Hoje em dia, as crianças têm um papel mais importante na vida "social", no seio familiar, para um pais, do que tinha antes do fim do século 18. Pelo qe vi num documentário francês sobre a criança.
A importância da criança para o país, a longo prazo, e a compreensão de que cada criança é importante e não deve ser rejeitada, que deve ter educação, uma boa alimentação e saudável, "começou" na Inglaterra numa altura em que não havia rapazes para combater na guerra. Esta transformação da visão que as pessoas tinham sobre as crianças, alterou-se quase repentina-me. Fábricas começaram a surgir para criar brinquedos, roupas. Se as crianças fossem saudáveis e vivessem mais tempo, significa que haveria mais soldados prontos a combater. Na altura em cada 10 crianças, 9 não chegavam à idade adulta.
Foi necessário esta mudança para que a criança tivesse um significado profundo para o futuro do país. A criança tinha agora uma família, e era importante. O seu futuro era importante.
A igreja foi a primeira a denegrir os actos de "poligamia", filhos ilegítimos e bastardos. Tudo o que não provinha de um casal de duas pessoas, era considerado algo terrível. Essa ideia dos casamentos monogâmicos, só surgiu perto dos finais do século 12, onde as igrejas se começaram a fartar de ver tantas crianças entrar nas igrejas, deixadas ao abandono.
A relação entre pais e filhos nessa altura era fria, sem amor e carinho. Os bebés morriam prematuramente, e em cada 8 crianças que uma mulher pudesse ter, apenas 4 deles, com muita dificuldade, conseguiam chegar à adolescência. Não só devido às doenças, mas também à falta de dinheiro, de comida para puder sustentar.
Na roma não havia quartos, nem portas. Comiam todos juntos, não havia mesas separadas. Faziam as necessidades todos juntos, fazem sexo todos juntos, e dormiam todos juntos. Não existia a palavra vergonha. Tudo se fazia sem pudor.
Também é importante referir que Napoleão Bonaparte, foi um dos principais "criadores" das educação obrigatória. Todas as crianças deviam ser alfabetizadas, irem à escola. Criou o sistema "nacional" de saúde como hoje o conhecemos, todos têm direito à vacinação. Implementou um sistema de canalização, para que todas as pessoas tivessem direito à higiéne. Não foi um monstro, foi um revolucionário. Odiava a sujidade.
Hoje as crianças são educadas para serem formadas, terem um curso universitário. Não nego a escolaridade obrigatória até ao 12º ano, mas sermos quase que obrigados pela sociedade, pais, amigos, familiares, vizinhos, revistas, músicas, filmes e televisão, a tornar-mo-nos em doutores, e engenheiros, torna a nossa existência, a existência do ser humano, numa brincadeira para com as nossas capacidades únicas como seres inteligentes e curiosos que somos por natureza.
Estamos a esmagar a criatividade e a originalidade que todos temos, porque o que nos ensinam na escola, única e exclusivamente, é: "Se errares, se não estudares, nunca vais ser ninguém na vida!", "Errar é errado e deves ter medo!".
O que nós, pais e professores, devemos fazer é precisamente o contrário! Devemos ensinar aos nossos filhos que errar é apenas mais um processo de aprendizagem. E não estou a falar do fazer algo errado como roubar, matar, bater, insultar... Falo de que não devem ter medo de cair, nem de ter vergonha por dizerem algo. Que não devem ter medo de errar a uma conta, a ler, a escrever, a Aprender. Não se deve dizer que é errado interpretar algo de uma forma totalmente diferente da que os próprios professores ensinam. Óbvio que ajuda à percepção, mas até eu às vezes tenho algumas dificuldades. Não é errado brincar com bonecas, com carros, com camiões. Não é errado nem devem ter medo de chorar, de desabafar, de serem diferentes! E do que a sociedade se aproveita, é da "facilidade" com que as crianças são influenciadas, pois tudo à sua volta lhes diz o que devem fazer, como fazer, o que dizer, como serem, como agir, como escrever, o que escrever, o que dançar, o que não dançar, para criarem grupos de crianças às quais consigam vender. As modas das roupas são o melhor caso, e o pior deles todos! A moda da música, demonstra que o cérebro das crianças não evolui segundo elas mesmas, mas segundo a maneira que as empresas querem que cresça. As crianças de hoje são controláveis!! E isso é um perigo!
