terça-feira, 9 de outubro de 2012

Onde tu erras...


If you don't mind failing, you can never lose. (New Scientist 06/10/2012 - pag. 13)

Se não tens medo de errar, nunca irás perder.
Seguindo esta ideia de pensamento, lembrei-me da altura em que no dia 05/10/2012, hastearem a bandeira ao contrário. Lembro-me de ver e ouvir as pessoas se sentirem incomodadas com o erro. Um erro que só foi corrigido algumas horas depois, pelo que vi na televisão.
Para ser sincero, não me incomodou. O que me incomodou foi hastearem uma bandeira falsa! Uma bandeira que não é genuína e em nada parecida com a verdadeira desenhada à dezenas de anos.
Passou uma reportagem sobre isso antes de 2008, se não me engano, na SIC.
O que me incomodou foi uma mulher gritar ao Cavaco Silva enquanto "discursava" e não se calar uma única vez para a ouvir, ou esperar que a levassem para fora.

O grande problema, é que mais de metade da população não está pronta para perder.  Não está pronta para errar, para "pensar demais" sobre algo com o qual se vão preocupar daqui por uns anos.
Não pensam na maneira como querem educar, nem se preocupam com os filhos em si, porque não são pessoas por dentro. Porque não são, não têm tempo para isso. A cabeça é-lhes ocupada por tudo de mau que lhes é impingido e atirado todos os dias através da televisão, da rádio, das conversas de ocasião, dos jornais e pessoas.

Tenho-me apercebido com o tempo, que as pessoas estão cada vez mais manipuladas pelos meios de comunicação. Não são livres. Todas as escolhas que possuem, já são pré-definidas. É um molde social que as empresas andam a criar à dezenas de anos. Coisa que os Estados Unidos fazem bastante bem. Compramos coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos. 80% da população possui uma mentalidade consumista. Quer comprar tudo o que está na moda. O ultimo grito do "rapanhonha". Tudo o que tiver a ser comprado em massa, como curiosos que somos, queremos ver, comprar, ter, experimentar também. 

Existe uma crise em portugal, mas não é monetária, é de valor moral e valor cívico. Como já referi em textos anteriores, a nova educação escolar em portugal está a renovar o pensamento de que quem tem um curso tem tudo, e quem não tem, não tem nada. O pior, é que hoje em dia quem tem um, não tem mesmo nada. Até tem mais dificuldades em arranjar emprego do que um que só tenha o 12ª ano.
Ainda assim, continua a existir muita gente que se acha mais do que os outros, que se coloca acima de tudo e todos, daqueles que não têm um curso, ou que não andam na universidade, porque... bem, não estão nesse "mundo" novo. Porque não fazem parte da elite de estudantes universitários que têm poder sobre as suas vidas, mas que no entanto... não têm poder sobre quem são enquanto pessoas.
São pessoas que não têm consciência  não têm maturidade, existem excepções à regra, mas 90% dos restantes, é igual a mais meio milhão de alunos.
E sim, eu sei que me estou a repetir, que me farto de repetir, porque é isso que acontece todos os dias, e que tem vindo a acontecer desde a geração do meu pai.
São pessoas formadas em tudo e mais alguma coisa, foram da moda do Walkman de bolso e dos Leitores de CDs, mas não sabem usar um telemóvel, nem um computador, nem um Leitor de MP3. Tudo o que compram é sem pensar mais do que duas vezes. O que é bom, mas não chega. Nunca chega.

