quarta-feira, 24 de abril de 2013

Queria fugir, esconder-me e morrer...



Sentia ferver em mim uma raiva que mal sabia segurar nas pontas dos dedos. Um nó que me apertava o sensato e fazia jorrar pela espinha nervosa todas as memórias e momentos de uma vida ao qual atiçava com raiva os monstros dos sofrimentos, tristeza, raiva, perdão...
Acumulava-se no peito a vontade, o desejo mórbido de lhe segurar pelo pescoço e apertá-lo até a sua cara ficar roxa, azul, pálida e sem vida. Já podia sentir nas minhas mãos a força bloquear-lhe o ar do cérebro e aprisioná-lo para sempre naquela caixa escura e anárquica de palavras e carinhos ríspidos, desprovidos de sentidos, de razão e compreensão. A minha testa em evaporação, condensava gotas capazes de competir com as minhas lágrimas mais profundas. Contorcia-se de medo, a face que sempre o olhou com um grande e verdadeiro sorriso. Com as mais meigas expressões de amor. Um companheiro que me fazia acreditar cegamente num "para sempre", como os contos de fadas ou os livros que devorava nos longos dias de praia.

Atraiçoada, violada, rasgada, perfurada, manipulada, escorraçada, gozada, pisada e cuspida como o caralho de um aborto vivo num corpo sem vida. De mãos acorrentadas em arame espinhoso como se tornaram tão depressa as suas mãos e a sua voz que sempre achei ser só minha. A imagem do homem confiante, forte e protector que sentia sempre que caminhava ao lado dele, de mão na minha cintura ou confortávelmente agarrada à minha, eram agora um indesejo físico, que me provocava mais vómitos do que borboletas na barriga.
O vestido desconcentrava-o da conversa e do meu olhar profundo, penetrante. Era como olhar para um macaco sedento de sexo. Fodas todos os dias, a toda a hora. Queimava-me, achando eu que era a minha obrigação, o meu dever como mulher, como namorada, como futura esposa e mãe dos seus filhos. Uma lei natural que me sentia compelida a lavrar, porque o amor sempre me esteve vendado, simplificado e inexplicado. Uma relação construída em mentiras, pela minha incapacidade absurda e corrosiva de achar que o problema era meu, que só eu é que tinha de inventar soluções para as zangas e  discussões que nunca tive a intenção de começar ou sequer a culpa de o fazer gritar-me mais alto, para a escrava sexual e objecto de interesse que sou.

O meu pescoço arranhado ardia como uma comichão que nunca tive, mas o coração emocional ardia em brasa vulcânica, que me perfurava órgãos e fazia a fome fugir-me pelas pernas verdes, trémulas e inconstantes.
O olhar dele sobre o meu corpo, lembrava-me os momentos que antecediam ao pedido de um broche, de joelhos, de um agarrar forte nos meus cabelos para ao fim de algum tempo me empurrar com forte pujança o caralho do qual lhe sempre sentia o mijo. Engravidaria primeiro pela boca, do que pela princesa, que ele exigia estar sempre bem limpinha. Sem o mínimo de conforto, e aparafusada por dores agudas inconstantes, como cadela com cio.
A espuma que lhe saía pela boca, alegrava-me a mioleira desprovida de inteligência, que como ele sempre me dizia: -- "Tens uma cona, até na cabeça!".
O momento cobria-se das trevas, que percorriam todo aquele meu ser pútrido e esporrado, como o corredor para a morte. Em breves segundos estaria acompanhada pela minha grande amiga adrenalina que me fazia arrefecer os ciúmes de o ver apalpar e namoriscar raparigas que desconheciam as costas daquele objecto escravo, virado contra e não a favor. Vergada e chicoteada pelo puro prazer de submissão. Veias rebentavam debaixo da pele, esganando o fraco pescoço de um homem urso, que afinal era apenas galinha.

Senti um toque no meu peito, vi desenhar-se um sorriso na sua cara de nariz de batata, sobrancelhas satânicas e ouvi o sorriso típico de um violador elitista. A mão trémula aguentou-se firme e apertou o pulso intrusivo. Olhou-me nos olhos com raiva e como ferro em brasa, descarregou sobre a minha bochecha a mais pesada estalada embrulhada num murro.
Não havia amigos, familiares ou estranhos para testemunhar o abuso psicológico, dos jogos e vinganças que ele montava à minha volta como puzzles sem instruções, sem pistas.
Os meus cabelos entrelaçaram-se nos dedos dele, segurou-me a boca com força e vociferou o racismo machista que lhe raiava dentro daquele peito peludo. Cuspiu-me a cara: -- "És uma puta!".
O meu medo transparecia como uma grande máscara que era incapaz de trocar. O prazer crescia-lhe nos olhos e as mãos fortes apertavam-me com mais força. As curvas esqueciam o carinho desajeitado dos seus dedos. Fosse eu barro, e as suas unhas cravar-se iam com a mesma facilidade. As marcas, os sinais que se escondiam debaixo de camisolas oferecidas como pedidos de desculpa, que camuflavam a vontade enjoativa de me foder de novo, naquela cama feita de lavado.

Conversas mortas, sem valor e importância. Fosse eu mostrar desinteresse, e teria sorte em não levar com um cinto nas pernas, ou sentir a sua navalha deslizar sobre o meu peito provocador.
Amiga de um inimigo, que me envenenara a mente de falsas promessas, esperanças e sonhos. As lágrimas forçaram a saída, esborratando a linha preta de maquilhagem de baixo do olho. Desenhou-se um risco longo através das crateras e fendas das feridas mal tratadas que o faziam lembrar a merda das góticas que tanto odiava sem saber porquê.
Segurou-me pelo pescoço, bofeteou-me até cair na cama e desapertou as calças. Imobilizou-me as mãos, lambeu-me o pescoço com a saliva ácida empestada de mau cheiro. Apertou com força as minhas mãos sobre a minha barriga comprimida e vergou-me nas pernas, o elástico das cuecas.

Queria fugir, esconder-me e morrer...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Deveria ser proibido ser-se tão irracional...

[Parque na estação de Comboios da Mealhada]

O esperto que criou este sinal, certamente não teve consciência ou inteligência suficiente, se calhar até tempo para pensar um bocadinho na barbaridade ortográfica que estava a fazer quando decidiu escrever este aviso, para alertar, avisar e proibir algum tipo de animal.
O problema nem está no simbolo, porque no censo comum, um pessoa irá perceber que não está "proibida", a não ser que assuma as responsabilidades, de levar um animal doméstico, um animal próprio, para o parque.
O grave problema com este sinal, é o facto de falar em todo e qualquer tipo de animais, que passarei a explicar. O que está bem visto, de uma certa perspectiva, porque se eu levar um crocodilo de certeza que iria ficar sozinho naquele parque e isso não tem muita piada a não ser que eu goste de ser parvo. E de certa forma, até evita confusões maiores, pois se eu levar para lá uma iguana ou uma tartaruga, não existe grande problema, mas se o vizinho do lado não pode levar o seu cãozinho ou o ricalhaço não puder levar o seu elefante, então ninguém pode levar nada e acabou a confusão. O grave problema é falar em todos e não só em alguns.

A dúvida não está no facto de não se poder levar um animal. O erro "grave" está na frase. E muitos irão achar que está muito bem feita, que proíbe quaisquer animais. Tudo bem. Mas se eu te perguntar:
-- O que és?
O que respondes?
-- Sou uma pessoa. Não sou nenhum animal. Não sou um cão, nem um gato ou um periquito  Sou uma pessoa, sou um humano.
Aí é que te enganas redondamente! És um animal, tal como um cão, tal como uma cobra, uma girafa ou um macaco. A única diferença é vivemos numa sociedade com regras.

"Proibido o acesso de animais", está a proibir o acesso até mesmo a nós, animais. Pois antes de seres uma pessoa, és um animal. Como eu tanto já falei por aqui. Logo... se proíbe todos os animais, nem tu nem eu somos autorizados a andar por lá.
No entanto, o problema não poderia ser resolvido de forma fácil, pois se acrescentássemos a palavra "domésticos", ficando então: "Proibido o acesso de animais domésticos", isso levantaria outras questões, como por exemplo:

  • O que é considerado animal doméstico?
  • Ficaríamos proibidos de levar cobras ou cavalos para o parque? São animais domesticados mas não são domésticos.
  • O que acontece com animais "vadios" que vagueiam pelo parque?

Obviamente, os animais não sabem ler sinais a menos que lhes seja ensinado, como já foi comprovado. Mas, e animais vadios? Não podem ir para os parques? Estão proibidos, é um facto, mas não são de ninguém. Quem assume a responsabilidade? Chama-se o canil e espetam-se com os cães e gatos abandonados em jaulas à espera que morram? Provavelmente seria o melhor a fazer.
Outro grave problema é quando se proíbe a entrada de animais no parque para que não o sujem com necessidades, e damos de cara com lixo urbano espalhado por todo o lado, mesmo que existem 20 contentores e baldes do lixo num raio de 10 metros. Proibimos animais para prevenir dejectos, que podem ser apanhados pelos donos dos mesmos, mas não se proíbem as pessoas de deitar lixo para o chão, de sujar, de estragar, partir e vandalizar. Não... o grande problema são os animais, e não as pessoas.
Culpar as pessoas? Pagarem multa? Para quê? As pessoas são inteligentes, sabem o que fazem e depois pagam as consequências. Algo mais ou menos assim.

Deveria ser proibido ser-se tão irracional... sujar, estragar, vandalizar, destruir. É-o, mas o que se pode fazer? A policia que devia fazer as coisas, não faz um carago e somos nós que vamos educar quem já tem idade suficiente para votar, conduzir, trabalhar e ser pai de filhos com 20 anos!? Deixamos-nos estar quietinhos porque não queremos confusões e não viemos para educar. Mas é preciso falar e chamar a atenção das pessoas burras, que de facto estão a ser muito burras.
Tal como o facto de os pais fumadores, fumarem para a cara dos seus filhos ou junto dos seus filhos, como se tivessem a comer um gelado, todos em convívio. Será que estas pessoas não têm consciência das atrocidades que fazem!? Desconhecer certas coisas... não estar informado, ainda compreendo, mas serem tão obtusas e ignorantes, já é um problema, e parece-me que é hereditário.

