sábado, 21 de novembro de 2009

Fragrância de uma alma triste...





Sento-me, neste banco do jardim...
Olho o chão, as folhas, as cores...
Sinto o cheiro no ar, e o vento soprar...

Ainda que vestido "formalmente", não gosto desta capa...
Deste invólucro de máscaras.

Das raparigas que vi hoje, apesar da saudade, não me atrevi a falar-lhes, fiquei em pânico...
Entrei em modo de auto-defesa.
Instinto que me torna o eu, que me transforma numa pessoa fria, distante, fechada...
Alguém que enojo por vezes, alguém que amo quase sempre.

Às vezes ver-me-ão sorrir, "conviver"...
Mas desenganam-se se vos quero mais perto que estão.
E ainda que não me conhecer por dentro, por vezes, a vossa presença é-me uma ameaça...

E como instinto... vos afasto, com gosto!
Se me sinto mal por não haver troca de carinho, por não haver comunicação entre mim e os meus pais?
Já passei por tanto, já me habituei tanto a isso, que para mim, quando o faço, sinto apenas o corpo mais pesado, talvez um peso na consciência, mas não me preocupo se sofrem ou não...
Pois tal como eu! desprezo sentimentos e emoções...

Neste jardim, onde o tempo costuma parar, viajo deste mundo frio, para dentro do que sou e me mantém confortável..
Sim, é mostrando que sou forte e insensível, que escondo o contrário que sou por dentro...
Ninguém me conhece, ninguém se importa, ninguém me vê...
O mesmo faço aos outros...

Ignorando o que vejo, o que sinto, o que me fragiliza, torna-me neutro, mais capaz.
De um hábito cresci... da queda me ergui.
Estou "diferente", um diferente evoluído, estou mais distante...

E se tenho pena de perder "os momentos da vida", não.
Desde de que me sinta bem comigo mesmo.
É como um suicídio emocional...

Cresci, transformei-me, e evoluo...
Envolto nesta raiva negra e cega.
Também eu sorrio. :)
Mas o instinto que me transformou e criei, proibe-me de ser igual...
Proíbe-me de me envolver.

Sou e obrigo-me a ser diferente.
Neste pequeno lugar, neste banco frio e molhado pela chuva, me deito e com os meus cabelos absorvo a chuva miudinha que começa a cair...

Olho o céu, sinto a chuva e a brisa leve, vejo as folhas cair, vejo o mundo girar parado.
Aos meus olhos, tudo o que vejo é beleza!
Raparigas bonitas, palavras doces, caras meigas, simpáticas, mãos suaves... cabelos lindos!
Desmontem-me, e verão que tudo o que sou, são bolachas de chocolate, rios de sabores, chupas, reboçados de caramelo, e uma corrida pela erva no inicio do verão...

Devorem-me, e sentir-se-ão confortáveis!
Amadas, ouvidas, respeitadas, sonhadoras...
Leiam-me, e verão a paz e amizade que trago serão mais do que a cara fria, e possuída pela melancolia e nostalgia, possuída pela fome de ser diferente. Possuído pelo sofrimento que não desaparece...

Não queiram ser meus pais, não queiram ser meus inimigos...
Apesar de ainda possuir carinho, ele pode vir a desaparecer com o tempo, assim como eu...
Depois vêm dizer:
"-- ele era tão bonito, e eu gostava tanto dele.."
"-- sempre o tratámos tão bem em casa, fomos uns pais excelentes.."
Pois, cresçam! e façam acontecer!
Esqueçam os medos que vos impedem de falar com as outras pessoas, pois esta vida, estes momentos, estas oportunidades só acontecem 1 vez.

E eu aproveitei-as todas e fiz acontecer, no tempo em que a tive.
E não me dou a conhecer, para que não voltem a brincar mais com os meus sentimentos!

Respirem-me... e deixem-me ser quem realmente sou por dentro desta "máscara".
Sinto as gotas baterem-me na cara, nos olhos fechados, nas costas das mãos...
Inspiro, e sinto o perfume das flores que me rodeiam, que as nuvens me rodeiem! me levem dos céus, e me pintem com o arco-íris...

Trago o balde de ouro numa mão, e uma flor simples na outra...
Aceita-me, compreende, ouve-me, e dar-te-ei a flor bela que trago protegida...
Ama-me, e farei dos teus sentimentos, algo mais valioso que ouro e diamantes!

Deita-te nos meus sonhos, pintados ou enfeitados...
E rabisca-os! Re-pinta-os!
Enfeitiça-me, princesa, com o encanto do teu sorriso e com o amor da tua alma, ressuscita também tu a minha...

Afasta-me os pesadelos com a tua mão pelos meus cabelos, e adormece ao meu lado.
Beija-me, sente-me a pele fria e aquece-me o corpo cansado...
Olha para mim pequena e irrequieta...

Sonha-me... no teu mundo de encanto e turbulência...

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