O problema das pessoas, é que não pensam. Que não se preocupam quando se devem preocupar. Querem atirar tudo para trás das costas, esquecer o sofrimento e a dar, ou o incómodo o mais rápido possível  para continuarem com as suas vidas miseres e insignificantes. Porque ao não se preocuparem, não aprendem, não crescem, não vêm nem tomam consciência. Não ganham maturidade psicológica, apenas se moldam, aprendem a agir de maneira diferente. Nunca acabam por assimilar e evoluir com isso. Esse é o problema das pessoas. Só se preocupam quando já é tarde de mais para se preocuparem.
Têm medo de tentar, de ir à luta. E também eu tenho muitas vezes momentos de negativismo. Mas pelo menos eu vejo-os de maneira diferente e tento sempre aprender com eles. Até quando me armo em parvo.
Foi preciso muito tempo para acordar, mas pelo menos acordei a tempo. Deixei de ter medo.
Sou um badinas de merda que não sabe fazer a ponta de um corno na escola, mas que sabe fazer bastante, fora dela e disso eu me orgulho.
Porque me preocupo com o futuro educacional e intelectual que vou dar aos meus filhos, enquanto os outros jovens, preferem pensar primeiro em arranjar emprego, arranjar dinheiro, casa, carro, condições. E não digo que não, mas isso não é o mais importante. Para mim, o mais importante é ter uma base madura e fértil onde acolher os filhos. E é por me focar nesses pontos que sou mais que os outros. Porque enquanto vocês ainda estão a pensar em subir os primeiros degraus da escada, eu já estou a pensar naquilo que me vai ser necessário enquanto as subo. Vocês pensam nos primeiros 10 metros e eu estou a pensar já nos 50 mais à frente.
Não, não se aplica quando vou sair. Quando vou sair gosto de ir à descoberta. Mas quando o assunto é a educação dos meus filhos, e a interacção e ensino que lhes irei dar, aí sim, é importante.
Conseguem ver? Conseguem sentir? O excesso de preocupação que existe em mim?
Pelo menos eu preocupo-me com o resultado da minha interacção com os meus filhos. Não os tenho, mas preocupo-me.
Posso não saber estudar e nunca ter trabalhado, para além do LIDL, mas preocupo-me em não ser um badinas. Um zé ninguém que não tem nada para oferecer. Estou farto de me repetir que até já enjoa.

O que eu quero dizer com isto tudo, é que, mesmo as coisas não me correrem como eu esperava, mesmo eu sendo um badinas que não tem nada para oferecer. Mesmo não sendo ninguém e errar "muitas vezes". Olho para essas coisas como uma maneira de aprender com elas e não apenas e só como pontos negros, como espinhos que nunca posso arrancar. Posso aprender, crescer, compreender, ver e sentir. Posso tornar-me melhor se pensar naquilo que faz de mim um badinas e um zé ninguém.
Porque eu não tenho medo de errar, logo, nunca irei perder.

Também foi preciso muito tempo para perceber que acabar com a ex, foi a melhor coisa que me aconteceu, porque agora sei, que se continuasse, continuaria a ser o mesmo badamerdas de sempre. Nunca iria crescer, nem me preocupar. Ela continua a mesma coisa que sempre foi, e eu pelo menos fico feliz por ter mudado.
Os livros que eu li, os textos que eu escrevi, aquilo que vi e ouvi, só me ajudaram a perceber a mulher que realmente quero ao meu lado. O tipo de homem que me falta ser, aquilo que me falta aprender. Porque eu sei que me falta aprender muita coisa. Todos os dias erro, mas tento aprender com isso. E todos os dias sou um pouco melhor que no dia anterior. Não fico estagnado em ideias nem em pensamentos. Não penso só em filhos e educação. Não sou nenhum maníaco com a mania do perfeccionismo  Mas preocupo-me. E é por me preocupar que mudei quem era e quem sou.

Onde tu erras... eu aprendo. E mesmo eu não sendo o maior experiente da vida, preocupo-me em sê-lo, pelo menos para os meus filhos. Esse é o ponto importante de cada humano, e não pessoa. Podia-me preocupar com tudo, mas não iria preocupar com o mais importante. A educação dos meus filhos. É um ponto que escrevo muitas vezes e escrevi ao longo deste texto, talvez porque quero tentar explicar-me melhor cada vez que o faço.

Que se foda...

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