Perante um sinal destes, todos sabemos que estamos proibidos de levar qualquer animal, seja ele qual for, e isso inclui-se a nós mesmos, mas pronto, vou fazer vista grossa nesse "pequeno" ponto, mas nada nos diz que estamos proibidos de nos comportarmos como animais irracionais, ou agir pior do que macacos exaltados.

Animais irracionais a agir de forma estúpida e pior que cães com cio. (video)
(Vejam o que acontece aos 0:33 segundos)

"Mantenha o espaço limpo!"
Boa sorte com isso...
Escusado será dizer, que o parque onde se encontra este sinal, frequentado por jovens da EPVL, está repleto de piriscas de cigarro, filtros de cigarro, cigarros, caixas de tabaco, papeis, lenços, latas, embalagens do chocolate, vidros partidos, garrafas, palhinhas, pastilhas e etc. O problema não são os cães cagarem o espaço. São os donos deles e quem frequenta aquele parque. Não sabem estar e muito menos preservar.
E se os papás das crianças, conseguem ser pior do que elas, ou autorizam que os seus filhos deixem e atirem lixo para o chão, como queremos que portugal cresça? Só tem tendência a regredir e a pior/estragar o que muitos fizeram e alcançaram com muito esforço.

Animais espelhados como humanos...
O que faz dos humanos, humanos?
Inteligência Animal
A diversidade humana...

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Comentar em anónimo...


Responder em anónimo, neste caso falarei num blog e não por mim, mas pelo pensamento generalista no qual me incluo um pouco.

Um comentário em anónimo, é como alguém comentar sem cara, alguém ter medo de se mostrar e de ser identificado. Mas se não sabemos um nome ou não podemos ver uma cara, significa que foi qualquer pessoa que colocou ali aquele texto, quer de forma positiva ou negativa.
Se pode ter sido qualquer pessoa, significa então, que foi toda agente. Não sabemos quantos defendem as mesmas palavras. Não sabemos se foi alguém que nos é próximo se alguém que vem de longe.
Por tanto, se foi "presumivelmente" toda a gente, significa que o mundo está contra nós, e estar do lado de fora de um grupo, para algumas pessoas não é lá uma sensação muito boa...

Gostamos de ser bem vistos, que compreendam ou sintam os nossos textos ou comentários. Que pensem e percebam algo que mais ninguém viu. Sejam corriqueirices ou não, é essa a realidade. Faz-nos bem ao ego. Sim, neste momento falo de mim, mas não sou hipócrita, pois não sou como os outros. Que procura desesperadamente atenção através de textos bonitos e pomposos, que todos gostam de ler e falar. Escusado será dizer novamente, de que tudo o que escrevo, será para fazer pensar, para fazer sentir, para fazer imaginar e questionar. Uma visão diferente, de uma perspectiva diferente e um algo corriqueiro. De um algo que todos dão por garantido, sem fazer muitas perguntas.

Um aspecto importante que não posso deixar de mencionar, é que quando os textos se tornam muito críticos, as pessoas que se sentem ameaçadas e tocadas pelas palavras do escritor, tendem em comentar com "raiva" e pouco argumentos, só porque se sentiram prejudicadas psicologicamente. Sentiram desconforto ou de alguma maneira, espelhadas nas fortes criticas do qual não sabem aceitar ou argumentar bem, contra.
É raro existir gente capaz de acrescentar valor e informação a um texto já por si só, critico. O mais difícil, é conseguir argumentar, pelo lado negativo ou positivo, o que quer que seja. Ou acrescentar empatia verdadeira. Normalmente quando se trata de textos sobre namorados, de raparigas com o coração destroçado, porque acabaram ou outra razão "triste" qualquer, as restantes raparigas que passaram e passam pela situação, fornecem alguma ajuda psicológica, dão opiniões, ideias. Ajudam.
Por um lado é bom saber que não somos únicos e especiais, que os sentimentos e os problemas que temos não são apenas só para nós mas que acontecem com toda a gente. E por tanto, o intuito de um texto critico, não do lado da sociedade, mas contra o povo seduzido pela falsa realidade da publicidade, é fazer com que as pessoas ovelha, corram o fecho para baixo e dispam esse casulo e a máscara que usam para poderem dar um paço atrás e perguntar.

O problema de hoje em dia, é que as pessoas não perguntam nem questionam. Se as coisas começam a dar muito trabalho, preferem desistir do que continuar. Originando a comentários muito ortodoxos, que espremidos não deitam uma gota.
Comentário, só mesmo se for uma necessidade. Não estou contra, pois tenho muito deles em anónimos por aqui, de pessoas que nem faço ideia de quem sejam. E gosto quando tentam argumentar com algo que acham ter valor, mas que nem sequer se consegue perceber se estão a responder só para não estarem calados ou porque realmente sentem que o que foi dito não é justo. E sim, estou a falar muito dos textos em forma de critica que recebem comentários anónimos, pois penso que todos já conhecem os outros tipo de comentários que surgem.
Uns falam bem, outros são do contra, outros são perguntas, palavras carinhosas ou empatia, partilha de informação ou spam.

É difícil encontrar alguém capaz de perceber o que se escreve nas críticas. Muitas delas, é verdade, não valem nada e foram feitas só mesmo para criticar, sem acrescentar qualquer tipo de informação ou cultura, mas há aqueles que são escritos por pessoas diferentes, que são vistas como anti-sociais, esquisitas, brutas, frias, preconceituosas, ou com a mania de saberem que sabem tudo.

Quando alguém diz uma parvoíce, é parvo.Quando cinco pessoas dizem uma parvoíce, são parvos a multiplicar por cinco.Quando cinco mil pessoas dizem uma parvoíce o parvo é você.Livro - A Lei de Todas as Coisas de Richard Robinson

terça-feira, 16 de abril de 2013

Espero não vir a viver no país que prevejo...


Ontem acedi ao youtube, e deparei-me com um video "Skins Party Portugal". Decide ver mais uma palhaçada dos jovens sobre festas à noite, só para me manter actualizado. Quando dei por mim, estava a ver um video, supostamente, filmado numa localização secreta em Lisboa, de putos quase todos nus, a lamberem-se uns aos outros, a dar cerveja na boa das raparigas e dos rapazes, pessoal podre de bêbado a foder nos cantos da "discoteca". Garotos a comer chantili, 3 gajas a beijarem-se, uma rapariga a beijar o peito de um rapaz, centenas de copos com palhinha preta em cima de um balcão, à espera das mãozinhas soadas daquelas crianças.
Estava à espera de encontrar mais uma noite normal de bobadeira, de pessoal bêbado e gajas a dançar coladas aos rapazes de cu espetado. Todos sorridentes e alcoolicamente bem dispostos, mas o que vi... foi algo completamente absurdo e aterrador.
Deparei-me de novo com uma festa para pessoal da alta sociedade, de papás ricos, com prestigio, com glamour e classe. Não, nunca tinha visto um video, mas já vi fotos e reportagens do género. Achei interessante o facto de a localização só poder ser encontrada através de pistas nos postes de luz, sinais de transito, etc. Não haveria cartazes nem panfletos ou publicidade. Fez-me lembrar um episódio da série "V" e no filme "Eyes Wide Shut".

Página "oficial" no Facebook: https://www.facebook.com/skinslisboa
Havia um video, mas foi removido pelo Youtube.
"Este vídeo foi removido por violação das regras do YouTube relativas a nudez ou conteúdo sexual."
[editado - 17-04-2013]
SKINS PARTY PORTUGAL 25 DE MAIO

Assim que vi o video, acedi à página no facebook, para tentar perceber melhor o que tinha acabado de ver, e se realmente a festa se tinha dado em portugal. Vi logo comentários de crianças e adolescentes, a perguntar o que era preciso fazer para ir à próxima festa. Jovens interessados em abanar a cabeça e desperdiçar uma noite ao lado de gajas boas, nuas e dispostas a sexo, por uma noite sentados no sofá a ver um bom filme, um bom livro, ou um documentário. Mas sei que o que a malta jovem quer é curtir a vida, mesmo que isso signifique que possam entrar em coma ou ter alguns acidentes. Porque ser-se inteligente é só para nerds e para os anti-sociais.
Eu sabia que este tipo de imaturidade juvenil existia já à muito tempo e em todo o lado. O cenário piora, se começarmos a falar sobre universitários, ou falarmos das suas festas não tão clandestinas mas muito prolongadas.
Mas uma coisa que me deixa "parvo", é o facto de estas festas, serem do desejo de quase toda agente. É a vontade de pertencerem a uma elite de todo, de pertencerem a um grupo diferente, que está mais à frente que qualquer outra. Que é superior, que tem prestigio. É isso que os jovens gostam hoje em dia, serem importantes ou pertencerem a grupos importantes. Este video também me fez lembrar o filme "Project X", onde os fedelhos americanos se juntam todos numa casa com um único propósito, dar a maior festa de sempre, embebedarem-se, curtir a vida, beijar e foder.

És um simples conceito...
A geração anti-pedagógica...