Acabou-se com a diversidade de habilidades que cada pessoa tem, para só se aceitar na sociedade pessoas com capacidades "normais" e que estejam dentro dos paramentos normais de um país/empresa. Dá-se tão poucos créditos aos cientistas, aos fisicos, aos filósofos, inventores, camionistas, pedreiros, electricistas, mulheres a dias, empregados de mesa, empregados de balcão, linguistas, tradutores, controladores de tráfego, escritores.... pessoas muito mais importantes do que aqueles estudantes que acabam de sair quentinhos da universidade!! Porque quem lhes limpa as sanitas, são pessoas importantes, quem lhes fez a casa, quem faz a instalação eléctrica, que limpa as ruas, quem lhes diz o que tomar para a dor de cabeça ou para as dores de garganta, se calhar, e muito provavelmente, é muito, e são, muito mais importantes do que um engenheiro. E no fim de tudo, tudo se conjuga, mas quem fica com os louros todos, são aquelas ovelhas, padronizadas e moldadas à sociedade de hoje.
Nós estudamos para termos um emprego, trabalhos para ter dinheiro, temos dinheiro para comprar comida, compramos comida para sobreviver! A nossa "vida" perfeita como a desenhamos, toda esta sociedade, este consumismo, modas, e publicidade são apenas e só, uma maneira de nos controlarem enquanto população, e para nos entreterem o cérebro. Todos os dias somos bombardeados com publicidade para comprar isto e aquilo. Nós vivemos para trabalhar! E trabalhamos para sobreviver!
E o que devia ser feito, era cortar em todos os impostos que existem, e tudo o que se quisesse-se criar, construir, adquirir, inventar, fazia-se! Sem se pagar um tostão! E se essa prática existisse em todo o mundo, acreditem que à mais de 100 anos que estaríamos tecnologicamente e medicamente mais avançados. Mas é por sermos controlado por todo um conjunto de factores, desde o dinheiro à ideia que "auto-satisfação" que nos impingiram ao logo dos vários anos da nossa vida, somos meras ovelhas que apenas se podem tornar diferentes sem muito exagero, ou sem sair muito do carreiro.
O que estamos a fazer neste momento, é a criar crianças sem qualquer tipo de felicidade. Crianças sem originalidade ou talento, sem criatividade. E isso é um problema grave para o futuro das nossas gerações, pois perdemos tudo aquilo que nos define como humanos. A criatividade.
Precisamos de reestruturar a educação que existe nas escolas. Introduzir a dança, as artes, a música. Digo isto porque na minha altura tudo parecia durar pouco tempo. A música devia fazer parte do infantário, Mozart, Beethoven, entre muitos músicos. Ouvirem histórias ao som de alguma música, ouvirem poemas e incutir-lhes a leitura desde cedo, tal como a dança deveria ser algo natural e não programado para qualquer que fosse o dia da semana. A música devia ser algo natural, estar presente nas brincadeiras. Dar e criar espaço para que as crianças possam voar.
Deixarem folhas e lápis de cores disponíveis, deixarem instrumentos de música e puzzles. Iriam fazer barulho?! Iria parecer que tinham começado uma revolução ou estoirado alguma guerra, mas seria importante que fossem livres! Porque não é o barulho que os vai fazer ficar surdos ou desrespeitadores, é a falta dessa liberdade que cria pessoas frustradas, stressadas, infelizes com as escolhas das suas vidas. Toda a criança é um terreno fértil para cultivar e manter em máximos cuidados. É importante também dizer, que se deve "sempre" incentivar a criança a ser autónoma e auto didáctica. Que por auto-recriação queira aprender, conhecer mais, ir mais longe, subir ou descer um monte de areia, sem medos, sem receios. Todas devem ter o direito, a liberdade e a disponibilidade de poderem crescer com todas e quaisquer influencias. Porque nem todas têm a disponibilidade de crescerem por falta de pais em casa ou de uma entidade que saiba e compreenda o que é ser criança, e o que é cuidar de uma mente tão jovem e entusiasmada como a de uma criança... é um assunto que deve ser levado a sério, e algo que não deve ser posto de lado até à altura do parto. Todo e qualquer pai, deve ter a consciencia de que para um filho ser e permanecer "humano", feliz e capaz de se compreender a ele a ao mundo que o rodeia, é necessário muito mais do que apenas carinhos, é necessário estar presente, e dar-lhe o maior número de experiências que ele conseguir compreender e perceber. Um bebé não compreende uma paisagem, mas é importante sair com ele e mostrar-lhe, e atenção!, expo-lo aos sentimentos dos próprios pais. Permitir que os bebés explorem o som da natureza, do vento, das folhas, das árvores. Proporcionar-lhes um local, em casa, ou fora dela, de aprendizagem.
