Se eu fosse um livro, seria algo no qual se escreveria, mas continuaria a ter palavras que te desafiavam. Onde através dos meus erros tu poderias crescer. Poderias aprender. Páginas desenhadas de uma história sem dono. Talvez de um tolo que tenta viajar pelo mundo, olhá-lo de maneira diferente, mas nunca compreendê-lo.
Se eu fosse um livro, estaria numa estante antiga. Escrito com letras arcaicas do tempo dos reis e rainhas, de fábulas e lendas que desenhavam um mundo mágico de perigos e lutas corajosas de heróis e princesas, de risos, gargalhadas, amor, ódio, vingança. Um mundo... onde ninguém desistia.
Seria um maço de folhas, com capítulos rasgados, inacabados, tal como os meus sonhos, os meus desejos, as minhas paixões, as minhas lutas, a minha vida.
Um inacabado cobertor colorido, velho o suficiente para perder a sua cor. Ideias com pó, parágrafos riscados ou recorrigidos.
Não seria um diário, nem seriam memórias. Seriam recordações de um alguém que já viveu e quer ensinar a quem quer viver, quem pode viver, quem pode cruzar as estradas romanas e ir mais longe que a lua, que as estrelas e o centro das constelações, que a vida tem várias caras.
Ensinar que todos os livros são diferentes, mas todos são iguais. Tal como as pessoas. Mas o importante, é saber reconhecer as pessoas. Saber reconhecer o que são e como são. Porque saber interpretar uma palavra nos vários contextos, tal como a uma pessoa, um animal, poderemos aprender a ser melhores.
Porque um livro não se escreve de apenas tinta e papel, de ideias e aventuras das lendas que não contam histórias, mas falsidades.
Porque a melhor mentira, só pode ser verdade se for vivida. Só muda quem vê e sente, o que as outras compram e aceitam ler.
Um livro pela capa, uma pessoa pela cara. Caminhando eu sobre as minhas histórias, as minhas lendas, as minhas aventuras de criança-guerreiro destemido, o mundo floresce como nunca vi. Os caminhos com o tempo ficam mais nítidos Tentando eu percorrer a mesma estrada, só tenho a aprender. Porque se eu não tiver preparado para errar... se eu não tiver preparado para perder... não serei capaz de ser um livro. Um livro para ensinar, para se escrever, para se fazer ler.
Se eu fosse um livro... seria um mundo fantasioso, perturbado e incompreensível, cativante do principio ao fim. Um livro para sublinhar e re-escrever.
Porque se eu fosse um algo que me abrisse... ou seria engolido pela sociedade ou digerido pelo natureza. Um sentimento, de um livro seco, que não quer abrir as suas páginas.
Adorei este texto. Gostaria de saber o autor para o poder partilhar com os leitores da biblioteca. Obrigada
ResponderEliminarO autor deste texto sou eu. :)
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