Nunca foi tão fácil classificar esta geração como a pior de todos os anos, e que está a dissolver este país. Não está a desenvolver, porque nada disto é desenvolvimento. Nem sequer está lá perto, pois da mesma maneira que um jovem português sai de portugal só porque não tem emprego e não pretende lutar no país, pelo país, também estas crianças estão a ajudar a criar uma nova sociedade desfuncional, sem capacidade de pensamento analítico, de pensamento próprio, de opiniões bem fundamentadas e com maturidade suficiente para construir um argumento com valor.
A verdade é que... o verdadeiro povo português, lutará pelo próprio país, dentro do seu país e não fora dele. O verdadeiro português irá ficar para lutar contra as ditaduras e dinastias de reis e políticos que nos tentam roubar e controlar.
Se houve uma coisa que o filme "As Linhas de Wellington" me ensinou, foi que o verdadeiro português, morreria à fome só para que o país não caí-se nas mãos dos franceses.
E hoje, é mais fácil tratar mal, espezinhar só porque se pode e se acha no direito de tratar mal, do que lutar pelo desenvolvimento social e intelectual de um país que tem mais de 800 anos de história. - Violência Infantil... (comentário)
Espero um dia não viver no país que prevejo dentro da minha cabeça. - Violência Infantil... (comentário)
Eu espero não vir a viver no país que prevejo, mas parece algo inevitável. A cada dia parece ficar mais fácil caminhar para esse período de irracionalidade, que infezlimente se irá perpetuar infinitamente, criando uma sociedade igualzinha à do filme "Idiocracy".
Existem dezenas de documentários, realizados para nos avisar dos perigos destas gerações envoltas em tecnologia, como é o caso do documentário "ReGeneration".
-- "As coisas materiais são muito importantes."
-- "Queremos o melhor de tudo, o que for popular na altura, o que estiver na moda."
-- "Precisamos sempre de alguma coisa."
-- "Adoro a moda, porque a considero uma forma de arte. É uma maneira de nos sentirmos bem e de nos exprimirmos." - Jovens e Dinheiro (2008)
É a maneira de como a sociedade comunica com as crianças, que alterou a nossa forma de educar "bem".
Hoje tudo é fácil, tudo está acessível, tudo é social.
Hoje têm e temos tudo, antigamente não havia internet, nem filmes nem desenhos animados como vemos agora. Tudo era feito à mão, com esforço, e hoje já não.
Eu ia para a escola a pé, e se a minha mãe soubesse que um professor me tinha batido por me portar mal, ainda apanhava mais porrada.
Hoje já não é assim. Se um professor bate num aluno, a familia vai toda falar com a escola e leva-o a tribunal. Antigamente sim, havia educação e os meios de comunicação só influenciavam as crianças com brinquedos.
Agora é com roupas, com tecnologias, com marcas, com ideias pré-concebidas que vemos nos filmes, nas novelas, na publicidade, nas revistas de modelos e nas fotos de alta-costura.
Antigamente o mundo ia-se mostrando passo a passo para a criança. Hoje!? Com o click de um rato ou uns gestos no telemóvel, e os miúdos têm acesso a informação que não conhecem, que não percebem e não sabem utilizar.
Eu sou deste tempo, e estas coisas estão a acontecer nele. Mas a culpa ainda não é minha, pois ainda não tenho filhos, mas dos papás que têm a mania do riquismo e da superioridade. Do "o meu filho tem de ser melhor do que os outros". 
É tão fácil falhar na educação de uma criança... principalmente com os pais pensam ter a matéria sabida mas não percebem patavina do que é comunicar. 
O problema não está na sociedade ou nas pessoas que o rodeiam, está nos pais, que nunca souberam sê-lo, que nunca assumiram as culpas e as responsabilidades.
Pais, que não querem ser pais e que não sabem ser pais. - coisasparacriancas (facebook)
É preciso, não apenas dar educação escolar e social aos pais, mas também aos seus filhos e a todas as pessoas que habitam neste país. É importante salvar este país da destruição por parte de pessoas anormais, estúpidas, burras, arrogantes, que se baseiam em cunhas, que se preocupam com a sua riqueza pessoal, que pisam e cospem. É importante salvar esta sociedade da completa anorexia intelectual que se está a agravar de dia para dia, em casa, na escola, nos locais de trabalho. Um geração de jovens que destruirá portugal em 3 tempos. Que irá deixar esta linda terra e país magnifico, conquistado durante mais de 800 anos, completamente irreconhecível. Despojos de uma década estraçalhada e rasgada, cuspida e desfeita, por culpa de apenas umas pessoas: PAIS.

A versão rasca do homo-sapiens...
Se não és parte da solução, fazes parte do problema...
Cientista diz que os humanos estão cada vez menos inteligentes

Nós, os melhores mamíferos capazes de aperfeiçoar com rapidez uma ferramenta já existente, evoluímos para o nosso próprio colapso? E o que nos leva à destruição, ironicamente, foi aquilo que nos permitiu destingir dos outros animais e descer das árvores, a consciência e a inteligência.
Parece-me que a estupidez das pessoas, e não dos humanos, se está a tornar essencial para se poder viver. Parece-me. As prioridades estão a mudar e não consigo perceber porque razão é que os garotos do hoje, não é "de hoje", mas do hoje e do amanhã, têm necessidade em ter um telemóvel  quando eu tive o meu aos 16 anos, partilhado com o meu irmão, e só lhe comecei a dar importância aos 18.
A culpa não é dos tempos do agora, mas das escolhas que as pessoas têm feito, por achar que estão a melhorar toda uma geração de crianças que não percebe e não precisa de perceber aquilo que lhe dão para as mãos. O acesso à informação relevante e importante, fica colada no fundo das páginas dos livros e dicionários online, nas páginas de redes sociais e de vídeos engraçados que alegram toda a gente.
Pergunto-me se as crianças do hoje, sabem o que é jogar à apanhada, ao "esconde-esconde", ao "senhor barqueiro", à macaca, à carica, aos "Índios e Cowboys", à malha, ao "salto ao eixo".
Para onde foram os puzzles? As fábulas que tinham sempre uma mensagem cultural para nos ensinar?

Vocês estão a criar a pior geração que passará e desenvolverá portugal, depois não se queixem que no vosso tempo é que havia educação. Se hoje não a dão, a culpa é vossa.

Eu quero, posso e Compro!
A futura geração...
A moda social e as lojas de roupas...
O fracasso de uma geração... é o fracasso de mentalidade do futuro cidadão. - A moda social e as lojas de roupas... 
"Bastam apenas 30 segundos para uma marca influenciar uma criança." (1:38)
Criança - A alma do negócio
E julgava eu que a sociedade juvenil portuguesa não podia ficar pior...
São ovelhas, todos iguais, mesmo gritando que são todos diferentes.

Sensualidade de hoje em dia.ShowALeitao
Reportagem SIC - Violência Jovem espancada

domingo, 14 de abril de 2013

A gravidez está sobrevalorizada...


Mas qual é a melhor forma de anunciar a gravidez? - Pais e Filhos

Faltou explicarem como é que os casais de jovens ou as raparigas adolescentes poderiam anunciar a gravidez aos pais e família, e já agora aos amigos.
O que é engraçado, porque para um jovem é o fim do mundo, para um "adulto" é um milagre, apesar de saber que a facilidade de se engravidar é bastante elevada.

É a hipocrisia social no seu melhor.
Porque quando somos novos, engravidar é o fim do mundo, quando somos "adultos" e achamos que somos ou estamos capazes de educar e tratar bem de uma criança, pelo menos o nosso primeiro filho, é um milagre. Mesmo eles sabendo que a facilidade de engravidar, quer seja antes dos 16 ou depois dos 25, é igual para ambas as raparigas.
Sim, talvez haja raparigas que tenham dificuldade em engravidar, devido a problemas genéticos delas, ou deles, mas dizer que estar grávida é a melhor coisa do mundo?
Acho que o próprio ego entra de rompante nesse sentimento e nessas imagens que temos da gravidez no geral, porque engravida-se tão facilmente, que acaba tudo por ser muito corriqueiro. Afinal, o que tem isso de especial? A nossa mãe esteve grávida, as dos nossos pais também, e sempre foi assim durante milhares de milhões de pessoas, mas continua-se a achar que engravidar é um fenómeno na natureza, apesar de sermos os mamíferos que têm o seu período fértil mais frequentemente, mais cíclico e mais normalizado do que os outros mamíferos. Achamos que só a nossa gravidez é que é uma coisa do outro mundo, mas já antes de existirmos, haviam mamíferos que davam à luz e sempre deram à luz.
O que tem então uma gravidez de especial? Tocando um pouco no ego que falei acima, ter o próprio filho bebé nos braços, nos seus primeiros anos de vida, em que ainda é fofo e nos faz rir porque é um bebé, é inocente, não percebe o mundo que o rodeia, mas que se interessa, que faz muitas perguntas, que chora e pede abraços, que dá uma certa vontade aos papás para que eles sejam melhores do que os outros, só porque gostam da mania do "superior" e "senhor doutor", até consigo dar um bocadinho de valor a isso. Já que os pais nunca fizeram nada de jeito na vida, fazem-no com os filhos, e os filhos são um investimento de uma coisa boa a longo prazo. O problema é quando os filhos saem piores do que os pais e se tornam ladrões, assassinos, agressivos, que batem em mulheres ou em homens, que são violentos, que são neuróticos e psicóticos. Aí... o pai já não quer responsabilidades ou não sabe onde falhou. Acaba por ser um filho que se torna num cão. Um cão que sempre foi muito fofinho, muito meigo, muito fixe e interessante, até ao dia em que morde em alguém e acabamos todos por ficar desiludidos.

O ter um filho, toca no ego dos pais, não só porque se pode moldar para o que queremos, para o que desejamos e para o que ambicionamos que ele seja. Basicamente um mini-nós, nas palavras de Dr. Phil. Servirá também para mostrar aos outros papás, amigos, amigas e familiares, do filho prodígio que achamos ter e onde investimos "todo" o nosso esforço e dinheiro. É quase a mesma coisa que comprar acções de uma determinada empresa que está a crescer, e que num dia, ao fim de uma dúzia de anos, começará a dar riqueza. O problema neste pensamento, é de que a riqueza tem de vir de trás. Convém ter-se uma boa educação para se caminhar de forma direita e com poucos solavancos na vida. Não, não sou apoiante de proteger os filhos de tudo, mas abrir as pernas, ser fodida, parir e deixar os garotos nas escolas e igrejas só porque não sabe o que fazer com estes fedelhos nojentos e ranhosos, só porque não se sabe como falar ou explicar-lhes os deveres e não ter paciência para TPCs, tendo apenas e só o conhecimento social e geral daquilo que se vê nas outras famílias, em revistas, filmes, publicidade, imagens e músicas... podem ficar felizes, pois pertencem ao grande grupo de pais que não sabe o que fazer com uma criança. Sabem abrir é as pernas, agora educar e responsabilizarem-se pelos próprios filhos... já é outra conversa.