O cheiro influencia, a música de fundo influencia, as emoções dos pais influencia, as cores, os brinquedos, os sons, o calor, o frio de uma divisão, a presença dos pais na mesma sala onde brinca ou dorme o bebé. As histórias de dormir, a alimentação, os banhos, os tpc's, os amigos, os animais domésticos, os tapetes, o chão de tacos ou de azulejo, a banheira, a roupa e o cheiro do champô... tudo influencia a mente de uma criança. Não podemos que tudo se realize como idealizamos, mas podemos ajudar os nossos filhos a serem mais felizes, inteligentes, educados e capazes de concretizar os seus sonhos.
Um grande problema que as crianças enfrentam hoje na nossa sociedade, é o tempo. A falta dele para ser mais concreto. Hoje em dia, as crianças não têm tempo para serem crianças! Depois da escola vão para ATL's onde fazem os deveres, e não têm muito tempo para brincar. Têm actividades. Têm espaço para brincar, mas será o espaço mais adequado? Lá! Nos ATL's, todas são educadas e ensinadas da mesma maneira, mas não com o mesmo tempo. Não existe um espaço onde a criança possa realmente brincar, aprender ou desenhar e até mesmo comer ao tempo dela. Não digo que não se deva puxar mais por alguém, mas faltar-lhe com as ajudas é que não!
-- "Ou és como os outros... ou és um inadaptável que vai ter problemas para o resto da vida!"
É isto que ensinam! É isto que dizem às nossas crianças! E isso é um problema muito grave!
Porque para além dos ATL's para lhes ocupar o tempo "livre", aos fins de semanas, os pais colocam-nos nos mesmos ATL's, ao cuidado de avós, ou em actividades como os escuteiros, catequese, igreja, futeboll, etc etc... quando se calhar, o que deviam fazer com os seus filhos era ir passear, ainda que alguns pais não possam, passear pelo parque, castelos, monumentos, algo lúdico e educativo! Os escuteiros também ensinam muita coisa, mas num local onde se usa uniforme, para além de introduzirem a "disciplina" e a "ordem" nestas crianças desde cedo, obrigam-nas a serem iguais às outras.
Neste pais, as próprias crianças, chegam ao ponto de se preocuparem com as roupas umas das outras, como referi num texto anteriormente. A sociedade ainda não compreendeu a necessidade real que as crianças têm para o futuro de tudo. Quer dos próprios pais, quer do país e do mundo!
É importante haver diversidade de talentos, é fundamental abrir-lhes os horizontes. Se todos fossemos para médicos, não haveria casas, se todos fossemos para economia, informática, gestão empresarial, psicologia, contabilistas ou advocacia, não haveria músicos, dançarinos, escritores, não haveria filmes, realizadores, editores de imagem, de som, fotógrafos, cientistas, físicos, biólogos, e os edifícios antigos não ficariam de pé, se não houvessem , não compreenderíamos a nossa história sem os historiadores. Não haveria pratos onde comer ou fazer o comer, se não existissem escultores, não haveria colheres, facas, nem revistas... não haveria roupa diferente sem designers de roupa.
Hoje em dia, não haveria fraldas descartáveis se não tivéssemos ido ao espaço. Não haveria telefones sem satélites.
É importante haver diversidade. É importante dar às nossas crianças a melhor educação e também prepará-las para a o "mundo lá fora". Mostrares-lhes de que podem seguir o sonho delas sem se sentirem pressionas por barreiras ou medos.
Uma criança sem sonhos, é uma criança sem futuro e sem vida. Uma criança com medos e incertezas, é uma criança que desconhece o que é ser feliz e viver feliz.
Nós criamos bebés! Não criamos adultos!
Nós ensinamos crianças! Não criamos engenheiros!
Porque quando alguém segue para a universidade, essa pessoa está a seguir um sonho pessoal e não uma obrigação de estatuto pessoal imposta pela sociedade. Ou pelo menos assim devia ser.
Sem liberdade não há grandes génios. E a liberdade, como já foi referida, é algo muito importante em ter em conta quando introduzirmos as mentes das nossas crianças à diversidade de experiências, quer sejam físicas, olfactivas, visuais, auditivas ou paladar que a natureza nos proporciona.
Nós não somos o "mundo", apenas vivemos na natureza, em caixas de betão...
To me, human communities depend upon a diversity of talent, not a singular conception of ability.
"A three year-old is not half a six year-old." They're three.
by Ken Robinson
Fonte: [link]
Ver:
http://www.ted.com/talks/elizabeth_gilbert_on_genius.html
http://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html
http://www.ted.com/talks/janet_echelman.html
http://www.ted.com/talks/sir_ken_robinson_bring_on_the_revolution.html
http://apluschildrensbooks.com/2011/12/15/tips-reading-childrens-books-aloud-interesting/
http://www.theupbeatdad.com/