia arrefecer os ciúmes de o ver apalpar e namoriscar raparigas que desconheciam as costas daquele objecto escravo, virado contra e não a favor. Vergada e chicoteada pelo puro prazer de submissão. Veias rebentavam debaixo da pele, esganando o fraco pescoço de um homem urso, que afinal era apenas galinha.
Senti um toque no meu peito, vi desenhar-se um sorriso na sua cara de nariz de batata, sobrancelhas satânicas e ouvi o sorriso típico de um violador elitista. A mão trémula aguentou-se firme e apertou o pulso intrusivo. Olhou-me nos olhos com raiva e como ferro em brasa, descarregou sobre a minha bochecha a mais pesada estalada embrulhada num murro.
Não havia amigos, familiares ou estranhos para testemunhar o abuso psicológico, dos jogos e vinganças que ele montava à minha volta como puzzles sem instruções, sem pistas.
Os meus cabelos entrelaçaram-se nos dedos dele, segurou-me a boca com força e vociferou o racismo machista que lhe raiava dentro daquele peito peludo. Cuspiu-me a cara: -- "És uma puta!".
O meu medo transparecia como uma grande máscara que era incapaz de trocar. O prazer crescia-lhe nos olhos e as mãos fortes apertavam-me com mais força. As curvas esqueciam o carinho desajeitado dos seus dedos. Fosse eu barro, e as suas unhas cravar-se iam com a mesma facilidade. As marcas, os sinais que se escondiam debaixo de camisolas oferecidas como pedidos de desculpa, que camuflavam a vontade enjoativa de me foder de novo, naquela cama feita de lavado.
Conversas mortas, sem valor e importância. Fosse eu mostrar desinteresse, e teria sorte em não levar com um cinto nas pernas, ou sentir a sua navalha deslizar sobre o meu peito provocador.
Amiga de um inimigo, que me envenenara a mente de falsas promessas, esperanças e sonhos. As lágrimas forçaram a saída, esborratando a linha preta de maquilhagem de baixo do olho. Desenhou-se um risco longo através das crateras e fendas das feridas mal tratadas que o faziam lembrar a merda das góticas que tanto odiava sem saber porquê.
Segurou-me pelo pescoço, bofeteou-me até cair na cama e desapertou as calças. Imobilizou-me as mãos, lambeu-me o pescoço com a saliva ácida empestada de mau cheiro. Apertou com força as minhas mãos sobre a minha barriga comprimida e vergou-me nas pernas, o elástico das cuecas.
Queria fugir, esconder-me e morrer...
Primeiro que tudo tenho que dizer que me pareceu estar a ver a situação que descreveste! As tuas palavras têm tamanha força que me fizeram ficar presa do início ao fim!
ResponderEliminarEm segundo lugar, esta é a descrição da vida de muitas mulheres por este mundo fora. Da vida das mulheres que esperam ingenuamente que a pessoa que amam mude, que as ame de forma igual, que as respeite. Este é o reflexo de muitas vidas torturadas que em grande parte das vezes acaba num caixão.
Era bom que muitas delas lessem este teu texto. Que lessem, se revissem e soubessem fugir daquilo que lhes faz mal. Afinal o amor não foi feito para magoar ou matar. Isso são construções feitas por pessoas sem coração.
Obrigado.
EliminarConcordo contigo, de que muitas mulheres e até homens lessem este texto e alguns livros que lidam e abordam estes problemas.
Nunca tive este tipo de experiência física, mas tive muita psicológica. Foi preciso conhecer as pessoas certas e comprar os livros certos, para aprender e perceber que eu não me devia deixar rebaixar ou deixar-me manipular.
Desvaloriza-me por completo, e a achar que a culpa era sempre minha, quando na verdade... foi a outra que contribuiu para isso.
"Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo." - Paulo Francis
"Quem não lê é como quem não vê."