Sim, de certa forma, ter-se um filho antes dos 18, 20 anos, sem se ter emprego, é algo de grande falta de responsabilidade, imaturidade e parvoíce. É-o, de facto.
Mas também não o é quando duas pessoas, por muito que se amem, não sabem psicologicamente nada sobre bebés? Sim, aprende-se, sempre se pode aprender, mas é a mesma coisa que irmos para um exame do qual sabemos todas as perguntas, mas simplesmente não estudámos a matéria previamente, vamos com a vontade toda de o fazer, mas quando é para escrever... UPS, fiz merda! Vamos todos confiantes, a achar que sabemos tudo, e a única coisa que sabemos é 1% da teórica que tivemos a rever 1 semana ou 8 meses antes. E uma base sólida de educação não se constrói em 8 meses. Não se traça um plano de vida em 8 meses. Não, quando se trata de um bebé.
Pronto, está bem, é verdade que ser-se neurótico e ler tudo também é capaz de fazer mal, mas é só capaz, e muito provavelmente nem irá fazer mal nenhum. O que faz mal não é a informação, mas como a utilizamos e a super-protecção que se dá às crianças. Esse é que é o grande problema, para além de não se saber lidar com elas, por acharmos ou não nos lembrar-mos de que já fomos assim, e não sei porquê, mas os papás de hoje em dia parecem esquecer-se disso a uma determinada altura da gravidez e depois durante toda a vida do garoto, estragam o que nunca souberam usar.
É verdade que eu não tenho filhos, que já me fartei de escrever muita coisa por aqui sobre o assunto, que volto a tocar nas coisas que já escrevi e a falar novamente nas ideias que apoio, mas deixa-me cansado e chateado ver tanta gente com a mania de que vai ser bom pai, quando nunca pegou num livro. Também é verdade que para se ser pai, à 500 anos não era preciso e nem sequer existiam livros, mas... se formos por aí, também é escusado tomar vacinas e por isso, devemos ser fortes e rijos, sermos homens de colhões grandes e aguentar o frio ou um osso partido. O problema é que a esperança média de vida ao invés de estar nos 79 para os homens e 82 para as mulheres, desceria logo para os 40/50.
Por tanto, se queremos crescer e evoluir, se queremos progredir na sociedade, convém usar o que está à nossa disposição. É a minha maneira de ver as coisas. Se tenho oportunidade, informo-me. Se não tiver, invisto o meu tempo a procurar.

Sim, ter filhos é um fenómeno que de facto não ocorre na natureza... Só pode, para as pessoas acharem que é algo divino e inexplicável... No entanto, não invalida de não poderem chorar ou de se orgulharem, apesar de ser tudo muito pelo riquismo, de ter filhos e ter descendentes, quase como se fossemos reis. E porquê? Porque agora, até filhos de pobres, (nada contra isso), podem ser reis. Podem um dia vir a tirar os pais da miséria. Uma miséria e um conjunto de dívidas que eles próprios criaram porque também queriam o "riquismo" para si. Uma mania que anda agora muito em voga desde os anos 70. A tal mania de os nossos filhos têm de ser advogados, médicos, doutores. Basicamente trabalhar em altos cargos para serem ricos. Não é para fazerem o que mais gostam ou no que são bons, mas no que lhes dá muito dinheiro. A ideia do povinho, claro está. Pobres a tentarem ser ricos só por mania e não por necessidade. E quando falo em filhos de pobres, falo em guetos, em povinho que a única coisa que sabe ver à frente é carros, motas, gajas nuas, cu de saias, cerveja e futebol. O básico e muito comum em portugal. Toda a cultura deste país, muito resumidamente.

A gravidez está sobrevalorizada... e as pessoas são todas hipócritas. Se ter um filho aos 23/25 é uma coisa assim tão boa, porque não aos 16 ou aos 18? à 50 anos, as raparigas tinham filhos muito mais cedo. Desde que tivessem capazes de dar à luz, casavam-se mal podiam.

Já nem falo em inseminação artificial e no facto de a probabilidade de nessas gravidez falsas, mecânicas e contra natura, terem uma probabilidade superior de nascerem gémeos criados em laboratório e não de forma natural, hereditária e genética. Por causa dessa porcaria da inseminação artificial, ainda vai haver muita guerra, principalmente pelos gémeos que nasceram de facto de dois pais com genes capazes de desenvolver gémeos. Eu começo a minha.
Se ser-se gémeo hoje em dia é uma coisa "rara" e ainda incomum, com esta merda das inseminações, o que não vai faltar por aí é gente clone umas das outras a meter nojo a quem por direito herdou genes que capazes de gerar gémeos.

Não paras de me surpreender...
A violência infantil...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Não paras de me surpreender...



Entrei à tua procura, com um pequenino sorriso nas minhas bochechas. Respirava fundo, não por ter medo mas por ansiedade. As minhas mãos começavam a soar e a roupa parecia prender-me os movimentos.
Sentei-me na primeira cadeira que encontrei e sorri para a Joana, a enfermeira com quem tanto conversavas.
-- Ela está mesmo a sair! -- respondeu, reconhecendo-me.
-- Obrigado. -- sorri.
Ouvi a porta abrir e de imediato me levantei escondendo atrás das costas o que trazia na mão. Felizmente ainda vinhas meia distraída e a conversar com a doutora.
-- Obrigada... -- respondeste, depois de dois beijos na sua cara. Voltaste-te para a enfermeira Joana e reparaste logo numa sombra muito distinta, com um formato e altura bastante reconhecível. Atiraste o olhar contra o meu peito e subiste-o até aos meus olhos, à minha cara, aos meus lábios que conhecias de cor. Olhaste-me com alguma tristeza, um certo trago a raiva que se desenhava nas tuas sobrancelhas mas um sorriso que rapidamente transformou todo o teu corpo em total euforia química. Parecias uma criança a desembrulhar um ovo-kinder, ou aquela estudante que tinha tirado o seu primeiro "Muito Bom". Qualquer pessoa que olhasse para ti naquele momento, iria perceber a felicidade jubilante em que te encontravas, era contagiante! Eu próprio não podia deixar de me sentir tão feliz por te ver tão confiante e confortável.
Destapei a mão direita do pano surpresa e apresentei-te, muito romanticamente, como se fosse a primeira vez que te pedisse em namoro ou em casamento, um ramo de flores vermelhas, muito bem enfeitado. Coisas melosas que eu sei que te agradam.

A tua face corou e tapaste a boca com alguma vergonha. Tinha chegado atrasado à consulta, sabia-lo, mas não me tinha esquecido de ti. Jamais de um rosa como tu. Reparaste na camisa branca, debaixo da camisola vermelha, nas calças bege que tu tanto dizias fazer sobressair o meu rabo bonito. Ficaste embasbacada, admirada e sem saber o que dizer. Deixaste-te absorver pela minha presença, pelas cores, pelo presente que já não importava mas que ajudava a embelezar e a dar valor àquela mão tão grande que adoras ver passar pelo teu corpo, à noite, quando o frio aperta.
Estiquei o braço oferecendo-te o ramo, e todo o teu corpo tremeu, levemente, gritando por um abraço que parecia tocar-te. Correste para mim, chorando de felicidade pelo momento que nunca irias esquecer. E se o fizeres, estarei aqui todos os dias da tua vida, para te-o relembrar, de como foi e ainda é mágico.
Abraçada a mim, a apertar-me com força, segredas-te-me ao ouvido, as palavras que me fizeram vibrar e desbotar em lágrimas.
-- São gémeos. São um casal...
A voz doce cintilou nos meus ouvidos como uma simples canção de embalar, pura, perfeita. O meu peito já fraco encheu-se de ar e abracei-te, colei-te a mim. Agarrei-te com vontade de te mostrar que eras minha, e sem medo, chorei por ti e por mim o milagre que a natureza nos tinha presenteado. Aqueles dois pequeninos intrometiam-se entre nós, como ainda hoje fazem de braços esticados à espera de colo. Mas abraçar-te não chegava, e queria olhar para a tua cara, reconhecer a tua felicidade, relembrar-me das lágrimas e do teu sorriso incrivelmente ternurento.
Viste-me a chorar, de bochechas molhadas e lábios rasgados, um para cada lado, com os olhos a brilhar, mesmo achando que podia ser da luz, sorriste um pouco, reconhecendo os sentimentos que transbordava. Beijei-te, senti os teus lábios, os teus cabelos, o cheiro ao teu perfume, o calor do teu corpo, e riste-te, contagiando-me de imediato.
-- Parabéns!! -- felicitou a Joana, batendo palmas por breves momentos, até que aceitas-te o seu abraço respondendo oportunamente:
-- Obrigada.
Cada um tão caloroso e verdadeiro, que quando chegou a minha vês, podia jurar que sentiste um bocadinho de ciúmes. E vontade não te faltou de lhe dizer: -- "Já chega, ele é meu, larga-o!"

Aceitaste o ramo de flores que olhas-te por breves segundos, pois o grande presente não eram elas, com as suas cores aromáticas e beleza sinfónica, era eu. O maior e o melhor presente naquela pequena sala. Percorreste todo o meu corpo demoradamente, gravando na memória uma imagem babada de mim, a que agrafaste com força à ecografia e às emoções eufóricas que te faziam pular.
Muito rapidamente, debruçaste-te sobre a grande mala e vasculhastes os pojos e despojos de maquilhagem, telemóvel, carteiras de cartões e moedas, lenços e batons, retirando com cuidado de um pequeno bolso escondido, a ecografia oferecida pela doutora.
-- Olha... a Inês e o André. -- largámos juntos as lágrimas de felicidade que a Joana parecia partilhar com alguma inveja. Sabíamos que era apenas uma foto, a preto e branco, onde nada podia ser destingido, mas olhar para ela, era como ver os futuros desenhos a lápis daqueles rebentos abotoados às nossas asas.
Sentis-te um ponta-pé na barriga, e olhas-te rapidamente para mim. Agarraste-me na mão e levantas-te a roupa que te escondia esse sexy umbigo. Fui tocado, interagi de novo. Na minha mente, as minhas mãos pareciam agarrar as deles, e desejei secretamente sentir naquele momento a força das suas mãozinhas, de ouvir o seu choro, de apressar o processo...
-- Vamos! Quero ir comer, estou cheinha de fome. Parece-me que vão sair glutões como o pai... -- sorriste incriminando-me de comer mais do que a tua barriga danone aguenta. Cozinhas bem! O que queres que faça!?
Despedimos-nos da Joana, atravessamos a porta e o Sol radiante parecia já saber da noticia. Até a Lua nos tinha vindo espreitar, para que rapidamente fosse afastada pelas nuvens que pareciam pintar o azul do céu, com pinceladas brancas de guache. As mesmas pinceladas loucas com que os nossos filhos pintam tudo o que vêm, tudo em que tocam. Não as transformam em ouro, mas a nossa paciência e dedicação... parecem-se com ele!

-- Ai que guerrillas! Não sei como conseguem ter tanta energia! Que diabretes!
-- Só podem sair a alguém... -- retorqui.
-- A ti! -- respondeste sem pensar, sorrindo como um pequeno diabrete. Sem avisares correste para junto deles de braços abertos.
-- Vou-vos apanhar! hahahahah
-- Não me escapam!
Eles, corriam de um lado para o outro, a fugir de nós, gritando em plenos pulmões o medo criança de serem apanhados pelo papão do papá e pela bruxa da mamã... Estás tramada connosco!

Vou-te contar uma ou duas coisas...

[Aquarium by ~job]

Vou-te contar uma ou duas coisas, porque sei que ninguém quer ouvir, mas posso falar sobre elas à mesma. Eu próprio sei que não me irás ouvir, e irás, como tantas outras vezes, virar a cara para o outro lado, levando contigo a tua face, o teu olhar e espantando de novo o meu olhar com o teu cabelo ondulado que tendes em fazer-lhe esquecer as suas curvas.
Vi-te ao fundo do passeio, destacada de toda aquela multidão, com a mesma facilidade que te tinha em encontrar quando namorámos por breves momentos... Atiras-te o cabelo para trás, para cumprimentares uma amiga, e escondeste-te de novo. Não mudas-te nada desde que me despedi de ti com o meu olhar, naquela manhã ainda tão escura.
O que me doeu mais aceitar no pouco que "partilhámos", foi nas coisas que disse e fiz, não a ti, mas na relação, a mim. O que me demorou mais, não foi o deixar-te ir, mas aprender onde tinha errado e o rapaz parvo que era e que talvez seja ainda um bocadinho. O que me foi difícil de ver... foi a infelicidade que causava com o tão pouco que eu achava que não era nada de mais.
O que eu percebi, foi que nunca nos iríamos dar bem, fizesse-mos o que fizesse-mos. E ainda hoje acredito nisso, apesar de a paternidade pensar e achar que talvez até pudéssemos conseguir voltar, entrelaçar os dedos e sorrir o que nunca sorrimos.
Não vou esquecer os momentos que me fizeram crescer, não ao teu lado, mas longe de ti, choroso e triste por já não te ter, ou com raiva de me magoares. Não foste tu... fui eu, por mim. Mas a razão de ter aprendido o que aprendi, foste Tu. E como pequeno momento, como degrau de escada que tive de aprender a subir ou emoção que tive de saber interpretar, deixei-te desaparecer, como um fantasma.
Apareceste no momento certo, da maneira mais inesperada, e talvez tenha sido apenas isso... um encontro de breves segundos, na história da minha vida. Continuo a achar, talvez estupidamente, que lá no fundo, até ficaríamos bem juntos, mas é provavelmente aquilo que um coração sensível e repleto de saudades de amor, diria a uma mente como a minha. Longe, bem longe de ti. Não no mau, mas no bom sentido.

Adoro as chapadas da vida...
Adoro os sapos feios e gordos que tenho de engolir...
Adoro os momentos difíceis...
Adoro quando sofro e me culpo, por algo que afinal não é assim tão importante...
Adoro cair e fazer um esforço maior para me levantar...
E sabes porquê? Porque me faz perceber que ainda tenho muito para aprender. Posso não me "orgulhar" de muita coisa, mas não morro por perder as batalhas.

-- Queres que dê a volta?
-- Para quê? Não é preciso.
-- Para a atropelar! (risos)
-- Ela nunca fez mal a ninguém.
-- Fico feliz que tenhas crescido...

Fico sobretudo feliz, por perceber que nunca estive errado, mas agarrado à escolha errada, tu. Uma caixa de sentimentos que julgava saber interpretar mas no qual nunca perdi tempo para a compreender, para a explorar, porque afinal... é isso que as pessoas apaixonadas fazem; esquecem-se. Passamos a viver confortáveis na história fantasio que alimentamos durante demasiado tempo. Deixamos de pensar racionalmente para passar a pensar de forma mais... conjunta, porque deixamos de ser, em parte, talvez até em percentagem, aquilo que éramos, a não ser que sejas manipuladora. Desligas-te então da racionalidade, da capacidade de ver de fora.
Fico feliz, por ter aprendido a ver melhor as coisas, os sentimentos, principalmente, os que me fazem sofrer. Mas serão apenas um sofrimento que absorvo com agrado na minha mente débil. Emoções que descalço e contemplo, que estudo, que rasgo e desmonto, porque ficar parado e mórbidamente encolhido em memórias , não me ensina a levantar, não me ensina a lutar e a aguentar os murros que a vida nos dá, só porque anda sempre de mau humor. Nunca precisei de atirar nada para trás das costas, só porque me era mais fácil esquecer... precisei apenas de tempo para aprender sozinho, aquilo que nunca saberás ensinar, aquilo que nunca saberás ouvir, sentir e compreender. Mas não é por ter levado as chicotadas que me tornei melhor do que tu ou do que aquela imagem que ainda tens mim. Foi perceber, que tudo o que tenho a fazer é afastar-me. Dar um passo atrás, sorrir e seguir o meu caminho. Não foi fácil, mas não foi impossível. Pois afinal de contas... continuamos a ter a melhor educação que se pode ter e tu sem saber o que é parar para ouvir.
Mas que poderei eu esperar de ti? Nada. E não é por eu não querer, é por não conseguires... Sejamos sinceros, vocês, que acreditam que a relação não poderia estar melhor, desenganem-se... e é tão fácil para mim perceber isso sem nunca vos conhecer. Uma pergunta aqui e uma expressão acolá, e vocês abanam de incertezas. Pode não ser já, mas a tombolo continuará a rodar até que possa parar, no momento mais calmo que conseguirem obter nas vossas vidas tão preenchidas.

Deixei de usar máscara à muito tempo. Deixei de esconder a minha à mais tempo ainda. Porque percebi, e felizmente percebo muita coisa, que ter medo de se ser!? De falar!? De mostrar a minha opinião!? Era uma das maneiras de perpetuar o que tanto fizeste com agrado, e que tanto aconteceu nas tuas mãos... deixar de ser eu.

Quero que derretas num forno e façam de ti sabão...
E porquê?
Porque posso... não é por ser criança ou imaturo, por te parecer infantil, mas porque não ligo às ancas que tanto adoras abanar, ao cu que tanto gostas de empinar e ao nariz que gracejas em levantar. Não é um problema psicológico, é um atraso que existe no teu ego e que infelizmente, não tem reembolso. Estás fodida e ainda nem te deste conta...

O teu egocentrismo de grandeza, cega o que nunca aprendeste a ver, a ouvir e a sentir. Dá também tu, um passo para trás, e ao invés de ficares só a olhar para estupidez que achas existir no mundo, a seres do contra aquilo que julgas saber, vê e aprende. Faz o que nunca soubeste fazer e para o que julgas caminhar... desenvolver uma personalidade e amadurecer. Sê humilde, tem respeito e ganha juízo.

sábado, 6 de abril de 2013

A violência infantil...


Bullying não é mais do que uma perpetuação da agressividade e controlo instintivo de todos os animais caçadores. Uma acção normal, executada por animais hierarquicamente organizados. Tal como dois leões, lobos, macacos e veados medem forças e competem entre si, assim acontece com os humanos.
É algo absolutamente fácil de explicar instintivamente. Este tipo de agressividade física, mesquinha e egocêntrica sobre todos os outros animais mais fracos, é habitual no reino animal, por tanto, é perfeitamente normal no ser humano.


Sim, sei que o que estou a dizer é algo que pode chocar muita gente, mas acompanhem-me o raciocínio. Da mesma maneira que as melhores mulheres "bonitas" controlam as mais "feias" para manter os bons genes. Nos homens acontece precisamente o mesmo. A dominação tem um papel importante na evolução de qualquer espécie. Quando mais uma espécie de domina, quer física ou psicologicamente  designa-se de selecção natural. "Só os mais fortes sobrevivem.". Encontramos facilmente casos de violência em ambos os sexos. As mulheres, fazem-no para controlar, ter poder e dominar. São as que, instintivamente, lutam para obter o melhor macho com os melhores genes. Os homens fazem-no, para poderem ter controlo sobre as mulheres que querem engravidar. Não é um controlo directo nas mulheres, mas um controlo sobre os homens que andam atrás das mulheres mais saudáveis e maduras. Por tanto, sim, é perfeitamente normal que aconteça violência nas escolas e em qualquer outro local.

Numa sociedade, em que condenamos e represamos a violência as violações, ainda não fomos capazes de ser contra a pior das violências e violações. A psicológica, que todos os anos leva ao suicido milhares, se não milhões, de pessoas por todo o mundo. Sendo a psicologia uma das ciências que ainda hoje é estudada e pouco compreendida, tudo se baseia nela. Todos nós temos, como instinto, a vontade "animalesca" de querer e desejar controlar o outro. Seja física, seja psicologicamente. As palavras "feias" são uma extensão da nossa agressividade, que serve apenas única e exclusivamente para controlar a raiva da pessoa. Segundo li num estudo canadiano ou australiano; todos somos capazes de matar, e todos mataríamos pelo menos uma pessoa durante a nossa vida. Somos seres assassinos  o que é perfeitamente aceitável. Mas "se queres viver, deixa viver". E a razão para tal afirmação, é a de que já não precisamos de caçar para comer, nem de lutar para ter uma mulher. É-nos fácil, ou tem-se vindo a tornar mais fácil.

Não é bonito ver alguém sofrer, chorar e ser fisicamente atropelado. Não é aceitável porque vivemos numa "sociedade" e não na floresta. Não somos "animais" e muito menos selvagens apesar de algumas pessoas o serem. Não se aceita a morte nem o suicídio, porque a vida é preciosa. Mas até nesse ponto somos hipócritas. Não desejamos violência, mas ela entra-nos pela casa através de todas as formas e feitios sem termos controlo sobre isso. (filmes, jornais, televisão, conversas, pensamentos, sentimentos).
Se toca a sirene, saem todos a correr a ver o que é, ou aflitos com alguma coisa que desconhecem. Somos curiosos por natureza, e continuamos a sê-lo no medo, na morte, no perigo, para conhecermos e aprendemos o que evitar e como tentar evitar. Para aprender a não falhar como os outros, precisamos de ver a maldade no mundo. No entanto... uns aprendem e tornam-se pessoas simpáticas, honestas e amigas, outras, autênticos monstros.
Somos pela paz e totalmente contra a violência. Contra a crueldade e indiferença. O problema é que vocês não percebem que isto são actos perfeitamente naturais na natureza. Não percebem que para uma espécie designar os melhores genes, é preciso violência e controlo. Com esta facilidade e descontrolo genético, a hereditariedade dos melhores genes, perde-se e dilui-se com a mesma rapidez que se queima uma fósforo. As nossas melhores relíquias genéticas perdem-se e espalham-se. Nunca a Eugenia foi tão importante como agora.

Cientista diz que os humanos estão cada vez menos inteligentes

Li num estudo americano, feito já à alguns anos, de que quando a o Aborto foi aprovado, nos anos que se seguiram, o número e a taxa de assassinatos, de violência, de assaltos, roubos, agressões e suicídios desceram quase 30%. Comprovando que a causa do comportamento agressivo pode vir do gene, ou, da falta de educação dos pais perante a vida dos filhos. Ou então, da maneira como a sociedade se rege e se apresenta em todo e qualquer meio de comunicação.

Somos seres violentos, ou tornámos-nos violentos? Somos seres capazes de se ligar psicológica e emocionalmente a outros seres, ou somos apenas mais capazes de controlar e manipular? Significa então que vivemos para a falsidade, fazendo tudo para proveito próprio. Como já escrevi por aqui, somos interesseiros.

Violência física e psicológica, em crianças e em qualquer outra "pessoa", é condenável. Também eu a condeno. Também eu fui vitima de bullying até aos 17 anos, até ao dia em que me atiraram pedras na estação, em que falei com os meus pais e eles passaram a saber que andava com uma caneta no bolso para esfaquear algum dos meus supostos "colegas" de turma. Também eu fui gozado pelo meu nome. Também eu sofri por ser uma criança calma, de poucos amigos e nada activo. Mas não fez de mim um retrógrado  Não fez de mim um vítima. Não fez de mim um alvo. Não me tirou nem me roubou a oportunidade de desenvolver a minha personalidade. Sou uma pessoa calada, talvez seja esse o único resultado de ser gozado durante tanto tempo. Não estou contra o bullying, porque até ele ajuda a crescer se os pais souberem ensinar. Sempre irá existir, pois é uma forma natural de os rapazes aprenderem a serem "jovens" e de as raparigas serem "férteis" e lutarem pelo seu macho. Mas sou contra a falta de educação, contra a falta de ensinarem (pais para filhos) o respeito e a empatia para com o próximo. Sou contra as mensagens bonitas que não são postas em prática. Sou contra a sociedade que não envolve nem desenvolve as mentes fechadas que regem as noticias nos órgãos sociais. Sou contra a falta de preocupação nos pais. Contra a falta de experiência psicológica e vivida.
O problema não é quando os jovens levam ao extremo a violência, mas quando os pais não souberam ensinar os seus filhos a dar a mão a quem mais precisa, a ajudar quem pede ajuda ou quem não consegue falar por si. O problema é quando estas crianças, se tornam indivíduos explosivos sem qualquer capacidade de educar e ter filhos.

O grande problema, é aquele em que os pais não querem ser pais, não sabem ser pais e não se preocupam em ser o exemplo. Quando os pais julgam saber ser, não podiam estar mais errados.

A geração anti-pedagógica...

Quando pensas que estás preparado, ainda nem vais a meio...

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[Editado: 25-06-2013]
Despues de Lucia / After Lucia (2012)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Os Segredos do Quarto 39 [4]


"Não havia fotografias para pendurar ou poisar nos velhos móveis. Não havia memórias onde quisesse perder o meu olhar, nem feitiços emoldurados pelo tempo, que me fariam chorar de saudades."

De malas completamente vazias, arrumei-as debaixo da cama. Olhei o papel de parede, feio e morto. Decidi afastar a cama alguns centímetros. Sentada novamente na borda da cama, espreitou-me pela janela um pequeno raio de sol. Que sortuda! Podia acordar e deitar-me a olhar para ele. Mais um ponto positivo para este quarto. Infelizmente, o cheiro ao mofo continuava a incomodar-me as narinas e eu precisava de fazer qualquer coisa em relação às paredes, cuja tinta estalada fazia-me lembrar um campo de guerra daqueles jogos "violentos" que a minha mãe nunca me deixava jogar em paz, e que o meu pai ligava muito pouco.
-- É só violência... -- dizia ele abanando a cabeça de forma irónica.
Fingia estar de acordo com a minha mãe, apesar de eu sentir na sua voz, o desejo de se sentar ao meu lado e jogar também.

Levantei-me, medi a olho a largura e a altura da parede e apontei num pedaço de papel. Apontei mais umas coisas na folha, formando a seguinte lista:
3m de largura
2.5m de altura
tinta branca
espátula + lixas grossas
Se precisa-se de mais qualquer coisa, de certo que me lembraria. Peguei na carteira de documentos, onde tinha o meu cartão de crédito e guardava "quase escondida" uma nota de 10€. Coloquei o telemóvel no bolso e sai do quarto. Tranquei a porta e sai do edifício  À porta do mesmo, olhei em volta à procura de uma loja de bricolage ou de ferragens. Desci a rua que tinha à poucos pares de minutos subido com algum receio. Ali perto, vi um senhor de idade, a passear um cão lavrador lindíssimo! Bege, bonito e muito meiguinho. Por momentos acho que me esqueci porque tinha saído à rua, até que...
-- Desculpe, pode-me dar uma informação? -- perguntei balançando o meu olhar entre os do homem e o corpo do cão.

-- Se puder ajudar... -- disse, segurando a trela com mais firmeza, depois de um puxão do seu cão, ao tentar cheirar qualquer coisa em decomposição junto à borda do passeio.
-- Sabe-me dizer onde encontro uma casa que venda tintas? Tinta para pintar parede, lixas, pregos, esse tipo de coisas... -- fiquei-me a olhar para ele, enquanto o via olhar de um lado para o outro.
Depois de alguns segundos a pensar, respondeu.
-- Olhe, talvez o melhor é seguir por esta estrada. Anda uns... 200 metros e à de encontrar uma farmácia, continua em frente e vira na 2ª cortada à direita. Segue em frente durante mais alguns metros, à de passar por um café do seu lado direito, e um pouco mais à frente fica o "Bricolage Costa", do seu lado esquerdo.
Enquanto ouvia atentamente o senhor, tentava decorar o caminha, coisa que não me demorou muito tempo, visto ficar aqui perto.

Fiz a compras que tinha a fazer. Não me queria demorar muito na rua, pois o tempo parecia incerto, muito inconstante e apanhar uma molha não era propriamente o meu objectivo.
De saco na mão, voltei para casa. Quando chegava perto da estrada que me iria guiar até à porta do "hotel", começou a pingar. Primeiro na mão, outro na cabeça e um nos lábios. Olhei para cima, e uma nuvem branquinha era engolida pela coisa mais negra suja e escura que se podia continuar a encontrar num dia tão frio, traiçoeiro e feio como aquele.
Corri pela rua que nem uma doida. Quem passava por mim... melhor! Fosse quem fosse por quem passa-se  iriam pensar que estava a fugir de algum rapaz ou de algum cão. Não queria nada, mas mesmo nada que o meu cabelo ficasse desfeito com o vento que voltava a fazer-se sentir e ouvir. Este cabelo para pentear... acreditem, é "uma carga d'água"!
Subi as escadas, onde já não se via qualquer rapariga. Podia-se ver sim, um fumo espesso que saia da duas portas da entrada bem abertas para dentro, chão molhado e perigosamente escorregadio. À porta, só se viam as que fumavam, e um ou outro rapaz, que eu julgo serem namorados de umas delas. Olhei para elas e especialmente para eles, muito à pressa. O rapaz de casaco castanho até que era bem giro... Apressei-me para o meu quarto, pensando no que aquelas raparigas poderiam estar a pensar de mim. "Esta caloira é mesmo estranha!" ou "O que raio vai ela fazer com coisas de homem!?". Mas o mesmo barulho mantinha-se. Passeia pela Cláudia, que se mantinha a conversar à porta do quarto de uma amiga.
-- Foi a minha mãe que me comprou aquele verniz. Ofereceu-mo nos anos. -- Ouvi eu um bocadinho da conversa dela. Ela olhou para mim com um grande sorriso e acenou um "Olá". Respondi de volta com um pequeno sorriso e um modesto gesto.
Entrei no quarto e uma baforada de bolor entrou de rompante pelo meu nariz, como se fosse uma bomba química da mais forte lixívia pútrida.
-- "Que sorte a minha!" -- pensei. -- "Primeiro a chuva, agora isto..., estou feita ao bife com este quarto!"

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A versão rasca do homo-sapiens...


Segundo o documentário "David Attenborough"s First Life" ou A Origem da Vida com David Attenborough,  existiu um crustáceo que se assemelhava a um camarão, às ricas. Muito ágil e com uma paciência incrível para a caça; Segundo David Attenborough, foi essa sua capacidade de "paciência", que transformou e criou os predadores que conhecemos hoje.
Porque é que o crustáceo estomatópode evoluiu assim?
Evidentemente, por serem mais astutos, ágeis e capazes de capturar presas.
Tornou-se muito ágil, muito forte e capaz de grande paciência.
Características de todos os predadores, em toda a parte.
Portanto, ao saber esta informação, e "[..] humanos estão cada vez menos inteligentes", leva-me a concluir que: As pessoas sem paciência, são uma versão mais rasca do homo-sapiens.
Aliás! Tudo o que se auto-intitule de "pessoa" e não de "animal", não é uma versão mais superior do homo-sapiens, mas uma versão muito mais rasca daquilo que já foi a espécie mais versátil deste planeta.

Cientista diz que os humanos estão cada vez menos inteligentes

Fecha-se a mente, e a pessoa que a tiver aberta, que for receptiva a "tudo", é vista como boa pessoa, boa amiga, porque aceita "tudo", porque dá uma oportunidade. É fácil. Aceitam tudo, não perguntam nada.
TedTalk possibilita a partilha de informação, através das mesmas pessoas "estranhas" diferentes que fazem o mundo avançar. Porque sem elas, não haveria progresso, não haveria questões "desinteressantes" com valor cientifico. Com valor psicológico.
Existe um epsidódio dos Simpsons, em que a Maggie é colocada numa creche onde lhe é proibido ter e mostrar criatividade. Um pouco como acontece também num episódio do Phineas e Ferb.
Apenas os ricos têm possibilidade de dar "tudo", para que os seus filhos tenham mais e melhores oportunidades, mais, melhores e experiências de qualidade, a todos os níveis. Emocional, psicológica, intelectual, cognitiva, física, extra-sensorial.
Ser-se "diferente", não é algo aceite na sociedade, não é algo eticamente moral, algo moralmente aceite, e perdemos a possibilidade de criar algo único e diferente, algo importante e com valor. Perdemos a oportunidade de desenvolver e projectar, criar objectivos com valor, pelo simples facto de que ser-se diferente, é alvo de preconceito. Porque a pessoa é anti-social, é estranha, é difícil, é parva, do contra porque não sabe seguir a corrente, porque não sabe seguir a mesma linha de pensamento ou não tem a mesma opinião que mais meio milhão tem.
Quando alguém diz uma parvoíce, é parvo.
Quando cinco pessoas dizem uma parvoíce são parvos a multiplicar por cinco.
Quando cinco mil pessoas dizem uma parvoíce o parvo é você.

Livro - A Lei de Todas as Coisas de Richard Robinson
Sir Ken Robinson: Do schools kill creativity?
RSA Animate - Changing Education Paradigms
Sir Ken Robinson: Bring on the learning revolution!

Como já escrevi aqui muita vez, o que os pais querem, no momento como este de "crise" é que os seus filhos sejam os melhores do mundo. Não é por uma questão genética e hereditária, mas uma questão socio-económica. Basicamente estamos a voltar aos anos 40, 50, 60, em que as pessoas casavam umas com as outras por interesse, por riquismo, por prestigio, da mesma forma que as pessoas "ricas" de hoje em dia saem agora à rua mais frequentemente só para mostrar que têm "poder" gelatina e... porque as coisas com saldos ficam muito mais baratas. De certa forma, gastam o mesmo mas compram muito mais. Os miúdos andam em escolas privadas sem conhecer a sociedade em que os pais co-habitam e trabalham, desenvolvem e arriscam todos os dias. Desejar um melhor futuro para os nossos filhos não é algo negativo, mas é mau e horrendo, quando o desejo dos pais se sobrepõem aos objectivos e perspectivas do futuro do seu filho. Não são robôs, apesar de serem todos muito fáceis de manipular. Não são "pequenos-eus", não são os pais deles em formato pequeno, são indivíduos. Não pessoas, antes sequer de se tornarem animais. Não são mais só porque são mais pobres ou mais ricos. Se o animal é incapaz de reconhecer o seu lugar e o seu processo evolutivo na cadeia da árvore da vida, então não merece ser considerado "diferente" mas sim parte do rebanho, da estatística, da sociedade elitista. Pobres ou Ricos, são todos iguais. Pois não é por alguém saber correr, que esse alguém é capaz de correr uma ultra-maratona. Saber interpretar, não significa capacidade de escrever tão bem como...
Acesso a informação, não é o mesmo que ser-se inteligente.
-- "As coisas materiais são muito importantes."
-- "Queremos o melhor de tudo, o que for popular na altura, o que estiver na moda."
-- "Precisamos sempre de alguma coisa."
-- "Adoro a moda, porque a considero uma forma de arte. É uma maneira de nos sentirmos bem e de nos exprimirmos." - Jovens e Dinheiro (2008)
Estamos Ocidentalizados, Americanizados! É um problema grave, porque ao deixarmos-nos manipular psicológica e socialmente por um país que tem apenas 200 anos de história, perdemos costumes, história, tradições e cultura popular com mais de 800 anos de história.
É triste saber que a nossa sociedade caminha alegremente como o Titanic, para a sua destruição. Uma destruição que desconhece. Com uma vida ao qual não dá valor. Um dos exemplos mais simples da estupidez que está a tomar conta do mundo, mas principalmente de Portugal, tendo como culpado principal a mentalização da sociedade americana, é o tão famoso video de um rapaz português estar à espera do Justin Bieber. Da maneira como o garoto o descreveu, descontextualizado, acreditaria que estava a falar de Deus. Ou a tão famosa rapariga de 15 anos que já tinha 6 tatuagens do garotito. E sim, posso globalizar, porque estatisticamente, toda a geração que surgiu a partir do ano de 2000, está completamente manipulada e controlada. Foi a febre dos Tokio Hotel, emos, lésbicas e bisexuais, agora é a vez de um rapazito fabricado nas milhares de empresas americanas.

Rapaz de 15 anos ama o Justin Bieber... Reportagem TVI
Justin Bieber em Portugal - Reportagem SIC

Chegou até a haver, a moda dos "eu sou diferente...", "ser diferente é que é!", "ouvir hardcore é que é de pessoa rockeira e cool". Depois, também já ouve, disseram, a moda de andar com o cabelo comprido. Como me disse a minha mãe à uma semana, que tinha visto que a moda de primavera-verão seria os rapazes andarem de cabelo comprido. Que se iria tornar moda.
Cabelo comprido não é moda! Cabelo comprido também não é uma opinião ou uma postura diferente de estar na vida, é um simples gosto, tal como as mulheres andam de cabelo comprido. Não são obrigadas, dependendo muito da perspectiva, porque a sociedade tratará de as julgar. Cabelo comprido num homem, pode ter várias razões, ou porque ele gosta, ou porque ele é e se identifica com o estilo do "heavy-metal", ou porque sempre viveu assim, não é por nenhuma razão em especial mas porque reconheceu que também podia andar com ele comprido.
Mas desenganem-se! Cabelo comprido nunca irá estar em moda! Nunca esteve, mesmo durante a idade média. Na altura tinham por conforto ao frio, hoje, não o têm precisamente pelo desconforto, pelo trabalho em lavar e escovar. Hoje não usam, porque as mulheres manipuladas visualmente, preferem homens de cabelo rapado. E porquê? Já o expliquei neste texto: "O cabelo consciente...".


Outra coisa que comprova a deficiência cognitiva, a disfuncionalidade cerebral e social, até da geração mais nova, foi uma pequena reportagem que a RTP1 fez à coisa de um ano, com garotos da primária e que a SIC também desenvolveu em crianças do 2º ciclo, foi com a maneira de como os jovens/crianças, socializam entre si. Um miudito com pouco mais de 6 anos a dizer ao apresentador que quando vinha para a escola, preocupava-se com a roupa que as outras crianças vestiam, do que preocupar-se em brincar.

Violência adolescente...

Poderia-se dizer que a razão de toda esta... "partilha" de consciência, ideias e opiniões, se deve ao facto de o mundo estar ligado à internet. O problema acontece é quando os mais velhos não se preocupam em ensinar aos mais novos o que eles demoraram a aprender. Hoje em dia, quer-se tudo na hora, tudo no momento. Somos uma sociedade de consumismo, vícios, de preconceitos, de opiniões pré-formadas. As pessoas vendem-se pelo seu exterior, qualquer pessoa. Preocupam-se com a sua aparência quase ao ultimo pormenor e detalhe! O detalhe para as mulheres então... é o mais importante! Exportam para fora a falsidade e a mente vazia que possuem. A incapacidade de viver numa relação inter-pessoal, de conviver, saber falar e ouvir, são apagadas da memória. Deixam se quer de existir ou de serem criadas, para ocupar a mente com o que não importa a ninguém.
Num estudo que vi à pouco tempo (meses), dizia que pessoas que se vestem e se preocupam em se vestir bem, são mais propicias a ser egocêntricas, sociopatas, manipuladoras, a ter charme superficial, pouca empatia, destemidas, a não sentirem remorsos e culpa. Conheço algumas pessoas assim. - Os meus genes superiores...
People with 'Dark' personalities are better at making themselves look attractive

Do outro lado, os pais e jovens que lutam contra a ignorância anoréctica e daquilo que hoje se chama de moda. Porque parece que está e anda à muito tempo na moda, ser-se burro, ser-se incapaz de tomar decisões, opiniões, criar e desenvolver competências, perdem-se, com a linhagem da boa educação, da dedicação e esforço. Ensinam-se às crianças que o gostar de algo é medido em quantidade e não em qualidade. Em qualidade dos sentimentos, das emoções, do que sente no seu cérebro e no seu peito cada vez que se sente feliz. A felicidade hoje é facilmente medida. Perguntem a uma criança, e ela rapidamente irá estender os braços à vossa frente e irá afastar as mãos o quanto achar que está feliz, ou que um bolo foi delicioso. Porque tudo tem de ser quantificado. Tudo tem de ter uma medida. Não interessa muito saber como funcionam as coisas, nós, os nosso corpos ou os outros, os animais ou o planeta, desde que se possa ver numa televisão plasma, que não se tenha de fazer muitas perguntas, muitos cálculos, e ter de pensar muito para a entender ou a usar, então SIM! teremos a nossa vida facilitada, porque hoje em dia pensar não está na moda, e tu não queres ser parte dos que são do contra, dos anti-sociais, escorraçados e escarrados, encarcerados em jaulas de uma liberdade que os outros defendem, apesar de serem os mais hipócritas e contraditórios. São pessoas contra sistemas de estatística e odeiam ser globalizados ou enfiados no mesmo saco. Costuma-se dizer:"Tenho pena de ser português...". Mas como o meu pai me disse uma vez:
"Eu não tenho vergonha de ser português! Eu tenho é vergonha que algumas pessoas o sejam!".
Pessoas que façam parte da escória, do estrume que é a poluição genética.
Sou contra, aquele tipo de pessoas que formam uma sociedade corrupta e baseada em cunhas. Pessoas que são contra governos tão corruptos, mentirosos e aproveitadores como elas mesmas.
Segundo os Censos efectuados no ano de 2001, 7.353.548 de pessoas, ou seja, cerca de 90% da população portuguesa, identificaram-se como católicos. - Fonte: Wikipedia
Se 90% acredita nalgum tipo de deus, numa entidade superior, e usando, não apenas a informação disponibilizada pela Wikipédia mas também pelo estudo estatística que foi apresentado na TVI no dia 13-03-2013, significa que temos um povo ignorante que não quer como, nem conhecer o porquê. Uma país que aceita, que se deixa emocionar e afectar pelo desnecessário.
É através de um povo ignorante, medroso, e facilmente manipulado... que se cria uma ditadura!! Que se consegue controlar humanos com mente de pessoas em percepção social da vida idêntica à de ovelhas. Pessoas fáceis, que destroem grandes pessoas, com meia dúzia de palavras. As pessoas parvas, têm demasiado confiança nelas próprias. As pessoas boas, são as que mais sofrem de infelicidade, tristeza e falta de confiança naquilo que são. Pessoas sem qualquer tipo de qualidade, são comercializadas e deixam-se comercializar, pela beleza do que é ser-se rico, famoso, de prestigio, pelo exemplo de modelo a seguir. São sapos grandes e gordos que todos são obrigados a engolir. Não é a aceitar, mas a enfiar pela garganta abaixo. É a regra que existe na sociedade, um pouco como acontece nas prisões. Não existem leis, mas as coisas já são assim à tanto tempo que as pessoas já nem fazem perguntas; Simplesmente aceitam e toca a andar que tempo é dinheiro!
Pior do que ser cego, é não saber ver. Não é o não querer ver, é o não saber ver! Explicando eu então, que até mesmo aquelas pessoas que gostam de dinheiro, que se sentem ricas, que se sentem superiores aos outros e que exigem andar só com pessoas de prestigio e importante, são as que mais depressa criticam e condenam aquelas pessoas que chegam a ser tão ou mais piores do que elas próprias. Porque gastam mais, ou mostram-se mais, ou importam-se mais com a perfeição exterior. Conheço muita gente assim e todas me dirão que é absolutamente mentira. Mas quem está de fora, consegue sempre ver mais. Ou achar que vê, o que são coisas totalmente diferentes.

Se não és parte da solução, fazes parte do problema...

Raparigas, que, então, usam unhas de gel, se preocupam com o seu exterior e não são capazes de sair de casa sem colocar nada na cara a não ser passá-la por água, que não consigam deixar de ir à manicure todos os meses só porque é chique, e se têm dinheiro vão e gastam porque podem! São as piores mulheres, namoradas, e amigas que alguém pode ter, conhecer e conviver. São as maiores cabras, ignorantes, controladoras e manipuladoras, as mais frias e egocêntricas que algum homem ou mulher, com capacidades intelectuais e educacionais normais e "diferentes", de contra corrente, poderão ter, conhecer e conviver. Pois essas pessoas que se preocupam tanto com o seu exterior, na verdade, por muitas boas notas que tirem na escola, notas que tragam dentro da carteira, carros que tenham, casas e capacidade de compra que possuam, serão as mais falsas e vazias. E a razão é simples. Uma mulher quando é bonita, dispensa de inteligência. A única coisa que precisa enquanto for viva, é manter-se bonita e abrir as pernas, para semear o mundo com os seus genes belos e coloridos. Harmoniosamente bem construídos e encaixados para criar a melhor mulher ou homem com quem se pode acasalar e procriar. É a realidade. É crua, dura e fria? Para vocês talvez, para mim não é nada de novo. É uma realidade, tal como a razão de haver diferentes cores e tipos de cabelo. Somos animais, evoluídos e desenvolvidos a partir de uma selecção natural. Usamos o que for necessário para atrair o sexo oposto, de tal forma, que consigamos ter filhos e perpetuar a nossa beleza genética e não só.

A minha tulipa...

Vocês, pertencem a uma evolução rasca que bifurcou do homo-sapiens moderno. Não de um homo-sapiens actualizado e industrializado, mas de um homo-sapiens animal, culto e inteligente que deixou a sua grande pegada na história do ser vivo. Serão a futura geração de velhos, que irá perpetuar as mesmas palavras que vocês se fartaram de ouvir dos vossos avós, mas que interiorizaram e absorveram como o abecedário:
-- Casa-te com alguém rico!
-- Segue para médico!
-- Estudo que é para ires trabalhar e receber muito!
-- Arranja alguém que seja rico ou que tenha os pais ricos!

O problema em muita gente, é não consciencializar de que é ou tem um problema com a maneira "correcta" de como vê e convive na sociedade. Acham sempre que estão bem, que não há nada de errado, mas o seu grande problema é não conseguirem pensar fora da caixa. Sentarem-se num jardim e verem o mundo, ao invés de o olhar através da televisão ou pelo passeio rápido com os amigos até ao cinema ou ao shopping. Acreditam piamente que tudo está controlado, que não são os piores, que não têm vícios, que não se deixam vender ou manipular pela opinião dos outros ou das emoções baratas que se colam em todo o lado.
Pior de tudo e o grande problema, nem é da sociedade num todo, é dos pais. Dos pais que querem que os seus filhos sejam mais que os outros. A tal mania do riquismo, da superioridade, do prestigio, do chique. Tal como acontece com quem compra um iPhone ou um computador Apple. Não é porque o computador é melhor que os outros do mercado, porque não é, muito pelo contrário. Compram esses produtos caros, para mostrar que têm posses, que têm dinheiro, que são ricos, que podem, que têm poder. É uma compra MUITO mais por prestigio e respeito social, do que por necessidade.
O objectivo da versão rasca do homo-sapiens, não é saber usar a informação, a cultura e a bagagem de aprendizagem que lhes foi concedida através do seu seio familiar. Através de oportunidades ensinadas pelos pais que vêm documentários, lêem livros e se preocupam em manter actualizados, funcionais e activos, cerebralmente atarefados. O objectivo da versão rasca, é conseguir estar na moda, ser o melhor, o mais falado, o menos imbecil e o mais imprescindível. Ser tanto a mais que os outros, que a própria terra e a sociedade, sem essa pessoa não seria a mesma coisa...
Os pais estragam a esponja das crianças, mimam-nas com bombas sem rastilho, e rezam para que todo aquele mau feitio irreverente e contra natura, se dissolva e desapareça com o tempo. A verdade é que hoje em dia já não se ensina as crianças a serem crianças. Não se autoriza brincadeiras. Os pais matam-se e esfolam-se para conseguir ter o filho mais emancipado que todos os outros. É uma concorrência feroz para obter algo tão sem valor como o poder cunhado e conseguido através de muitas pessoas pisadas.

Segundo um documentário americano "ReGeneration", existe uma geração de jovens de hoje, principalmente quem nasceu depois do Euro, mais ou menos em 2001, que tem, trouxe e perpetuará, espero eu que não, um problema que a nossa sociedade e políticos criaram. Citando a professora Joni Anker:
Os miúdos são levados ao director por mau comportamento, e os pais vêm à escola ralhar com os professores, com os directores, porque não querem que os seus filhos sofram as consequências dos seus actos. Não querem que os culpem. Mas o que é que isso vale às crianças? De que tudo o que ela faz está bem? E os pais lutam pelas crianças para que os seus filhos não sofram as consequências dos seus fracassos. - O divórcio em Portugal...
Nesta nova versão rasca do homo-sapiens, os pais já não querem ser pais, e as crianças só querem é ser adultos. As pessoas têm o desejo mórbido de conseguirem ser aceites num grupo, de pertencerem a algo, porque se não o são, desesperam e matam-se. Preocupam-se obsessivamente, durante a sua vida na primária até ao primeiro emprego, por um estilo de vida que sonham, que criam e fantasiam. Desvalorizam o dinheiro, porque é fácil de obter, basta sorrir e pedir com jeito, que ele mais tarde ou mais cedo, aparece nas suas mãos lisas, cremosas e suaves, do árduo trabalho que tiveram para o obter. Irão tentar e evitar ser alvo de gozo nas escolas. Pais compra o melhor e do melhor para os seus filhos não serem gozados. Os filhos, aprendem e preocupam-se com o que não tem valor. Comprar e ter em casa, uma quantidade absurda de roupas e sapatilhas.
E acima de tudo, não ensinarem e não aprenderem, a serem e aceitarem que a infelicidade, os erros, a pobreza, o preconceito, o desprezo, os inimigos, a mentira e a dificuldade, fazem parte da vida e que isso os ajuda a crescer, se souberem agarrar essas oportunidades, da mesma maneira que agarram o lego.



In space, no one can hear a tree fall in the forest. - Anonymous
"If a tree falls in the forest, and no one is around to hear it... The tree needs a better marketing strategy."